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Obrigação internacional do Brasil de garantir o acesso à educação para as crianças refugiadas sob seu território

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

THALITA CHRISTINE DE MENDONÇA FONTOURA

OBRIGAÇÃO INTERNACIONAL DO BRASIL DE GARANTIR O

ACESSO À EDUCAÇÃO PARA AS CRIANÇAS REFUGIADAS SOB

SEU TERRITÓRIO.

Salvador

2018

(2)

OBRIGAÇÃO INTERNACIONAL DO BRASIL DE GARANTIR O

ACESSO À EDUCAÇÃO PARA AS CRIANÇAS REFUGIADAS SOB

SEU TERRITÓRIO.

de Bacharel em Direito, Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia.

: Luiz Batista Neves

Salvador

2018

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OBRIGAÇÃO INTERNACIONAL DO BRASIL DE GARANTIR O

ACESSO À EDUCAÇÃO PARA AS CRIANÇAS REFUGIADAS SOB

SEU TERRITÓRIO.

de Bacharel em Direito, Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia.

: Luiz Batista Neves

Aprovada em 01 de março de 2018.

BANCA EXAMINADORA:

André Luiz Batista Neves – Orientador

Mestre em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Universidade Federal da Bahia

João Glicério de Oliveira Filho – Examinador

Doutor em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Universidade Federal da Bahia

Paulo Augusto de Oliveira – Examinador

Mestre em Direito Público pela Universidade de Coimbra. Faculdade Baiana de Direito e Gestão

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Agradeço primeiramente a Deus pela sua presença marcante em minha vida, guiando e fortalecendo os meus passos. Confio plenamente nos propósitos e ensinamentos de Deus.

Agradeço aos meus amados pais, que fazem do meu sonho os seus sonhos. Minha mãe Magna Fontoura e meu pai Nelson Fontoura são minha fonte de inspiração e de valores morais. Agradeço também ao meu querido irmão Matheus Fontoura, pessoa que admiro. Eu os amo incondicionalmente. Agradeço também a todos os demais familiares.

Agradeço, em memória, à Dona Benedita e Dona Maria, obrigada pelo doce ensinamento: “ oração sempre será o melhor presente que você poderá oferecer a ”

Eu gostaria de agradecer ao meu amado namorado Heyder Rafael, pessoa que compartilho diários momentos de muita felicidade e cumplicidade. Agradeço, igualmente, aos meus sogros Carlos e Liliana, por sempre me acolherem como a uma filha.

Agradeço imensamente ao professor Batista Neves por me guiar nesta jornada. Todo o seu conhecimento e dedicação contribuíram significativamente para o resultado atual. Eu sou eternamente grata.

Agradeço aos amados amigos Mariana Fontoura, Bruna Afonso e Helder Menezes por todo o carinho e apoio ao longo de minha jornada.

Agradeço as amigas Damares Gaspar e Danuza Carvalho pelo carinho e cuidado de irmã. As amigas Suzuca Almeida, Thaís Paixão, Júlia Porto, Luiza Spinola e todos os demais amigos que fizeram parte desta trajetória.

Por fim, agradeço ao estimado NCI, projeto de extensão que me forneceu a base para o Direito Internacional. Agradecimento especial ao professor João Glicério por acreditar nos seus alunos e investir nos nossos projetos. Agradeço também ao professor Paulo Oliveira por todo o conhecimento transmitido e, por último, agradeço a todos os queridos amigos do NCI.

(5)

garantir o acesso à educação para as crianças refugiadas sob seu território. 106fls. – Faculdade de Direito, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.

Resumo: Esta monografia tem como objetivo explanar sobre a obrigação internacional do Brasil de promover o acesso à educação para as crianças refugiadas sob sua jurisdição, uma vez que o direito à educação fornece bases sólidas para o exercício pleno de outras proteções de Direitos Humanos. Para isso, a fundamentação legal terá respaldo nos tratados internacionais de Direitos Humanos que o Brasil é signatário, doutrina nacional e internacional, sentenças e outros instrumentos internacionais. Em segundo momento, será apresentado sobre o cumprimento da referida obrigação. Com o objetivo de compreender a complexidade da prática deste tema, foram entrevistados o ACNUR, a ONG sem fins lucrativos I Know My Rights e a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. As entrevistas tiveram uma metodologia qualitativa e semi-estruturada.

Palavras-Chave: Direito à educação. Criança refugiada. Direitos Humanos. Acesso à educação. Integração local.

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guarantee access to education for refugee children under its territory. 106 Pg. Graduation thesis (Bachelor) - Law Faculty, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.

Abstract: This monograph aims to explain the international obligation of Brazil to promote access to education for refugee children under its jurisdiction, since the right to education provides a solid foundation for the full exercise of other human rights protections. In this regard, the legal grounds will be supported by the international human rights treaties which Brazil is a signatory, national and international doctrine, judgments and other international instruments. Secondly, the fulfillment of this obligation will be presented. In order to understand the complexity of this situation, the UNHCR, the non-profit organization I Know My Rights and the Municipal Department of Education of São Paulo were interviewed. The interviews had a qualitative and semi-structured methodology.

Keywords: Right to education. Refugee child. Human rights. Access to education. Local integration.

(7)

ACNUR Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados CIJ Corte Internacional de Justiça

CorteIDH Corte Interamericana de Direitos Humanos CIDH Comissão Interamericana de Direitos Humanos CONARE Comitê Nacional para os Refugiados

CNE Conselho Nacional de Educação

CMEDH Conferência Mundial sobre Educação em Direitos Humanos CEU Centro de Educação Unificada

DUDH Declaração Universal dos Direitos Humanos ECO Organização Educacional e Cultural

EMEF Escola Municipal do Ensino Fundamental ExCom Comitê Executivo

OEA Organização dos Estados Americanos OIT Organização Internacional do Trabalho OIM Organização Internacional para as Migrações

ONG IKMR Organização Não Governamental I Know My Rights ONU Organização das Nações Unidas

OUA Organização da Unidade Africana PNE Plano Nacional de Educação SME/ SP Secretaria Municipal de São Paulo

(8)

UN CESCR United Nations Committee on Economic, Social and Cultural Rights UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância

(9)

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 OS DIREITOS DOS REFUGIADOS ... 12

2.1 Breve contexto histórico dos Direitos Humanos ... 12

2.2 Breve histórico do ACNUR ... 16

2.3 O Direito dos Refugiados no Direito Internacional ... 18

2.3.1 Definição ... 18

2.3.2 Breve explanação sobre as garantias basilares aos refugiados ... 21

2.3.3 Cooperação ... 25

2.4 O Direito dos Refugiados nos Sistemas Regionais de Proteção aos Direitos Humanos ... 26

2.5 O Direito dos Refugiados no Brasil ... 29

3 DIREITO AO ACESSO À EDUCAÇÃO PARA CRIANÇAS REFUGIADAS NO BRASIL ... 34

3.1 Breve explanação do Direito Educacional no contexto do Direito Internacional ... 34

3.1.1 Principais elementos para recepção efetiva do Direito à Educação ... 40

3.1.1.1 Acessibilidade ... 40

3.1.1.2 Admissibilidade ... 41

3.1.1.3 Disponibilidade ... 43

3.1.1.4 Adaptabilidade ... 43

3.2 O direito ao acesso à educação para crianças refugiadas no Brasil ... 45

4 ANÁLISE PRÁTICA DO ACESSO À EDUCAÇÃO PARA CRIANÇAS REFUGIADAS NO BRASIL ... 51

4.1 Há a obrigação internacional do Brasil de promover acesso ao Sistema Educacional para crianças com status de refúgio em sua jurisdição? ... 53

