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I. CONTEXTUALIZAÇÃO DA HISTÓRIA DO TRABALHO HUMANO

1.5 Belo Horizonte, planejada em regionais e a gestão compartilhada na

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) foi fundada em 29 de dezembro de 1897, pelo Decreto nº 1.088. Atualmente, sua sede administrativa está situada à Avenida Afonso Pena, 1212. Para facilitar a administração do município e atender às demandas das comunidades, Belo Horizonte é dividida em nove regionais (Barreiro, Centro-Sul, Leste, Nordeste, Noroeste, Norte, Oeste, Pampulha e Venda Nova), (Figura 4).

Figura 4 - Mapa regionalizado de Belo Horizonte

Cada regional possui um secretário regional e um secretário adjunto que a administram, seguindo as diretrizes constantes no Plano de Governo. Todas as regionais possuem Gerência Regional de Administração e Finanças, Gerência Regional de Manutenção, Gerência Regional de Limpeza Urbana, Gerência Regional de Licenciamento e Fiscalização Integrada, Gerência Regional de Educação (GERED), Gerência de Distrito Sanitário, Gerência Regional de Políticas Sociais, Gerência Regional de Comunicação Social, Gerência Regional do Orçamento Participativo e Gerência Regional de Atendimento ao Cidadão, além de contar com equipamentos de apoio à família e à cidadania, centro de referência especializado de assistência social, centros culturais, parques, centros de apoio comunitário e escolas e unidades municipais de educação infantil.

A estrutura das Secretarias de Administração Regional (SARMU)15 é reflexo da organização da PBH, pois cada gerência está associada a uma secretaria temática, de forma a tornar a gestão dinâmica e descentralizada, mas compartilhada. De acordo com o art. 38, do Decreto nº 10.496, que dispõe sobre a alocação, denominação e atribuições dos órgãos de terceiro grau hierárquico da estrutura organizacional das Secretarias Municipais da Coordenação de Gestão

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Aos nomes de cada secretaria regional são acrescidas as siglas das respectivas regionais, para distingui-las uma das outras. Assim, Secretaria Municipal de Administração Regional Pampulha (SARMU-P). O mesmo ocorre para cada gerência regional.

Regional, integram a Gerência Regional de Educação Pampulha (GERED-P), (Figura 5), a Gerência Regional de Planejamento e Atendimento Escolar Pampulha (GERPAE-P), Gerência Regional Pedagógica Pampulha (GERPEG-P) e a Gerência Regional do Programa Bolsa Escola Pampulha (GERBES-P). As escolas e as Unidades Municipais de Educação Infantil (UMEI) estão subordinadas à GERED-P, conforme parágrafo único do referido Decreto.

Figura 5 - Organograma da GERED-P

Entre as funções da Gerência Regional de Educação Pampulha está a definição de prioridades locais a fim de implementar as solicitações dos usuários da rede de ensino e atender também às inúmeras reivindicações e sugestões dos cidadãos, para continuamente construir uma escola melhor. O poder público municipal responde, com mais agilidade, às especificidades educacionais da região, ao prestar serviços de qualidade aos munícipes, além de conferir autonomia administrativa aos gestores na solução dos problemas locais.

Assim como o diretor de escola, a Gerência Regional Pedagógica Pampulha (GERPEG-P) vivencia de perto os problemas na oferta do ensino público de qualidade, sobretudo, os oriundos da ausência dos professores, sejam nas reuniões de trabalho ou na demanda de professores para substituição dos que estão licenciados.

Então, compreender os motivos que levam o professor se afastar da sala de aula torna-se fundamental para que a GERPEG-P, juntamente com a GERPAE-P e GERBES-P, apontem melhorias nas condições que podem ser responsáveis pelas enfermidades que acometem os profissionais do magistério.

O trabalho na GERED Pampulha é realizado conjuntamente pelos Gerentes da GERPEG-P, GERPAE-P e GERBES-P, pois a cada um compete assessorar as atividades das escolas dentro de suas especificidades. Contudo o problema do absenteísmo docente é vivenciado pela GERPAE-P e pela GERPEG-P. Enquanto que esta realiza periodicamente reuniões com os diretores e coordenadores para debater os problemas do ensino, avaliação dos trabalhos, para sugerir medidas de correção e ajustamento; aquela tem como atribuição o controle, a distribuição e a movimentação de pessoal, no âmbito regional.

Diariamente, chegam demandas à GERPEG-P de substituição de professores que, por motivos de saúde, se ausentam do local de trabalho. As substituições são realizadas com os profissionais da própria Rede, respeitando a área de atuação. O diretor, ao receber a informação que um dos professores está de licença, pode conceder extensão de jornada a um profissional da educação que se disponha a dobrar. O professor pode laborar até 22 horas e 30 minutos semanais, para além da jornada concursada, conforme 1º parágrafo, do inciso 3º, do artigo 4º da Lei nº 7.577.

Apesar de ter 100% dos professores que estão na sala de aula, concursados, não há reserva técnica para cobrir o absenteísmo docente. Quando há a necessidade de substituição, para que não haja comprometimento da carga horária dos alunos, são concedidas extensões de jornadas, cujos termos só podem ser assinados por professores concursados e lotados em uma das escolas municipais. Tal fato ocorre, pois, na Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte, não há a previsão da modalidade de contratação de profissional temporário que não tenha vínculo empregatício com a PBH, como ocorre em outras redes de educação. Não há, na PBH, o processo de designação, como a exemplo da Rede Estadual Mineira de Ensino, em que são contratadas pessoas fora do quadro efetivo, para suprir as demandas de professores, nas escolas estaduais. Quando não há profissional suficiente, é concedida autorização para lecionar a um professor que se manifeste, mesmo sendo de área diferente, mediante a escrita de projeto pedagógico, aprovado pela Gerência de Funcionamento Escolar (GEFE), tendo

parecer e acompanhamento da GERPEG-P, até que profissional habilitado seja nomeado, empossado e lotado na escola. Ou seja, um professor de Língua Portuguesa pode ministrar a disciplina ciências, na vacância do docente com habilitação em Ciências Biológicas.

A GERBES-P, por sua vez, é responsável, na Regional, pelo Programa Rede Pela Paz, que possui dentre suas atividades o monitoramento do clima escolar. Parece que o clima escolar está associado à segurança16 e há indícios de que o processo de adoecimento funcional docente pode ser resultante da sensação de insegurança experienciada pelo professor. A GERPEG-P realiza fóruns e encontros regionalizados para abordar o tema, pois lhe compete a promoção de atividades de formação para os profissionais do Sistema Municipal de Ensino. Os casos de indisciplina, por exemplo, chegam à GERPEG-P que avalia a situação do aluno, através do monitoramento da aprendizagem, e faz as articulações necessárias juntamente com a GERBES-P, para os encaminhamentos pertinentes (saúde, assistência social).

Compreendidos os mecanismos de descentralização dos serviços públicos ofertados aos cidadãos de Belo Horizonte, com foco na estrutura organizacional da GERED-P, a seção seguinte, descreve a Regional Pampulha, de modo a proporcionar maior compreensão da realidade na qual se encontram as escolas analisadas neste estudo de caso.