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BACIAS HIDROGRÁFICAS, MUNICÍPIOS, SEDES MUNICIPAIS E VILAS DE FURNAS

2 TEORIA E MÉTODO

2. TERRITÓRIO E POLÍTICA ENERGÉTICA NO BRASIL

2.3 Caracterização Física das Bacias dos rios Grande e Paranaíba

2.3.2 Bacia hidrográfica do Rio Grande

A bacia hidrográfica do Rio Grande abrange os estados de Minas Gerais e São Paulo, com superfície de 143.000 km², desde a Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas Gerais, até a região do AM, a Oeste do Estado, com 86.800 km², (60, 8%) da área total da bacia em Minas Gerais. Encontra-se situada entre os paralelos 19º e 23º de latitude Sul e entre os meridianos 44º e 53º de longitude Oeste.

O Rio Grande nasce no Alto do Maranhão, na Serra da Mantiqueira, no município de Bocaina de Minas, aproximadamente, a 1980 m de altitude. Tem seu curso,

inicialmente, na direção SO-NE até Piedade de Minas, passando a correr para o nordeste até a jusante da barragem de Jaguara na divisa dos municípios de Sacramento e Conquista, quando passa a correr na direção leste-oeste até a confluência com o Rio Paranaíba. Na figura 32, p. 141 encontra-se a caracterização hidrográfica e represas da área em estudo.

Os principais afluentes do Rio Grande, pela margem esquerda, são os rios Aiuruca, Capivari, Verde, São João, Carmo Sapucaí, Pardo e Turvo. Pela margem direita, os rios da Morte, Jacaré, Santana, Formiga, Pouso Alegre, Uberaba, São Francisco e Verde ou Feio.

As temperaturas médias variam entre 16º e 28 º C e o mês de Julho o mais frio, com temperatura média variando entre 15º a 18º C. Apresenta os seguintes tipos climáticos (seguindo classificação Koopen): Aw – clima tropical de savana; cwa – clima de inverno seco e verão chuvoso; e cwb – verão fresco.

A região corresponde ao bioma cerrado, com crescente industrialização, destacando-se na agroindústria de alta tecnologia. Os centros urbanos registram crescimento demográfico significativo e os níveis de urbanização são crescentes. A bacia do Rio Grande abrange 210 municípios e apresenta um dos maiores adensamentos populacionais de Minas Gerais, totalizando 3.432,831 habitantes (IBGE 2.000).

A bacia do Rio Grande possui vários aproveitamentos hidroelétricos que provocaram extensas inundações e deslocamentos de população. Dentre os principais problemas ambientais, ressalta-se a substituição das áreas de cerrado por lavouras tecnificadas com o uso intensivo de defensivos agrícolas que comprometem os mananciais, causam erosões, identificadas nas bacias dos rios da Morte e Jacaré, além de se observarem conflitos pela posse da terra.

As hidrelétricas implantadas no Rio Grande perfazem um total de doze, entre construídas ou em construção. Para nosso estudo, foram consideradas somente as implantadas por Furnas, que são as seguintes usinas: Furnas, Estreito, Mascarenhas de Morais, Porto Colômbia e Marimbondo. Na figura 01, p. 7, foram localizadas as vilas e usinas hidrelétricas e, no quadro 04, p. 125, estão relacionadas todas as hidrelétricas em operação ate o ano de 2002.

Na bacia do Rio Grande (GD), sobressai a região do reservatório de Furnas, onde tem havido um significativo incentivo ao ecoturismo e ao turismo rural. Nessa bacia, encontram-se oito Unidades de Planejamento e Gerenciamento de recursos Hídricos. Na figura 34 p.144 foram ilustradas, apenas as quatro Unidades de Planejamento: GD3, GD6, GD7 e GD8, que estão diretamente relacionadas com este trabalho. Porém, em razão da importância das oito Unidades de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Grande como conjunto, foram descritas abaixo e estão assim distribuídas:

GD1: Bacia do alto Rio Grande - abrange a área desde a nascente do Rio Grande até a confluência com os rios das Mortes (exclusivo)

GD2: Bacias dos rios da Morte e Jacaré - área que abrange as bacias dos rios das Mortes e Jacaré;

GD3: Bacia do reservatório de Furnas - região do entorno da represa de Furnas;

GD4: Bacia do Rio Verde;GD5: Bacia do Rio Sapucaí;

GD6: Bacias dos afluentes mineiros dos rios Mogi – Guaçu e Pardo;

GD7: Bacias dos afluentes mineiros do Médio rio Grande - região do entorno da represa de Peixoto e Ribeirão Sapucaí;

GD8: Bacias dos afluentes mineiros do Baixo Rio Grande.

Nas últimas décadas, os esforços das várias áreas sociais trouxeram à pauta os problemas advindos dos vários empreendimentos hidrelétricos. Com a destruição das bases físico-territoriais70 de que dependia a sobrevivência da população tradicional, as questões ambientais começaram a ser contempladas, inclusive, porque o próprio desempenho técnico-econômico de muitos reservatórios hidrelétricos se via ameaçado pela deterioração ecológica de seus reservatórios.

A criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas que passaram a avaliar e respaldar a implantação de empreendimentos hidrelétricos, partiram de um processo de

70 “Estima-se que a área inundada por aproveitamento hidrelétricos no Brasil seja da ordem de 36000 km²

Ferreira et al. (1997); o equivalente a 82% de extensão territorial do Estado do Rio de Janeiro e 0,4% de todo o território brasileiro”. (ATLAS DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL, p.47, 2002).

negociações entre os vários setores e usuários da água, com a exigência de participação pública em todas as etapas do projeto de grandes barragens. Devido ao estudo de inventário hidrelétrico de toda sub-bacia hidrográfica, com a avaliação dos impactos sociais e ambientais decorrentes da implantação de hidrelétricas, percebe-se um maior comprometimento com as questões socioeconômicas e ambientais. Encontram-se em atividades os Comitês de Bacias dos rios Grandes e Paranaíba.

Também é importante enfatizar a existência de ações atuais de mitigação de impactos causados no passado, o que já se tornou atividade importante de muitas empresas, por força de lei ou espontaneamente. Neste sentido é relevante destacar o Circuito dos Lagos – uma associação dos municípios localizados no entorno dos reservatórios de Volta Grande, Igarapava, Jaguará, Estreito, Nova Ponte e Fronteira com potencial para atividade turística, compõem a associação atualmente nove municípios do estado de Minas Gerais: Fronteira, Planura, Conceição das Alagoas, Água Comprida, Uberaba, Delta, Conquista, Sacramento e Nova Ponte mais seis do estado de São Paulo: Miguelópolis, Guará, Ituverava, Igarapava, Buritizal e Aramina. Tem como principal objetivo a preservação do meio ambiente nas margens do lago e combater a pesca predatória.

A forte atuação da ALAGO, que representa cinqüenta e dois municípios da região de influência do lago de Furnas71. Tem entre seus objetivos: a elaboração dos Planos

Diretores Participativos para cinqüenta municípios e de um Plano de Desenvolvimento Regional, visando, entre outros, principalmente, à eliminação da poluição provocada pelos lançamentos de efluentes de esgoto domésticos, sem tratamento algum, de todos esses municípios nas águas do lago, gerando problemas de saúde pública e o dificultando o desenvolvimento de atividades turísticas.

Fazem parte da associação, os municípios de Aguanil, Alfenas, Alpinópolis, Areado, Alterosa, Boa Esperança, Botelhos, Campestre, Capitólio, Camacho, Cabo Verde, Campo Belo, Campos Gerais, Campo do Meio, Carmo do Rio Claro, Cristais, Cana Verde, Candeias, Congonhal, Conceição da Aparecida, Coqueiral, Córrego Fundo,

71 Convênio entre ALAGO - Associação dos Municípios do Lago de Furnas e Ministério das Cidades,

tendo a empresa Furnas Centrais Elétricas, financiado os Planos Diretores Participativos de 50 Municípios a um custo de R$ 3,2 milhões. Alfenas e Varginha já tinham seus Planos Diretores. O valor do dólar médio em março de 2007, USS 2,08 =R$1,00.

Divisa Nova, Elói Mendes, Espírito Santo do Dourado, Fama, Formiga, Guapé, Guaxupé, Ilicínea, Itapecerica, Ipuiuna, Juruaia, Lavras, Machado, Monte Belo, Muzambinho, Nepomuceno, Nova Resende, São José da Barra, São João Batista do Glória, Paraguaçu, Piui, Pimenta, Perdões, Poço Fundo, Ribeirão Vermelho, Santana da Vargem, Serrania, Três Pontas, Varginha e Vargem Bonita. Na figura 36, estão indicados os municípios da região de influência do lago de Furnas.

As vilas operadoras se inseriram no processo de urbanização desses espaços regionais, muitas hoje são bairros ou sedes de municípios, que contam com ligação através de rodovias asfaltadas e registram um bom índice de desenvolvimento humano - IDH, conforme o quadro 02, p. 10. Como a maioria das pequenas cidades brasileiras enfrentam problemas em relação ao esvaziamento populacional e econômico, destinação de lixo e tratamento de esgoto. Na figura 35 estão relacionadas em km² as áreas inundadas provocadas pela implantação de usinas hidrelétricas. Pode-se perceber a dimensão desses alagamentos, principalmente em relação à UHE Furnas demonstrando proporcionalmente as áreas inundadas dos rios Grande e Paranaíba em relação a outras hidrelétricas no país.

FIGURA 36: Área de atuação do Comitê de Bacia Hidrográfica do Entorno de Furnas.

FONTE: Disponível: <http:// www.alago.org.br/nova/pdiretor/relatorios.php>. Acesso em 27 jun. 2007.

As regiões de abrangência das Bacias dos rios Grande e Paranaíba; Triângulo, Sul e Sudoeste Mineiro (MAPA 01) foram providas de estradas asfaltadas, redes de energia elétrica e comunicações, aeroportos, entre outros investimentos, a partir da construção de Brasília e consolidadas no período da implantação dessas hidrelétricas, o que proporcionou o desenvolvimento da indústria, comércio e da agricultura mecanizada, principalmente no Triângulo Mineiro. A malha rodoviária se encontra na figura 37. As rodovias interestaduais mais importantes dessa malha são; a BR 153, BR 050, GO 139 e MG 050, que foram destacadas nos mapas 01, p. 09 e 02 p. 11.

Estas questões colocadas acima serão relacionadas aos municípios, onde as vilas operadoras se encontram e, especificadas no Capítulo 4, em uma análise comparativa no contexto regional. Antes, porém abordaremos a concepção destas vilas no processo de planejamento e desenvolvimento urbano no próximo capítulo.

FIGURA 37: Rodovias da região do Triângulo, Sul e Sudoeste Mineiro.