4.2 O Brasil cumpre a obrigação da promoção no acesso e permanência das crianças refugiadas ao sistema educacional? ... 54

4.2.1 Dificuldade en no Brasil ... 55

4.3 O Estado fornece as condições necessárias para o efetivo acesso e permanência ao Sistema Educacional? ... 57

4.3.1 Dificuldade encontrada pelas crianças refugiadas com o idioma português durante a integração do período inicial ... 57

4.3.2 Inclusão das crianças refugiadas na cultura brasileira ... 60

4.3.3 Dificuldade com o preconceito, o racismo, a xenofobia e práticas discriminatórias contra crianças refugiadas ... 61

4.4 Breve consideração sobre a percepção dos entrevistados ... 62

(10)

7 ANEXO 1 ... 83 8 ANEXO 2 ... 90 9 ANEXO 3 ... 103

(11)

1 INTRODUÇÃO

Durante a história da humanidade, milhões de pessoas tiveram que transladarem de seus países, por causa das guerras, da perseguição política, religiosa, étnica ou cultural, o qual retrata a conjuntura do êxodo dos Refugiados. Esse indivíduo, nas diversidades de suas idades, encontra-se em uma situação de vulnerabilidade, uma vez que,recorrem às travessias clandestinas e arriscadas de fugas, passam por situações extremas de fome, frio e incertezas, durante o percurso, e quando ingressam no país estrangeiro, por vezes, defrontam com o obstáculo do idioma oficial. Além disso, o motivo que causou o fundado temor para que essas pessoas saíssem dos seus Estados de origem, pode perdurar por anos, até mesmo décadas.

Nesta perspectiva, coloque-se à luz a situação da criança refugiada, pois a criança em condições normais já demanda uma atenção e proteção especial, quando se trata de crianças refugiadas, o risco de vulnerabilidade ou violação de direitos humanos, por exemplo, pode ser mais elevado. Ademais, como previamente explanado, o período que a criança estará em situação de refúgio é incerto. Sob esta linha de raciocínio, foi considerado o referido tema, pois o direito à educação é sem dúvida uma das maiores bases para que qualquer ser humano esteja, em plenitude, alinhado ao conceito de dignidade da pessoa humana.

A princípio, no Capítulo 2 será explanado acerca dos Direitos Humanos, em uma contextualização histórica, destacando o papel da Liga das Nações, ONU e da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Posteriormente, será explanado sobre o Direito dos Refugiados no Direito Internacional e como esse direito vem sendo aplicado nos três Sistemas Regionais de Proteção aos Direitos Humanos e no Brasil. Neste capítulo, serão destacados o papel desenvolvido pelo ACNUR, assim como a Convenção das Nações Unidas de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados e o Protocolo de 1967 relativo ao Estatuto dos Refugiados.

No Capítulo 3, será explanado sobre a relevância do direito à educação para os Direitos Humanos e como o referido direito é essencial para que o indivíduo tenha o acesso efetivo a outras proteções de Direitos Humanos. Do mesmo modo, serão apresentados os meios para que o acesso à educação seja efetivo, tais quais: acessibilidade, admissibilidade, disponibilidade e adaptabilidade. Por fim, esta monografia irá demonstrar, por intermédio de doutrinas, tratados de Direitos Humanos, legislações internas, entre outros, que o Brasil é detentor da obrigação de garantir o acesso à educação para as crianças refugiadas que estejam sob seu território.

No Capítulo 4, foi descrito uma análise prática, circunscrevendo diversos aspectos, sobre a obrigação do Brasil de promover o acesso ao sistema educacional para as crianças

(12)

refugiadas. Por isso, foi entrevistado o ACNUR, a ONG, sem fins lucrativos, I Know My Rights e a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, o município detentor de uma lei específica para regulamentar as políticas públicas direcionadas para os refugiados.

Enfim, no capítulo 5, serão pontuadas as principais reflexões construídas no curso deste trabalho acadêmico e destacando sugestões para que esse direito seja aplicado de modo cada vez mais efetivo.

(13)

2 OS DIREITOS DOS REFUGIADOS

Esse capítulo objetivará explanar sobre o contexto histórico dos Direitos Humanos e sua aplicação no Direito dos refugiados. Em momento posterior, será explanado sobre o Direito dos Refugiados no Direito Internacional, nos Sistemas Regionais de Proteção aos Direitos Humanos e no Brasil.

2.1 Breve contexto histórico dos Direitos Humanos

Os Direitos Humanos são, na atualidade, basilares para a dinâmica dos Estados, tal como para o resguardo da dignidade dos seres humanos; são pontuados entre os principais propósitos dos Organismos e Organizações Internacionais e, além disso, esses direitos são objetos de diversos tratados de Direitos Humanos. Por isso, pode ser considerado um dos grandes protagonistas no Direito Internacional. Contudo, a consolidação deste conjunto de garantias ocorreu de forma gradativa. Neste sentido, destacam-se algum marcos principal para a melhor compreensão d a consolidação e do formato que os Direitos Humanos detêm na contemporaneidade. O marco inicial dos Direitos Humanos no Direito Internacional ocorreu mediante a criação da Liga das Nações e por intermédio de alguns tratados internacionais1. Apesar de não estar manifestado no presente estudo, o Direito Humanitário e à Organização Internacional do Trabalho (OIT) também desenvolveram bases fundamentais na seara dos Direitos Humanos2. Um destaque meramente exemplificativo da importância da OIT no resguardo aos Direitos Humanos, foi o desenvolvimento dos seus meios protetivos que desencadeou em uma sólida e difundida estrutura para combater o trabalho de crianças refugiadas 3, dentre diversos outras contribuições para a ascensão e consolidação das garantias dos Direitos Humanos .

“A Convenção da Liga das Nações entrou em vigor em 10 de janeiro de 1920” 4

. Conforme pontuado por Malcolm Shaw, no contexto pós I Guerra Mundial, havia um esforço

1

CRAWFORD, James. Browlie’s Principle of Public International Law. 8. Ed. Reino Unido: Oxford University Press, 2012. p. 635

2

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos. 3. Ed. rev., atual e ampl. - Rio de Janeiro: Forence; São Paulo: MÉTODO, 2016.

3

ILO. The ILO Response to The Syrian Refugee. Disponível em: < http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---dgreports/---exrel/documents/publication/wcms_357159.pdf>. Acesso em: 30 jan 2018.

4

BUERGENTHAL, Thomas. Human Rights. Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

(14)

dos Estados em restabelecer as Relações Internacionais mediante uma instituição internacional, com o objetivo de supervisionar a conduta da comunidade internacional para que novos conflitos não ocorressem novamente5. A Liga das Nações desenvolveu um papel fundamental, compondo as bases necessárias para a posterior consolidação dos Direitos Humanos. Nas palavras do Valério Mazzuoli, a referida Organização tinha como objetivo a promoção da “ , a paz e a segurança ”6. Além do mais, a Liga das Nações visava garantir o “ -estar das populações e estabelecer condições garantir a liberdade religiosa e de ê ”7. Por fim, podemos afirmar que um dos seus grandes legados para os Direitos Humanos foi a aplicação de sanção aos Estados que praticassem ações que violassem as previsões de proteção aos Direitos Humanos8.

