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Questão de Pesquisa 2: política de recursos humanos da UNIOESTE

5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

5.3 AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA NA UNIOESTE

5.3.2 Questão de Pesquisa 2: política de recursos humanos da UNIOESTE

Pelos dados coletados na pesquisa verifica-se que, na percepção de todos os informantes, a autonomia vai interferir nas políticas de recursos humanos da UNIOESTE, mas nem todos têm claro ainda em que proporção isso deve ocorrer. A maior parte (75%) deles vêem a possibilidade de a Universidade investir no desenvolvimento de políticas e critérios próprios de qualificação e formação dos seus servidores docentes e, principalmente, técnico- administrativos. Segundo essa parcela dos informantes, a qualificação dos professores é uma condição inerente à universidade, além disso existem leis que a exigem e, no caso da UNIOESTE, isso já se realiza de forma efetiva. O problema maior seria em relação ao corpo técnico-administrativo, que ainda carece de uma política arrojada de qualificação e a autonomia poderia dar mais liberdade para os gestores priorizarem esse aspecto.

Uma parcela significativa (65%) dos entrevistados acreditam também na possibilidade de a UNIOESTE poder fazer, quando necessário, a contratação e a demissão do seu pessoal sem depender de autorizações do governo do Estado do Paraná. Tal procedimento agilizaria o processo de contratação e resolveria um grande problema que a Instituição tem Trata-se da falta de professores a cada início de período letivo, devido à demora nos trâmites de autorização para contratação, seja por concurso público ou teste seletivo.

Um dos depoentes ressalta que, além de um plano de carreira tanto para o docente quanto para o técnico-administrativo, com autonomia, a UNIOESTE deverá também promover a valorização por produtividade, por meio de uma avaliação séria de desempenho que resulte em benefícios para os servidores da Instituição.

Os depoimentos a seguir reforçam essa análise:

Hoje a UNIOESTE não pode contratar pessoal, mesmo que tenha recursos suficientes, sem autorização. Às vezes começa o ano letivo sem aula ... porque tem uma burocracia enorme pra poder fazer isso. ... As universidades até fazem contratação de pessoal sem autorização do governo do Estado. É um risco que estão correndo que têm que assumir. Também tem isso, a autonomia tem que ser conquistada.

Com autonomia a UNIOESTE pode produzir políticas próprias de recursos humanos.... Deve continuar investindo nos docentes porque há muitos ainda sem titulação suficiente. ... Nos últimos 4 anos, a UNIOESTE apresentou um crescimento significativo na titulação docente e agora precisa investir no seu quadro técnico. ... É difícil aceitar que uma instituição de nível superior tenha pessoas que trabalham em funções até significativas sem formação de 3° grau. A autonomia dá liberdade pra instituição desenvolver uma política de formação de recursos humanos, porque lhe permite colocar isso como prioridade de investimento.

As políticas de recursos humanos podem ser definidas pela própria universidade. A UNIOESTE não encontrou aínda um ponto de referência pra definir políticas de recursos humanos. Foram feitos esforços extraordinários, mas muitos sucumbiram porque não tiveram um ponto de convergência de interesses na definição dessas políticas. A UNIOESTE tem que buscar isso, não existe um modelo, embora possa se espelhar em práticas bem sucedidas de outras universidades. Ela é muito nova, por isso precisa caminhar muito. Tem que caminhar em cima dos erros e das virtudes que ela mesma exercita.

A autonomia interfere favoravelmente, permitindo que se estude uma política própria, utilizando-se dos recursos para treinamento e desenvolvimento de recursos humanos de acordo com as prioridades da instituição.

A qualificação não é só dos professores mas evidente que dos funcionários também. ... Os diretores, setores da UNIOESTE, através de ajustes de horários de trabalho, têm permitido que os interessados em se qualificar possam fazê-lo. ... A autonomia deve dar maiores condições, um amparo mais legal, pra que o corpo técnico-administrativo se qualifique. A qualificação docente é inerente à própria universidade. É exigência da LDB ter pelo menos 30% do seu corpo de professores com mestrado e doutorado. É uma condição sine quo non pra que a universidade continue garantindo que seus cursos sejam credenciados pelo MEC.

Sobre a remuneração dos servidores docentes e técnico-administrativos da Universidade, os informantes demonstraram, de um modo geral, certa insegurança ao abordar essa questão. Foram diversas as observações feitas a respeito. Uma pequena parte (35%) deles acham que a partir da autonomia o reajuste salarial deve ser feito pela própria Instituição, de acordo com a inflação. Uma outra parte entende que a UNIOESTE, juntamente com as demais universidades estaduais paranaenses, devem discutir a maneira de promover reajustes salariais compatíveis com o mercado. Alguns pensam que o salário dos servidores deve seguir o aumento praticado no Estado do Paraná, uma vez que, mesmo com autonomia, continuam sendo servidores estaduais. Apenas um informante acredita que o reajuste salarial deve acontecer de acordo com o repasse de recursos atrelados com a receita tributária. Se a receita tributária crescer o salário cresce na mesma proporção. Caso contrário, se a receita tributária decrescer, o salário não sofre reajustes.

Os relatos a seguir refletem e complementam essas observações:

Os servidores públicos em todo o país tiveram, nos últimos anos, uma queda de remuneração ... não é só do Estado do Paraná. ... As universidades na medida em que tiverem autonomia terão que discutir conjuntamente.

O atual plano de carreira dos professores é bom, nos últimos anos ele suportou bem, mas hoje ele começa a se tomar defasado.... O que a UNIOESTE precisa é melhorar o salário base dos funcionários que é extremamente baixo. Tem que haver um plano de cargos e salários para os funcionários compatível com o mercado. ... Tem que se pensar numa política, dentro da autonomia, de reajuste salarial, com base na questão macro da sociedade, afinal nós não somos uma ilha isolada.

Deve ser mantida a data base. ... Por isso tem que ter um plano de carreira isonômico para todas as IES paranaenses. ... Para que possam, uma vez por ano, discutir com o governo estadual quais serão as condições de trabalho dos servidores durante aquele ano, bem como o reajuste salarial. Ainda somos funcionários públicos, o governo estadual é o nosso patrão. Se o governo continuar essa política de assinar termos de gestão administrativa, a questão salarial fica atrelada ao Estado porque continuamos funcionários públicos, logo isso deve ser discutido a nível de funcionalismo público estadual, pois somos uma autarquia do Estado... Como dar plena autonomia pra uma autarquia pública pra ela fixar seus níveis de salário. ... Políticas salariais mais condizentes e atrativas para os servidores devem recompor as perdas salariais e dar incentivos pra que eles desempenhem suas funções de forma mais eficiente. Deve-se criar junto aos reitores das IES do Paraná um conselho para estabelecer as políticas dos reajustes.... Esse conselho deve tratar das questões do reajuste, independente dos reajustes que o governo estabelecer para os servidores de outras categorias ou quadros. ... Não transformar isso numa camisa de força, igual, padrão, para todas as IES, mas para que não hajam grandes diferenças salariais para as mesmas categorias de trabalhadores.

Tem que ser dentro de uma lógica ponderada de uma vida digna para as pessoas. Por isso que eu não penso só na UNIOESTE. Eu gostaria de debater isso junto com outras políticas, da saúde, da habitação e assim por diante. Nós temos que ter uma vida digna pra que possamos viver em plenitude porque a vida de escravidão é complicada, é desumana, é anti qualquer direito humano já conquistado.

5 .3 .3 Questão de Pesquisa 3: fatores facilitadores e dificultadores na implantação do exercício