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O Quadro 3 apresenta a base conceitual , enquanto estrutura de referência, do delineamento metodológico da pesquisa, com o intuito de disciplinar intelectualmente o pesquisador.

Quadro 4: Modelo de delineamento metodológico: bases conceituais

Base Conceitual: Síntese Autores

Na era do caos, do indeterminismo e da incerteza um só método não consegue compreender fenômenos sistêmicos. Diante das mudanças do ambiente e da construção do conhecimento que está em constante processo, o delineamento que norteia um estudo, atua como um balizador, uma estrutura de referência. No decorrer da pesquisa, poderão ser adotados novos métodos ou técnicas.

Feyerabend (1977)

Delineamento do estudo a partir da ‘cebola’: compreende desde a Filosofia da pesquisa até a Coleta de Dados. A ‘cebola’ é apresentada como um método que auxilia a nortear a pesquisa. O pesquisador deve ‘descascar a cebola’, ou ainda, perpassar as etapas a fim de estruturar a metodologia do trabalho.

Saunders et al (2009)

No plano de pesquisa são apresentados os métodos e técnicas adotados na coleta, análise e interpretação dos dados.

Marconi e Lakatos (2003)

A importância de adotar mais de um método de análise é resposta da complexidade, característica do ambiente em que vivemos, assim como o ambiente, a construção do conhecimento é fruto de novas descobertas e quebra de paradigmas. É ainda, resultado do imprevisível, da incerteza e do caos, conforme visualizado na passagem de Feyerabend (1977, p.279):

Sem ‘caos’, não há conhecimento. Sem frequente renúncia à razão, não há progresso. Ideias que hoje constituem a base da ciência só existem porque houve coisas como o preconceito, a vaidade, a paixão; porque essas coisas se opõem à razão; e porque foi permitido que tivessem trânsito [...]. Não há uma só regra que seja válida em todas as circunstâncias, nem uma instância a que se possa apelar em todas as situações.

Diante disso, novos elementos podem vir a ser incorporados no decorrer da pesquisa, assim como, alguns que aqui estão presentes podem vir a ser modificados. Considerando, desta forma, a afirmação de Minayo (1992), de que o produto final de uma pesquisa deve ser entendido de forma provisória e aproximada, fruto das mudanças que ocorrem no campo das ciências.

A primeira parte do delineamento metodológico, aqui utilizado, estará amparado nas fases do processo de pesquisa estabelecidas por Saunders et al (2009). Os autores apresentam um esquema conhecido como “cebola” para ilustrar as camadas pelas quais o pesquisador deve perpassar para realizar seu trabalho. No presente trabalho nos propomos a selecionar algumas etapas da cebola: filosofia da pesquisa, abordagem do problema, objetivos da pesquisa, estratégia da pesquisa, horizonte da pesquisa e coleta de dados (Figura 8).

Figura 8: A pesquisa ‘cebola’

Fonte: Adaptado de Saunders et al (2009, p.108).

A segunda parte do delineamento metodológico consiste na Análise e Interpretação dos Dados. O processo de pesquisa é formado, segundo Minayo et al (1999), por três fases distintas: a primeira é a etapa exploratória, posteriormente tem-se o trabalho de campo e por fim deve ocorrer o tratamento do material coletado. Assim sendo, a segunda parte da referida metodologia busca apresentar como ocorre a terceira etapa do trabalho, destacada por Minayo et al (1999) como sendo o tratamento dos dados.

Marconi e Lakatos (2003), afirmam que antes da análise e interpretação, os dados coletados devem seguir as seguintes etapas: seleção, codificação e tabulação. A etapa de seleção exige um exame minucioso dos dados, submetendo-os a uma análise e verificação crítica, eliminando informações incompletas e confusas. A codificação é a técnica utilizada para categorizar os dados que se relacionam, nessa etapa os dados são classificados por categorias, atribuindo a cada categoria um significado. A tabulação é a etapa onde os dados são dispostos em tabelas, facilitando a verificação de relação entre eles, podendo sintetiza-los, o que facilita compreensão e interpretação destes. Assim que os dados foram manipulados e os resultados foram obtidos, a etapa seguinte é a análise e interpretação.

Dessa forma, após a coleta do material realizada na pesquisa de campo devem-se organizar os dados coletados, compreendendo desta

forma o significado dos mesmos a partir da análise do pesquisador. Para tanto, diante do fenômeno estudado a análise deve ser acompanhada da interpretação dos dados. Conforme lembra Gomes (1999, p.68), análise e interpretação fazem parte de um mesmo movimento, “o de olhar atentamente para os dados da pesquisa”. Segundo Marconi e Lakatos (2003), apesar de atividades distintas, a análise e interpretação são estritamente relacionadas.