No momento em que a humanidade parecia caminhar para a promoção dos Direitos Humanos, atrocidades e violações ocorreram em larga escala, face a dignidade da pessoa humana e dos Direitos Humanos em geral, com o fatídico acontecimento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em reposta aos episódios enfrentados na Segunda Guerra, no ano de 1945, indubitavelmente foi o grande marco para a consolidação dos Direitos Humanos, a fundação da ONU, sucessora da Liga das Nações. Francisco Rezek, afirma que mediante a criação da ONU houve a “ consciente e organizada sobre o tema dos Direitos H ”9

. A ONU é uma organização internacional complexa, composta por seis órgãos principiais1011, sendo um deles o órgão judiciário: a Corte Internacional de Justiça. No que se refere aos princípios e propósitos da referida organização, estão dispostos na Carta da ONU nos artigos 112 e 213 que causam reflexos para os Estados-Membros no cumprimento e

5

SHAW, Malcolm. International Law. 5 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. P, 1016

6

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos. 3. Ed. rev., atual e ampl. - Rio de Janeiro: Forence; São Paulo: MÉTODO, 2016. P, 61

7

BUERGENTHAL, Thomas. Human Rights. Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

8

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos. 3. Ed. rev., atual e ampl. - Rio de Janeiro: Forence; São Paulo: MÉTODO, 2016. P, 62

9

, Francisco. blico: curso elementar. 12 ed. rev. Paulo: Saraiva, 2010. P, 225.

10

Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, a Corte Internacional de Justiça e o Secretariado.

11

NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL. Conheça a ONU. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/conheca/>. Acesso em: 04 de dezembro de 2017.

12 internacionais e, para esse fim: to , ,

, e do direito internacional, a um ajuste ou sol ;2 , dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;3.

(15)

observância de tais dispositivos, com o objetivo de promover a manutenção dos propósitos postos pela ONU. Neste sentido, o ex-juiz da CIJ, Thomas Buergenthal afirma que os “Estados-Membros são demandados a assumir algumas obrigações internacionais relativas aos Direitos Humanos”14.

Dentre os órgãos supramencionados da ONU, com o objetivo de contemplar o recorte do presente trabalho, é imperioso destacar a atuação da sua Assembleia Geral. “ Assembleia Geral é único órgão principal que todos os Estados-Membros são ”15, ressaltando que cada Estado-Membro deverá ter no máximo 5 representantes16. Neste sentido, Malcolm Shaw destaca algumas das importantes funções da Assembleia Geral:

the primary responsibility with regard to the maintenance of international peace and security lies with the Security Council, this should not be taken as meaning that the General Assembly, comprising all member states of the UN organisation, is denied a role altogether. It may discuss any question or matter within the scope of the Charter, including the maintenance of international peace and security, and may make recommendations to the members of the UN or the Security Council, provided the Council is not itself dealing with the same matter. Under similar conditions, the Assembly may under article 14 'recommend measures for the peaceful adjustment of any situation regardless of origin, which it deems likely to impair the general welfare or friendly relations among nations'. In practice, the resolutions and declarations of the General Assembly (which are not binding) have covered a very wide field, from colonial disputes to alleged violations of human rights and the need for justice in international economic affairs. The Assembly has also asserted its right

s liberdades fundamentais para ngua ou o; e 4 das desses objetivos comuns.

13 1 da igual 2

, , por eles assumidas de acordo com a presente Ca 3 , , 4 internacionais a ame contra a integridade territorial ou a ê , 5 ê 6 Un 7 Unidas a intervirem em assuntos que dependam essencialmente da ju , ; , , VII.

14

BUERGENTHAL, Thomas. Human Rights. Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

15

MAGIERA, Siegfried. The General Assembly, Composition, Article 9. In: SIMMA, Bruno; KHAN, Daniel-Erasmus; NOLTE, Georg; PAULUS, Andreas; WESSENDORF, Nikolai. The Charter of the United Nations: A

Commentary, Volume I. Oxford Public International Law: Oxford University Press, novembro 2012.

16

UNITED NATIONS. Charter of The United Nations. Disponível em: < http://www.un.org/en/sections/un-charter/chapter-iv/index.html>. Acesso em: 25 jan 2018. Art. 9 (2)

(16)

to deal with a threat to or breach of the peace or act of aggression if the Security Council fails to act because of the exercise of the veto by a permanent member1718. É possível observar que a sua atuação é extremamente ativa e desenvolve um papel de relevância na ONU. Em que pese a Assembleia Geral não profira decisões vinculantes, mas desenvolve um papel singular na consolidação e manutenção dos Direitos Humanos.

Entre tantos feitos, um dos grandes legados da Assembleia Geral para a consolidação dos Direitos Humanos foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). O referido instrumento internacional foi adotado em dezembro de 1948, objetivando trazer à luz a positivação de direitos e garantias basilares inerentes ao ser humano, alinhados com os princípios e propósitos da ONU, para seara do Direito Internacional19. “ Declaração não é um ”20 e não é considerado efetivamente vinculante, contudo a DUDH detém amplo prestigio e relevância na Comunidade Internacional21. Neste sentido, devemos destacar que a Declaração é marcada e mencionada nos preâmbulos de diversos tratados de Direitos Humanos22, além de refletir princípios gerais do direito em diversos dispositivos23 , colabora na aplicação e promoção do direito costumeiro na seara dos Direitos Humanos, que vincula todos os Estados24.

17

SHAW, Malcolm. International Law. 5 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. P, 1105.

18 “A responsabilidade primária no que diz respeito à manutenção da paz e da segurança internacionais cabe ao

Conselho de Segurança, isto não deve ser entendido que a Assembléia Geral, que engloba todos os Estados membros da organização das Nações Unidas, é negado completamente um papel. A Assembléia Geral pode discutir qualquer questão ou assunto do escopo da Carta, incluindo a manutenção da paz e da segurança internacionais, e pode fazer recomendações aos membros da ONU ou ao Conselho de Segurança, desde que o Conselho não esteja lidando com o mesmo assunto. Sob condições semelhantes, a Assembléia pode, nos termos do artigo 14, “ medidas para o ajuste pacífico de qualquer situação, independentemente da origem, que considere provável prejudicar o bem-estar geral ou as relações amistosas entre as nações. Na prática, as resoluções e declarações da Assembléia Geral (que não são vinculantes) tem abrangido um campo muito vasto, desde disputas coloniais até alegadas violações dos direitos humanos e a necessidade de justiça nos assuntos econômicos internacionais. A Assembleia também afirmou o seu direito de lidar com uma ameaça ou violação da paz ou ato de agressão, se o Conselho de Segurança falhar em agir, devido ao exercício do veto por um membro permanente.” (Tradução livre).

19

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos. 3. Ed. rev., atual e ampl. - Rio de Janeiro: Forence; São Paulo: MÉTODO, 2016. P, 81,82.

20

CRAWFORD, James. Browlie’s Principle of Public International Law. 8. Ed. Reino Unido: Oxford University Press, 2012. P,636.

21

Tema tratado no artigo: OLIVEIRA, Paulo; FONTOURA, Thalita. O Devido Processo Legal Dentro do

Direito Internacional e seus Reflexos nos Sistemas de Proteção aos Direitos Humanos. II Congreso

Iberoamericano Sobre Nuevos Desafíos Jurídicos. Dez, 2017.

