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No primeiro momento das entrevistas, foi evidenciado que no Brasil o direito à educação, parte integrante dos Direitos Humanos, está intrinsecamente relacionado com as condições necessárias para que qualquer indivíduo desfrute de direitos internacionalmente garantidos. Na Convenção de 1951, a educação pública é tratada em seu artigo 22, o qual os Estados Partes têm o dever de fornecer “ refugiados o mesmo tratamento que os nacionais, no que concerne ao ensino ”242. Outrossim, além das proteções constitucionais discorridas no capítulo anterior, o Estatuto da Criança e do Adolescente assegura direitos para todas as crianças (pessoa até 12 anos) e adolescentes (pessoas compreendidas entre 12 e 18 anos), a primazia do acesso à educação em condições de igualdade243. Ademais, a Convenção sobre os Direitos da Criança da UNICEF, discorre que:

, , : ; de , , , financeiro em caso de necessidad ; , , ; ; e)Tomam medidas para encor ê 2

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ONU.Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951). Art 22. Disponível em: < http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiad os.pdf?view=1>. Acesso em: 22 dez. 2017.

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BRASIL. Lei n° 8.069/90. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em 11 de fev 2018

e nos termos da

3 , e do analfabetismo no mundo e a facilitar o acesso aos conhecimen de ensino. - - em desenvolvimento244.

Frente ao exposto, as normas supramencionadas destacam umas das bases legais sobre o que foi explanado na entrevista com o ACNUR. Corroborando com a assertiva que o Brasil é detentor da obrigação internacional de promover acesso ao sistema educacional para as crianças refugiadas em sua jurisdição. A entrevistada Camila Sombra, ainda ratifica que “ direito à educação, assim como direito à saúde, são dois eixos que têm um acesso universal no Brasil, independente da situação de documentação que você ”. Sendo, portanto, o passo inicial para discorrer sobre outros aspectos do referido direito.

No segundo momento da entrevista, é mapeado se o Brasil cumpre a referida obrigação. A princípio, é importante salientar que a própria CF/88, em seu artigo 205, assegura que a educação é um “ de todos e um dever do Estado e da ”245. A CF/88 ainda preconiza que o ensino será ministrado com base nos princípios da “ de condições para o acesso e permanência na escola; liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; garantia de padrão e ”246, entre outros. Com isso, a educação não se resume meramente ao acesso ao sistema educacional, mas abrange o binômio acesso e permanência com sucesso, como determinado no artigo 206, I, CF/88, pois a continuidade dos estudos tem relação direta com a qualidade da educação.

Diante das informações averiguadas, quanto ao cumprimento do Brasil na obrigação de promover o acesso das crianças refugiadas no sistema educacional, comprova-se que o direito à educação no país tem efetivo acesso universal e igualitário. Segundo Camila Sombra do ACNUR “ tem direito a educação, independente do seu ” Sra Sombra ainda afirma que “ dificuldades de acesso à escola para as crianças refugiadas são as mesmas encontradas para as crianças brasileiras. O acesso é garantido e igualitário. Neste aspecto nós temos uma excelente política ” Em contrapartida, foi constatado que a falta de

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BRASIL. Decreto n° 99.710/90. em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710.htm >. Acesso em: 10 fev 2018

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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 13 fev 2018

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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 13 fev 2018

informação quanto ao protocolo de refúgio, por parte de alguns funcionários que trabalham nas secretarias escolares, dificulta o processo de matrícula de algumas crianças refugiadas. Como Ana Carolina, Coordenadora do Projeto Cidadãs do Mundo da ONG IKMR, destaca: “ falta de informação da validade do protocolo de refúgio termina prejudicando o acesso da criança à escola, isto porque o protocolo é um papel com os dados do refugiado e com uma foto, tem refugiado que permanece com este documento por dois anos ou mais, até que receba o Registro Nacional de Estrangeiro – RNE. Estas informações já se encontram oficialmente publicado através de uma cartilha e todas as escolas do estado de São Paulo receberam e esperamos que este tipo de situação não se ” Nesta perspectiva, deve ser mencionado que, o documento conhecido por “ o Nacional de Estrangeiro (RNE), passou a ser denominado por Registro Nacional Migratório ” com a nova lei de migração247.