A interpretação é um processo que procura dar significado mais amplo as respostas. Desta forma, a interpretação é a exposição do significado do material apresentado. Neste ponto, é fundamental que os dados interpretados sejam apresentados de forma clara e acessível ao leitor. Assim, é viável a construção esquemas e modelos para a melhor exposição do resultado das interpretações, além disso, é importante que se faça a ligação com a teoria, relacionando o referencial utilizado com a prática, resultado da pesquisa de campo (MARCONI; LAKATOS, 2003).

Segundo Teixeira (2003), a etapa do tratamento do material leva o pesquisador a teorização dos dados coletados, gerando um confronto entre o escopo teórico utilizado no trabalho com o que foi coletado de singular na investigação realizada a campo. Na visão da autora, na fase de análise dos dados ocorre o “processo de formação de sentido além dos dados, e esta formação se dá consolidando, limitando e interpretando o que as pessoas disseram e o que o pesquisador viu e leu, isto é, o processo de formação de significado” (TEIXEIRA, 2003, p.191-192).

Neste sentido, considerando a estrutura metodológica, conhecida como pesquisa ‘cebola’, proposta por Saunders et al (2009) e a etapa de Análise e Intepretação de Dados proposta por autores como Marconi e Lakatos (2003); Minayo et al (1999); Gomes (1999); Teixeira (2003), foi desenvolvido o Quadro 4. Nele são apresentadas as etapas adotadas neste trabalho, a síntese de cada etapa e os autores utilizados.

Quadro 5: Modelo de delineamento metodológico da pesquisa

Etapas Síntese Autores

Filosofia da Pesquisa: Construtivista

Busca entender o mundo e o contexto social em que os atores estão envolvidos. A realidade é construída a partir das interpretações, sendo moldadas de acordo com os valores dos pesquisadores. Saunders et al (2009); Guba e Lincoln (1994)

Continuação Quadro 6: Modelo de delineamento metodológico da pesquisa

Etapas Síntese Autores

Abordagem da Pesquisa: Qualitativa

Este tipo de pesquisa envolve duas abordagens em conjunto, já que incorpora elementos quantitativos e qualitativos. Creswell (2007); Objetivos: Exploratório e Descritivo

As pesquisas de alcance exploratório se justificam em situações com as quais procura-se conhecer melhor o assunto, ou quando há pouca informação sobre o tema ou problema pesquisado.

Os estudos descritivos buscam descrever os fatos e fenômenos da realidade “com exatidão”

Sampieri et al (2006); Triviños (2007) Estratégia da Pesquisa: Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa Documental e Pesquisa de Campo

A Pesquisa Bibliográfica consiste no levantamento de estudos já realizados por outros autores sobre o tema a ser investigado. O estudo de caso procura investigar um fenômeno dentro de seu contexto real. O estudo de caso qualitativo busca descrever intensamente um fenômeno, caso ou situação em profundidade, por meio de um caso particular.

Marconi e Lakatos (2003); Minayo et al (1999); Godoy (2006) Horizonte da Pesquisa: Transversal e Longitudinal

Transversal: os dados são analisados e coletados em um ponto no tempo.

Longitudinal: considera as mudanças ocorridas em um período de tempo maior.

Richardson (2008) Coleta de dados: Pesquisa Documental e Entrevista Semiestruturada

Os materiais destinados a consulta documental são publicações, livros, revistas, documentos.

A entrevista semiestruturada possibilita novos questionamentos à medida que as perguntas são respondidas. Não há uma ordem rígida de questões. Triviños (2007); Ludke e Andre (1986) Análise e Interpretação dos Dados

A análise será realizada a partir da confrontação entre os dados coletados com a pesquisa de campo com os da pesquisa bibliográfica e documental. A Interpretação é feita a partir da triangulação dos dados obtidos com a pesquisa de campo

Marconi e Lakatos (2003) Fonte: Elaborado pela autora

As entrevistas são baseadas nos conhecimentos adquiridos com a pesquisa bibliográfica e documental. As questões contidas nas entrevistas encontram-se divididas em blocos de assuntos e foram elaboradas a partir de categorias selecionadas do referencial teórico, conforme Figura 9. Nesse sentido, cada categoria busca apresentar

elementos que consideram fundamentais para a análise e interpretação dos dados coletados.

Figura 9: Modelo Teórico do estudo de caso da Cadeia Vitivinícola