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SUMÁRIO

BRASILEIRO E INTERNACIONAL

5. AVALIAÇÃO TÉCNICA DE TECNOLOGIAS DE FACHADA EM CHAPAS DELGADAS ESTRUTURADAS EM LSF: CONTEXTO BRASILEIRO E

5.2 AVALIAÇÕES TÉCNICAS EUROPEIAS

Dado que as três avaliações técnicas analisadas foram emitidas por organismos europeus, a partir dos regulamentos e da legislação europeia, é feita a descrição, de forma sucinta, do contexto legislativo.

A entidade European Organization for Technical Assessment (EOTA)estabelece os requisitos e procedimentos de produtos e sistemas construtivos a partir dos quais são elaborados os documentos de avaliação técnica. Esses documentos provêm de organismos de terceira parte no âmbito de uma rede europeia de organizações avaliadoras acreditadas.

A Comissão Europeia define o formato da avaliação técnica, que deve contemplar: a descrição técnica do produto, a especificação da(s) utilização(ões) prevista(s), em conformidade com o respectivo Documento de Avaliação Europeu (DAE); o desempenho do produto e referências aos métodos utilizados para a avaliação; e o sistema aplicado para a avaliação e verificação da regularidade do desempenho com referência à sua base jurídica (COMISSÃO EUROPEIA, 2013).

Esse arcabouço de aprovação técnica foi estabelecido no âmbito da União Europeia e regulamentado pela Diretiva dos Produtos de Construção nº 89/106/CEE publicada em 1989. A Diretiva estabeleceu que as obras de construção civil deveriam ser concebidas e realizadas de modo a não comprometer a segurança de pessoas, animais domésticos ou bens, e dispunha sobre o sistema de aprovação técnica europeia e sobre a marca CE (CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA, 1989).

Em 2011 foi publicada uma nova regulamentação do setor: o Regulamento dos Produtos de Construção (RPC) nº 305/2011 da União Europeia, que estabelece as novas condições harmonizadas para a comercialização dos produtos de construção na Comunidade Europeia. Esse regulamento não se contrapõe à Diretiva e sim, complementa, atualiza e propõe parâmetros de sustentabilidade. O novo Regulamento revogou a Diretiva 89/106/CEE. Apesar de o RPC ter sido publicado em 2011, alguns artigos do regulamento não estavam válidos até a data de 1 de julho de

2013, quando, a partir dessa data, todos os seus artigos passaram a ter plena validade (PARLAMENTO EUROPEU, 2011).

O RPC estabelece que as obras de construção civil, além de serem concebidas e realizadas de modo a não comprometer a segurança de pessoas ou bens, não devem degradar o ambiente e estabelece, ainda, que as obras de construção, seja no seu todo ou nas partes de que se compõem, devam estar aptas para o uso a que se destinam, contemplando a saúde e a segurança das pessoas nelas envolvidas durante todo o ciclo de vida da obra. Segundo o RPC, ainda, as obras de construção devem satisfazer, em condições normais de manutenção e durante um período de vida útil economicamente razoável, aos requisitos de: (1) resistência mecânica e estabilidade; (2) segurança contra incêndio; (3) higiene, saúde e ambiente; (4) segurança e acessibilidade na utilização; (5) proteção contra o ruído; (6) economia de energia e isolamento térmico e; (7) utilização sustentável dos recursos naturais (PARLAMENTO EUROPEU, 2011).

Em relação à Avaliação Técnica Europeia, o RPC permite que os fabricantes de produtos de construção emitam uma declaração de desempenho de acordo com o respectivo European Assessment Documents (EAD), ou, em português, Documento de Avaliação Europeu. Esse documento é válido para qualquer produto de construção não abrangido (parcial ou totalmente) por normas harmonizadas e cujo desempenho não possa ser integralmente avaliado de acordo com uma norma harmonizada (PARLAMENTO EUROPEU, 2011).

O Documento de Avaliação Europeu estabelecido no RCP é equivalente ao documento European Technical Approval Guidelines (ETAG)28 estabelecido na

Diretiva 89/106/EEC. De acordo com o artigo 66 do RPC, as ETAGs existentes podem ser usadas como EADs, ou em português, Documentos de Avaliações Europeus (EUROPEAN COMMISSION, 2015).

