• Nenhum resultado encontrado

O Brasil tem recebido cada vez mais solicitações de refúgio. Por isso, a precauçãono cumprimento das obrigações internacionais tem tomado dimensões imprescindíveis, na medida em que esse amparo reflete diretamente na vida de indivíduos com maior risco de vulnerabilidade e, consequentemente, precisam ter os seus direitos devidamente executados. Além dos dados oficiais sobre o número de refugiados no Brasil em 2016, apresentados no capítulo 02 - tópico 2.5 - do presente trabalho acadêmico, o ACNUR divulgou que “ m 2017, 10 141 , 30 gio a serem analisados pelo CONARE”205

.

Em 2014, o Brasil assumiu o compromisso de estabelecer metas e ações para resguardar as garantias dos refugiados206, dentre os quais:

Promover a avaliação das necessidades de proteção de crianças e adolescentes acompanhados ou desacompanhados, incluindo seu aceso aos procedimentos de determinação da condição de refugiado, e enfatizar que toda consideração nesta matéria deve ser regida pelos princípios reconhecidos na Convenção sobre os Direitos da Criança, em particular o interesse superior da criança e a não discriminação, procurando respeitar a unidade familiar e reconhecendo as crianças como sujeitos de direito e de proteção especial207.

Portanto, o Brasil expressamente reconhece que as crianças refugiadas são sujeitos de direito, demandando uma proteção especial e, esse amparo, deve englobar o direito à educação e seu acesso. Destaca-se que, no Brasil, são aplicados os direitos inerentes às

205

ACNUR. Protegendo Refugiados no Brasil e no Mundo. Disponível em: < http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2018/Cartilh a_Protegendo_Refugiados_No_Brasil_2018>. Acesso em: 12 fev 2018

206

ACNUR. Protegendo Refugiados no Brasil e no Mundo. Disponível em: < http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2018/Cartilh a_Protegendo_Refugiados_No_Brasil_2018>. Acesso em: 12 fev 2018

207 DECLARAÇÃO DO BRASIL. Um Marco de Cooperação e Solidariedade Regional para Fortalecer a Proteção Internacional dasPessoas Refugiadas, Deslocadas e Apátridas na América Latina e no Caribe.

Disponível em: <

http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/BDL/2014/9866>. Acesso em: 12 fev 2018

crianças para “todo ser humano com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada ”208.

Além dos tratados internacionais de Direitos Humanos que o Brasil é signatário e todos os direitos previamente pontuados neste trabalho acadêmico, é imperioso destacar que o direito à educação é uma garantia constitucional no ordenamento jurídico pátrio. A Constituição Federal/ 88 (CF/88),define a educação como uma garantia social e pontua expressamente que o ensino no Brasil será regido pelo princípio da “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”209. Além do seu acesso gratuito, para o ensino obrigatório, ser considerado um direito público subjetivo210. Ademais, em um recorte mais específico sobre o acesso à educação para as crianças em nível de proteção constitucional, deve ser salientado o artigo 208211 212, que protege a “ básica obrigatória e ”, assim como discorre sobre meios que buscam a concretização do efetivo acesso como, por exemplo, transporte, material didático, alimentação etc.

As referidas garantias também são pontuadas em outros dispositivos do ordenamento jurídico interno, como o Estatuto da Criança e do Adolescente. Além disso, por força da CF/88, em seu artigo 5, é possível extrair a proteção para que o refugiado no Brasil tenha acesso aos mesmos direitos que os brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil213 214. Esta previsão constitucional fornece uma base mais robusta para a aplicação da Convenção sobre

208

BRASIL. Decreto n° 99.710/90. em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710.htm >. Acesso em: 10 fev 2018

209

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 13 fev 2018

210

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 208. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 13 fev 2018

211

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 13 fev 2018

212

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009) … IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) … VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009). § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. § 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola

213

ONUBR. aos refugiados no Brasil. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2016/01/UN-Position-Paper-Protection-of-Refugees.pdf>. Acesso em: 12 fev 2018

214

os Direitos da Criança, em especial na aplicação do acesso à educação para as crianças em sua jurisdição e todas as garantias educacionais já previamente explanadas, como forma de preservação da dignidade da pessoa humana.

