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SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO TÉCNICA (SINAT)

SUMÁRIO

BRASILEIRO E INTERNACIONAL

2. CONCEITOS BÁSICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

2.4 SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO TÉCNICA (SINAT)

O Sistema Nacional de Avaliação Técnica busca a harmonização de procedimentos para a avaliação de novos produtos para a construção, quando não existem normas técnicas prescritivas específicas aplicáveis ao produto. O SINAT é proposto para

suprir, provisoriamente, lacunas da normalização técnica, ou seja, para avaliar produtos não abrangidos por normas técnicas prescritivas9 (BRASIL, 2014).

Segundo Amancio et al. (2015), o SINAT é o ambiente que abriga a inovação tecnológica na construção civil e é resultado da mobilização da comunidade técnica na elaboração de um suporte ao funcionamento de procedimentos de avaliação de produtos de construção inovadores.

O SINAT teve como base o modelo existente na França, elaborado pelo Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) e referenciado no documento Avis Téchnique (ATEC) para produtos inovadores (CLETO et al., 2011). O sistema foi integrado ao cenário nacional ao ser vinculado ao PBQP-H, no âmbito do Ministério das Cidades, do Governo Federal.

Em 2007, o sistema foi aprovado pelo CTECH – Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação e publicado no Diário Oficial da União conforme afirmam Amancio, Fabricio e Mitidieri Filho (2012).

O SINAT regula o processo no qual as Instituições Técnicas Avaliadoras (ITAs) elaboram Diretrizes que irão referenciar as exigências e requisitos que os sistemas construtivos e ou produtos devem atender. Após a elaboração das Diretrizes, os agentes interessados em um dado sistema ou produto, com o auxílio de uma ITA, irão elaborar os Documentos de Avaliação Técnica (DATec), cuja aplicação deve garantir o atendimento às exigências das Diretrizes.

Amancio et al. (2015) explicam que o DATec é discutido e harmonizado em duas instâncias: Comitê Técnico e Comissão Nacional do SINAT, sendo a comissão a última instância deliberativa e que autoriza a concessão. Os autores descrevem que, após a concessão do DATec, são realizadas auditorias técnicas periódicas, que incluem ensaios, análises, vistorias técnicas no processo e no produto, considerando o controle da qualidade adotado pelo produtor e os parâmetros definidos no DATec e na Diretriz. O documento é fundamental para acesso aos financiamentos públicos federais para a Habitação.

9 Sistema Nacional de Avaliações Técnicas - SINAT – Disponível em:

Bonin (2015) afirma que o SINAT e a publicação da ABNT NBR 15575 (2013) criaram um novo cenário para o setor, que propiciou oportunidade para o desenvolvimento tecnológico ao definir objetivamente um referencial para a inovação e estimular a melhoria contínua da qualidade do ambiente construído. Por outro lado, significa um grande desafio por ter se estabelecido antes que a comunidade técnica nacional tivesse assimilado completamente os conceitos de desempenho, objetivos tanto do SINAT quanto da norma de desempenho ABNT NBR 15575 (2013).

Por isto há, ainda, lacunas de conhecimento a serem preenchidas em futuras revisões da norma e consequentemente da documentação técnica do SINAT (BONIN, 2015). Bonin (2015) e Amancio et al. (2015) acentuam o desafio de se buscar suprir a carência de infraestrutura tecnológica como laboratórios de ensaios e testes, consolidando uma rede de ITAs em todo o território nacional, com condições técnicas para atender às demandas do setor, e maior interação entre as instituições de ensino e pesquisa e as empresas atuantes na fabricação de produtos para a construção, entre outros.

Segundo Amancio, Fabricio e Mitidieri Filho (2012), a avaliação técnica de produtos de construção traz um novo contexto para a utilização de inovação. Habituado a processos e sistemas construtivos pouco padronizados, o setor da Construção Civil, conhece novos procedimentos para uso de produtos inovadores.

Apesar da pesquisa se referir a tecnologia de fachada de chapas delgadas estruturadas em LSF, o Quadro 1 apresenta os referenciais técnicos do SINAT relativos ao sistema construtivo LSF, que também envolvem fechamentos de fachadas.

Quadro 1 - Referenciais Técnicos do SINAT relativos ao sistema construtivo LSF

Referencial Título Ano de

Publicação Diretriz SINAT

003 – Revisão 01 Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço conformados a frio, com fechamentos em chapas delgadas (Sistemas leves tipo “Light Steel Framing”)

2010

Diretriz SINAT 009

Sistema de vedação vertical externa, sem função estrutural, em perfis leves de aço, multicamadas, com fechamento em chapas delgadas.