22

Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos; Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; Convenção sobre os Direitos da Criança; Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951) entre outros.

23

CRAWFORD, James. Browlie’s Principle of Public International Law. 8. Ed. Reino Unido: Oxford University Press, 2012. P, 636.

24

HENKIN, Luis. The Age of Rights. New York: Columbia University Press, 1990. P, 19. Apud, HANNUM, Hurst. The UDHR in National and International Law vel em: <https://cdn2.sph.harvard.edu/wp-content/uploads/sites/13/2014/04/16-Hannum.pdf>. Acesso em: 06 de dezembro de 2016.

(17)

Por fim, devemos ressaltar que na atualidade a comunidade internacional detém um complexo meio de proteção aos Direitos Humanos na esfera do Direto Internacional Público em geral, e culminado com os Sistemas Regionais de Proteção aos Direitos Humanos2526.

2.2 Breve histórico do ACNUR

Em 14 de dezembro de 1950 a Assembleia Geral deu origem ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados27, por intermédio da “UNGA Resolution 319 (IV) aos 3 de dezembro de 1949” 28. O ACNUR foi elaborado para ser um órgão subsidiário da Assembleia Geral e sua atuação foi criada para se desenvolver em um período inicial de três anos29, mediante as questões dos refugiados, devido às consequências deixadas pelas atrocidades da Segunda Guerra Mundial30. Contudo, a Assembleia Geral constatou que o ACNUR deveria permanecer para assessorar aos refugiados31.

O ACNUR atua de modo apartidário e com caráter humanitário32. Atualmente, Alto Comissariado age em 126 países33 e, como bem destaca a Assembleia Geral, o trabalho é “desenvolvido em cooperação com os Estados e outros parceiros, objetivando a promoção e facilitação da admissão, recepção e tratamento dos refugiados, em consonância com as normas internacionais”34. Neste sentido, devemos destacar também o papel do Comitê

25

Sistema Africano de Proteção dos Direitos Humanos e dos Povos, Sistema Europeu de Proteção aos Direitos Humanos e Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos.

26

BUERGENTHAL, Thomas. Human Rights. Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

27

ACNUR. Breve Histórico do ACNUR. Disponível em: < http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/breve-historico-do-acnur/>. Acesso em: 04 dez 2017.

28

FELLER, Erika; KLUG, Anja. Refugees, United Nations High Commissioner for (UNHCR). Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

29

FELLER, Erika. The Evolution of the International Refugee Protection Regime. In: Volume 5 The Institute for Global Legal Studies Inaugural Colloquium: The UN and the Protection of Human Rights. Washington University Journal of Law & Policy, 2001.

30

FELLER, Erika; KLUG, Anja. Refugees, United Nations High Commissioner for (UNHCR). Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

31

FELLER, Erika. The Evolution of the International Refugee Protection Regime. In: Volume 5 The Institute for Global Legal Studies Inaugural Colloquium: The UN and the Protection of Human Rights. Washington University Journal of Law & Policy, 2001.

32

UNGA. Seventy-first session (A/RES/71/172). Disponível em:

<http://www.unhcr.org/excom/bgares/58f747617/resolution-adopted-general-assembly-19-december-2016.html >. Acesso em: 04 dez 2017.

33

MAHLKE, Helisane. Direito Internacional dos Refugiados: Novo Paradigma Jurídico. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2017. P, 43, 44.

34

UNGA. Seventy-first session (A/RES/71/172). Disponível em:

<http://www.unhcr.org/excom/bgares/58f747617/resolution-adopted-general-assembly-19-december-2016.html >. Acesso em: 04 dez 2017.

(18)

Executivo do ACNUR (ExCom) que é um órgão subsidiário da Assembleia Geral e sua atuação tem fulcro no art. 3 do Estatuto do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados35. O ACNUR define que as principais funções da ExCom são auxiliar o Alto Comissariado em suas atribuições, assim como, anualmente, efetivar revisões frente a utilização dos fundos disponíveis ao Alto Comissariado e dos programas sugeridos ou os que já estão em processo de execução36.

O ACNUR visa resguardar os direitos inerentes das pessoas refugiadas, incluindo a busca por um Estado seguro, o qual irá se refugiar37, a fim de que durante o período de asilo o refugiado possa ter preservado a sua dignidade e o acesso aos direitos basilares. Mediante a busca da preservação de direitos inerente a dignidade da pessoa humana, devemos destacar que o ACNUR detém como uma de suas prioridades a manutenção “efforts to ensure safe access to education and to expand the availability and impact of educational opportunities for persons of concern were priorities for UNHCR” 38 39. Ademais, sobre a atuação do ACNUR, Cançado Trindade destaca que:

La nueva estrategia del ACNUR, que abarca, además de la protección, también la

prevención y la solución (duradera o permanente), contribuye a revelar que el

respeto a los derechos humanos constituye el mejor medio de prevención de los problemas de refugiados. La visión tradicional concentraba la atención casi exclusivamente en la etapa intermedia de protección (refugio); fueron las necesidades de protección que llevaron el ACNUR, en los últimos años, a ampliar su enfoque de modo a también comprender la etapa "previa" de prevención y la etapa "posterior" de solución durable (repatriación voluntaria, integración local, reasentamiento)4041.

35

MAHLKE, Helisane. Direito Internacional dos Refugiados: Novo Paradigma Jurídico. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2017. P. 43, 44.

36

ACNUR. O Comitê Executivo (ExCom). Disponível em: <http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/o-comite-executivo-excom/>. Acesso em: 04 dez 2017.

37

ACNUR. A missão do ACNUR. Disponível em: <http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/a-missao-do-acnur/>. Acesso em: 10 dez 2017.

38

UNHCR. Report of the United Nations High Commissioner for Refugees Covering the period 1 July 2015-30 June 2016. Disponível em: < http://www.unhcr.org/excom/unhcrannual/5808d8b37/report-united-nations-high-commissioner-refugees-covering-period-1-july.html>. Acesso em: 10 dez 2017.

39

“ ços para garantir o acesso seguro à educação e ampliar a disponibilidade e o impacto das oportunidades educacionais para as pessoas em dificuldade, foram prioridades para o ACNUR” (Tradução livre)

40

TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Derecho Internacional de los Derechos Humanos, Derecho Internacional de los Refugiados y Derecho Internacional Humanitario: Aproximaciones y Convergencias. ACNUR, IIDH, Gobierno de Costa Rica: 1994.

41 “A nova estratégia do ACNUR, que inclui, além de proteção, também prevenção e solução (duradoura ou

permanente), ajuda a revelar que o respeito pelos direitos humanos é o melhor meio para prevenir problemas de refugiados. A visão tradicional concentrou a atenção quase exclusivamente na etapa intermediária de proteção (refúgio); foram as necessidades de proteção que levaram o ACNUR, nos últimos anos, a ampliar sua abordagem para também entender o estágio "anterior" de prevenção e o estágio "posterior" de solução durável (repatriamento voluntário, integração local, reassentamento)” (Tradução livre)

(19)

Por fim, o ACNUR é uma das mais importantes agências humanitárias na atualidade, contemplando ajuda a mais de 50 milhões de pessoas desde o inicio de suas atividades42. Mediante a amplitude e relevância do seu trabalho, nos anos de 1954 e 1981, recebeu o Prêmio Nobel da Paz43.