Na seara da educação no Brasil, deve ser evidenciado o Conselho Nacional de Educação (CNE) que é composto por Secretaria Executiva, Assessoria, Coordenação de Apoio ao Colegiado, Apoio à Câmara de Educação Básica, Apoio à Câmara de Educação Superior e Câmara de Educação Superior215. O objetivo do CNE é “ e avaliar a política nacional de educação, zelar pela qualidade do ensino, velar pelo cumprimento da legislação educacional e assegurar a participação da sociedade no aprimoramento da educação ”216

. Neste sentido, destaque-se o Plano Nacional de Educação (2014 - 2024), em que pese não discorra especificamente sobre crianças refugiadas, pontua importantes metas para a educação das crianças como, por exemplo, ampliar o número de vagas no sistema de educação infantil e um forte compromisso com a alfabetização das crianças 217.

Ainda sobre o direito à educação para crianças refugiadas no Brasil, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH), em um parecer consultivo (OC-21/14), requerido por alguns Estados, dentre eles o Brasil, pronunciou-se sobre os “ e Garantias de Crianças no Contexto da Migração e/ou em Necessidade de Proteção Internacional” A Corte IDH destacou que o Estado deve, por métodos apropriados e individualizados, buscar a proteção do interesse da criança “ cada caso concreto”218. O Estado também deve adotar medidas para que a criança se desenvolva de forma saudável e com dignidade e, no bojo dessas medidas protetivas, encontrarem o acesso pleno ao sistema educacional, oferecido em “ de ” 219. Por outro lado, a referida Corte destaca:

Em conformidade com o dever de proteção especial das crianças consagrado no artigo 19 da Convenção Americana, interpretado luz da Convenção dos Direitos da Criança e do Protocolo Adicional Americana sobre Direitos Humanos

215

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Quem é Quem. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/conselho- nacional-de-educacao/cne-quem-e-quem>. Acesso em: 17 fev 2018

216

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Conselho Nacional de Educação - CNE. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/apresentacao>. Acesso em: 17 fev 2018

217

CÂMERA DOS DEPUTADOS. Plano Nacional de Educação 2014 - 2014. Disponível em: < http://www.observatoriodopne.org.br/uploads/reference/file/439/documento-referencia.pdf>. Acesso em: 17 fev 2018

218

CORTEIDH. Direitos e Garantias de Crianças no Contexto da Migração e/ou em Necessidade de Proteção Internacional, Parecer Consultivo (OC-21/14). Disponível em: < http://www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_21_por.pdf>. Acesso em: 13 fev 2018

219

CORTEIDH. Direitos e Garantias de Crianças no Contexto da Migração e/ou em Necessidade de Proteção Internacional, Parecer Consultivo (OC-21/14). Disponível em: < http://www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_21_por.pdf>. Acesso em: 13 fev 2018

em matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em relação ao dever de desenvolvimento progressivo contido no artigo 26 da , o Estado deve prover educação primária gratuita a todos os menores, em um ambiente e em condições propícias para seu pleno desenvolvimento intelectual220.

O Brasil reconhece a garantia do acesso à educação para crianças refugiadas, através de suas obrigações internacionais, por intermédio de tratados e instrumentos internacionais, e no próprio ordenamento jurídico pátrio. Destarte, existe, até no âmbito municipal, legislação direcionada para o direito dos refugiados no Brasil, como a Lei Municipal de n° 16.478/2016 de São Paulo, que foi definida pelo ACNUR como inovadora em suas políticas221.

