MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DO PESCADO FRESCO
3. Estruturas, equipamentos, utensílios e materiais em contacto com o pescado
6.1 Boas práticas na evisceração
AS OPERAÇÕES DE EVISCERAÇÃO PODEM CONTAMINAR O PESCADO, POR ISSO É IMPORTANTE REALIZA - LAS EM CONDIÇÕES HIGIÉNICAS.
Eviscerar é o mesmo que “amanhar” ou “tirar a tripa”. Pode retirar “tudo” ou só algumas vísceras.
Eviscerar evita que o pescado se estrague mais depressa (“ensardinhado”). O pescado eviscerado conserva-se fresco durante mais tempo.
Não é preciso nenhuma autorização especial para eviscerar... desde que esteja a cumprir as regras de higiene exigidas.
A bordo dos navios podem ser efetuadas as operações de abate, sangria, descabeçamento e evisceração, remoção das barbatanas, refrigeração, acondicionamento e armazenamento, desde que estejam reunidas as condições necessárias para tal.
Quando eviscerar?
Sempre que possível do ponto de vista técnico e comercial, o pescado deve ser eviscerado após a captura ou o desembarque.
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O pescado deve ser lavado imediatamente após evisceração com água limpa, (água do mar aberto, água salgada tratada ou água potável) e corrente.
Deve ser colocado de barriga para baixo para escorrer a água de lavagem, uma vez que a presença de restos de vísceras ou de sangue favorece a multiplicação de microrganismos.
Após a evisceração o pescado deve ser conservado sob gelo.
As vísceras e outras partes não comestíveis do pescado devem ser colocadas em contentores de material facilmente higienizável, estanques e identificados, e utilizados apenas para este fim.
As partes como fígados e ovas, destinadas ao consumo humano, devem ser conservadas sob gelo fundente ou ser congeladas.
Deve ser verificada a presença de parasitas, principalmente após evisceração, no músculo, fígado e ovas, retirar os parasitas e rejeitar as partes muito parasitadas. Cuidados a ter com as facas ou tesouras usadas para evisceração o pescado:
Devem estar limpas e devidamente guardadas.
Devem ser substituídas regularmente quando degradadas ou oxidadas, (com ferrugem).
Não devem ser as mesmas que se usam para as artes ou para preparar outros alimentos. Depois de lavadas devem ser guardadas em local protegido de contaminação e.g.
recipiente lavável e limpo, caixa de plástico com tampa Figura 13.
Devem evitar – se cabos de madeira, canivetes e navalhas porque são difíceis de limpar Figura 14.
Figura 13 – Faca de cabo de plástico, arrumada em recipiente de plástico depois de limpa, e protegida de contaminação.
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Figura 14 - Evitar o uso de canivetes e facas com cabos de madeira.
Cuidados com o local de evisceração:
Deve estar e manter-se limpo e a evisceração deve ser realizada em superfícies de material lavável e liso. Evitar as superfícies de madeira.
Podem utilizar-se caixas/baldes/bacias, desde que estas sejam lavadas sempre que utilizadas.
Sempre que possível, a evisceração deve realizar-se em mesa ou bancada por e.g. de inox.
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7. Controlo de Pragas
AS PRAGAS PODEM CONTAMINAR O PESCADO, POR ISSO É IMPORTANTE SEGUIR AS BOAS PRÁTICAS DE HIGIENE PARA EVITAR ATRAIR PRAGAS COMO MOSCAS, RATOS, CÃES, AVES E GATOS.
Como prevenir as pragas?
Devem manter-se os navios e a zona de desembarque sempre limpos e em boas condições.
Devem eliminar - se os restos de comida e de pescado para evitar a atração de pragas. Deve evitar - se a presença de animais a bordo dos navios e na zona de desembarque ou em qualquer local onde se manuseiem alimentos e deve-se evitar a entrada de cães no cais de pesca e nos navios.