2.3 O Direito dos Refugiados no Direito Internacional

O presente tópico tem por objetivo explanar sobre as hipóteses que um indivíduo, fora de seu país de origem, pode ser declarado refugiado e quais são as garantias de Direitos Humanos lhe são inerentes. Por fim, será pontuada a cooperação na comunidade internacional para efetivar o Direito dos Refugiados.

2.3.1 Definição

O direito dos refugiados é um meio de garantir a preservação dos direitos humanos para pessoas que se encontra em situações específicas de maior vulnerabilidade, garantido que direitos costumeiros na espera internacional, assim como diversas proteções pontuadas em tratados internacionais sejam respeitadas e aplicadas. Englobado por relevantes tratados e documentos na esfera internacional que protegem os refugiados, como por exemplo, o Protocolo de 1967 Relativo ao Estatuto dos Refugiados e a Declaração de Nova Iorque sobre Refugiados e Migrantes, que tem um compromisso de elevar o debate “sobre como melhor garantir os direitos de refugiados e migrantes e compartilhar a responsabilidade em escala global”44, além de por à luz a necessidade da criança refugiada, após os meses iniciais, ao ingressar no Estado, já tenha acesso à educação45. Ademais, destaca-se a Convenção das Nações Unidas de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados que, no meio de diversas realizações,

42

ACNUR. Breve Histórico do ACNUR. Disponível em: <http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/breve-historico-do-acnur/>. Acesso em: 04 dez 2017.

43

ACNUR. Breve Histórico do ACNUR. Disponível em: <http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/breve-historico-do-acnur/>. Acesso em: 04 dez 2017.

44 ACNUR. Declaração de Nova York é “ oportunidade ” para refugiados, afirma Chefe de Proteção do ACNUR. Disponível em: < http://www.acnur.org/portugues/noticias/noticia/declaracao-de-nova-york-e-uma-oportunidade-unica-para-refugiados-afirma-chefe-de-protecao-do-acnur/>. Acesso em: 03 mar 2018.

45 UNITED NATIONS. New York Declaration. Disponível em: < https://refugeesmigrants.un.org/declaration>.

(20)

“consolidou os instrumentos internacionais anteriores relativos aos refugiados e forneceu a codificação mais robusta/ exaustiva dos direitos dos refugiados na esfera internacional”46.

O status de Refugiado é reconhecido por meio de um ato declaratório47 e, para isso, devem ser compreendidas as hipóteses que levam o indivíduo a ser considerado refugiado. Segundo o que dispõe a Convenção de 1951, a pessoa refugiada encontrar-se-ia no seguinte contexto:

owing to well-founded fear of being persecuted for reasons of race, religion, nationality, membership of a particular social group or political opinion, is outside the country of his nationality and is unable or, owing to such fear, is unwilling to avail himself of the protection of that country; or who, not having a nationality and being outside the country of his former habitual residence as a result of such events, is unable or, owing to such fear, is unwilling to return to it4849.

Decerto, algumas palavras-chave devem ser destacadas para uma maior compreensão frente à aplicação do referido artigo. A princípio, devemos salientar que o well-founded fear50, “ fundado ”, contém elementos objetivos e ”51

que devem ser analisados na aplicação do caso concreto. O elemento objetivo é cristalizado mediante a materialização da situação fática52, já o elemento subjetivo é a própria reação psicológica do indivíduo frente a um acontecimento que lhe causa fundado temor, ou seja, o elemento subjetivo do temor de uma pessoa, que fundamenta seu status de refugiado, é justificado perante uma situação

46

UNHCR. Convention and Protocol Relating to the Status of Refugees. Resolution 2198 (XXI) United Nations General Assembly. Disponível em: < http://www.unhcr.org/3b66c2aa10>. Acesso em: 22 dez. 2017.

47

KUGELMANN, Dieter. Refugees. Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

48

UNHCR.Convention relating to the Status of Refugees (1951). Disponível em: < http://www.ohchr.org/EN/ProfessionalInterest/Pages/StatusOfRefugees.aspx>. Acesso em: 22 dez. 2017.

49 “ ao fundado temor de ser perseguido por razões , o, nacionalidade, por pertencer a um

determinado grupo social ou opinião tica, está pode ou, devido a esse temor, não anseia valer-se da proteção desse país; ou quem tem nacionalidade e está onde tinha resi ência habitual, como resultado de tais eventos, pode ou, devido a , quer voltar ao país.” (Tradução livre)

Há o texto na versão em português: ONU.Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951). Disponível

em: <

http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiad os.pdf?view=1>. Acesso em: 22 dez 2017.

50

Pesquisadora esclarece que o termo é apresentado em inglês, pois foi o meio mais apropriado para discorrer sobre a mencionada terminologia.

51

UNHCR. Handbook and Guidelines on Procedures and Criteria for Determining Refugee Status: Under the 1951 Convention and the 1967 Protocol Relating to the Status of Refugees. 3. Ed. Geneva: 2011. HCR/1P/4/enG/Rev. 3.

52

UNHCR. Handbook and Guidelines on Procedures and Criteria for Determining Refugee Status: Under the 1951 Convention and the 1967 Protocol Relating to the Status of Refugees. 3. Ed. Geneva: 2011. HCR/1P/4/enG/Rev. 3.

(21)

objetiva53. Ainda sobre o well-founded fear, podemos afirmar que um elemento a ser observado é o insucesso do Estado em proteger, e/ou a ineficiência da proteção das autoridades oficiais para o indivíduo54.

Outra palavra a ser salientada é a persecution, cujo termo não é expressamente definido no Direito Internacional para as situações de refúgio55. Por isso, é possível usar alguns elementos apresentados pelos avanços na proteção aos Direitos Humanos, para direcionar o entendimento da perseguição, já pontuado pelo ACNUR, como violações aos Direitos Humanos ou drástica lesão que não precisa, necessariamente, ser praticado de forma reiterada56. Neste sentido, entende-se a perseguição como uma violação já consumada de um direito essencial do refugiado ou a iminência de uma violação, sendo capaz de ser uma perseguição intencional ou não57.

Sobre aplicação do status de refugiado é importante salientar que de acordo com o que dispõe a própria Convenção de 51, o referido critério estabelecido deveria ser aplicado tão somente às pessoas que sofreram com os efeitos dos fatos ocorridos antes de 1° de janeiro de 195158. Neste sentido, apesar de o Protocolo de 67 ser “ instrumento independente, cuja adesão não se limita aos Estados Partes da Convenção de 51”59, ele estendeu a definição de refugiados para as pessoas que saiam dos seus países de origem, mediante os fundamentos apresentados na convenção de 51, por causa dos acontecimentos posteriores ao 1° de janeiro

53

UNHCR. Handbook and Guidelines on Procedures and Criteria for Determining Refugee Status: Under the 1951 Convention and the 1967 Protocol Relating to the Status of Refugees. 3. Ed. Geneva: 2011. HCR/1P/4/enG/Rev. 3.

54

UNHCR. Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees. Disponível em : < http://www.refworld.org/docid/3b20a3914.html>. Acesso em: 25 dez. 2017.

55

UNHCR. Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees. Disponível em : < http://www.refworld.org/docid/3b20a3914.html>. Acesso em: 25 dez. 2017.