Um relevante instrumento é cartilha para solicitantes de refúgio no Brasil, elaborado pelo ACNUR, ratificando algumas garantias para as crianças refugiadas. A importância da referida cartilha é divulgação das normas e procedimentos adotados, especialmente para os refugiados e as pessoas que também recebem este amparo. Ao ingressar no Brasil e requerer a declaração de refúgio, através do Departamento de Polícia Federal, o indivíduo receberá um Protocolo Provisório que, por intermédio deste, poderá provar seu “ de permanência em território nacional até a decisão final do processo de solicitação de refúgio”, sendo o protocolo renovável, caso exista um atraso no julgamento do pedido222. As crianças solicitantes de refúgio têm direito “ frequentar as escolas públicas de ensino fundamental e mé ” 223, mesmo que o seu pedido ainda não tenha sido julgado. Outro aspecto importante da cartilha, é o esclarecimento que a criança refugiada, além do protocolo provisório, também têm direito ao Cadastro de Pessoa Física (CPF), apenas apresentando um documento “original ou a cópia autenticada do seu documento de identificação e o documento de identificação de um dos pais ou responsável”224.

220 CORTEIDH. Sentença Caso das Crianças Yean e Bosico Vs. República Dominicana, par. 185. Apud,

CORTEIDH. Direitos e Garantias de Crianças no Contexto da Migração e/ou em Necessidade de Proteção Internacional, Parecer Consultivo (OC-21/14). Disponível em: < http://www.corteidh.or.cr/docs/opiniones/seriea_21_por.pdf>. Acesso em: 13 fev 2018

221

ACNUR. São Paulo aprova sua própria lei para refugiados e imigrantes. Disponível em: <http://www.acnur.org/portugues/noticias/noticia/sao-paulo-aprova-sua-propria-lei-para-refugiados-e-

imigrantes/>. Acesso em: 13 fev 2018

222

ACNUR. Cartilha para Solicitantes de Refúgio no Brasil. Disponível em: < http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2014/Cartilh a_para_solicitantes_de_refugio_no_Brasil>. Acesso em: 02 fev 2018

223

ACNUR. Cartilha para Solicitantes de Refúgio no Brasil. Disponível em: < http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2014/Cartilh a_para_solicitantes_de_refugio_no_Brasil>. Acesso em: 02 fev 2018

224

ACNUR. Cartilha para Solicitantes de Refúgio no Brasil. Disponível em: < http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2014/Cartilh a_para_solicitantes_de_refugio_no_Brasil>. Acesso em: 02 fev 2018

O Brasil também busca meios de tornar esse direito cada vez mais efetivo. Neste sentido, foram implementados comitês estaduais, em parceria com as “autoridades locais e a sociedade civil”, para a efetivação dos direitos que são inerentes aos refugiados, mediante a descomplicação do acesso às políticas públicas, no âmbito estadual e municipal225. Atualmente, sete unidades federativas do Brasil têm o referido comitê, dentre elas: “ o , , , Rio Grande do Sul, Amazonas, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul”226. Assim, corroborando com a efetivação dos direitos dos refugiados, o ACNUR tem escritório em quatro locais distintos no Brasil, sendo eles “Brasília, São Paulo, Manaus e Boa Vista”227.

A diversidade de locais no Brasil onde existem órgãos, comitês, organizações da sociedade civil entre outros, tem como objetivo assegurar as garantias do refugiado, ampliar e potencializar a aplicação das proteções aos refugiados no país, o que resulta em normas mais eficazes. Frente ao exposto, toda medida adotada favorecea busca de uma sistematização da aplicação do direito ao refugiado, para que esta seja cada vez mais coesa e efetiva.

A nível mundial, o ACNUR divulgou o fatídico resultado que, em 2016, “3,5 milhões de refugiados em idade escolar” não tiveram acesso à educação 228, o que representa uma verdadeira crise do direito à educação para as crianças refugiadas. Entretanto, o Brasil vem trilhando uma trajetória diferente, garantindo a educação para as crianças refugiadas e adotando medidas para tonar esse direito cada vez mais efetivo. Em 2011, o Brasil foi reconhecido como detentor de uma das legislações “mais modernas e abrangentes do mundo” para refugiados, através do Ex Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres229. Em 2015, o Brasil foi congratulado pela ONU devido ao esforço de inclusão das crianças refugiadas nos sistemas educacionais públicos e, como destacou a vice-presidente do

225

ACNUR. Protegendo Refugiados no Brasil e no Mundo. Disponível em: < http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2018/Cartilh a_Protegendo_Refugiados_No_Brasil_2018>. Acesso em: 12 fev 2018

