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BASE JURÍDICA PARA A PROTEÇÃO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE

TRABALHADOR – O TRABALHO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E O TRABALHO ESCRAVO

2.1 A DEGRADAÇÃO POR VIOLAÇÃO DO DIREITO HUMANO AO NÃO TRABALHO ANTES DA IDADE ADEQUADA.

2.1.4 BASE JURÍDICA PARA A PROTEÇÃO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE

O Estado brasileiro reconhece a criança e ao adolescente como pessoas humanas especiais, colocando-se, assim, ao lado das Nações que integram a Comunidade Internacional que afirmam a necessidade de se garantir a toda criança23 proteção integral para o seu pleno desenvolvimento (ARAQUE, 2006-2007).

O Brasil possui uma vasta coleção de legislações, sendo que as principais normas referentes à proteção do menor são encontradas na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e na Lei

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Os tratados de direitos humanos referem-se à criança como toda pessoa com idade de 0 a 18 anos. Nesse sentido, é expressa a Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente da ONU. No Brasil, a referência a essa faixa etária se faz distinguindo-se criança e adolescente, mas considerando-se ambos como sujeitos da proteção integral. Nesse sentido a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n. 8.069/2000. Este, em seu art. 1º, considera criança a pessoa até doze anos de idade incompletos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade, dispondo em seu art. 3º que ambos gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral.

Orgânica de Assistência Social (LOAS), nº 8742, promulgada em 7 de dezembro de 199324 (ULIAM; AMARAL, 2010).

A Constituição de 1988 deu sustentação jurídica à elaboração e aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (BRASIL, 1990), que, por sua vez, estabeleceu uma das instituições que viria a ser fundamental na década de 90 na luta contra o trabalho infantil: o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA)25 e os Conselhos de Direitos Estaduais e Municipais, bem como os Conselhos Tutelares.

Na Constituição Federal (1988), a proteção ao menor aparece no artigo 7º, inciso XXXIII, (segunda parte) da Carta Magna, quando proíbe o trabalho noturno, perigoso ou insalubre ao menor de 18 anos e de qualquer trabalho a menor de 16 anos, salvo se aprendiz a partir de 14 anos.

Destaca-se ainda o seu art. 227, caput, da Constituição Federal ao consagrar a doutrina da proteção integral da criança e do adolescente, como expressa o seu art. 227, caput, da Constituição Federal do seguinte teor:

Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).

O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, Lei nº 8069 (BRASIL, 1990) dispõe sobre o direito de profissionalização e de proteção no trabalho. Esta Lei regula as conquistas consubstanciadas na Constituição Federal em favor da infância e da juventude, sendo um marco importante da luta permanente em prol da garantia efetiva dos direitos de crianças e adolescentes.

24 A Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), promulgada em 7 de dezembro de 1993 (Lei nº 8.742), que regulamenta os artigos 203 e 204 da Constituição, estabelece o sistema de proteção social para os grupos mais vulneráveis da população, por meio de benefícios, serviços, programas e projetos. Em seu art. 2º, estabelece que a assistência social tem por objetivos dentre outros: "I) a proteção à família, à infância e à adolescência; II) o amparo às crianças e adolescentes carentes".

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Criado em 1991, pela Lei nº 8.242, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) foi previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente como o principal órgão do sistema de garantia de direitos. Por meio da gestão compartilhada, governo e sociedade civil definem, no âmbito do Conselho, as diretrizes para a Política Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes. Além da definição das políticas para a área da infância e da adolescência, o Conanda também fiscaliza as ações executadas pelo poder público no que diz respeito ao atendimento da população infanto-juvenil. Disponível em: <http://www.direitosdacrianca.org.br/conanda/>.

É lamentável que a infância brasileira seja um segmento da sociedade historicamente marcado pela omissão do Estado, a quem cabe a tarefa de garantir as condições para a efetivação de direitos proclamados de crianças e adolescentes, sem quaisquer distinções.

Ora, se crianças e adolescentes são sujeitos de diretos e têm direito à proteção integral, cabe ao Estado brasileiro o dever de prover esta proteção, através da efetivação de políticas públicas capazes de garantir estes direitos.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho, conforme minucioso estudo jurídico elaborado pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, na CLT a proteção vem disciplinada nos artigos 402 a 441, que tratam do trabalho do menor, estabelecendo as normas a serem seguidas por ambos os sexos no desempenho do trabalho (BRASIL, 1943).

Para efeitos da CLT, trata-se do trabalhador que tenha entre 14 e 18 anos de idade. Seguindo os passos da Constituição da República, a CLT proíbe o trabalho dos menores de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. A CLT também aumentou a idade mínima de trabalho, dos 14 para os 16 anos de idade (Lei nº 10.097). Até os 18 anos, o adolescente depende de autorização de seu responsável legal para contratar trabalho. Aos 18 anos, é lícito contratar diretamente (BRASIL, 1943; 2000).

No âmbito internacional, os documentos que constituem o embasamento para a promoção e proteção dos direitos da criança e do adolescente no sistema de direitos humanos da Organização das Nações Unidas, inspiraram, em grande medida, o aparato jurídico- institucional que, nos dias de hoje, assegura a implementação do direito da criança e do adolescente brasileiros (BARRETO, 2004).

Como já podemos salientar, além da própria proteção da criança na condição de criança, o combate ao trabalho infantil tem dupla importância: combate tanto o trabalho infantil quanto o trabalho escravo, vez que, muitas vezes, este é consequência daquele. Assim sendo, avulta-se a importância do combate ao trabalho infantil (já que combate duas chagas), gerando maior eficiência.

2.2 A DEGRADAÇÃO PELA INFRINGÊNCIA DO DIREITO HUMANO DE