56

UNHCR. Interpreting Article 1 of the 1951 Convention Relating to the Status of Refugees. Disponível em : < http://www.refworld.org/docid/3b20a3914.html>. Acesso em: 25 dez. 2017.

57

KUGELMANN, Dieter. Refugees. Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

58

ONU.Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951). Disponível em: < http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiad os.pdf?view=1>. Acesso em: 22 dez 2017.

59

UNHCR. Handbook and Guidelines on Procedures and Criteria for Determining Refugee Status: Under the 1951 Convention and the 1967 Protocol Relating to the Status of Refugees. 3. Ed. Geneva: 2011. HCR/1P/4/enG/Rev. 3.

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de 195160. Do mesmo modo, “ Convenção de 51 foi estendida no tempo e no espaço mediante a adoção do Protocolo de 67”61.

Como é possível observar, há uma delimitação bem definida quanto a hipótese de um indivíduo ser detentor do status de Refugiado, por isso migrantes econômicos, por desastres ambientais, entre outros deslocamentos que colocam grupos ou pessoas em situação de vulnerabilidade que fogem do escopo da definição de refugiados, atualmente, não são considerados como refugiados62. Contudo, o ACNUR tem desenvolvido ações para ajudar os governos valerem-se das diretrizes de proteções oriundas dos refugiados nas políticas de migração de cada Estado63.

2.3.2 Breve explanação sobre as garantias basilares aos refugiados

, do ACNUR está imersa em um cenário protetivo dos direitos humanos64 e, no mesmo sentido, as garantias e direitos dos refugiados têm em sua essência a manutenção da dignidade da pessoa humana. Ademais, Cançado Trindade assevera que os Direitos Humanos dos refugiados devem ser resguardados nas três etapas, ou seja, antes do processo de solicitação de refúgio, durante o período de refúgio e também no momento posterior, assim como as referidas garantias devem ser respeitada integralmente, o que inclui os “ econômicos, sociais e ”65. Em sentido similar, na Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos em 1993, foi asseverado que:

60

KUGELMANN, Dieter. Refugees. Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

61

UNITED NATIONS ECONOMIC AND SOCIAL COUNCIL. Question of the Violation of Human Rights and Fundamental Freedoms in Any Part of the World, with Particular Reference to Colonial and Other Dependent Countries and Territories Study on Human Rights and Massive Exoduses (E/CN.4/1503). Disponível em: < http://repository.un.org/handle/11176/160874>. Acesso em: 22 dez. 2017.

62

KUGELMANN, Dieter. Refugees. Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

63

UNHCR. Refugee Protection and Mixed Migration:The 10-Point Plan in action. Disponível em: <http://www.unhcr.org/50a4c2b09.pdf.>. Acesso em: 22 dez. 2017.

64

TRINDADE, Antônio Augusto Cançado; PEYTRIGNET, Gérard; SANTIAGO, Jaime Ruiz de. As Três Vertentes da Proteção Internacional dos Direitos da Pessoa Humana: Direitos Humanos, Direito

Humanitário, Direito dos Refugiados. Disponível em: <

http://www.institutoriobranco.itamaraty.gov.br/images/pdf/CAD/LXVII/Bibliografia/Direitos-Humanos-e- Desenvolvimento-Social/leitura-complementar/Cpt-CancadoTrindade-1996-TresVertProtIntPesHumanaCap1-4.pdf>. Acesso em: 25 dez. 2017.

65

TRINDADE, Antônio Augusto Cançado; PEYTRIGNET, Gérard; SANTIAGO, Jaime Ruiz de. As Três Vertentes da Proteção Internacional dos Direitos da Pessoa Humana: Direitos Humanos, Direito

Humanitário, Direito dos Refugiados. Disponível em: <

(23)

http://www.institutoriobranco.itamaraty.gov.br/images/pdf/CAD/LXVII/Bibliografia/Direitos-Humanos-e-All human rights are universal, indivisible and interdependent and interrelated. The international community must treat human rights globally in a fair and equal manner, on the same footing, and with the same emphasis. While the significance of national and regional particularities must be borne in mind, it is the duty of states, regardless of their political, economic and cultural systems, to promote and protect all human rights and fundamental freedoms6667.

Sob esta ótica, deve ser destacado como ponto inicial a ser tangenciado, as normas e princípios dispostos na Convenção de 51 e no Protocolo de 67, que acarretam reflexos direto dos Direitos Humanos como, por exemplo, a proibição de atos discriminatórios quanto raça, à religião ou ao país de origem68, tal qual reconhece a liberdade da prática religiosa69, além de destacar que nenhuma norma posta na Convenção poderá ferir os outros direitos concedidos aos refugiados70, entre outras garantias de igual importância. Ademais, o Conselho de Segurança da ONU através da resolução 1208, adotada por unanimidade, reafirmou “the importance of the principles relating to the status of refugees (…) in the United Nations Convention relating to the Status of Refugees of 28 July 1951, as modified by the Protocol relating to the Status of Refugees of 31 January 1967”7172.

Decerto, as normas impostas nas supramencionadas Convenção e Protocolo, estão em consonância com as garantias postas em consagrados tratados de Direitos Humanos. Todavia, faz-se necessário explanar a aplicação dos tratados de Direitos Humanos incidentes em função dos refugiados, como por exemplo, o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, entre outros. Brian Gorlick, Desenvolvimento-Social/leitura-complementar/Cpt-CancadoTrindade-1996-TresVertProtIntPesHumanaCap1-4.pdf>. Acesso em: 25 dez. 2017.

66 UNHCR. RLD5 - Human Rights and Refugee Protection. Disponível em: <

http://www.refworld.org/docid/3ccea4494.html>. Acesso em: 28 dez. 2017

67 “Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis e interdependentes e inter-relacionados. A

comunidade internacional deve tratar os direitos humanos, a nível global, de forma justa e igual, em pé de igualdade e com a mesma ênfase. Embora seja importante ter em mente as especificidades nacionais e regionais, é dever dos Estados, independentemente de seu sistema político, econômico e cultural, promover e proteger todos os direitos humanos e liberdades fundamentais” (Tradução livre)

68

ONU.Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951). Art 3. Disponível em: < http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiad os.pdf?view=1>. Acesso em: 22 dez. 2017.

69

ONU.Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951). Art 4. Disponível em: < http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiad os.pdf?view=1>. Acesso em: 22 dez. 2017.

70

ONU.Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951). Art 5. Disponível em: < http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiad os.pdf?view=1>. Acesso em: 22 dez. 2017.

71

UN SECURITY COUNCIL. On the maintenance of the security and civilian and humanitarian character of refugee camps and settlements in Africa. S/RES/1208 (1998). Disponível em: < http://www.refworld.org/docid/4ae9acc50.html>. Acesso em: 25 Dez. 2017.

72

“a importância dos princípios relativos ao estatuto dos refugiados (...) na Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados, de 28 de Julho de 1951, alterada pelo Protocolo relativo ao Estatuto dos Refugiados de 31 de Janeiro de 1967” (Tradução livre)

(24)

enfatiza que as normas pontuadas em tratados internacionais de Direitos Humanos convergem no entendimento da obrigação dos Estados garantirem que os Direitos Humanos sejam aplicados para todos os indivíduos sob sua jurisdição73. Verbi gratia, a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança afirma, em seu artigo 2, que os “Estados Partes devem respeitar os direitos enunciados na Convenção e aplicá-los a cada criança sujeita a sua ”74

.

