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3. E STÁGIO

3.2. Contexto Prático

3.2.2. Grupo de Idosos da Santa Casa da Misericórdia do Porto

3.2.2.1. Caracterização da turma

3.2.2.1.2. Bateria de Testes

Para a avaliação da aptidão física dos alunos da SCMP, utilizei a mesma bateria de testes utilizada no grupo de alunos da FADEUP, a “Senior Fitness Test” de Rikli e Jones (2001). No entanto, substituí o teste de “Andar 6 minutos” pelo teste “2 minute Step” uma vez que o espaço físico não me permitiu a realização do teste inicial.

Rikli e Jones (2002) observaram num estudo a semelhança entre o teste de “Andar 6 minutos” e o teste “2 minutos step”, concluindo que este último é uma boa alternativa ao teste de “Andar 6 minutos”. Da mesma forma Pedrosa e Holand (2009) verificaram que ambos os testes apresentavam resultados semelhantes na avaliação da resistência aeróbia, concluído assim o mesmo que Rikli e Jones (2002) no seu estudo.

No Anexo 3 encontram-se descritos todos os parâmetros da Bateria de testes de Rikli e Jones (2001).

Apresentação de resultados da Avaliação Inicial

Na avaliação inicial efetuada com a turma do lar obteve-se a seguinte média de resultados:

4 5

2

Divertimento Melhoria do Estado de Saúde/Condição Física Variar a rotina

Parâmetros N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Idade 8 80 95 86,25 4,50

Altura/Estatura (m) 8 1,44 1,69 1,54 0,10

Peso (Kg) 8 43,10 73,70 61,88 11,11

Índice de massa corporal (IMC) 8 18,90 30,29 26,18 4,18

Levantar e sentar (LS) 8 0,00 8,00 4,00 3,34

Flexão do antebraço (FA) 8 0,00 9,00 4,50 3,82

Sentado e alcançar (SA) 8 -50,00 0,00 -26,00 17,26 Sentado, caminhar 2,44m e voltar a

sentar (SC) 7 9,58 26,52 16,59 5,71 Alcançar atrás das costas (AAC) 8 -50,00 -26,00 -37,63 10,35

2 Minutos Step (2min Step) 8 0,00 43,00 20,88 17,08

Tabela 14 - Estatística descritiva dos resultados da avaliação inicial da totalidade da turma do lar. À semelhança do que foi feito no capítulo dedicado à apresentação de resultados da avaliação inicial dos alunos da turma de Musculação, irei também neste capítulo apresentar e descrever os dados da turma do Lar segundo a metodologia anteriormente utilizada. Assim, para todos os testes realizados na avaliação inicial desta turma, serão primeiramente apresentados os resultados médios dos alunos em função dos escalões etários existentes na turma, separando-os ainda por géneros; seguidamente, realizar-se-á uma classificação individual dos resultados obtidos pelos alunos tendo por base os valores de referência presentes na literatura; e, por último, realizar-se-á uma pequena síntese de resultados, evidenciando os alunos que deverão ser alvo de particular atenção no desenvolvimento dos parâmetros em teste, por apresentarem resultados considerados mais preocupantes.

Uma vez que as tabelas com os resultados da bateria de testes de Rikli e Jones (2001) validados para a população portuguesa já foram apresentadas, as mesmas poderão ser consultadas no subcapítulo 3.2.1.1.2.

De seguida, dar-se-á então início à apresentação e síntese de resultados.

Avaliação inicial segundo o escalão etário do género masculino da turma de ginástica de manutenção da SCMP

Sujeito Idade Altura Peso IMC LS FA SA SC AAC 2min Step

E sc al ão 2 (E n tr e os 7 5 e os 84 an os ) 1 80 1,69 66,70 23,35 8,00 9,00 -50,00 16,27 -40,00 13,00 2 84 1,68 73,70 26,11 6,00 3,00 0,00 11,46 -45,00 40,00 Média 82,00 1,69 70,20 24,73 7,00 6,00 -25,00 13,87 -42,50 26,50 Desvio Padrão 2,83 0,01 4,95 1,95 1,41 4,24 35,36 3,40 3,54 19,09 Legenda:

Tabela 15 - Avaliação inicial segundo o escalão etário do género masculino da turma de ginástica de manutenção da SCMP.