A entrevistada Ana Carolina também menciona uma importante cartilha, trata-se do “1° Documento Orientador: Estudantes Imigrantes”, que apresenta:

Orientações da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica (CGEB), com contribuição do Departamento de Planejamento e Gestão da Rede Escolar e Matrícula (DGREM) e do Conselho Estadual de Educação (CEE) do estado de São Paulo, referente ao acolhimento dos estudantes imigrantes na Rede Estadual de ensino. Foi construída em conjunto com as organizações: CARITAS Arquidiocesana de São Paulo, Cetro de Apoio e Pastoral de Migrante (CAMI), Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR, Grupo Veredas – Psicanálise e Imigração e IKMR (I Know My Rights) e o Centro de Direitos Humanos do Imigrante (CDHIC)248.

Nesta vertente, Vera Lúcia da SME-COPED/NTC adverte que o acesso das crianças refugiadas no sistema educacional de São Paulo está fundamentado pela Lei Municipal de n° 16.478 de 8 de julho de 2016. Trata-se de um Projeto de Lei n° 142/2016 do Executivo que institui a Política Municipal para a População Imigrante. A SME pontua que a referia lei “ a implementação transversal às políticas e serviços públicos sob a articulação da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania. Destacamos os seguintes princípios norteadores da lei: A) Igualdade de direitos e oportunidades, de acordo com as necessidades específicas das populações imigrantes; B) Universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos dos imigrantes; C) Combate à xenofobia, ao racismo, ao preconceito e a quaisquer formas de ” No seu artigo 7° referente às ações prioritárias da le ,

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BRASIL. Lei n 13.445/17. Lei de Migração. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-018/2017/lei/L13445.htm>. Acesso em: 11 de fev 2018

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ACNUR; SEE; CGEB; CAESP; NINC.1° Documento Orientador CGEB / NINC: Estudantes Imigrantes. Disponível em: <https://midiasstoragesec.blob.core.windows.net/001/2017/10/imigrantes_1documento- orientador-estudantes-imigrantes-verso-de-15-09-2017.pdf >. Acesso em: 11 de fev 2018

, “ , , municipal, por meio do seu acesso, permanência e ter ”249, que segundo Sra. Vera Lúcia: significa “conclusão bem sucedida da trajetória ”

Ao ser questionada quanto à frequência escolar das crianças refugiadas, Sra. Ana Carolina da IKMR esclareceu que a ONG trabalha com “crianças da terceira infância cujas idades estão entre 6 a 12 anos, neste período a criança socialmente é obediente, costumamos dizer que nesta idade a criança tem um dever mais rígido de obedecer aos pais” Ademais, a IKMR pontua que o próprio Governo exige a frequência da criança refugiada na escola, e como bem salientado pela ONG: “A maioria destas famílias são favorecidas pelo programa social Bolsa Família e uma das exigências do programa é justamente a criança estar matriculada numa escola e cumprir 85% da frequência escolar, avaliada trimestralmente pelo Governo do Estado. Então é muito difícil uma criança da terceira infância se encontrar fora da escola, quando isto acontece é porque a família é recém-chegada ao país e se encontra na fase de adaptaçã ”

Como forma que efetivar o referido direito, o Decreto n° 57.533 garante “ ê - ”250

. No mencionado Decreto, também é pontuado “a análise da situação de vulnerabilidade social do imigrante para concessão dos direitos e benefícios socioassistenciais, o agente público deve levar em conta … as dificuldades enfrentadas no processo de deslocamento e chegada ao paí ”251

.

Diante do exposto é possível asseverar que as crianças refugiadas têm seus direitos de acesso e de permanência ao sistema educacional reconhecidos e protegidos no sistema jurídico brasileiro e o Brasil cumpre esta obrigação através de seus Programas sociais.

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BRASIL. Lei de n° 16.478/16. Ins , , , , bem como sobre o Conselho Municipal de Imigrantes.

Disponível em: <

http://www3.prefeitura.sp.gov.br/cadlem/secretarias/negocios_juridicos/cadlem/integra.asp?alt=09072016L%20 164780000>. Acesso em: 11 de fev 2018.