O Human Rights Committee afirma que as normas de Direitos Humanos essenciais são consideradas obrigações erga omnes75. Neste sentido, é imperioso destacar que o Human Rights Committee consagra “a general obligation is imposed on States Parties to respect the Covenant rights and to ensure them to all individuals in their territory and subject to their jurisdiction”76 77

, sendo este o meio de cumprir as obrigações internacionais em boa fé, com fulcro no artigo 26 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados78. Portanto, fica demonstrada a aplicação de Tratados de Direitos Humanos para corroborar com a proteção aos refugiados, tornando mais robusta a preservação e os meios protetivos para a dignidade da pessoa humana.

Ainda com o intuito de resguardar os Direitos Humanos inerentes a todo ser humano, mediante o estado de vulnerabilidade do refugiado, ficou consagrada a aplicação do princípio do non-refoulement. Este princípio pode ser visualizado na própria Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, em seu artigo 33, assim como em instrumentos internacionais que não têm como escopo direto a proteção dos refugiados, como, por exemplo, a Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, em instrumento regional de proteção aos direitos humanos79 e na consagrada Declaração Universal dos Direitos do Homem80.

73

UNHCR. Human rights and refugees: enhancing protection through international human rights law. Disponível em: < http://www.refworld.org/docid/4ff581592.html>. Acesso em: 25 Dez. 2017.

74

UNHCR. Human rights and refugees: enhancing protection through international human rights law. Disponível em: < http://www.refworld.org/docid/4ff581592.html>. Acesso em: 25 Dez. 2017.

75

UN HUMAN RIGHTS COMMITTEE. General Comment No. 31: The Nature of the General Legal Obligation Imposed on States Parties to the Covenant. CCPR/C/21/Rev.1/Add. 13, 26 Maio 2004.

76

UN HUMAN RIGHTS COMMITTEE. General Comment No. 31: The Nature of the General Legal Obligation Imposed on States Parties to the Covenant. CCPR/C/21/Rev.1/Add. 13, 26 Maio 2004.

77

“uma obrigação geral é imposta aos Estados Partes de respeitarem os direitos do Pacto e assegurá-los a todos os indivíduos no seu território e sujeitos à sua jurisdição” (Tradução livre)

78

UN HUMAN RIGHTS COMMITTEE. General Comment No. 31: The Nature of the General Legal Obligation Imposed on States Parties to the Covenant. CCPR/C/21/Rev.1/Add. 13, 26 Maio 2004.

79

TRINDADE, Antônio Augusto Cançado; PEYTRIGNET, Gérard; SANTIAGO, Jaime Ruiz de. As Três Vertentes da Proteção Internacional dos Direitos da Pessoa Humana: Direitos Humanos, Direito

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O non-refoulement visa, segundo disposto na Convenção de 51, que “ dos Estados Contratantes expulse ou rechace um refugiado para as fronteiras dos territórios em que a sua vida ou a sua liberdade seja ameaçada em virtude da sua raça, da sua religião, da sua nacionalidade, do grupo social a que pertence ou das suas opiniões políticas”81. Insta salientar que fica “ ao Estado não somente expulsar o refugiado para o país de origem, mas também para outros países onde a vida ou a liberdade do refugiado estariam ”82

. Ademais, é imperioso frisar que este direito não é absoluto e possui exceções dispostas no próprio artigo 33 da Convenção de 51, ao declarar que o referido princípio não será aplicado na hipótese do refugiado representar uma ameaça a segurança nacional ou mediante condenação definitiva por crime grave83.

O princípio supramencionado foi apontado pelo ACNUR como detentor de todos os elementos necessários - State practice e opinio juris - para constituir um Direito Costumeiro, à luz do artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça84. Como consequência, “ vinculante perante todos os Estados, mesmo aqueles que não são signatários da Convenção de 51 e/ou Protocolo de 67” 85. Outrossim, o ExCom ratifica a relevância do princípio basilar do non-refoulement 86, sendo portanto um princípio fundamental na seara dos Direitos dos Refugiados e dos Direitos Humanos87.

http://www.institutoriobranco.itamaraty.gov.br/images/pdf/CAD/LXVII/Bibliografia/Direitos-Humanos-e- Desenvolvimento-Social/leitura-complementar/Cpt-CancadoTrindade-1996-TresVertProtIntPesHumanaCap1-4.pdf>. Acesso em: 25 dez. 2017.

80

ONU. Direitos Humanos e Refugiados. Disponível em: <

http://direitoshumanos.gddc.pt/pdf/Ficha_Informativa_20.pdf>. Acesso em: 25 dez. 2017.

81

ONU.Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951). Disponível em: < http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiad os.pdf?view=1>. Acesso em: 22 dez. 2017.

82

Division of International Protection of the United Nations High Commissioner for Refugees. Commentary on The Refugee Convention 1951 Articles 2-11, 13-37. Disponível em: < http://www.unhcr.org/3d4ab5fb9.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2017.

83

ONU.Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951). Disponível em: < http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiad os.pdf?view=1>. Acesso em: 22 dez. 2017.

84

UNHCR. Advisory Opinion on the Extraterritorial Application of Non-Refoulement Obligations under the 1951 Convention relating to the Status of Refugees and its 1967 Protocol. Disponível em: < http://www.unhcr.org/4d9486929.pdf>. Acesso em: 26 dez. 2017.

85

UNHCR. Advisory Opinion on the Extraterritorial Application of Non-Refoulement Obligations under the 1951 Convention relating to the Status of Refugees and its 1967 Protocol. Disponível em: < http://www.unhcr.org/4d9486929.pdf>. Acesso em: 26 dez. 2017.

86

EXCOM. Conclusão geral sobre proteção internacional. No. 79 (XLVII). 47a Sessão, 1996.

87

GOODWIN-GILL, G.S. The International Law of Refugee Protection. In: FIDDIAN-QASMIYEH;LOESCHER,Gil; LONG, Katy; SIGONA, Nando. The Oxford Handbook of Refugee and Forced

(26)

Outra proteção aplicável está cristalizada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde é afirmado que toda a pessoa submetida a perseguição possui o direito de buscar asilo em outros Estados88. Neste sentido, Dieter Kugelmann aponta a Declaração das Nações Unidas sobre o Asilo Territorial como instrumento grande relevância, apesar de não ser vinculante89. Kugelmann transcreve um importante trecho do referido instrumento internacional que afirma “ concessão de asilo como um ato pacífico humanitário e não pode ser considerado um ato hostil por nenhum outro Estado"90. Além disso, segundo afirmado pelo ACNUR, “um Estado ao receber um pedido de asilo, nas suas fronteiras ou no seu território, terá responsabilidade imediata de proteção aos refugiados relativos à admissão, pelo menos de forma temporária”91. Mediante o exposto, pode-se concluir que a concessão do asilo para os refugiados é um ato de preservação dos direitos humanos, da possibilidade de uma aplicação mais robusta do Direito dos Refugiados e, especialmente, um ato de resguardar a importante norma jus cogens, do direito à vida.

2.3.3 Cooperação

No Direito Internacional é obrigação dos Estados signatários da ONU adotarem meios, conjuntamente ou separadamente, para promover ações de respeito aos Direitos Humanos92. Assim, no encontro da Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos, realizado para todos os Estados signatários da ONU93, foi afirmado que:

The promotion and protection of all human rights and fundamental freedoms must be considered as a priority objective of the United Nations in accordance with its purposes and principles, in particular the purpose of international cooperation. In the

88

ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 10 dezembro 1948. Disponível em: < http://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2017.

