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POTENCIAL DO SISTEMA EM RELAÇÃO À DESMONTAGEM E DESMATERIALIZAÇÃO

SUMÁRIO

BRASILEIRO E INTERNACIONAL

3. CARACTERIZAÇÃO DA FACHADA EM CHAPAS DELGADAS ESTRUTURADAS EM LSF

3.5 POTENCIAL DO SISTEMA EM RELAÇÃO À DESMONTAGEM E DESMATERIALIZAÇÃO

Souza et al. (2004) afirmam que, além de grande consumidora de recursos naturais, a indústria da construção civil é considerada grande geradora de resíduos, razão pela qual se dá a necessidade de busca de medidas para evitá-los alinhados com o princípio do desenvolvimento sustentável. As ações para essa busca devem se centrar no processo de produção, envolvendo diferentes agentes da cadeia produtiva, e na redução da geração de resíduos diretamente na fonte, por meio não somente de novos processos como da reutilização, reciclagem e deposição adequada.

Um caminho complementar é a desmaterialização ou redução da massa dos materiais de construção, apontada por Agopyan e John (2011) como uma das estratégias para se adequar a demanda do setor da construção civil à capacidade de sustentação do planeta.

Os avanços tecnológicos, conforme assinalado por Maugard (2007), fizeram com que a complexidade de materiais modificasse o axioma implícito na construção que considera um material “pesado” como sinônimo de durabilidade e um material “leve” como ligado ao efêmero.

Novos materiais estão sendo desenvolvidos para aumentar o conforto térmico na construção leve, como os materiais de mudança de fase, ou Phase Change Material (PCM). Como exemplo, chapas de gesso que recebem a adição de 20% de compostos formados por esferas microscópicas de ceras, que ao mudarem de fase, de sólido para líquido, requererem calor e, no processo inverso, o calor latente é devolvido ao ambiente. A vantagem que traz esse tipo de material é a maior capacidade de estocar calor e, assim, aumentar a inércia térmica sem a necessidade do aumento de massa (ARCELOR, 2004; SANTOS et al., 2012).

Um exemplo do uso desse material é destacado pela empresa BASF25 ao indicar que

uma chapa de gesso de 15 mm com microcápsulas de material PCM tem a mesma

25 BASF. The BASF House - UK Project. Sem data. 28 p. Disponível em:

https://www.nottingham.ac.uk/creative-energy homes/documents/basfhousebrochure.pdf. Acesso em: novembro 2015

capacidade de estocagem de calor que uma vedação vertical de 120 mm de espessura tijolo cerâmico ou 90 mm de espessura de concreto.

Segundo Fontenelle (2012), a redução da massa torna esta tecnologia construtiva uma alternativa para produção de edifícios devido ao menor impacto sobre o ambiente e redução do consumo de recursos naturais, proporcionando, ainda, menor quantidade de resíduos após o término de sua vida útil.

Nabut Neto e Sposto (2011) compararam dois sistemas de fachada: o primeiro, em chapas delgadas estruturadas em LSF e, o segundo, convencional de blocos cerâmicos revestidos. Como resultado, o sistema de fachada em LSF apresentou menor consumo de materiais em massa e volume que o convencional, representando 8,9% do volume e 29% da massa total. Quanto ao valor de energia incorporada, os autores apontam que o valor foi menor na fachada convencional, representando aproximadamente 63% da energia incorporada do sistema em LSF. No entanto, os autores ponderam que o potencial de reciclagem do sistema de fachada em LSF é maior devido à facilidade de desconstrução e consequente tratamento, processamento e reutilização dos materiais do que no modelo convencional, no qual a tarefa de separação de materiais é dificultada.

De maneira simplificada, devido às considerações e aproximações, os autores consideraram os valores de emissões totais como sendo equivalentes.

Nabut Neto e Sposto (2011) destacam que não é possível exigir de um sistema que ele seja mais eficiente em todos os quesitos como energia incorporada, emissões de CO2, consumo de materiais e potencial de reciclagem dos materiais constituintes, pois

os mesmos nem sempre são alcançados simultaneamente, reforçando o desafio de balancear as exigências do usuário com a escolha cuidadosa dos materiais de construção para atender os principais aspectos da sustentabilidade sem comprometer o desempenho e durabilidade.

Sabbatini (1998) afirma que a redução de massa, devido ao uso de divisórias internas em gesso acartonado, pode representar, em edifícios habitacionais, 5 a 7% da massa total. No entanto, o autor destaca que no Brasil, por diversas razões, se pratica estruturas extremamente esbeltas e deformáveis, ao contrário da Europa e Estados Unidos, que utiliza estruturas de espessuras 30 a 50% superiores às utilizadas no Brasil. Dada a esbelteza da estrutura, o autor conclui que a retirada da alvenaria de

contraventamento, seja ela utilizada nas vedações internas ou externas, deve ser compensada com o enrijecimento das estruturas.

3.6 CONSIDERAÇÕES

A pesquisa traz uma visão histórica da fachada das edificações, mostrando como se deu a evolução das fachadas monolíticas para as fachadas multicamadas e o avanço da construção leve.

O capítulo contribui para fixar a terminologia das vedações verticais externas e traz a análise da tecnologia, propiciando a melhor identificação dos componentes utilizados e das funções específicas de cada camada para o atendimento ao desempenho do sistema.

Destaca-se a importância do correto tratamento, tanto em projeto como em execução, das interfaces das camadas da vedação vertical com as esquadrias, que são um ponto de atenção para assegurar o desempenho térmico, acústico e de estanqueidade da fachada.

Em relação aos métodos de montagem do sistema, apontam-se os benefícios de cada um e a possibilidade de pré-fabricação dos painéis em instalações fora do canteiro de obras e que apesar de todos os componentes da tecnologia serem industrializados, pode-se fazer um paralelo com o grau de industrialização da tecnologia, evoluindo-se do grau artesanal (método embutido), para o grau racionalizado (método contínuo) e depois para o grau industrial (pré-fabricação de painéis).

Os materiais de construção estão passando por uma evolução, com avanços tecnológicos, que trouxeram maior complexidade à construção, modificando o axioma que se considera material durável como aquele com maior densidade de massa. Busca-se contribuições quanto à desmaterialização que pode ser umas das estratégias para a adequação da demanda do setor da construção às metas da sustentabilidade.