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Bahia em 1930: profundas trans formações

COM O CACAU, NASCE UM A REGIÃO

2.3 Bahia em 1930: profundas trans formações

Estudar a década de 1930 é uma tarefa demasiadamente difícil, de vido às p rofundas transformações sociais que ocorreram no Brasil e no mundo, as quais permearam de incerte za e esperança o s ano s subse qüentes. O episódio re vo lucionário tem como uma de su as e xp ressõe s a necessidade de reajustar a estrutu ra do país, cujo funcionamento, vo ltado esse ncialmente para um único gê nero de e xporta ção, se tornou cada ve z mais precário. ( . . . ) O a g r a v a m e n t o d a s t e n s õ e s n o c u r s o d a d é c a d a d e v i n t e , a c r is e e c o n ô m i c a d e 1 9 2 9 , a s p e r ip é c i a s e l e i t o r a is d a s e le iç õ e s d e 1 9 3 0 , p r o p ic ia m a c r i a ç ã o d e u m a f r e n t e d if u s a , e m m a r ç o / o u t u b r o d e 1 9 3 0 , q u e t r a d u z a a m b i g ü i d a d e d a r e s p o s t a , à d o m in a ç ã o d a c l a s s e h e g e m ô n ic a : e m e q u i lí b r io i n s t á v e l, c o n t a n d o c o m o a p o i o d a s c l a s s e s m é d ia s d e t o d o s o s c e n t r o s u r b a n o s , r e u n is s e o s e t o r m il it a r , a g o r a a m p l i a d o c o m a lg u n s q u a d r o s s u p e r i o r e s , e a s c l a s s e s d o m in a n t e s r e g i o n a is . ( . . . ) V it o r i o s a a r e vo l u ç ã o , a b r e - s e u m a e s p é c ie d e v a zi o d e p o d e r p o r f o r ç a d o c o la p s o p o l í t ic o d a b u r g u e s ia d o c a f é , e d a i n c a p a c id a d e d a s d e m a is f a c ç õ e s d e c l a s s e p a r a a s s u m i- la , e m c a r á t e r e x c l u s i vo .113

Hou ve uma insatisfação nas camadas sociais méd ias dos grandes centro s urbanos, conspiraçõe s permanentes de políticos e milita res, repetida s gre ves de operários; estados a meaçando separar-se do co njunto federativo e coronéis fortale cidos nos municípios e áreas de domínio.114

Ao inicia r a década de 1930, a Bahia era um estado descapita lizado, e sob os efeitos de profunda crise econômica e socia l, a gra vada p elo ca ráter a gro -e xportador da econo mia baiana, que to rna va o Estado dependente basicamente do imposto de

113 F AU ST O , B ó r is . A R e v o lu ç ã o d e 1 9 3 0 : h is t o r io g r a f i a e h is t ó r ia . S ã o P a u l o : Br a s il i e n s e , 1 9 7 2 , p . 1 1 2 - 1 1 4 . 114 T AV AR E S, L u í s H e n r iq u e D ia s . H is t ó r i a d a Ba h ia . 1 0 ª e d . r e v is t a e a m p l i a d a . Sa l v a d o r : U F B A ; S ã o Pa u l o : U N E S P, 2 0 0 1 p . 3 7 8 .

expo rtação. Não apenas na Bahia, mas em quase todas as unidades da federação o ambiente era de conturbação ge ral.

A instabilidade política, próp ria de situações pós- re volu cioná ria s - mesmo em paises como o Brasil, onde a palavra re volu ção tem conotação peculia r - fora agra va da pelas repercu ssões de crise econômica mu ndial de 1929, fazendo com que a in qu ietação atingisse a toda s as cla sses sociais. Diante desse conte xto, o go verno provisó rio decid iu estabelece r interventores nos estados da federação, a fim de estabelece r pré vio controle das atividades política s e econômica s.

