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CAPÍTULO 2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

2.7 BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS JUCU E SMV: PROJETOS

2.7.4 Instituto Ecobacias

O Instituto de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Desenvolvimento Sustentável - Ecobacias, é uma Organização Não-governamental sem fins lucrativos, situada no Estado do Espírito Santo, que desenvolve uma política de preservação do meio ambiente e de valores culturais da sociedade.

Criada em agosto de 1989 com o nome de Grupo SOS Natureza, em 2005 a entidade passou a se chamar Instituto Ecobacia, como forma de adaptar seu foco para as ações ligadas ao planejamento e gestão de recursos hídricos, atividade primordial desenvolvida atualmente pelos seus associados.

Desde sua fundação, há quase 20 anos, o Instituto Ecobacia tem colaborado para a mobilização da sociedade e o aperfeiçoamento da gestão das principais bacias hidrográficas do Espírito Santo, como as do Rio Doce, Jucu e Santa Maria da Vitória. Os principais objetivos desta ONG são: divulgar ideias e ações ambientalmente

responsáveis, destacar a importância da bacia hidrográfica para o planejamento e uso dos recursos hídricos e para o meio ambiente, priorizar a discussão e as ações que têm como objetivo a preservação da riqueza cultural popular e erudita da sociedade, desenvolver atividades de educação ambiental e formação de pessoas por meio de palestras, seminários, encontros, cursos e congressos, defender a preservação do patrimônio cultural, histórico, paisagístico e ecológico, inclusive através do estímulo à criação de unidades de conservação, além de promover o intercâmbio e parcerias com outras entidades ambientalistas, além de instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais (ECOBACIAS, 2010).

As ações práticas do Instituto Ecobacia estiveram voltadas para as três principais bacias hidrográficas do Espírito Santo: a do Rio Doce, rio de maior vazão, e as dos rios Jucu e Santa Maria da Vitória, que abastecem mais de metade da população do Estado e ajudam a gerar cerca de 60% do PIB capixaba (ECOBACIAS, 2010). O instituto também incentiva a realização de descidas ecológicas nos rios dessas bacias (figuras 53 e 54), reunindo a sociedade civil e lideranças locais com o objetivo de incentivar a educação ambiental e alertar a sociedade sobre o estado de degradação destes rios.

Figura 53 - Descida ecológica no rio Jucu.

Figura 54 - Descida ecológica no rio Santa Maria da Vitória.

Fonte: Silva (2009).

Pode-se encontrar também um outro local de deterioração do rio Santa Maria da Vitória, que é a foz deste rio, localizada no município de Vitória, dividindo a capital em sua parte continental e sua parte insular, constituindo um importante sistema estuarino. Neste sistema localiza-se também a baía de Vitória, ao redor da qual vários bairros da cidade cresceram. Nas proximidades da baía de Vitória e do Canal da Passagem localiza-se um manguezal muito importante para as tradições locais. Nele é retirada a fonte de renda para muitos moradores que vivem da pesca e coleta de mariscos e caranguejo, e também retira-se o tanino para fazer as famosas panelas de barro do município, que são fabricadas pelas paneleiras do bairro de Goiabeiras, em Vitória.

Porém, os sistemas estuarinos associados às áreas urbanas e bacias hidrográficas onde predominam atividades agrícolas e industriais, geralmente apresentam diversos problemas relacionados à poluição e contaminação ambiental. O Sistema Estuarino da Grande Vitória, constituído pela Baía de Vitória e o Canal da Passagem, não é uma exceção nesse cenário.

Segundo alguns estudos, este sistema encontra-se em processo de eutrofização devido a existência de focos de poluição por, principalmente, esgotos domésticos e industriais, sendo o Canal da Passagem a área mais impactada, onde estão depositadas sobre o mangue uma grande quantidade de lixo. Ressalta-se que a área do Canal da Passagem, que se encontra próxima a Universidade Federal do Espírito Santo, não é difícil identificar esta situação de degradação a olho nu.

A figura 55 mostra o Sistema Estuarino da Grande Vitória. Nele podemos identificar na área circulada em azul o Canal da Passagem, nos pontos em vermelho, destaca- se a baía de Vitória, e em amarelo, nota-se o encontro do rio Santa Maria da Vitória com a área do manguezal. Percebe-se uma intensa ocupação humana na ilha de Vitória e em seus municípios vizinhos, contribuindo para a poluição e transporte de sedimento para o Sistema Estuarino.

Figura 55 - Sistema estuarino da Grande Vitória.

Fonte: Imagem Digital Globe, MapLink/Tele Atlas (2010).

Os manguezais da Baía de Vitória sofrem forte degradação pela emissão de substâncias químicas potencialmente danosas, que podem afetar a flora e a fauna, causando alterações estruturais nas plantas e animais e, em último caso, levar à diminuição da biodiversidade dos ecossistemas. Isto interfere na economia local,

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pois muitos pescadores e pessoas que vivem da coleta de mariscos e caranguejos terão sua fonte de renda ameaçada. O ecossistema também apresenta acúmulo de lixo, conforme a figura 56.

Figura 56 - Presença de lixo no manguezal do Canal da Passagem.

Fonte: Regina Oliveira (2010).

Outro problema histórico que pode ser identificado neste sistema refere-se ao fato de que, parte do manguezal da baía de Vitória, foi aterrado para a construção de palafitas, moradias que não oferecem o mínimo de conforto e condições sanitárias para a população que ocupou esta região no início da década de 1970.

Atualmente, estes manguezais, que antes tinham a sua imagem comprometida pelas moradias precárias, na maioria das vezes do tipo palafitas, hoje começam a serem considerados pontos turísticos da capital capixaba. Boa parte desta transformação é resultado do Projeto Terra, iniciado em 1997.

Voltado para população carente com renda até três salários mínimos, que habita áreas de risco como palafitas erguidas dentro do mangue ou os barracos construídos em morros onde pode haver desabamentos, o Projeto Terra tem uma

proposta que vai além de oferecer uma moradia digna aos cidadãos. A ação também traz a preocupação com o meio ambiente, com a melhoria da renda das famílias, com o lazer e com a infraestrutura do local onde se encontram as residências (PMV, 2010).