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CAPÍTULO 2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

2.4 BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS JUCU E SMV: MEIO

2.5.1 Bioma Mata Atlântica

Segundo Ab'Saber (1966) as bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória estão inseridas nos Domínios Morfoclimáticos e Fitogeográficos Sul-americanos, drenando uma grande parte do bioma da Mata Atlântica, que reveste o Estado do Espírito Santo. Este bioma era constituído, originalmente, por florestas e outras formações vegetais que se estendiam por uma faixa de 3.500 km ao longo do litoral brasileiro. Sua superfície primitiva alcançava 1.000.000 de km², abrangendo terras dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de se estender ao Paraguai e à Argentina (CSMJ/HABTEC, volume III, 1997).

As bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória se inserem no bioma Mata Atlântica. Atualmente, considera-se que o espaço geográfico do bioma Mata Atlântica é aquele constituído pelas áreas primitivamente revestidas por diversos ecossistemas florestais e ecossistemas associados.

Primitivamente, a Mata Atlântica cobria pouco mais de 1 milhão de km² (12% do território nacional), sendo então o terceiro maior bioma do Brasil, ficando atrás apenas da Floresta Amazônica e do Cerrado. A antiga continuidade da mata foi perdida, e hoje, ela se resume a fragmentos isolados de diversos tamanhos que, somados, correspondem cerca de 8,8% (35.000 km²) de sua cobertura original (CSMJ/HABTEC, volume III, 1997).

Estimativas demonstram que o Estado do Espírito Santo, cujo território abrange 45.597 km², possuía na época do descobrimento, uma cobertura florestal original de 4.000.000 ha, correspondendo a 87% do território, sendo as demais áreas constituídas por brejos, restingas, mangues, campos de altitude e campos rupestres, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica (1993). Esta redução secular se deve à agricultura, à expansão da pecuária e da silvicultura, e à produção de carvão.

Pouco restou das florestas sobre os terrenos da formação Barreiras, sendo que no Estado do Espírito Santo ela é preservada em maior extensão na Reserva Florestal da Vale (22.000 ha) e a Reserva Biológica de Sooretama (24.000 ha), ambas ao norte deste Estado, nos municípios de Linhares e Sooretama, respectivamente. Segundo Rizzini (1979), a Mata Atlântica encontra-se à partir do norte do Estado do Rio de Janeiro, desenvolvendo-se na faixa justaposta à linha de praia ou às restingas, sobre terrenos Terciários do Grupo Barreiras, em altitudes inferiores aos 300 m, enquanto na porção mais continental os terrenos pertencem ao Complexo Cristalino, de maiores altitudes. No primeiro caso denominou-se de Floresta de Tabuleiro enquanto no segundo, de Floresta Pluvial Atlântica.

Existem diversos sistemas de classificação da vegetação, tanto no Brasil quanto em outros países. A nomeclatura mais utilizada atualmente por técnicos da área ambiental no Brasil é a desenvolvida pelo IBGE, na versão de 1992 do Manual de Classificação da Vegetação Brasileira. Este sistema classifica a vegetação em formações e subformações com base na sua fisionomia, ou seja, no seu aspecto externo e em suas características aparentes comuns. Nas bacias hidrográficas dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória existem formações e subformações existentes no bioma Mata Atlântica, anteriormente citado.

A seguir serão descritas as regiões fitoecológicas Floresta Ombrófila, de formação Densa, com subformações Terras Baixas, Sub-Montana e Montana, e a região fitoecológica denominada Áreas de Formação Pioneira, de formação sob influência Marinha e Fluviomarinha, apresentando subformações de Restinga e Mangue, respectivamente.

A Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas englobava os ambientes das terras situadas ao nível do mar, indo até, no máximo, 50 m e está relacionada às litologias do Pré-Cambriano, Terciário do Grupo Barreiras; e Quaternária, sobre diversas formas de relevo. Originalmente, ocupava quase a totalidade da área da região litorânea das bacias, sendo também denominada de Mata de Tabuleiro. Atualmente, esta fisionomia vegetal encontra-se praticamente eliminada da área das bacias, sendo encontrados apenas alguns pequenos remanescentes isolados, em médio

estado de regeneração, na região de Bicanga, no município de Serra (CSMJ/HABTEC, volume III, 1997).

A Floresta Ombrófila Densa Sub-Montana ocupava as áreas que ocorrem na faixa de altitude entre 50 e 500 m sobre litologia do Pré-Cambriano, quase sempre de relevo montanhoso e posicionados nas serras e planaltos. Originalmente, ocupava algumas áreas da Serra do Mar capixaba, nos municípios de Viana, Domingos Martins, Cariacica e Santa Leopoldina. Atualmente, ainda possui alguns remanescentes em bom estado, localizados nos trechos mais inclinados, sendo que o remanescente em melhor estado é representado pela cobertura vegetal das partes mais baixas da Reserva Biológica de Duas Bocas, no município de Cariacica (CSMJ/HABTEC, volume III, 1997).

A Floresta Ombrófila Densa Montana revestia as faixas de altitude de 500 a 1.500 m, sobre litologia Pré-cambriana de modo geral. É a vegetação original que ocupava a maior parcela das bacias dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória, distribuindo-se por grande parte dos municípios de Domingos Martins, Santa Maria de Jetibá e Santa Leopoldina. Possui diversos remanescentes em bom estado de conservação, encontrados principalmente nos topos de morros e regiões mais inclinadas. Na área das bacias, esta vegetação possui seus melhores remanescentes na região do Parque Estadual da Pedra Azul e adjacências, na localidade de São Paulo do Aracê, no município de Domingos Martins, e também, nas altitudes mais elevadas da Reserva Biológica de Duas Bocas, em Cariacica (CSMJ/HABTEC, volume III, 1997).