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BRASIL. Decreto n° 57.533/ 16. Regulamenta a Lei nº 16.478, de 8 de julho de 2016, que institui a Política

Municipal para a População Imigrante. Disponível em: <

http://documentacao.camara.sp.gov.br/iah/fulltext/decretos/D57533.pdf>. Acesso em: 13 fev 2018

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BRASIL. Decreto n° 57.533/ 16. Regulamenta a Lei nº 16.478, de 8 de julho de 2016, que institui a Política

Municipal para a População Imigrante. Disponível em: <

Por fim, com o propósito de obter um diagnóstico reflexivo quanto às condições que o Brasil fornece para o efetivo acesso e permanência das crianças refugiadas em sua jurisdição, foi essencial identificar as principais barreiras enfrentadas por essas crianças no período inicial de inclusão no país. A primeira questão identificada é o idioma português e o segundo aspecto, em alguns casos, o preconceito.

O aprendizado do idioma português é fundamental para os refugiados no Brasil, pois reflete diretamente nas atividades diárias, como o acesso aos serviços públicos, na formação escolar, entre outros252. A dificuldade linguística impacta diretamente em todo o método de aprendizagem, o que torna tanto os educadores, quanto o poder público, sensível a esta questão. Para Camila Sombra do ACNUR, “as escolas estão direcionando a atenção do ensino-aprendizado da língua portuguesa com foco nos costumes e cultura de cada criança refugiada. Isto tem sido um desafio. E pensando neste obstáculo, o ACNUR criou, em parceria com a Organização não governamental I Know My Rights (Eu Conheço Meus Diretos), um projeto, implementado ano passado, de acompanhamento escolar que oferece assistência pedagógica para crianças refugiadas. Surgindo assim a política de integração das crianças refugiadas.

Sob este prisma, a IKMR asseverou que “ crianças refugiadas estão sempre dispostas a ” 253 o idioma português e o processo de aquisição ocorrem de “ tranquila para a maioria dessas ” Sra. Alonso acredita que algumas medidas de integração social dentro do perímetro escolar para a introdução da língua portuguesa deveria ser implantada a “sinalização das áreas comuns em vários idiomas, por exemplo, algumas escolas que visitamos possuem sinalização nas áreas comuns em várias línguas, escrita ou em símbolos, às vezes a criança não sabe ler em árabe, mas quando ela ver representado na porta do banheiro, escrito em árabe, é um bom começo. Outra medida seria de forma lúdica propor para todas as crianças da sala de aula, todos os dias, aprenderem uma nova palavra do idioma da criança refugiada. Tem uma professora que a gente conhece, que todos os dias a sala aprende uma palavra em árabe, logo a criança não está ” A IKMR faz um relevante acréscimo: “ cisamos criar isonomia entre os estudantes para que a sala de aula seja um lugar de aprendizagem para ”.

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ONU. Cartilha do ACNUR ensina português a refugiados sob a perspectiva dos direitos humanos. Disponível em:< https://nacoesunidas.org/cartilha-do-acnur-ensina-portugues-a-refugiados-sob-a-perspectiva- dos-direitos-humanos/ >. Acesso em: 13 fev 2018

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ACNUR. Projeto Crianças refugiadas apresenta possíveis caminhos para a integração em São Paulo. Disponível em: <http://www.acnur.org/portugues/noticias/noticia/projeto-com-criancas-refugiadas-apresenta- possiveis-caminhos-para-a-integracao-em-sao-paulo/>. Acesso em: 15 fev 2018

Ainda sobre a seara linguística, Vera Lúcia da SME/SP explana sobre o “ Portas abertas: Português para ” que é uma parceria entre a Secretaria Municipal de Dreitos Humanos e Cidadania e a Secretaria Municipal de Educação do Estado de São Paulo, com o objetivo de “ o ensino da Língua Portuguesa para alunos imigrantes matriculados na Rede Municipal de Ensino, seus familiares e comunidades, de acordo com as normas ” pela Portaria Intersecretarial SMDHC/SME, em 2017254. Neste sentido, o “ visa promover a cidadania por meio do aprimoramento de técnicas de leitura, escrita, escuta e fala da Língua Portuguesa, adotando metodologias que dialoguem com as situações cotidianas dos ”255.

