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SUMÁRIO

BRASILEIRO E INTERNACIONAL

5. AVALIAÇÃO TÉCNICA DE TECNOLOGIAS DE FACHADA EM CHAPAS DELGADAS ESTRUTURADAS EM LSF: CONTEXTO BRASILEIRO E

5.3 COMPARATIVOS ENTRE SISTEMAS

5.3.1 Camada externa e camada impermeável

Em relação a camada externa, a Fachada F4 utiliza revestimento não aderido que deve apresentar uma avaliação técnica específica, isto é, no termo francês, um Avis Technique próprio. Segundo o CSTB (2012a), para cada obra, a Saint-Gobain Isover consulta o fabricante do revestimento não aderido e obtém seu acordo.

A escolha do tipo de revestimento não aderido se dá em função do nível de exposição da vedação vertical à chuva. A regulamentação francesa classifica as fachadas em expostas ou protegidas, segundo o grau de exposição aos ventos dominantes carregados de chuva. Essa classificação também considera a altura do edifício e a sua localização em relação a orla marítima (CSTB, 1983)

O sistema Kingspan foi previsto para utilização com gama variada de revestimentos, que não fazem parte do escopo do certificado BRE. No entanto, foi realizada avaliação de desempenho do sistema empregando-se alguns revestimentos, tais como: revestimento de alvenaria de tijolos, revestimento de argamassa aderido diretamente nas chapas de isolamento, revestimento não aderido ventilado, revestimento em chapas de madeira ou em pedra (BRE, 2011).

O Quadro 41 e o Quadro 42 descrevem, respectivamente, a camada externa e a camada impermeável.

Quadro 41 – Descrição da camada externa e de seus componentes dos sistemas analisados Fachada F4 Aquapanel

WM311C / WM411C

Kingspan BRE Diretriz SINAT

nº 009 Obrigatoriedade de

utilização de revestimentos não aderidos com estrutura própria

O revestimento não aderido deve possuir um Avis Technique próprio ou um Documento Técnico de Aplicação Densidade de massa máxima do revestimento não aderido é de 53 kg/m² Utilização de lâmina de ar mínima de 20 mm Altura máxima da chapa de revestimento 2200 mm, com limite máximo de deformação longitudinal de 6,75 mm

Larguras dos apoios das chapas podem ser de 35 ou 40 mm Placa Aquapanel espessura 12,5 mm com elementos próprios de fixação (parafusos galvanizados)

Podem ser utilizados diversos sistemas de revestimentos, como tijolos, argamassa, não aderido, entre outros

Alguns tipos de revestimentos são considerados na avaliação de desempenho Revestimentos

utilizados sem o uso de uma camada de ar ventilada não devem ser usados, segundo os critérios da NHBC31

Placa cimentícia Esp. Min. 12 mm coberta com argamassa

Tratamento das juntas com argamassa, tela de reforço de fibra de vidro e dois tipos de fitas

(para acabamento pétreo ou liso)

Tratamento das juntas com argamassa a base de cimento reforçado com polímero. Aplicação de primeira camada com 5mm, tela e segunda camada com 2mm

Os acabamentos de argamassa podem ser: Argamassa acrílica, chamada de tipo pétreo – por apresentar textura (entre 6 e 9 mm)

Ou

Tipo liso (entre 5 e 8 mm) de base acrílica

Acabamento final que pode ser sistema de pintura, textura, revestimento cerâmico, pétreo, entre outros (acabamento final não pertence ao escopo da diretriz)

Perfis para fixação do revestimento não aderido Aço estrutural S220GD LE min.: 220 MPa Revestimento do aço Z450 CEN EN 10346 (2015) Seção “Z” ou “Omega”

Fonte: CSTB (2012a); ITeC (2014); BBA (2014); BRE (2011); BRASIL (2012).

31 National Housing Building Council (NHBC) é uma entidade inglesa para o estabelecimento de normas técnicas junto à indústria da construção habitacional visando à proteção ao consumidor com a adoção de garantias e seguros de residências novas.