<P25 Abaixo do percentil 25

P25 Dentro do percentil 25

P25-P50 Entre o percentil 25 e o percentil 50

P50 Dentro do percentil 50

P50-P75 Entre o percentil 50 e o percentil 75

P75 Dentro do percentil 75 >P75 Acima do percentil 75 <22 Desnutrição 22 - 23.9 Risco de desnutrição 24 - 26.9 Eutrofia ♂ 27 - 30 Pré-obesidade ♀ 27 - 32 ♂ > 30 Obesidade ♀ > 32 118

Avaliação inicial segundo o escalão etário do género feminino da turma de ginástica de manutenção da SCMP

Sujeito Idade Altura Peso IMC LS FA SA SC AAC 2min Step

E sc al ão 2 (E nt re os 75 e os 84 an os ) 3 84 1,44 62,80 30,29 7,00 5,00 -26,00 15,52 -26,00 43,00 4 84 1,52 67,10 29,04 2,00 8,00 -18,00 21,04 -37,00 26,00 Média 84,00 1,48 64,95 29,66 4,50 6,50 -22,00 18,28 -31,50 34,50 Desvio Padrão 0,00 0,06 3,04 0,88 3,54 2,12 5,66 3,90 7,78 12,02 E sc al ão 3 (Mai s d e 85 an os ) 5 86 1,46 48,20 22,61 2,00 2,00 -10,00 15,75 -26,00 12,00 6 88 1,56 73,30 30,12 7,00 9,00 -23,00 9,58 -27,00 33,00 7 89 1,44 60,10 28,98 0,00 0,00 -34,00 26,52 -50,00 0,00 8 95 1,51 43,10 18,90 0,00 0,00 -47,00 (-) -50,00 0,00 Média 89,50 1,49 56,19 21,16 2,25 2,75 -28,50 17,28 -38,25 11,25 Desvio Padrão 3,87 0,05 13,46 5,32 3,30 4,27 15,76 8,57 13,57 15,56

Legenda: (-) Não conseguiu realizar o teste.

Tabela 16 - Avaliação inicial segundo o escalão etário do género feminino da turma de ginástica de manutenção da SCMP.

<P25 Abaixo do percentil 25

P25 Dentro do percentil 25

P25-P50 Entre o percentil 25 e o percentil 50

P50 Dentro do percentil 50

P50-P75 Entre o percentil 50 e o percentil 75

P75 Dentro do percentil 75 >P75 Acima do percentil 75 <22 Desnutrição 22 - 23.9 Risco de desnutrição 24 - 26.9 Eutrofia ♂ 27 - 30 Pré-obesidade ♀ 27 - 32 ♂ > 30 Obesidade ♀ > 32 119

Estatura

Os únicos dois indivíduos do género masculino desta turma apresentam idades compreendidas entre os 75 e 84 anos, estando portanto inseridos no Escalão 2. O valor médio deste escalão para a estatura foi de 1,69 metros, enquanto que para o Escalão 2 do género feminino (escalão também composto por apenas dois indivíduos) a média da estatura foi de 1,48 metros. O Escalão 3 é aquele que inclui mais indivíduos (quatro no total do género feminino e com mais de 84 anos) e a média de altura registada neste escalão foi de 1,49 metros.

Peso

No que diz respeito à avaliação do peso, os indivíduos do género masculino (Escalão 2) registaram uma média de 70,20 Kg. No Escalão 2 do género feminino a média foi de 64,95 Kg e no Escalão 3 de 56,18, Kg.

Tal como verificámos no grupo da musculação, também aqui parece existir uma relação entre a diminuição do peso e o avançar da idade dos indivíduos.

Índice de massa corporal (IMC)

Relativamente ao IMC, o Escalão 2 do género masculino regista uma média de valores de 24,73 enquanto os escalões do género feminino registam uma média de 29,66 (no Escalão 2) e de 25,16 (no Escalão 3).