Ainda no viés da integração/inclusão social, conforme Camila Sombra do ACNUR, algumas escolas na cidade de São Paulo realizam a semana da diversidade, com o objetivo “promover momentos de sensibilização e diálogo a fim de influenciar na construção de valores e atitudes favoráveis pautadas na convivência harmoniosa e no respeito às diferenças. Existe uma escola aqui em Santo Amaro que faz um festival cultural, realizando peças teatrais para apresentar um pouco da cultura desses refugiados. Isto depende de cada escola, quando há o estabelecimento de uma política de autonomia da Diretoria de ensino, as escolas conseguem definir o tipo de atividade que promova condições necessárias para que o refugiado possa falar, ler e escrever em português, possibilitando, a eles, melhores condições de integração à sociedade local. Entretanto, algumas escolas terão muitos alunos refugiados, outras escolas terão apenas algumas e outras não terão nenhuma criança refugiada e essa variação de contexto irá influenciar nas políticas de inclusão adotadas pela escola. Neste sentido, o ACNUR desenvolve um trabalho de informação com os funcionários tanto das escolas públicas, quanto das particulares, sobre o tema”.

Corroborando com o que foi previamente explanado, o Estatuto da Criança e do Adolescente, no artigo 58, garante que “no processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente,

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SINESP. Portaria Intersecretarial SMDHC / SME n° 002 de 18 de Ago. 2017. Institui o Projeto “ Abertas: Português para ” Por Meio de Parceria Entre a SMDHC e a SME. Disponível em: <http://www.sinesp.org.br/index.php/179-saiu-no-doc/3770-portaria-intersecretarial-smdhc-sme-n-002-de-18- 08-2017-institui-o-projeto-portas-abertas-portugues-para-imigrantes-por-meio-de-parceria-entre-a-smdhc-e-a- sme>.Acesso em: 13 fev 2018

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SINESP. Portaria Intersecretarial SMDHC / SME n° 002 de 18 de Ago. 2017. Institui o Projeto “ Abertas: Português para ” Por Meio de Parceria Entre a SMDHC e a SME. Disponível em: <http://www.sinesp.org.br/index.php/179-saiu-no-doc/3770-portaria-intersecretarial-smdhc-sme-n-002-de-18- 08-2017-institui-o-projeto-portas-abertas-portugues-para-imigrantes-por-meio-de-parceria-entre-a-smdhc-e-a- sme>.Acesso em: 13 fev 2018

garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura”256. Da mesma maneira, o Decreto de n° 57.533/16, no artigo 20, afirma que “a educação observará o princípio da interculturalidade, promovendo o diálogo entre as diferentes culturas, a cidadania democrática e a cultura de ” e, como destaca o Decreto, deve o Poder Público:

Introduzir conteúdos que promovam a interculturalidade e a valorização das culturas de origem dos alunos imigrantes ou filhos de imigrantes dentro das grades curriculares, em todas as disciplinas e etapas de educação, com inclusão de materiais pedagógicos sobre a temática das correntes migratórias contemporâneas, compreendendo o refúgio, e o diálogo intercultural257.

Sra. Vera Lúcia Benedito também pontua a experiência da SME neste aspecto, e exemplifica a “Escola Municipal do Ensino Fundamental Dom Henrique / Escritora Carolina Maria de Jesus que tem um importante projeto de inclusão das crianças imigrantes com base nas trocas culturais” O referido projeto estimula que os estudantes refugiados, da respectiva escola, “ em o seu país para os demais alunos da sala de aula, tornando-se interlocutor de sua própria história e da visão que ele tem do ” e, como resultado, é perceptível o desenvolvimento do aluno em sala de aula258.

Com relação ao obstáculo do preconceito, a Coordenadora do Projeto Cidadãs do Mundo da ONG IKMR afirma que é essencial: “ formulação de uma Política pública de ações afirmativas voltadas diretamente para estas questões de discriminação a que estão submetidas não apenas as crianças refugiadas, mas os migrantes no sentido mais … Outra intervenção inerente desta política seria a formação dos professores quanto à desconstrução da discriminação, do preconceito e do racismo, sabemos da dificuldade em proporcionar esta formação pela dimensão da nossa rede de ensino, mas se pelo menos realizar palestras educativas em todas as escolas pertencentes ao sistema educacional, por um período de um ano para que possa atingir o maior número de ” fim, Sra. Alonso destaca: “ que a efetividade dessas ações aconteceria naturalmente quando fosse percebida a propagação dessas informações: o professor passa para os alunos, os alunos divulgam entre eles e seus familiares, os familiares divulgam entre sua comunidade e os

