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2 BASE TEÓRICO-CONCEITUAL

2.4 PROPOSTAS DE AUTONOMIA PARA AS UNIVERSIDADES FEDERAIS

2.4.8 Avaliação institucional

No que tange ao processo de avaliação institucional, o MEC tem avaliado as universidades por intermédio do Exame Nacional de Cursos (ENC), o Provão, e da Gratificação do Estímulo a Docência (GED).

Pela proposta da ANDES (1996, p. 53):

A s instituições de ensino superior implementarão m ecanism os democráticos, legítim os e transparentes de avaliação interna e externa de suas atividades, levando em conta os fins da Educação. ... A avaliação interna das instituições de ensino superior é concebida com o uma retrospectiva crítica, socialm ente contextualizada, do trabalho realizado pela instituição, com a participação de todos os envolvidos nesse trabalho, sendo ainda um elem ento de controle da ação do Estado na Educação e, ao m esm o tempo, instrumento para a construção de uma escola pública gratuita e democrática. N esta perspectiva, a avaliação interna deve ser geradora de um projeto de desenvolvim ento acadêm ico, científico e tecn ológico voltado para a solução dos graves problemas sociais políticos e econôm icos pela maioria da população brasileira. Para tanto, é preciso que esse processo seja realizado nas diversas instâncias onde se realiza o trabalho institucional e acadêm ico, tendo caráter público e democrático, levando-se em conta

as condições concretas sob as quais esse trabalho é produzido. ... É nessa ótica que se deve realizar a avaliação do desem penho de cada docente vinculado à instituição, cujo objetivo será o estím ulo ao seu aperfeiçoamento no exercício do ensino, da pesquisa e da extensão, e que fornecerá subsídios para sua progressão na carreira docente.

Para a ANDES, no caso das IES públicas, o elemento principal em um processo de avaliação externa é seu compromisso com a sociedade que as mantém. Assim, prevê a instalação, em cada estado, de Conselhos Sociais, compostos de representação dos diferentes segmentos da sociedade na qual a instituição se insere. Os Conselhos deverão ter caráter autônomo e consultivo, expressar os interesses dos diferentes setores da sociedade e ter a finalidade principal de contribuir na formulação de políticas acadêmicas, administrativas e financeiras das IES públicas, acompanhando sua execução. “Qualquer processo de avaliação que se estabeleça será referenciado em um modelo de universidade (geral) e em um projeto local específico. O que se quer saber com a avaliação é se os objetivos previamente definidos estão sendo, ou não, alcançados e quais são as causas dos sucessos e fracassos, para que as correções possam ser feitas e, com isso, melhorar a qualidade do fazer acadêmico” (ANDES, 1996, p. 56). Em resumo, a ANDES quer avaliação institucional interna e externa, e indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão como base da política de avaliação; quer avaliação de desempenho individual, docente e técnico-administrativo, como base da política de aperfeiçoamento e capacitação profissional, voltada ao projeto académico-institucional das IES; e, ainda, quer uma política de avaliação comum para as EES públicas e privadas, além do fim do Pro vão.

De acordo com a ANDIFES (1994, p. 19), “autonomia e avaliação devem ser entendidas como processos complementares e interrelacionados”. A avaliação institucional tem como objetivos aprimorar a qualidade da educação superior no país, orientar a política de desenvolvimento institucional, bem como as ações e investimentos do mantenedor e, dar conhecimento à sociedade do desempenho da instituição. Nesse sentido, estimula a adoção de programas de avaliação interna e externa, levando em conta a função social da universidade dentro dos princípios de indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão, interação permanente com a sociedade e garantia da qualidade acadêmica (ANDIFES, 1996). A im p la n ta çã o de uma sistemática de avaliação institucional avalizará, perante a sociedade, o exercício pleno da autonomia por parte das IFES. O modelo de avaliação deve ser amplo e resultado de discussão da sociedade, poderes constituídos e instituições universitárias.

A proposição da FASUBRA (1999) prevê que a avaliação institucional da universidade pública autônoma deve ser composta pela avaliação interna à comunidade universitária, decorrente do Plano de Desenvolvimento Institucional, envolvendo docentes, técnico-administrativos e discentes, com participação dos usuários da instituição, representados pelos diversos setores da sociedade civil organizada, bem como pela avaliação realizada por Comissão de Especialistas externos à instituição, designada pelo Conselho Interuniversitário. A avaliação deve ser anual e deve levar em conta a função e compromisso social da universidade, tendo como objetivos aprimorar a qualidade da educação superior e da pesquisa no país; dar conhecimento à sociedade do desempenho das instituições; orientar a política de desenvolvimento institucional, bem como as ações e os investimentos do organismo mantenedor. “No processo de avaliação interna e externa deve ser considerado o desenvolvimento da instituição no tocante às atividades acadêmicas e administrativas, a partir do seu planejamento anual. A avaliação institucional deve ter por base a análise dos resultados previstos no Planejamento da Universidade em contraste com as condições objetivas e subjetivas para obtenção dos mesmos” (FASUBRA, 1999, p. 29).