Ao comparar os resultados individuais destes alunos com os valores de referência da Associação Portuguesa de Dietistas (consultar Tabela 4), identificamos no Escalão 2 do género masculino 1 aluno em Risco de Desnutrição e o outro na categoria de Eutrofia.

No Escalão 2 do género feminino, ambas as alunas se encontram na categoria de Pré-obesidade; no Escalão 3, 1 aluna insere-se na categoria de Desnutrição, 1 na categoria Risco de Desnutrição e as restantes 2 na categoria de Pré-obesidade.

Com isto, podemos verificar que apenas 1 dos 8 alunos da turma se apresenta com um valor de IMC considerado normal, merecendo portanto especial atenção os restantes que se encontram fora desse intervalo.

Apesar de desejar que estes alunos possam melhorar os seus resultados ao nível do peso, é preciso assumir que essa tarefa é muito complicada, uma vez que muitos destes alunos, pela sua idade avançada, apresentam bastantes dificuldades de locomoção e/ou de movimentos.

Levantar e sentar na cadeira (LS)

No teste “levantar e sentar na cadeira”, os indivíduos do género masculino (Escalão 2) apresentaram uma média de repetições neste teste igual a 7,00, sendo que para as mulheres deste mesmo escalão a média foi de 4,50 repetições. Já no que concerne aos valores do Escalão 3 do género feminino a média foi de 2,25 repetições.

Comparando os resultados obtidos de modo individual com os valores de referência da bateria de testes de Rikli & Jones (validados para a população portuguesa), o Escalão 2 do género masculino apresenta os seus 2 alunos abaixo do percentil 25 (<P25), sucedendo exatamente o mesmo com as duas alunas que também pertencem a este escalão (Escalão 2).

No que respeita aos valores obtidos neste teste pelas alunas do Escalão 3 (4 no total), 3 estão abaixo do percentil 25 (<P25) e 1 está entre o percentil 25 e o percentil 50 (P25-P50).

Em síntese, podemos constatar que todos os alunos apresentam fracos resultados neste teste, verificando-se assim a necessidade de desenvolver um trabalho de força dos membros inferiores em toda a turma.

Flexão do antebraço (FA)

A média de resultados para o teste de “flexão do antebraço” no Escalão 2 do género masculino foi de 6,00 repetições e, no que diz respeito ao género feminino, de 6,50 repetições. No Escalão 3, o valor médio das alunas que compõem este escalão foi 2,75 repetições.

Individualmente, o padrão verificado no teste “levantar e sentar na cadeira” é aqui repetido, encontrando-se todos os alunos do Escalão 2 (homens e mulheres) abaixo do percentil 25 (<P25), assim como, 3 alunas do Escalão 3; e a aluna restante entre o percentil 25 e o percentil 50 (P25-P50).

Dados os fracos resultados evidenciados por todos os alunos da turma é também aqui evidente a necessidade de trabalhar os níveis de força dos membros superiores.

Sentado e alcançar (SA)

No que respeita à média de resultados para este teste, os alunos do Escalão 2 apresentaram uma média de -25cm e as alunas de -22cm. O Escalão 3 apresentou uma média de -28,50cm.

Na análise individual, comparando com os valores de referência, verificamos que os homens do Escalão 2 têm 1 indivíduo abaixo do percentil 25 (<P25) e outro acima do percentil 75 (>P75). As mulheres do Escalão 2 estão as 2 abaixo do percentil 25 (<P25), tal como 3 do Escalão 3, e a que resta deste último escalão está entre o percentil 25 e o percentil 50 (P25-P50).

O padrão de resultados dos sujeitos volta a ser semelhante com aos resultados dos testes mencionados anteriormente, sendo que a única diferença deste teste para os restantes é que um dos indivíduos do género masculino do Escalão 2 se encontra acima do percentil 75 (>P75).

Mais uma vez verificamos aqui a necessidade de melhorar este parâmetro na turma, que no caso é a flexibilidade dos membros inferiores, algo que tentarei desenvolver e trabalhar ao longo do ano.

Sentado, caminhar 2,44 metros e voltar a sentar (SC)

Neste teste os homens do Escalão 2 obtiveram uma média de resultados de 13,87 segundos, sendo que as mulheres apresentaram uma média de 18,28 segundos. Por sua vez, as mulheres do Escalão 3 apresentaram uma média de 17,28 segundos.