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BRASIL. Lei n° 8.069/90. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em 11 de fev 2018

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BRASIL. Decreto n° 57.533/ 16. Regulamenta a Lei nº 16.478, de 8 de julho de 2016, que institui a Política Municipal para a População Imigrante. Disponível em: <

http://documentacao.camara.sp.gov.br/iah/fulltext/decretos/D57533.pdf>. Acesso em: 13 de fev 2018

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ACNUR. Projeto Crianças refugiadas apresenta possíveis caminhos para a integração em São Paulo. Disponível em: <http://www.acnur.org/portugues/noticias/noticia/projeto-com-criancas-refugiadas-apresenta- possiveis-caminhos-para-a-integracao-em-sao-paulo/>. Acesso em: 15 fev 2018

funcionários procedendo da mesma maneira. Pode parecer utópico, mas acredito que este seria o ”.

Neste sentido, Vera Lúcia da SME/SP assevera que a Lei 16.478/16259 é explicita em relação à proibição e combate à xenofobia, racismo e práticas discriminatórias contra crianças imigrantes e refugiadas. A SME acredita que “ amparo legal é o grande norteador de ações e princípios para que o acolhimento aos imigrantes seja feita de acordo com os princípios de direitos ” Ademais, o racismo é condenado a nível constitucional ao afirmar que “ prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da ”260.

Perante a exposição quanto às condições necessárias para o efetivo acesso e permanência no sistema educacional para as crianças refugiadas na jurisdição do Estado, é possível afirmar que essas crianças têm os seus direitos respeitados e protegidos pelo Estado. O Brasil fornece, perceptivelmente, condições necessárias para o acesso ao sistema educacional. Todavia, quanto à permanência neste sistema, faz-se necessário o fortalecimento de ações conjuntas com a participação da sociedade brasileira quanto à desconstrução da discriminação, para que todos possam agir como agentes responsáveis na promoção da integração bem sucedida das crianças refugiadas em território nacional.

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BRASIL. Lei de n° 16.478/16. , , , , bem como sobre o Conselho Municipal de Imigrantes.

Disponível em: <

http://www3.prefeitura.sp.gov.br/cadlem/secretarias/negocios_juridicos/cadlem/integra.asp?alt=09072016L%20 164780000>. Acesso em: 11 de fev 2018.

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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 13 fev 2018

5 CONCLUSÃO

A presente monografia demonstrou que o refugiado tem uma proteção especial, com o objetivo da preservação dos Direitos Humanos que são inerentes a todos os indivíduos. Ao tratar de criança refugiada, observa-se que o amparo normativo e jurisprudencial, no Direito Internacional, demonstra-se mais intenso. A proteção da criança refugiada é um direito presente também nos Sistema Regionais de Proteção aos Direitos Humanos, que buscam constantemente meios para resguardar as garantias dessas crianças.

O direito à educação para as crianças refugiadas é fundamental, pois o acesso à educação não é uma mera norma dentro do rol de direitos, o direito à educação é a base para que as outras proteções de Direitos Humanos sejam usufruídas de modo adequado. Neste sentido, os resultados extraídos das pesquisas apresentadas neste trabalho acadêmico, comprovaram que o direito à educação para as crianças refugiadas não se concretiza apenas com a mera matrícula. É necessário um conjunto de proteções e políticas públicas para que este direito seja exercido de forma efetiva. Exemplos básicos são: localização e transportes acessíveis para a locomoção da criança até a escola, o acompanhamento para a compreensão linguística, programas suplementares de material didático-escolar, alimentação, entre outras diversas medidas já explanadas.

O Brasil é internacionalmente reconhecido pelo empenho no amparo aos refugiados e, especificamente, pela inclusão das crianças refugiadas no ensino público. É perceptível o resguardo do direito das crianças refugiada nas leis internas do país, através do Decreto n° 99.710 de 1990, da Lei nº 9.474/97 que inclusive determina o conceito ampliado sobre refugiado, Lei nº 13.445 de 2017 e, por intermédio, da atuação do Comitê Nacional para os