As classes domin antes da Bahia manifestaram-se co ntra a Re volu ção de 1930. As circun stâncias históricas contribu íram para fortalecer o arra igado con servadorismo baiano. A conjuntura política naciona l e local, no pro cesso de sucessão presidencial, justifica va esta a titude. A transiçã o go ve rnamental de 1930 conduziria a Bahia a uma posição de rele vo no cená rio político nacional, ca so a chapa situacion ista vencesse - Vital So ares, como vice, na chapa de Júlio Pre stes. Co mo a revolu ção desfez esta perspectiva de acomodação e bem-estar, não hou ve porque as elites po líticas e staduais aderisse m a um movim ento que desaloja va seus membros mais re presentativos do aparelho d o Estado. Em princípio, o ún ico nome e xpressivo da po lítica lo cal que se identificou com os aliancista s foi o do e x-go ve rnador J.J Seabra. Contudo, rompeu com Getúlio Va rga s e se juntou à oposição de vido à tarefa que recebeu: punir os membros do go ve rno deposto – Tribunal Espe cia l. 115

Os dois primeiros intervento res foram civis: Leopoldo Afrânio do Amaral e Artur Neiva que pouco tempo passaram no poder. Após este período o jo vem tenente Juracy Ma ga lhães assumiu a interventoria. A n omeação de Ju racy Ma ga lhães fora objeto de restrições tanto po r parte dos que se opuseram ao mo vimento de

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SI L V A, P a u l o S a n t o s . Â n c o r a s d e t r a d iç ã o : l u t a p o l í t ic a e c o n s t r u ç ã o d o d is c u r s o h is t ó r ic o n a B a h i a ( 1 9 3 0 - 1 9 4 9 ) . S a l v a d o r : ED U F B A, 2 0 0 0 . p 2 5 .

1930 quanto pelos que o apoiaram . Contra o recém -nomeado, le vantaram -se trê s objeções: ser jo vem, militar e cea rense. Pela primeira ve z, um indicado de fora d a Faculdade de Medicina, da Escola Politécn ica ou da Faculdade de Dire ito - Recife ou Bahia - era condu zido ao mais ele vado posto da política ba ian a. Fato que atin gia os b rio s da elite local, cio sa d os seus méritos e con vencida de sua importância .

Com a indicação d e Juracy, as hete ro gêneas facções ba ianas uniram-se na resistência ao seu nome. Na oposição aglutinaram-se J.J. Seabra, Otá vio Mangabe ira (e x-ministro de W ashinton Luís), Pedro La go (go vernador e leito e m 1930), João Man gabeira (lideran ça política na re gião do ca cau e e x-deputad o), Migue l Calmon (e x-deputa do), Uba ldino Gon za ga (e x-senado r) e Simões Filho (e x-líde r da maioria da Câme ra Federa l e prop rietá rio do Jornal A Tarde).116

A escolha de Juracy Ma galhães p or Vargas assinalou a derrota dos inte re sses re gionalistas e a vitó ria do sentimento de unidade naciona l – vitó ria da nacionalidade sob re a re gionalidade . Porém, tão lo go iniciou seu go verno, o interventor baiano percebeu, não somente, que os grupos re gionais eram fortes e resistentes, como também, o quanto seria d ifícil so brepuja r a re giona lidade em nome da unidade nacional. Le vando em conta esse fato, Jura cy Ma ga lhães renegou o va go idealismo re volu cioná rio e elegeu o p ra gmatismo como linha de conduta - não implementou reformas radica is e não se sentiu desconfortáve l com o reto rno da s velha s p rática s políticas. Aos poucos ele preparou o terren o para fincar suas bases políticas, evitando, deste modo, que os políticos do an tigo re gime read quirissem a força perdida. Ao mesmo tempo concedeu o necessário para conqu ista r no vos adeptos entre o s membros da d esorientad a classe dominante local.