Relativamente à comparação dos resultados obtidos pelos alunos nesta avaliação inicial com os valores de referência, verificamos que os resultados da turma mantêm-se muito fracos, uma vez que no Escalão 2 do género masculino, ambos os sujeitos apresentam valores acima do percentil 75 (>P75), tal e qual como as senhoras que pertencem a este mesmo escalão. Relembramos que estes resultados devem ser interpretados como sendo negativos, uma vez que

o sucesso deste teste é medido pelo menor tempo possível em que os alunos percorrem uma distância de 2,44 metros.

No que concerne ao Escalão 3, apesar de constituído por 4 alunas, apenas foram registados os resultados de 3, uma vez que uma aluna não conseguiu realizar o teste devido aos seus desequilíbrios. Assim, as que participaram obtiveram resultados que as colocam: 1 acima do percentil 75 (>P75), outra entre o percentil 50 e o percentil 75 (50-P75) e, por fim, a única com resultados positivos na turma, 1 entre o percentil 25 e o percentil 50 (P25- P50).

É, portanto, mais uma vez visível o fraco desempenho da turma, sendo o desempenho geral do grupo (e individual) bastante negativo. Desta forma, torna- se também evidente a necessidade de trabalhar esta componente ao longo do ano.

Alcançar atrás das costas (AAC)

Neste teste que avalia a flexibilidade dos membros superiores, os indivíduos do Escalão 2 do género masculino apresentaram uma média de resultados de -42,50cm. Já as mulheres, no Escalão 2 obtiveram uma média de -31,50cm e no Escalão 3 de -38,25cm.

Confrontando os resultados individuais alcançados com os valores de referência da literatura, verificamos que no Escalão 2 do género masculino ambos os sujeitos estão abaixo do percentil 25 (<P25); no Escalão 2 do género feminino 1 está abaixo do percentil 25 (<P25) e outra entre o percentil 25 e o percentil 50 (P25-P50); e, por último, 2 alunas do Escalão 3 estão entre o percentil 25 e o percentil 50 (P25-P50) e as 2 alunas restantes abaixo do percentil 25 (<P25).

Estes resultados encontram-se assim de acordo com a norma que vem sendo apresentada até então, verificando-se apenas 3 alunas com valores mais próximos dos resultados considerados positivos.

Dois Minutos Step (2min Step)

No que concerne à média de resultados da avaliação inicial da resistência aeróbia (medida com o teste 2min Step), no Escalão 2, os indivíduos do género masculino apresentaram uma média de 26,50 repetições, enquanto as mulheres registaram um valor médio 34,50 repetições. No Escalão 3, composto somente por senhoras, a média foi de 11,25 repetições.

Uma vez que não existe uma validação dos resultados deste teste para a população portuguesa, irei então realizar uma comparação com os dados publicados por Rikli e Jones (2002) para a população americana (Tabela 17 e 18).

Fonte: Rikli & Jones (2002). Tabela 17 – Valores do teste “Dois Minutos Step” validada para os homens da população americana.

Fonte: Rikli & Jones (2002). Tabela 18 - Valores do teste “Dois Minutos Step” validada para as mulheres da população americana.

Observando os resultados individuais dos alunos com os resultados expostos nas tabelas anteriores (Tabela 17 e 18), é possível verificar que todos os alunos dos vários escalões se encontram abaixo da média. No entanto, é possível verificar que o melhor aluno, ou seja, o que se encontra mais perto dos valores mínimos normais é a aluna do Escalão 2 do género feminino, que ficou a 17 elevações (do joelho) do valor normal para a sua idade e género. Já o pior aluno, é o do género masculino que se encontra no único escalão para o seu género, Escalão 2, ficando o mesmo a 58 elevações (do joelho) para atingir o valor mínimo considerado normal para o seu género e idade.

Apesar destes resultados se expressarem como os mais negativos de todas as variáveis avaliadas até ao momento, convém ter em atenção que os valores utilizados como meio de comparação não são os validados para a nossa população, podendo assim influenciar a categorização da aptidão física dos alunos em estudo para esta variável.

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