Deve existir uma inspeção periódica dos navios e zonas de descarga por forma a detetar a existência de pragas. Caso se verifique a presença de roedores e baratas a bordo, devem ser tomadas medidas para o seu controlo.
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8. Eliminação de subprodutos e resíduos
OS SUB PRODUTOS E RESÍDUOS SÃO POTENCIAIS FONTES DE CONTAMINAÇÃO, SENDO POR ISSO IMPORTANTE QUE SEJAM RECOLHIDOS E TRATADOS DEVIDAMENTE POR FORMA A EVITAR QUER A CONTAMINAÇÃO DO PESCADO, QUER DO AMBIENTE. O que fazer com os resíduos?
A bordo dos navios:
O lixo não orgânico (e.g. garrafas e latas) e orgânico não deve ser atirado ao mar, deve ser colocado em recipiente/saco e trazido para terra.
Estes recipientes de recolha de lixo devem estar de preferência identificados, ter tampa perfeitamente encaixável e ser de materiais impermeáveis.
As vísceras devem ser separadas do pescado, armazenadas em recipientes fechados e trazidas para terra e colocadas em contentor próprio.
Os resíduos e substâncias perigosas (e.g. gasolinas, óleos) devem ser armazenados em local próprio, separados, identificados e manuseados de forma a evitar contaminações. Recomenda-se que o isco seja utilizado no próprio dia e armazenado de preferência refrigerado, em contentores facilmente laváveis, com tampa, que devem estar identificados . O isco deve ser colocado em recipientes diferentes dos utilizados para o gelo ou o pescado.
Em terra
Não deve deitar lixo para o chão, ou deita-lo para o mar.
Deve evitar a acumulação, e promover a remoção e armazenamento dos resíduos, dos locais onde se manipulam os alimentos, como forma de proteção contra animais e pragas.
Devem existir contentores em número suficiente e com separação para recolha de lixo orgânico (vísceras, ovas, pescado, etc) e não orgânico, como garrafas, plásticos. Estes devem ser adequados, mantidos em boas condições, fáceis de limpar e desinfetar, fechados com tampa, com abertura não manual (pedal), estanques e deverão estar identificados
O esvaziamento/substituição dos contentores deverá ser realizado com a frequência diária ou sempre que necessário, por forma a evitar a sua acumulação.
Deve também proceder-se à recolha de todos os equipamentos e materiais estranhos às operações e que se encontram degradados e abandonados.
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9. Rastreabilidade
É IMPORTANTE SABER O CAMINHO QUE SEGUIU O PESCADO, DESDE A SUA CAPTURA ATÉ Á SUA VENDA AO CONSUMIDOR FINAL, DE ONDE VEM E PARA ONDE VÃI, PARA EM CASO DE NECESSIDADE PODER SER IDENTIFICADO E RETIRADO DO MERCADO. Como assegurar a rastreabilidade do pescado nesta fase da produção?
Os navios de pesca só podem ser utilizados para a exploração comercial de recursos aquáticos vivos se tiverem uma licença de pesca válida.
Quando existe lota a rastreabilidade é assegurada pelos registos de venda em lota complementados os registos constantes no diário de bordo.
Navios com comprimento fora a fora igual ou superior a dez metros deverão ter um diário de bordo atualizado.
Navios de comprimento fora a fora inferior a dez metros, as suas atividades podem ser monitorizadas por amostragem ou em notas de venda.
Diário de bordo que informações deve conter? informações relativas ao patrão/armador;
a identificação do barco (número de identificação externa e nome); as zonas de extração;
a ficha de captura do pescado; as espécies;
as quantidades de pescado em quilogramas ou número de indivíduos; as artes de pesca;
as datas de captura, datas de partida e chegada ao porto; duração da viagem de pesca e número das operações de pesca;
Monitorização por amostragem e as notas de venda deve conter informação relativa: ao operador;
ao comprador; ao porto;
à identificação do navio (número de identificação externa e nome); às zonas de extração;
às espécies;
às quantidades de pescado em quilogramas ou número de indivíduos; ao local e data de venda;
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