2012

DATec 14 Sistema construtivo a seco Saint-Gobain - Light Steel Frame

(validade março de 2015) 2013

DATec 14a Sistema construtivo a seco Saint-Gobain - Light Steel Frame

(validade junho de 2017) 2015

DATec 15 Sistema construtivo LP Brasil OSB em Light Steel Frame e fechamento em chapas de OSB revestidas com siding vinilico (validade março de 2015)

2013

DATec 16 Sistema construtivo LP Brasil OSB em Light Steel Frame e

fechamento em SmartSide Panel (validade março de 2015) 2013 Fonte: Adaptado de PBQP-H. Disponível em: http://pbqp-h.cidades.gov.br/projetos_sinat.php . Acesso

em novembro de 2015

Squicciarini e Asikainen (2011) afirmam que apesar de normalização e regulamentação permitirem a difusão e desenvolvimento de novas tecnologias e processos, elas podem conduzir a sistemas estáticos que podem dificultar a inovação. As práticas de certificação relativas a produtos ou empresas podem desencorajar os esforços e os investimentos de pequenas empresas devido a custos adicionais e prazos envolvidos.

Embora, o mercado da construção conte com a regulamentação para a utilização de sistemas inovadores por meio do SINAT, o uso desses sistemas é ainda bastante incipiente na Habitação de Interesse Social (HIS). Na prática, nota-se a dificuldade para a implementação da inovação, que é imperativa para aumento da produtividade e desempenho do produto habitação.

O Quadro 2 apresenta o número de unidades habitacionais construídas nos sistemas construtivos considerados inovadores. O sistema de parede de concreto moldado in loco é preponderante com mais de 77% das unidades habitacionais construídas. Em segundo lugar, está o pré-moldado de bloco cerâmico com 18% das unidades construídas. O sistema LSF teve apenas 0,15% do número de unidades construídas (ANAUATE, 2014).

Quadro 2 – Sistemas Inovadores e habitações construídas Sistemas Inovadores Unidades

habitacionais construídas

Porcentagem do total

Parede de concreto moldada in loco 306.229 77,34%

Pré-moldado de bloco cerâmico 71.814 18,14%

Pré-moldado de concreto 7.343 1,85%

PVC+ concreto 4.092 1,03%

Painéis compositos 2.926 0,74%

Wood Frame 1.302 0,33%

Bloco de gesso 1.054 0,27%

Light Steel Framing 604 0,15%

Pré-moldado de concreto alveolar 548 0,14%

Solo cimento 24 0,01%

Total de Unidades 395.936 100%

Fonte: Dados do Arq. Milton Anauate, consultor da presidência da Caixa Econômica Federal e apresentados em reunião do grupo de trabalho Construção Industrializada no âmbito do Programa

Compete Brasil da FIESP em 19 de agosto de 2014.

O número total de unidades que utilizaram a inovação, da ordem de menos de 400 mil frente aos 2 milhões de unidades construídas no período, ainda é baixo face as necessidades e carências da Habitação, em especial, de HIS. Considerando-se as que utilizaram sistemas baseados na construção leve, em especial a tecnologia do LSF, a porcentagem de menos de meio ponto percentual mostra o grande desafio necessário para a consolidação da tecnologia.

O alto custo e os longos prazos podem ser uma das razões que levaram somente as grandes empresas a buscar referenciais para seus produtos nos Documentos de Avaliação Técnica, como é o caso das empresas LP e Saint-Gobain. O prazo de validade de tal documento é um ponto que exige esforços constantes, uma vez que o DATec tem validade por dois anos, conforme o Regimento Geral do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas de produtos inovadores.

As médias e pequenas empresas podem se afastar da busca por novos sistemas construtivos pelos altos custos e prazos envolvidos na obtenção de um DATec. Nesse caso, o sistema pode atuar como barreira para o crescimento por potencialmente reduzir a inovação.

Amancio e Fabricio (2015) ponderam que o SiNAT, como qualquer sistema em evolução, necessita ser observado, para garantir que suas premissas sejam atendidas

e que as demandas do setor, do mercado e dos usuários possam ser consideradas e supridas. Os autores acrescentam que há necessidade de formação de estrutura coesa no que concerne aos organismos avaliadores e às avaliações técnicas, em termos de critérios e processos de avaliação e que o amadurecimento do sistema se dará lentamente pela aquisição da prática e do seu tempo de atuação.