28 A lista das ETAGs existentes pode ser acessada no site da EOTA. Disponível em http://www.eota.eu/en-GB/content/etags-used-as-ead/26/. Acesso em: fevereiro de 2015.

Esta mesma lista também é apresentada na página da Comissão Europeia: NANDO Information

System (New Approach Notified and Designated Organisations - NANDO). Disponível em:

http://ec.europa.eu/enterprise/newapproach/nando/index.cfm?fuseaction=cp.eta. Acesso em: fevereiro de 2015

Os Documentos de Avaliação Europeus e a emissão de Avaliações Técnicas Europeias cabem aos Organismos de Avaliação Técnica (OAT), designados pelos estados membros da União Europeia (PARLAMENTO EUROPEU, 2011).

O RPC também rege a marcação CE no produto de construção, que responsabiliza os fabricantes pela conformidade do produto em relação ao desempenho declarado. A marcação CE foi regulamentada pela Diretiva de 1989, mas com o RPC ela deixou de ser uma declaração de conformidade para ser uma declaração de desempenho, indicando, ainda, que um determinado produto está em conformidade com a legislação da União Europeia, possibilitando a livre circulação de produtos no interior do mercado europeu. Ao apor a marcação CE em um produto, o fabricante tem a responsabilidade de que o produto satisfaça todos os requisitos legais para receber a referida marcação, o que significa que o produto pode ser vendido em todo o Espaço Econômico Europeu (EEE), mesmo não tendo sido fabricado no EEE (PARLAMENTO EUROPEU, 2011).

Em relação aos documentos de referência para a tecnologia de fachada em chapas delgadas estruturadas por perfis de LSF, como os Documentos de Avaliação Europeu equivalentes às Guias para a Aprovação Técnica, ou ETAGs, a pesquisa identificou documentos que se referem a alguns dos elementos e componentes que podem também ser utilizados na tecnologia de fachadas em chapas delgadas estruturadas em LSF, como a utilização dos sistemas compostos de isolamento térmico pelo exterior (ETICS).

No entanto, a Guia para Aprovação Técnica Europeia “ETAG 004 – Guideline for European Technical Approval of External Thermal Insulation Composite Systems”, identifica o seu escopo, ao estabelecer que se trata de sistema de isolamento externo de vedações verticais sobre vedação de alvenaria (tijolos, blocos, pedras...) ou sobre vedação de concreto (moldado ou pré-moldado). Consequentemente, a ETAG 004 não pode ser considerada uma diretriz para sistema de vedação vertical leve (EOTA, 2008; DO ROSÁRIO, MALANHO,2010). Portanto, não foi identificado nenhum documento ETAG ou Documento de Avaliação Europeu (DAE), que seja referente às avaliações técnicas apresentadas na pesquisa.

Quando não existe a referência do ETAG ou DAE, os Organismos de Avaliação Técnica (OAT), para emitirem seus pareceres, se baseiam nos documentos denominados Common Understanding of Assessment Procedure (CUAP),

documentos internos da EOTA, não disponíveis ao público (PONTIFICE, 2012; LATERNSER, SILVA, HOERMANN-GAST, s. d.).

É nesse contexto legislativo que se inserem as três avaliações técnicas analisadas na pesquisa e que foram emitidas por Organismos de Avaliações Técnicas, que são membros da EOTA e, no caso das avaliações analisadas na pesquisa, referem-se aos organismos ingleses BBA e BRE, ao francês CSTB e ao espanhol ITeC.

Essas avaliações abrangem informação geral do escopo da aplicação; características essenciais relevantes para os usos pretendidos do componente ou sistema; desempenho do sistema e referências dos métodos de avaliação utilizados; avaliação e verificação da manutenção do desempenho; detalhes técnicos para atendimento ao desempenho; identificação do(s) produto(s) de construção e referências de normas, códigos de práticas e referenciais tecnológicos bem como, de outras avaliações técnicas (BBA, 2014; BRE, 2011; CSTB, 2012; ITeC, 2014).