226

ACNUR. Protegendo Refugiados no Brasil e no Mundo. Disponível em: < http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2018/Cartilh a_Protegendo_Refugiados_No_Brasil_2018>. Acesso em: 12 fev 2018

227

ACNUR. Protegendo Refugiados no Brasil e no Mundo. Disponível em: < http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2018/Cartilh a_Protegendo_Refugiados_No_Brasil_2018>. Acesso em: 12 fev 2018

228

UNHCR. Left Behind Refugee Education in Crisis. Disponível em: <http://www.unhcr.org/left-behind/>. Acesso em: 13 fev 2018

229

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Visita ao Brasil do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres – 1º a 3 de agosto de 2011, Nota 285. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/notas-a-imprensa/2700-visita-ao-brasil-do-alto-comissario-das-nacoes- unidas-para-refugiados-antonio-guterres-1-a-3-de-agosto-de-2011>. Acesso em: 13 fev 2018

Comitê dos Direitos da Criança das Nações Unidas, o Brasil é uma fonte de esperança, em que pese ainda tenha muitos desafios para superar230.

230

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Brasil ganha destaque pela acolhida a crianças refugiadas. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/36831>. Acesso em: 13 fev 2018

4 ANÁLISE PRÁTICA DO ACESSO À EDUCAÇÃO PARA CRIANÇAS REFUGIADAS NO BRASIL

No curso do presente trabalho acadêmico, foi desenvolvida uma fundamentação teórica sobre o tema em estudo, através de pesquisas bibliográficas em livros, artigos, instrumentos internacionais, tratados internacionais, legislação interna, entre outros. O objetivo foi analisar a obrigação internacional do Brasil de promover acesso ao Sistema Educacional para crianças refugiadas que estejam em sua jurisdição. Os meios supramencionados forneceram os mecanismos necessários para a realização da pesquisa qualitativa, fazendo uso de um estudo comparativo de dados fornecidos pelas Organizações, por intermédio de entrevistas e questionário respondidos especificamente para este trabalho acadêmico. Foram entrevistados : ACNUR Brasil; I Know My Rights231 (IKMR), uma "Organização Não-Governamental brasileira sem fins lucrativos”232, através dos projetos: Arte como Refúgio e Cidadãs do Mundo; Secretaria Municipal da Educação de São Paulo.

Os Sujeitos supramencionados foram convidados para participarem das entrevistas, após um estudo prévio a respeito dos Órgãos diretamente envolvidos com os refugiados no Brasil. O primeiro entrevistado foi o ACNUR localizado na cidade de São Paulo, dados mais específicos, sobre esta importante Organização Internacional, estão descritos no tópico 2.2 deste trabalho acadêmico. A segunda entrevistada foi a ONG I Know My Rights, que desenvolve um trabalho voltado para crianças refugiadas, com atuação no estado de São Paulo233. Por fim, houve um questionário respondido pela Secretaria Municipal da Educação em São Paulo, órgão da prefeitura do estado de São Paulo responsável pela sistematização e manutenção do ensino infantil, fundamental, médio e impulsionador de ações voltadas para a seara educacional, aplicáveis aos imigrantes234.

Com o objetivo de solucionar dificuldades e descomplicar os obstáculos encontrados pelos refugiados no período inicial de integração à sociedade local, a cidade de São Paulo conta com o apoio de vários projetos sociais voltados para esses indivíduos. Ademais, foi a

231

Eu Conheço Meus Direitos

232

IKMR. Quem somos. Disponível em: < http://www.ikmr.org.br/quem-somos/>. Acesso em: 14 fev 2018

233

IKMR. Quem somos. Disponível em: < http://www.ikmr.org.br/quem-somos/>. Acesso em: 14 fev 2018

234

SME. Estrangeiros concluem o primeiro módulo do curso de Português para imigrantes. Disponível em: < http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br//Main/Noticia/Visualizar/PortalSMESP/Estrangeiros-concluem-o- primeiro-modulo-do-curso-de-Portugues-para-imigrantes>. Acesso em: 14 fev 2018

primeira cidade brasileira a iniciar uma Política Municipal para a população imigrante235, através da Lei Municipal de n° 16.478 de 8 de julho de 2016236 aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo Prefeito Fernando Haddad. Além do Decreto de n° 57.533 de 15 de dezembro de 2016237, que regulamenta a Lei de n° 16.478 de 8 de julho 2016 e institui a Política Municipal para Imigrantes em São Paulo238.

