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Ter um corpo normal, único, bonito e saudável são as principais características do Balanço do saber Adaptado dos alunos nesta categoria: “Eu vejo um corpo normal, saudável e completo” (B7); “Vejo ele comum. Ele não é igual aos outros, pois gosto dele não acho ele estranho, pelo contrário, eu o “amo” pelo fato dele ser meu já fico feliz, sou bem conformado com ele” (B4); “Eu vejo um corpo normal, saudável e bonito” (B9); “Bom! Eu tenho uma alimentação saudável” (B11); “Bonito. Meu corpo é diferente e tem uma personalidade inigualável e nenhum outro no mundo, além de ser bonito” (B13).

Os alunos têm as representações de corpo normal, de beleza natural, nada fora do padrão, mas com suas características peculiares, por ser único. Outro aluno, B11, fala que vê o corpo “bom”, pois tem uma alimentação saudável e ajuda na manutenção do seu corpo, pois somos aquilo que comemos. Ver o corpo normal, saudável e bonito, é uma característica em destaque nesse trabalho, pois mostra que alguns alunos têm ciência de que seus corpos possuem seus potenciais sendo eles mesmos, sem comparar com os outros, mas conformado consigo mesmo, com o que ele é para si. Não percebe

vergonha do seu corpo ou querendo que se modifique, mas tratando, alimentando, cuidando para que permaneça da forma como está e não adoeça.

Um corpo singular, inigualável e contente sem precisar estar dentro da padronização formulada pela sociedade que o confronta por todos os lados. Alunos conscientes, com imagem de corpo normal e bonito, é um fenômeno atípico na sociedade vigente e que poderia ser visto com mais frequência em pesquisa dentro desta temática.

Pode verificar que há alunos que estão conscientes quanto ao corpo que têm e ainda não deixaram ser levados pela imposição inconsciente da corpolatria midiática que assola as vidas de vários jovens e adolescentes de forma subliminares (SANTAELLA, 2008). Os alunos veem seus corpos saudáveis, normais e com beleza natural, sem precisar de intervenções estéticas para que se vejam bonitos ou belos, sem imposições externas.

Nas Entrevistas de Grupo, os alunos comparam os seus corpos com os outros para ter o autoconceito de corpo natural e beleza natural: “Eu acho meu corpo é ... na minha opinião, ótimo! [...] uma beleza natural!” (A12); “Uma beleza natural ” (A15); “Eu vejo meu corpo bonito e saudável! [...] uma beleza natural!” (A9); “Acho meu corpo bonito!” (A20); “[...] eu acho normal” (A16). “Cada um tem a sua beleza natural” (A5); “Um corpo normal como o de todo mundo e completo!” (A7); “Eu acho que tenho um corpo saudável, normal, não tenho nenhuma deficiência e é normal, comum, não é igual ao de ninguém, mas pode ser semelhante” (A2); “Um corpo natural, com uma beleza natural” (A1); “Eu acho meu corpo normal, mas eu não acho igual ao de todo mundo e eu me conformo em ter ele” (A4).

Os alunos veem seus corpos normais, sem anormalidades, sem deficiência - como menciona o aluno A2 – subentendendo que ter uma deficiência tornaria seu corpo feio e se conforma com o que tem. Considera natural por ter ou pensar ter um corpo saudável, sem doenças e também por seus corpos serem únicos, embora sejam parecidos com outras pessoas. Tem uma beleza natural e um corpo normal, sempre fazendo comparação com o corpo do outro.

Segundo Fonseca (2008, p.37), “é na adolescência que a comparação com o outro se torna fundamental. Nessa fase seu autoconceito está relacionado com a aprovação e a valorização que tem por parte do outro”. Compara o corpo com o do outro na tentativa de aprovação de seu autoconceito de corpo.

Essa imagem corporal normal e natural que os alunos conceituam sobre seu próprio corpo “é um fenômeno singular estruturado na experiência existencial e individual do ser humano consigo mesmo, com as outras pessoas e com o universo” (FONSECA, 2008, p.34). A forma como os alunos conceituam seus corpos é dada através de percepções peculiares de experiências corporais que ele viveu consigo, com o outro e com o mundo. Experiências boas ou ruins que têm reação na sua imagem corporal.

Os alunos também discutem sobre o corpo do outro como algo bonito ou feio e também fazem comparações com seu corpo e comenta sobre ele mesmo: “Eu vejo um corpo bonito!” (A9); “Eu vejo o corpo do outro bonito!” (A10); “Alguns bonitos e outros feios, os formatos das pessoas! Alguns são bonitos, perfeitos, malhadão” (A15); “Eu acho o corpo de mulher bonito! O corpo malhado!” (A12); “Eu achava o corpo do outro mais bonito do que o meu, mas hoje eu me contento com o que eu tenho. Porque assim, outras pessoas queriam ter o corpo completo: não tem um braço, não tem as pernas e eu tenho” (A1); “Assim, algumas pessoas eu acho o corpo mais bonito do que outras. Tipo assim eu me comparo com as pessoas e olho, aquela pessoa tem o corpo mais bonito que o meu” (A2).

Verificam as comparações entre os corpos dos alunos quando falam do outro ou de si são quase inevitáveis, criando um esquema corporal em comparação a uma autoimagem sua, ou fazendo uma autoimagem em comparação ao esquema corporal do outro.

Ser bonito ou feio é uma questão estética e subjetiva, que muitas vezes é mediado e conceituado sobre o que a mídia passa do que seja um corpo bonito ou feio, saudável ou raquítico (MALDONADO, 2006). Os alunos adolescentes às vezes instituem uma distorção na autoimagem, inventando imagens corporais diferentes do que seus esquemas corporais apresentam ser.

Cria-se uma imagem obesa, num corpo raquítico, uma imagem de corpo feio em um corpo saudável, pois os meios de comunicação de massa e as mídias mostram em suas propagandas de corpos humanos surreais como modelos a serem seguidos, um corpo que parece se desprender do humano, mas agarra-se ao endeusamento e à adoração de um corpo que não pode ser alcançado. Como menciona Lúcia Santaella (2008, p. 125) “as imagens do “eu” [...] são hoje multiformes, heteróclitas, descentradas, imitáveis subversivas”. Todos tentam imitá-las e não se conformam na maioria das vezes com o seu corpo.

Verifica que quando o aluno se conforma com seu corpo, faz referência que ele não tem nenhum tipo de deficiência, então deve conformar-se com o corpo que tem. Não pelo fato de ser normal, mas pelo fato de não ser deficiente fisicamente. Portanto, como confirmam alguns autores como Freitas (2008), Maldonado (2006) e Fonseca (2008), os alunos adolescentes fazem comparações do corpo do outro com o seu, criando sua imagem corporal do seu corpo com o do outro, criando um esquema corporal daquele como bonito ou feio.

Considerar-se bonito ou normal, seja em imagem ou esquema corporal, é uma dimensão do saber ligada a identidade do aluno, o eu identitário que também depende da sua dimensão social para ser considerado um corpo normal ou bonito. Portanto, carrega consigo as dimensões identitária e social com o saber do aluno.