Quadro 42– Descrição da camada impermeável e das possibilidades de diferentes membranas de estanqueidade ao vapor

Itens Fachada F4 WM311C e WM411C Kingspan Diretriz SINAT

nº 009 Utilização Obrigatoriedade de uso de membrana externa e interna Opcional externa

Sem referência Sem referência Informação da membrana deve constar do projeto e DATec específico

Localização Externa (3 alternativas) Interna Externa (2 alternativas)

Produto 1. Tyvek Toiture

60 ou VPX 2. Intégra 3. Isover ou Tyvek UV duplex UV Vario KM StuccoWrap 1. Tyvek HouseWrap 2. Tyvek

Composição Nãotecido polietileno colado sobre nãotecido polipropileno 3 camadas laminadas polipropileno Nãotecido polietileno colado sobre nãotecido polipropileno Filme poliamida colado sobre véu nãotecido polipropileno Sem

referência referência Sem

Gramatura 130 g/m² 165 g/m² 195 g/m² 80 g/m² 69 g/m² 60 g/m² Resistência a transmissão vapor de água (Sd)32 0,03m 0,05m 0,04m 0,2 m a 5 m ≤0,02 ≤0,025 Resist. penetração de água CEN EN 1928 (2000) W1 W1 W1 - W1 W1 Tração (N/50mm)33 L 345 / T 290 L 330/ T 205 L 410/ T 340 L 125/ T 115 L 345/ T 300 L 310/ T 310 Alongamento (%) L 14/ T 20 L 45/ T 50 L 14/ T 19 L 60/ T 55 L 21/ T 19 L 17/ T 20 Resistência ao rasgo (N) L 180/ T 185 L 275/ T 373 L 300/ T 340 L 50/ T 50 L 50/ T 50 L 50/ T 50 Reação ao fogo CEN EN 13501-1 (2007)34 E D E

Fonte: CSTB (2012a); ITeC (2014); BRASIL (2012)

32Transmissão do vapor de água: Sd = µ.d (µ = coeficiente de difusão do vapor de água) (d=espessura da membrana), medidos segundo a norma CEN EN 12572 (2001). 33 L= Tensão longitudinal / T = Tensão transversal.

34 Classificação E - Produtos capazes de resistir por um curto período de tempo ao ataque de uma pequena chama sem que ocorra propagação substancial da chama. Classificação D - Atendem a classe E, mas devem resistir por um período de tempo superior ao ataque de uma pequena chama e adicionalmente são capazes de suportar ataque térmico com queima suficientemente tardia e limitada liberação de calor.

A Fachada F4 utiliza dois tipos de membrana. A mais externa garante a estanqueidade do sistema e está posicionada junto à lâmina de ar posterior ao revestimento não aderido. A segunda membrana, aplicada junto à face posterior da camada de revestimento interno, colabora na estanqueidade ao ar, limitando o risco da entrada de parasitas ou de resíduos provenientes das lâminas de ar situadas no interior do isolante.

As propriedades higrotérmicas da membrana variam em função da temperatura e da taxa de umidade. O valor Sd varia entre 0,2 m (temperatura elevada e alta umidade relativa) a 5 m (temperatura baixa e média umidade relativa), permitindo a passagem do vapor de água no verão e atuando como membrana de estanqueidade no inverno, para limitar o risco de condensação na camada de isolamento (CSTB, 2011).

Segundo a Agence Qualité Construction (2015), as infiltrações de ar parasitas podem impactar a qualidade do ar no interior da edificação gerando desconforto térmico, acústico e diminuindo o desempenho térmico. As infiltrações de ar parasita têm impacto muito maior nos países de clima frio, onde a ventilação é reduzida nos períodos de inverno. O ar presente nas camadas de isolamento pode ser aspirado para o interior da edificação pelos dutos das instalações elétricas, pela descontinuidade das juntas, entre outros. Esse ar é carregado de partículas de fibras de isolantes, de compostos orgânicos voláteis (COV) e de possíveis fungos e mofos presentes na camada.

A Diretriz SINAT nº 009 recomenda a utilização da barreira impermeável, definida como “não-tecido impermeável à água e permeável ao vapor de água”. No entanto, não estabelece quais os requisitos de gramatura, passagem de vapor e absorção de água definidos para o produto, e recomenda que estes sejam especificados no DATec do sistema. A não especificação destes requisitos pode ser considerada uma lacuna em relação aos objetivos da própria Diretriz SINAT nº 009 que é o de fornecer os parâmetros para a especificação. No caso das membranas, as especificações seriam ainda mais bem-vindas considerando-se que não há normas técnicas brasileiras para esse tipo de produto.

O sistema Kingspan não dá referências das características da membrana de estanqueidade, apenas faz referência aos riscos da condensação intersticial, os quais

foram avaliados pelo BRE para grupos de fachada selecionados, de acordo com a CEN EN ISO 13788 (2002).