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S e m f a ls o s e s c r ú p u l o s , o t e n e n t e J u r a c y M a g a l h ã e s e s t a b e l e c e u c o m p r o m is s o c o m o s c o r o n é is q u e a r e vo l u ç ã o t e r ia e x p u r g a d o d o p a n o r a m a p o lí t ic o . M a n o b r a n d o e n e g o c ia n d o c o m o s “ c a r c o m id o s ” c o m o e r a d e s d e n h o s a m e n t e c h a m a d o s p e l o s r e v o lu c i o n á r i o s o s m em b r o s d a e l it e d e p o s t a , J u r a c y a s s e g u r o u a v ig ê n c i a d e u m a n o v a o r d e m n a Ba h i a . P a r a t a n t o f o i n e c e s s á r i o p e r m i t ir q u e o s m a l- d e f in i d o s i d e a is r e v o lu c i o n á r i o s f o s s e m a b s o r v i d o s p e l o s p r o f u n d a m e n t e e n r a i za d o s c o m p o n e n t e s d a s o c i e d a d e o l ig á r q u ic a b r a s i l e ir o .117

Dessa forma, para minimiza r a hostilid ade que sua nomeação pro voca ra no seio da classe dominante, Jura cy dirigiu seus esforços para ganh ar o apoio dos che fes políticos lo cais. Procurou apoio de J.J. Sea bra, Ped ro La go e João Man gabeira. Os do is primeiros resistira m às in vestidas e não aceita ram sua lide rança. João Man gabeira, em princíp io, aceitou negociar um co mpromisso político. E ra p ragm ático, e considera va que qua lquer açã o contra o go ve rno imposta à Bahia seria infrutífera naque le momento. Depois de prolon gadas negociações, apre sentou duas condiçõ es sine qua non para o seu ap oio: o contro le po lítico de Ilhéu s, mun icíp io líder na produção de cacau, onde exercia larga influência política, e a presidên cia da comissão e xecutiva do partido oficial a ser organizado.118 Comprometido em ambas as questões, pois já tinha designado Eusínio Lavigne como seu representan te para a região cacaueira, Ju racy reje itou as cond içõ es impostas po r Mangabeira, não recebendo assim o apoio almejado .

Nessa bu sca de apoio político, Juracy não interveio diretamente nas d isputas entre os chefes políticos. Recorreu à mesma tática usad a por Seabra nos ve lhos tempos o ligárquico s, dando aos contendores a aparência de neutralidade para, em segu ida, apoiar, sem restrições, a quele que, sofren do menos escoriações na pe leja, se mostrasse mais apto para a lu ta política.

117 S A M P AI O , C o n s u e l o N o v a is . P o d e r e r e p r e s e n t a ç ã o : o L e g is la t i v o n a Ba h i a n a Se g u n d a R e p ú b l ic a , 1 9 3 0 - 1 9 3 7 . S a l v a d o r : As s e m b lé i a L e g is l a t i v a , 1 9 9 2 . p . 7 6 . 118 I d e m , p . 8 8 .

O número de votos que o contendor pudesse ga rantir e ra elemento determinante de ap tidão política.

O go ve rno re vo lu cionário tendeu à centraliza ção, e as desigualdades sociais ala rgaram -se no decorre r do período. A autonomia concedida aos municíp ios não passou de letra morta. Foi um artif ício u sado pelo executivo para recupera r as bases do poder que a re vo lução solapa ra. Da mesma forma, o poder dos coronéis era ma is aparente do que re al.

As forças políticas, desalojadas do poder em decorrência da revolução, não esperaram para pressionar o governo provisório. Recuperar a autonomia política do Estado foi a aspiração que mobilizou a elite política baiana de 1930- 1945. Organizaram-se como corrente política criando a Concentração Autonomista da Bahia e a Liga de Ação Social e Política – LASP. Estes agrupamentos aglutinaram-se em torno da campanha em favor da reconstitucionalização do país, lançando-se na campanha Constitucionalista de 1932, através da LASP, também apelidada de Liga dos Amigos de São Paulo. Como estratégia política, apresentaram candidatos nas eleições da Assembléia Nacional Constituinte, em 1933 e, nas eleições legislativas, em 1934, sempre fazendo oposição ao grupo do interventor Juracy Magalhães.