2.4.9 Outros aspectos

O projeto do MEC (1999) abre a possibilidade de cobrança de taxas, mensalidade, instituição de subvenções, entre outras. O tratamento dado ao ensino não é clarp, abre caminho para obtenção de recursos em outras fontes, mas sem detalhar muito a matéria. Não aborda especificamente a questão da gratuidade. Porém, a autonomia mediante contrato de adesão, ou seja, cada universidade assinaria um contrato de autonomia com o Ministério com prazo mínimo de duração de dois anos, pode facultar a cada universidade manter, ampliar ou instituir subvenções ou outras fontes de financiamento em função de suas metas institucionais definidas no contrato. Já, a ANDES (1996), é contra a cobrança de quaisquer taxas e mensalidades acadêmicas, e defende a prestação pública de contas à sociedade.

De acordo com a Comissão de Autonomia da ANDIFES (1996), a proposta desta entidade procura inscrever, em bases concretas, garantias de financiamento público, alcançando um novo ordenamento jurídico para superar obstáculos administrativos que permitam às IFES um adequado funcionamento, respondendo melhor às demandas sociais. O

documento pressupõe, da mesma forma, a fixação de bases para a manutenção e desenvolvimento do sistema federal de educação superior constituído por meio da evolução do conjunto das universidades públicas federais autônomas. A estrutura das IFES seria colegiada com capacidade decisoria sobre ensino, pesquisa, extensão e assuntos administrativos e de gestão financeira, entre outros. Além disso, o sistema de IFES deve instituir um Conselho Superior, com competências propositivas e decisorias, composta por representantes das universidades federais, escolhidos pelos dirigentes dessas instituições, e representantes do governo federal. A proposição da ANDIFES defende a gratuidade do ensino, sem explicitar se em todos os níveis; não abre mão de taxas, sem dar maiores detalhes para o presente e para o futuro destas cobranças. A proposta da FASUBRA (1999) defende o ensino público, gratuito e com padrão unitário de qualidade e a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão e é contra qualquer cobrança de taxa acadêmica.

Comparando-se alguns aspectos mais relevantes entre as propostas apresentadas verifica-se que, pela ANDES e FASUBRA, fica claramente definida a aplicação da autonomia já garantida na Constituição Federal, sem nenhuma outra complementação da legislação que venham a restringi-la ou distorcê-la. Para tanto, é imprescindível sua aplicação garantida pela relação entre financiamento e democracia universitária, assim, compete ao Estado a manutenção global da universidade pública, incluindo sua expansão. Também é imprescindível o financiamento público das pesquisas, para garantir sua autonomia e sua relevância social.

Na formulação do MEC, a base da autonomia é a celebração de um contrato administrativo por instituição, prevendo separação das fontes quanto à responsabilidade pelos aposentados, assim como possibilita planos de carreiras diferentes e outros regimes de recrutamento e contratação permanente e temporária, bem como outras fontes de fin an cia m e nto. A fonte de recursos do Tesouro é a definida no Artigo 212 da Constituição Federal, tal como propõe a ANDIFES, mas sem estabelecer nenhum patamar, como 75% desses recursos para o ensino superior federal, conforme proposto pela ANDIFES. Mas, igualmente, a ANDIFES retira dessa mesma fonte o custeio da folha dos aposentados, sem mecanismos que garantam isonomia com os trabalhadores da ativa.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa preocupou-se em analisar o processo de transição para a autonomia universitária na UNIOESTE. Para tanto, foi investigada a percepção dos seus professores e dirigentes. A fim de possibilitar vima melhor compreensão da forma como a pesquisa foi conduzida, este capítulo apresenta a metodologia utilizada no estudo. O capítulo está dividido em três partes principais. A primeira informa sobre o design da pesquisa, ou seja, o tipo de pesquisa realizada, sua conceituação e justificativa. A segunda define o universo e a amostra, objeto do estudo. A terceira e última parte demonstra como foram coletados e tratados os dados da pesquisa.