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Procedimentos de higienização, produtos e utensílios de limpeza

3.1.1.10 Operações de desembarque e pós o desembarque

No que respeita às operações de desembarque verificou-se que a percentagem de não conformidades detetadas varia entre 89% a 100% nomeadamente, (Figura 48):

 Verificou-se 89% de não conformidade relativamente ao fato do pescado não ser manuseado de forma cuidada por forma a evitar contusões e danos e serem efetuadas práticas suscetíveis de danificar o pescado como por exemplo ste ser atirado para o chão, ser pisado, ou acondicionado em grandes quantidades provocando esmagamento, (Figura 49, Figura 50 e Figura 51);

 No que respeita à colocação do pescado a temperatura refrigerada, verificou-se 89% de não conformidade, uma vez que este não era protegido do calor e do sol, nem

70 refrigerado o mais rapidamente possível após o desembarque ou armazenados a uma temperatura próxima da do gelo fundente;

 Verificou-se 100% de não conformidade no que respeita à contaminação durante e após as operações de desembarque, uma vez que o pescado não é protegido de contaminações nas situações que se seguem:

o Quando não era realizada a bordo dos navios a evisceração era realizada após o desembarque sem as condições de higiene exigidas, nomeadamente nas espécies de maiores dimensões a evisceração era realizada diretamente no chão na zona de desembarque, (Figura 52), ou no caso das espécies mais pequenas, dentro de recipientes de plástico com água do cais. As facas utilizadas nesta operação em alguns casos apresentavam sinais de oxidação. O pescado eviscerado, ou não era lavado após evisceração ou era lavado com água do cais, (Figura 53), nem era colocado de barriga para baixo. Todos os utensílios utilizados nesta operação eram lavados com água do cais;

o O pescado era colocado diretamente no chão do cais, exposto a fumos, gasolina, ou óleo dos veículos de transporte que estacionam na zona em que o pescado é desembarcado, (Figura 54);

o As insuficientes operações de higienização do cais e a insuficiente recolha de resíduos do cais facilitando a presença de sujidade acumulada, como restos de evisceração, pescado, lixo não orgânico, como garrafas e plásticos, inclusive materiais obsoletos deixados ao abandono e.g. arcas frigoríficas degradadas, redes inutilizáveis, (Figura 55, Figura 56). Também não existem contentores para recolha do lixo orgânico ou inorgânico, o que potencia más práticas de tratamento do lixo, nomeadamente propiciando que o lixo seja deixado ao abandono ou atirado ao mar, (Figura 57). Por outro lado, (Figura 58) a presença destes materiais e lixo podem atrair pragas como ratos, moscas, cães e gatos, aves, podendo ocorrer contaminação cruzada do pescado;

o São visíveis na zona de desembarque animais, cães, em elevado número, que se alimentam de restos de evisceração e pescado, também dormem sobre as redes e fazem as suas necessidades podendo ocorrer contaminação do pescado e transmissão de parasitoses, (Figura 58);

71 Figura 48 - Percentagem de não conformidades detetadas nas operações de desembarque.

Figura 49 - Operação de desembarque, colocação de pescado diretamente no chão.

72 Figura 51 - Pescado visivelmente danificado com lacerações.

Figura 52 - Evisceração realizada no chão.

Figura 53 - Pescado eviscerado e colocado em recipientes com água do cais.

73 Figura 54 - Veiculo de transporte de pescado estacionado

na zona de desembarque.

Figura 55 - Presença de sujidade acumulada e lixo na zona de desembarque.

74 Figura 57 - Restos de evisceração atirados ao mar.

Figura 58 - Evisceração realizada no chão e presença de pragas.

Relativamente às instalações e equipamentos de apoio ao cais, possuíam algumas insuficiências que potenciavam más práticas, nomeadamente, (Figura 59):

 O equipamento de captação de água do mar limpa encontrava-se inoperacional, não permitindo que os frequentadores da zona tenham acesso a água potável ou água do mar limpa para as operações de higienização dos navios, equipamentos, utensílios, e do próprio cais ou para a lavagem do pescado;

 A ausência de equipamentos de apoio à pesca, nomeadamente gruas e carinhos, e de caixas ergonómicas para acondicionamento do pescado durante o transbordo dos navios que potencia a realização de más práticas de manipulação do pescado podendo levar à contaminação deste e diminuir a sua qualidade e valor comercial;

75  A iluminação noturna era insuficiente dificultando as atividades de desembarque,

manuseamento e inspeção do pescado;

 As sombras eram insuficientes, não havendo proteção do pescado da exposição ao calor após o desembarque;

 As instalações eram utilizadas para outros fins, como venda de alimentos e bebidas, podendo ocorrer contaminação;

 Não existia isolamento da área, os visitantes tem livre acesso e introduzem animais na zona, podendo ocorrer contaminação;

 Não dispunham de dispositivos ou instalações para armazenagem e/ou eliminação de resíduos de pescado;

 Não dispunham de sanitários e lavabos quer para os utilizadores do cais de pesca, potenciando más práticas de higiene;

Figura 59 – Cais de pesca não isolado, com sombras insuficientes e presença de animais e pessoas

3.1.1.11 Transporte

Após o desembarque verificou-se que nenhum navio auditado possuía veículo de transporte de pescado e que este era da responsabilidade dos vendedores de pescado, não sendo por isso atribuída qualquer responsabilidade aos navios auditados. Assim, verificou-se que o transporte de pescado fresco era efetuado de duas formas:

 Em veículos de caixa parcialmente aberta, não isotérmica, e de materiais inapropriados, (Figura 60). Estes veículos de transporte não eram de uso exclusivo para transporte de pescado, sendo também utilizados como transporte de pessoas, animais, vegetais e outras mercadorias, (Figura 61). No caso do pescado de maiores dimensões e.g. atum e outros tunídeos, o transporte era efetuado acondicionado em

76 recipientes de plástico, com ou sem adição de gelo, (Figura 62). No caso dos pelágicos de menores dimensões, o transporte era efetuado diretamente no chão dos mesmos veículos, juntamente com pessoas, sem qualquer proteção e sem adição de gelo, (Figura 63). Foi verificada outra situação, no caso do transporte dos pequenos pelágicos, em que estes eram transportados também nos veículos mas estando acondicionados em recipientes de plástico, com água do cais, (Figura 64);

 Em recipientes de plástico, à cabeça, encontrando-se o pescado exposto ao calor e a contaminações atmosféricas, e sem adição de gelo, o que eleva consideravelmente a temperatura do pescado, acelerando a sua decomposição;

Assim, relativamente ao transporte verificou-se 100% de não conformidade relativamente:  Ao pescado fresco não ser mantido a uma temperatura próxima do gelo fundente.  aos recipientes utilizados para acondicionamento durante o transporte não permitirem

o escoamento da água de fusão do gelo.

Devido a estas situações podem ocorrer contaminações do pescado, além do que, não é mantida a cadeia de frio.

77 Figura 61 – Transporte de pescado juntamente com pessoas e animais.

Figura 62 – Transporte de pescado em recipientes de plástico com e sem adição de gelo.

78 Figura 64 – Transporte de pequenos pelágicos com água do cais.

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