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5 AVANÇOS OBSERVADOS NO BRASIL EM RELAÇÃO A IGUALDADE DE ACESSO A ÁGUA ENTRE HOMENS E MULHERES:

A INCLUSÃO DE GÊNERO EM POLITÍCAS PÚBLICAS NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE O DIREITO

5 AVANÇOS OBSERVADOS NO BRASIL EM RELAÇÃO A IGUALDADE DE ACESSO A ÁGUA ENTRE HOMENS E MULHERES:

No Brasil, houve um aumento na presença de mulheres nos debates sobre a água, mas na participação de processos decisórios essa presença ainda é reduzida. A temática hídrica vem ganhando relevância nas discussões e fóruns do país, buscando-se medidas que garantam a sua gestão de forma democrática e ética.

O fortalecimento do papel da mulher na gestão da água começou a ganhar destaque somente nos últimos anos. Ainda não há nada sobre o tema na legislação brasileira. Na criação da Lei Federal n. 9.433/97 foi discutida a inclusão desse tema, o qual foi rejeitado.

Não existem dados sobre a relação água e gênero nas bases de dados do governo e do IBGE, o que dificulta estudos sobre o assunto. Conforme Barban (2009), dados desagregados sobre gênero são essências para o planejamento e a tomada de decisão em relação a gênero e ao fortalecimento das mulheres no setor da água.

Nos últimos anos, parece haver um avanço para a inclusão do tema na legislação brasileira, a Portaria da ANA (Agência Nacional de Águas) nº 326, de 22 de dezembro de 2016, regulou a instalação do Comitê Pró-Equidade de Gênero, com o

objetivo de dar força às políticas e instrumentos que buscam fortalecer a equidade de gênero na gestão de água e acompanhar as ações propostas no Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (DIAS, 2018). Esse comitê, também, foi responsável pela realização, no final de 2017, de um curso denominado “Água e Gênero”, que abordou as assimetrias de gênero relacionadas à água e, uma oficina denominada “Construindo uma Agenda de Água e Gênero para o Brasil e para a América Latina”.

A ANA divulgou que foi criado um projeto em dezembro de 2017, denominado Projeto Legado, que tem como finalidade levantar propostas de melhorias na gestão de recursos hídricos. Uma das ênfases do projeto é o papel da mulher na gestão da água, e uma das propostas é alterar a Lei 9.433/1997, para adicionar um novo inciso, contendo o 3° princípio de Dublin: “as mulheres desempenham papel central no fornecimento, gestão e proteção da água”.

Outro avanço, foi a importância que foi dada ao tema, água e gênero, no 8° Fórum Mundial da Água, em março de 2018, sediado no Brasil; no II Seminário Internacional sobre Água e Transdisciplinaridade; no Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA) e, em várias palestras referentes à semana da água, realizadas em 2018, no país.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A articulação entre água e gênero já vem sendo cobrada e essa cobrança vem aumentando cada vez mais em conferências e fóruns internacionais, como: na Conferência sobre a Terra em 1992, na Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente em Dublin, no mesmo ano, na Conferência Mundial sobre as Mulheres, em Beijing, 1995. É importante criar ações que fortaleça o processo de mobilização da sociedade para a gestão das águas, para se alcançar os objetivos acordados nos tratados internacionais, nos quais o Brasil é signatário, garantir o uso sustentável da água e permitir que todos tenham acesso ao recurso.

Para o preenchimento de lacunas relativas a gênero é necessário que seja concedido as mulheres direitos e oportunidades iguais a dos homens, assim, políticas e instrumentos legais devem ser adaptados para incentivar a participação significativa das mulheres em todos os setores da sociedade.

Com o objetivo de fortalecer o sistema de gestão da água, através da participação de todos, foram implementados os comitês de bacia e outras formas de

participação. Mas na prática observa-se que as mulheres não possuem igualdade de participação nesses órgãos. É necessário pesquisas em âmbito local para identificar, em cada região, o motivo das mulheres não estarem participando e criar políticas que incentivem essa participação.

É preciso estimular a participação equitativa de homens e mulheres na gestão da água compartilhando decisões, tarefas e responsabilidades. A governança da água é um papel comum a todos os cidadãos que precisam se comprometer e criar ações com o objetivo de preservar esse recurso.

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