O “ a u t o n o m is m o ” t r a n s f o r m o u - s e e m b a n d e ir a d e l u t a c a p a z d e r e u n ir d if e r e n t e s f a c ç õ e s l o c a is , c o lo c a n d o l a d o a la d o a n t ig o s a d ve r s á r io s , v e lh a s e j o ve n s l id e r a n ç a s ( . . . ) Ar t ig o s , m a n if e s t o s , m o ç õ e s , p r o p o s t a s d e t r a b a l h o e p a la vr a s d e o r d e m s a í r a m d a im p r e n s a , d a f a c u l d a d e d e d ir e it o , d o i n s t it u t o d a o r d e m d o s a d vo g a d o s d a B a h i a e c h e g a r a m à s p r a ç a s o n d e e x - c o m u n is t a s , c o m u n is t a s , s o c ia l is t a s , m a s , s o b r e t u d o o s li b e r a i s l i g a d o s á C o n c e n t r a ç ã o A u t o n o m is t a d a B a h ia p r o f e r ir a m i n f l a m a d o s d is c u r s o s a f a v o r d a “ r e d e m o c r a t i za ç ã o ” . N a m a io r p a r t e d o s p r o n u n c i a m e n t o s c o n s t a o s n o m e s d e J o ã o M a n g a b e ir a , L u í s V i a n a F i lh o , N e s t o r D u a r t e , W an d e r le y P in h o , A li o m a r Ba r b e ir o , A lo í s io d e C a r va l h o F i l h o , N e ls o n C a r n e i r o , O r l a n d o G o m e s e o u t r o s q u e c o m p u s e r a m a e l i t e in t e le c t u a l l o c a l .119 119 S I L VA , P a u lo Sa n t o s . O p . c i t . p . 3 5 - 4 3 .

Percebe-se que o “autonomismo”, nascido da nece ssidade de combater o projeto centralizado r, terminou con ve rtend o-se numa forte corrente política. Po r trás da falta de um p ro gram a de ação havia, porém, a convicção de que a centraliza ção política não intere ssa va ao s grupos re giona is. Qualquer p ro jeto político que desconside rasse a preeminência d a re giona lidade e staria em desacordo com a “e volu ção histó rica” do país – e xp ressão do “autonomismo” en quanto co rrente política.120 Entre 1930-1945, manifestou-se co m maior vigo r p orque o p rojeto nacionalista centra lizado r contraria va seu s fundamentos e subtraía privilé gios políticos do s grup os que se beneficia vam de uma estrutura de poder descentralizada. D u r a n t e a d é c a d a d e 1 9 3 0 o c o r r e u u m a r e e s t r u t u r a ç ã o n o q u a d r o p o l í t ic o m u n ic i p a l. O s c h e f e s p o lí t ic o s c o n s e r v a d o r e s s e p o s ic io n a r a m c o n t r a o g o v e r n o d e J u r a c i M a g a lh ã e s . O p r i n c i p a l e l e m e n t o u t i l i za d o n o d is c u r s o o p o s ic i o n is t a e x p lo r a v a o f a t o d e o i n t e r v e n t o r s e r c e a r e n s e , u m e s t r a n h o s e m v í n c u lo s c o m a p o l í t ic a b a i a n a . “ A B a h ia p a r a o s b a i a n o s ” e r a o p r in c i p a l l e m a d o s d e n o m in a d o s a u t o n o m is t a s .121

No plano po lítico regiona l, a s transformações p rojetada s pela re volu ção, le vou a uma desestruturação no quad ro eleitora l, praticamente definido pelo grupo político do coronel Antônio Pessoa, o qual detinha a hegemon ia do poder político local, desde a passagem do poder estadual para as mãos de J.J. Seabra, em 1912. No período e leito ral de 1930, o jorna l “Co rreio de Ilhéus” - o qual tinha como diretor o p róprio Antônio Pessoa, e co mo redator, seu filho Asto r P essoa - tinha u ma coluna sob o nome “A Plataforma do Go verno Jú lio Pre stes” que noticia va qu ase todos dias os planos da futura administraçã o do candidato à presidên cia da República, deixando cla ro o ap oio do jo rnal à chapa Júlio

120

I d e m , p . 7 2 . 121

Prestes-V ital Soa res, che gando, muitas ve zes, a tece r elo gios ao candidato da situa ção, como nessa matéria que foi publicada dois dias antes da s ele ições de 1930:

O Ex m º . Sr . D r . J ú li o Pr e s t e s d e A lb u q u e r q u e n ã o é j á m e r a e x p e r iê n c ia : é f o r ç a p o s i t i va , é e x p r e s s ã o a u t ê n t ic a , é p e r s o n a l i d a d e d o e s c o l b r a s i l e i r o d e h o m e n s n a t u r a lm e n t e i n d ic a d o s p a r a g o ve r n a r . N ã o s e lh e a r g ú i , s e n s a t a m e n t e , l o g ic a m e n t e u m a i n c a p a c id a d e : t e m la r g a v is ã o , p o s s u i t a l e n t o a p r im o r a d o , é d o t a d o d e v á r i a s q u a l id a d e s a d m in is t r a t i v a s . E l e g e r , p o is , e s t e h o m e m p a r a o a lt o p o s t o d a R e p ú b lic a , o b r a n ã o s e r á a p e n a s d e j u s t if ic a t i v a , m a s d e p e r f e it a m o r a l.122

Após as eleições, o mesmo jornal divu lga o resultado d essas com a segu inte matéria:

O m em o r á ve l p le i t o : I l h é u s s o u b e c u m p r ir o s e u d e v e r , s u f r a g a n d o o s c a n d id a t o s n a c i o n a is . ( . . . ) E is , d e a c o r d o c o m o s r e s p e c t i v o s b o l e t i n s d a s d e ze s s e is s e c ç õ e s e le i t o r a is d o m u n ic í p i o , o r e s u l t a d o t o t a l d o p le i t o d e 1 º d e M a r ç o – 2 º d is t r it o :123 S e n a d o r F e d e r a l: D r . J o ã o M a n g a b e ir a – 5 . 0 1 4 vo t o s Pr e s id e n t e : D r . J ú l i o Pr e s t e s / V i t a l S o a r e s – 5 . 0 0 1 v o t o s G e t ú l io Va r g a s / J o ã o P e s s o a – 1 3 v o t o s D e p u t a d o s F e d e r a is : C a n d i d a t o V o t o s D r . W a n d e r l e i P i n h o 4 . 7 1 2 C a p . C o r v . A lf r e d o R u y 4 . 7 0 9 D r . An t ô n i o P a c h e c o M e n d e s 4 . 3 1 8 D r . J o a q u im S p i n o l a 3 . 8 1 8 D r . Sa l o m ã o D a n t a s 3 . 2 2 7 D r . J ú l i o Af r â n i o P e ix o t o 3 . 1 0 5 D r . A n t ô n io F . M u n i z d e Ar a g ã o 1 . 1 8 5

Sabe-se que muitos dos candidatos eleitos não che ga ram a assumir o poder p or causa da eclosão da re vo lução. Percebe-se,

122

J o r n a l C o r r e i o d e I l h é u s , 2 7 / 0 1 / 1 9 3 0 , p . 0 1 .

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também, que alguns dele s, mais tarde, particip aram da Concentra ção Autonomista da Ba hia, a e xemplo de João Man gabeira, W anderle i Pinho e Afrânio Peixoto. O re sultado desse pleito mostra a influência que ta is políticos e xe rcia m sobre a re gião ca caueira.

Foi nesse momento da história da re gião cacaueira da Bahia, diante de uma grave crise po lítica e econômica, a qual abalou profundamente a estrutu ra da sociedade regional, que le vanta ram- se os p rimeiro s ecos autonom istas, com o su rgimento das primeiras idéia s so bre um possíve l d esmembramento. No mesmo ano, o “Co rre io d e Ilhéus” pub licou uma matéria que comentava sobre a organ izaçã o política do Brasil, onde ficou bem exp lícita a posição do jorna l em favor de um possíve l desmembramento de algun s estados da federação. A matéria, que ocupou qua se toda a primeira pá gina, assim dizia:

( . . . ) b e m é q u e le v e m o s n a d e v i d a l in h a d e c o n t a a d e f ic iê n c ia d e n o s s a p o p u la ç ã o e m p a í s d e t ã o e x t e n s o s l im it e s t e r r it o r i a is ( . . . ) u m a d a s c o is a s m a is s é r i a s d o n o s s o a i n d a s e n s í v e l a t r a s o , a s s e n t a n a d e s p r o p o r c io n a l d i vis ã o d a s u n i d a d e s f e d e r a t i va s , d e s o r t e q u e o s e s t a d o s lu t a m c o m a s e n o r m e s d if ic u l d a d e s a d v in d a s d a f a l t a d e e q u i d a d e g e o m é t r ic a . E n q u a n t o a B a h i a , M i n a s - G e r a is , M a t o G r o s s o , Am a zo n a s , M a r a n h ã o e G o i á s , p o s s u e m la r g o s t e r r i t ó r i o s , o u t r o s , c o m o o s d o s u l, p r in c i p a lm e n t e , s ã o , n e s s e p a r t ic u l a r , m e l h o r s e r v i d o p o r s e r a b s o l u t a m e n t e m e n o r e s . N ã o s e r á p o s s í v e l o u ló g ic o , v e r m o s n a s c ir c u n s t â n c i a s e m a p r e ç o a r a zã o m e s m a d e s e r d o s p r o g r e s s o s f o r m id á v e is d o s e s t a d o s d e Sã o P a u l o , R io G r a n d e d o S u l, S a n t a C a t a r i n a , P a r a n á e R i o d e J a n e ir o . A ve r d a d e , e n t r e t a n t o , é q u e e m t r a t o t e r r i t o r i a l r e l a t i v a m e n t e g r a n d e , d if í c i l s e t o r n a a p e r f e it a a d m i n is t r a ç ã o , e , p o r t a n t o , o p r o g r e s s o p o lí t ic o s o c ia l . T o m em o s c o m o e x e m p lo à p r ó p r ia B a h ia . O s m u n ic í p i o s q u e f ic a m n a s p e r if e r i a s s e a va n t a j a m , c r e s c e m , e vo l u c io n a m , a o p a s s o q u e o s o u t r o s l á d o c e n t r o - s u l , e s q u e c id o s n o s r in c õ e s l o n g í n q u o s d o s e r t ã o o u s e p a r a d o s p o r d is t â n c ia s r e c ô n d it a s d a c a p it a l, p e r m a n e c e m q u a s e s e m v id a , a p á t ic o s , r e t r ó g r a d o s , m is e r á v e is q u a s e n o b e m d i ze r . ( . . . ) o p o r t u n o s e r i a q u e a t e n t á s s e m o s b e m p a r a e s s e a r t i g o 4 º d a l e i b á s ic a – a C o n s t i t u iç ã o d a R e p ú b lic a : “ O s e s t a d o s p o d e m i n c o r p o r a r - s e e n t r e s i , s u b d i v id ir - s e o u d e s m em b r a r - s e p a r a s e a n e x a r a o u t r o s o u f o r m a r n o v o s e s t a d o s , m e d i a n t e a q u i e s c ê n c i a d a s r e s p e c t i v a s a s s e m b lé i a s

l e g is l a t i v a s , e m d u a s s e s s õ e s a n u a is s u c e s s i v a s e a p r o v a ç ã o d o C o n g r e s s o N a c i o n a l” . Q u e m a n t e n h a m o s í n t e g r o s o s m e n o r e s e a q u e l e s o n d e s e m a n if e s t a m o t r a b a l h o a n im a d o r , a s r e a l i za ç õ e s e f ic i e n t e s , o p r o g r e s s o . Po r é m , r e p a r t a m o s o s m a i o r e s . N ã o q u e t e n h a m o s 4 2 , c o m o o s E U A, p o r é m , c o n q u i s t e m o s 3 0 o u 3 3 . T a l v e z, o u c e r t a m e n t e , a s s im , t e n h a m o s e m b r e v e u m Br a s i l m e l h o r .124

Esse posicioname nto se intensificou após o movimento de 1930, quando Eusín io La vigne foi nomeado para o cargo de prefeito municipal de Ilhéus, e as autoridades “p essoistas”, depostas de seus cargos, sendo introduzidos na re giã o político s ligados à A liança Libera l. Além da falta de rep rese ntatividade política, os adeptos do separa tism o justifica vam se u objetivo denunciando a falta de compromisso do go verno do Estado diante dos problemas e co nômicos re gionais.