• Nenhum resultado encontrado

SUMÁRIO

BRASILEIRO E INTERNACIONAL

2. CONCEITOS BÁSICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

2.2 SISTEMA DE PRODUTO

Segundo Warszawski (1977)6 apud Sabbatini (1989), "um sistema de produção

compreende homens, máquinas e outros meios, os quais convertem materiais e trabalho em produtos especificados" e que “um sistema construtivo é caracterizado por possuir atributos muito bem definidos: uma tecnologia de produção (dos componentes e elementos); um projeto do produto (o edifício) e uma organização de produção (do edifício)”.

Para Sabbatini (1989), “um sistema construtivo é um sistema de produção cujo produto objeto é o edifício”.

Souza e Sabbatini (1998) aplicaram o conceito de sistema de produto e sistema de produção à tecnologia de vedação vertical em chapas delgadas de gesso acartonado. Esses mesmos conceitos serão adotados nesta pesquisa em relação à tecnologia construtiva de fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF.

O conceito de sistema de produto compreende um conjunto de materiais, componentes e elementos integráveis que se complementam e são utilizados na produção de um bem (SOUZA; SABBATINI, 1998).

Souza (2003) complementa com a conceituação de componente complexo, que é um agregado de componentes com funções menos complexas e em nível hierárquico imediatamente abaixo do elemento. O conjunto das funções do componente complexo que constituem o elemento é equivalente às funções do elemento7.

6 WARSZAWSKI, A. System building: education and research. In: CIB Triennial Congress, 7,

Lancaster, 1977. Construction Research International. Anais. Lancaster, CIB, 1977, v.2, p. 113-125. 7 Segundo a ABNT NBR 15575-1 (2013c), são adotados os seguintes conceitos para componente e elemento:

Componente é a unidade integrante de determinado elemento da edificação, com forma definida e destinada a atender funções específicas (por exemplo, bloco de alvenaria, telha, folha de porta) (ABNT, 2013c, p. 7).

Da mesma forma, como o conceito de produto pode ser adotado para as fachadas em chapas delgadas estruturadas em LSF, o conceito de componente complexo pode ser adotado para os componentes presentes na tecnologia de fachada estudada.

Portanto, a tecnologia construtiva de fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF constitui-se num sistema de produto que exige um sistema de produção previamente definido.

2.3 DESEMPENHO

Souza (1983), tendo iniciado os estudos acerca da avaliação de desempenho de componentes e elementos associados à produção do edifício, já ressaltava a importância de se definir - qualitativa ou quantitativamente - quais as condições a serem satisfeitas por um produto quando submetido às condições normais de uso. CIB (1975)8 apud Souza (2015, p. 13) já afirmava que “o resultado do equilíbrio

dinâmico, que se estabelece entre o produto e seu meio, é chamado de desempenho do produto”.

Segundo Souza (2015), na prática, este equilíbrio dinâmico se estabelece quando o edifício é submetido às condições de exposição, que são o conjunto de ações atuantes durante sua vida útil. A estimativa do comportamento do produto, ou seja, seu desempenho potencial, é obtido pela utilização de modelos matemáticos e físicos, além de ensaios e medições em amostras do produto.

Ainda segundo CIB (1975) apud Souza (2015, p. 14), a avaliação pode incluir interpretação e julgamento baseados na validade dos métodos de ensaio e cálculo empregados ou na apreciação do desempenho observado e medido em modelos ou

Elemento é parte de um sistema com funções específicas. Geralmente é composto por um conjunto de componentes (por exemplo, parede de vedação de alvenaria, painel de vedação pré-fabricado, estrutura de cobertura) (ABNT, 2013c, p. 9).

8 CONSEIL INTERNATIONAL DU BÂTIMENT. The performance concept and its terminology. Paris, Centre Scientifique et Technique du Bâtiment, 1975. (Report 32).

protótipos. Além desses métodos, outras informações podem ser acrescentadas como a experiência de utilização do produto.

O conceito de desempenho está presente na abordagem de Sabbatini (1989) sobre inovação tecnológica ao salientar a necessidade de que tecnologias inovadoras devam apresentar condições de produção mais adequadas que as tecnologias tradicionais, de modo a: incrementar o nível de produção e de produtividade; racionalizar os recursos utilizados; reduzir custo e prazo; e melhorar o desempenho do produto.

O desempenho de um produto inovador usualmente é avaliado a partir do desempenho da tecnologia tradicional que pretende substituir. Nesse sentido, Souza (2015) discute a tendência de se fixar o tradicional como referência, como por exemplo, no caso das vedações externas. A vedação de tijolos maciços de 25 cm, revestida com argamassa de cal e areia, foi durante muito tempo tomada como padrão fazendo com que qualquer alternativa proposta para vedações externas devesse ser comparada a ela em relação a: resistência mecânica, resistência ao fogo, propriedades acústicas, isolamento térmico e impermeabilidade.

Em sua discussão sobre o tema, Souza (2015) salienta que se desconhece, se realmente, por que a vedação vertical tradicional é considerada boa e se suas propriedades são necessárias e se são satisfatórias. O argumento utilizado é que tal vedação vertical “já funcionou na prática” e, portanto, é boa solução. Para o autor, o argumento é válido como fruto da tradição construtiva, porém, não suficiente, pois não se pode aceitar o empirismo nela impregnado e adotá-lo como regra normativa. Souza (2015) manifesta que avaliar soluções inovadoras para o edifício e suas partes, comparando-as com o tradicional, carece de uma base científica e metodológica. Esta contradição pode e deve ser superada no estágio atual dos conhecimentos no campo das ciências da construção. Para o autor, a questão relevante é a abordagem menos empírica, sem que haja empecilho às novas soluções, caracterizando de forma mais precisa a que deve atender o edifício e quais os métodos a serem utilizados em sua avaliação, concluindo que o conceito de desempenho é instrumento valioso nesse sentido.

Segundo Oliveira, Souza e Mitidieri Filho (2010) em muitos países, o desenvolvimento de projetos tem início pela definição do desempenho do produto edifício e suas partes para depois se definir as tecnologias a serem utilizadas.

No Brasil, a discussão sobre os temas da qualidade e desempenho ocorre há mais de três décadas, mas somente em período recente, com o amadurecimento da cadeia produtiva, e em função da maior exigência da sociedade, é que se formalizou a norma brasileira de desempenho. A ABNT NBR 15575 (2013) “Edificações Habitacionais – Desempenho” entrou em vigor em julho de 2013, sendo consenso que o conjunto normativo (Partes 1 a 6) constitui importante marco para a modernização tecnológica da construção (CBIC, 2013).

Por se tratar de inovação tecnológica, os sistemas leves de fechamento de fachadas não dispõem de normas técnicas; portanto, o desenvolvimento de tecnologias que abordam esses sistemas deve ser fundamentado em referenciais que contemplem exigências de desempenho e qualidade.

Soares (2010) afirma que a elaboração e difusão de documentação técnica de referência deve ser uma prioridade para a qualificação da construção no Brasil e pode contribuir com o avanço do conhecimento das tecnologias construtivas e com a inserção dos conceitos de sustentabilidade.

A comprovação de desempenho necessita de um arcabouço para a sua avaliação técnica. Nesse sentido, seguindo o que havia acontecido há algumas décadas em países desenvolvidos, criou-se um sistema de abrangência nacional para a avaliação técnica do desempenho de sistemas inovadores.