Tanto nas entrevistas, quanto no questionário, foram abordadas as seguintes perguntas-problemas centrais:

a) Há a obrigação internacional do Brasil de promover acesso ao Sistema Educacional para crianças refugiadas em sua jurisdição?

b) O Brasil cumpre a obrigação da promoção no acesso e permanência das crianças refugiadas ao sistema educacional?

c) O Estado fornece as condições necessárias para o efetivo acesso e permanência ao Sistema Educacional?

Os métodos aplicados nas entrevistas foram qualitativos e semidiretiva ou, como também nominado, semi-estruturada239. A metodologia aplicada foi a qualitativa, pois o objetivo não é encontrar ou extrair dados exatos ou numéricos, visa compreender a complexidade que o tema proporciona240. Assim como, as entrevista estão enquadradas na modalidade semi-estruturada para garantir um grau de liberdade na fala das entrevistadas, todavia com limitação mediante o direcionamento da entrevista, previamente delimitada “

235

PREFEITURA DE SÃO PAULO. Política Municipal para a População Imigrante. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/direitos_humanos/migrantes/programas_e_projetos/index.ph p?p=205909>. Acesso em: 14 fev 2018

236

BRASIL. Lei de n° 16.478, de 08 jul 2016- Publicada na Secretaria do Governo Municipal, São Paulo, SP, 2016. Institui a Política Municipal para a População Imigrante do Estado de São Paulo. Disponível em: < http://www3.prefeitura.sp.gov.br/cadlem/secretarias/negocios_juridicos/cadlem/integra.asp?alt=09072016L%20 164780000>. Acesso 11 de fev 2018

237

BRASIL. Decreto n° 57.533, de 15 de dez. 2018 – Câmara Municipal de São Paulo. Regulamenta a Lei nº 16.478, de 8 de julho de 2016, que institui a Política Municipal para a População Imigrante. Disponível em: < http://documentacao.camara.sp.gov.br/iah/fulltext/decretos/D57533.pdf>. Acesso 13 de fev 2018.

238

SINESP. DECRETO Nº 57.533, DE 15/12/2016 - REGULAMENTA A LEI Nº 16.478/2016 - POLÍTICA MUNICIPAL PARA A POPULAÇÃO IMIGRANTE. Disponível em: < http://www.sinesp.org.br/index.php/179-saiu-no-doc/1160-decreto-n-57-533-de-15-12-2016-regulamenta-a-lei- n-16-478-2016-politica-municipal-para-a-populacao-imigrante>. Acesso em: 14 fev 2018

239

XAVIER, José Roberto Franco. Algumas notas sobre a entrevista qualitativa de pesquisa. In: MACHADO, Maíra Rocha. Pesquisar Empiricamente o Direito. São Paulo: Rede de Estudos Empíricos em Direito, 2017. P, 125.

240

IGREJA, Rebecca Lemos. O Direito como objeto de estudo empírico: o uso de métodos qualitativos no âmbito da pesquisa empírica em Direito. In: In: MACHADO, Maíra Rocha. Pesquisar Empiricamente o Direito. São Paulo: Rede de Estudos Empíricos em Direito, 2017. P, 14-16.

roteiro de entrevista da ” 241. Neste sentido, o questionário foi construído por perguntas abertas que consentiram às entrevistadas responderem com um nível de espontaneidade, realçando as suas avaliações e opiniões sobre o assunto interpelado. Além disso, os meios adotados para realizar as entrevistas foram por intermédio de chamada de voz em único acesso – Skype; presencial no estado de São Paulo e por correio eletrônico (questionário). O objetivo foi reunir os elementos necessários, apoiados em instrumentos internacionais e legislação interna, para compreender a dinâmica prática do direito em análise.