89

KUGELMANN, Dieter. Refugees. Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

90

KUGELMANN, Dieter. Refugees. Max Planck Encyclopedia of Public International Law, Oxford University Press, 2013.

91

UNHCR. Addressing irregular secondary movements of refugees and asylum-seekers. Disponível em: <http://www.unhcr.org/protection/convention/407110d03/issues-paper-submitted-unhcr-addressing-irregular-secondary-movements-refugees.html?query=FORUM/CG/SM/03>. Acesso em: 27 dez. 2017.

92

UNGA. Declaration on Principles of International Law concerning Friendly Relations and Co-operation among States in accordance with the Charter of the United Nations. 2625 (XXV). Disponível em: < http://www.un-documents.net/a25r2625.htm>. Acesso em: 28 dez. 2017

93

UNHCR. RLD5 - Human Rights and Refugee Protection. Disponível em: < http://www.refworld.org/docid/3ccea4494.html>. Acesso em: 28 dez. 2017

(27)

framework of these purposes and principles, the promotion and protection of all human rights is a legitimate concern of the international community9495.

Transpondo a referida premissa no contexto do Direito dos Refugiados, a cooperação entre os Estados em parceria com o ACNUR é fundamental para a proteção e resolução de questões que envolvem os direitos dos refugiados96. Inclusive, esta cooperação entre os Estados é essencial na seara dos Direitos dos Refugiados, pois além de solucionar problemas entorno da referida temática, impedirá outros tipos ou mais violações dos Direitos Humanos, proporcionando assim, a manutenção destes direitos de forma mais eficiente.

Interessante realizar uma breve contextualização prática da importância da cooperação entre os Estados no caso dos refugiados. Houve uma conferência que contou com a presença de representantes de mais de 20 países do continente da América, além da participação do ACNUR, OEA e OIM, com o objetivo de elaborar estratégias visando um impacto positivo na proteção dos refugiados e na migração internacional97. Como resultado do evento, Erika Feller destacou que “as Américas têm agora um maior entendimento do vínculo entre a migração e a protecção de refugiados”98. Conforme resultado dessas cooperações, haverá maior esclarecimento e aprimoramento sobre a aplicação dos direitos e garantias dos refugiados.

2.4 O Direito dos Refugiados nos Sistemas Regionais de Proteção aos Direitos Humanos

Atualmente existem três Sistemas Regionais de Proteção aos Direitos Humanos: Sistema Africano de Proteção dos Direitos Humanos e dos Povos, Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos e o Sistema Europeu de Proteção dos Direitos Humanos. Importante destacar o trabalho desenvolvido pelos Sistemas Regionais de Proteção aos

94

UNHCR. RLD5 - Human Rights and Refugee Protection. Disponível em: < http://www.refworld.org/docid/3ccea4494.html>. Acesso em: 28 dez. 2017

95

“A promoção e proteção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais devem ser consideradas como objetivo prioritário das Nações Unidas de acordo com seus propósitos e princípios, em particular o propósito da cooperação internacional. No âmbito desses propósitos e princípios, a promoção e proteção de todos os direitos humanos é uma preocupação legítima da comunidade internacional” (Tradução livre)

96

FELLER, Erika. The Evolution of the International Refugee Protection Regime. In: Volume 5 The Institute for Global Legal Studies Inaugural Colloquium: The UN and the Protection of Human Rights. Washington University Journal of Law & Policy, 2001.

97

ACNUR. Cooperação entre Estados é vital para a protecção dos refugiados. Disponível em: < http://www.acnur.org/noticias/noticia/cooperacao-entre-estados-e-vital-para-a-proteccao-dos-refugiados/>. Acesso em: 28 dez. 2017

98

ACNUR. Cooperação entre Estados é vital para a protecção dos refugiados. Disponível em: < http://www.acnur.org/noticias/noticia/cooperacao-entre-estados-e-vital-para-a-proteccao-dos-refugiados/>. Acesso em: 28 dez. 2017

(28)

Direitos Humanos, uma vez que os instrumentos dos sistemas regionais corroboram com o trabalho desenvolvido pela ONU na seara dos Direitos Humanos99. Por este motivo, será brevemente explanada a atuação de cada um destes sistemas no que tangência a proteção aos refugiados. Entretanto, serão pontuados apenas alguns dos aspectos principais dos Sistemas regionais devido à diversidade do arcabouço normativo por eles apresentados.

No âmbito do Sistema Africano, o destaque ocorre mediante a Organização da Unidade Africana (OUA), os quais todos os Estados Africanos tornaram-se membros100, sendo posteriormente sucedida pela União Africana (UA)101. “ OUA adotou importantes tratados de proteção aos Direitos Humanos, dentre eles merece ênfase o que trata diretamente sobre o direito de pessoas re ”, a Convenção da Organização da Unidade Africana que Rege os Aspectos Específicos dos Refugiados na África102, adotada em 1969, através da Conferência dos Chefes de Estado e do Governo na Sexta Sessão Ordinária103. A referida Convenção se ressalta pelas relevantes proteções pontuadas e por suas inovações. A princípio, deve-se destacar que a convenção em seu artigo 1104 amplia a definição clássica sobre as hipóteses em que o indivíduo será declarado refugiado105. Ademais, sobre a Convenção, é impreterível evidenciar que o tratado demonstra forte encorajamento a cooperação entre os Estados Membros, através da implementação da responsabilidade compartilhada106, entre outros feitos. Por fim, salienta-se o Comitê Africano de Especialistas em Direitos e Bem-estar da Criança que tem como objetivo central “promover e proteger os direitos e o bem estar das

99

UNHCR. RLD5 - Human Rights and Refugee Protection. Disponível em: < http://www.refworld.org/docid/3ccea4494.html>. Acesso em: 28 dez. 2017

100

UNHCR. RLD5 - Human Rights and Refugee Protection. Disponível em: < http://www.refworld.org/docid/3ccea4494.html>. Acesso em: 28 dez. 2017

101

MAHLKE, Helisane. Direito Internacional dos Refugiados: Novo Paradigma Jurídico. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2017. P. 140

102

UNHCR. RLD5 - Human Rights and Refugee Protection. Disponível em: < http://www.refworld.org/docid/3ccea4494.html>. Acesso em: 28 dez. 2017

103

OUA. Convenção da Organização da Unidade Africana que Rege os Aspectos Específicos dos Refugiados em África. Disponível em: <http://www.refugiados.net/cid_virtual_bkup/asilo2/2couaapr.html>. Acesso em: 05 jan. 2018

104

“O termo refugiado aplica-se também a qualquer pessoa que, devido a uma agressão, ocupação externa, dominação estrangeira ou a acontecimentos que perturbem gravemente a ordem pública numa parte ou na totalidade do seu país de origem ou do país de que tem nacionalidade, seja obrigada a deixar o lugar da residência habitual para procurar refúgio noutro lugar fora do seu país de origem ou de nacionalidade.”

105

MAHLKE, Helisane. Direito Internacional dos Refugiados: Novo Paradigma Jurídico. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2017. P. 142

106

MAHLKE, Helisane. Direito Internacional dos Refugiados: Novo Paradigma Jurídico. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2017. P. 142

(29)

crianças, por intermédio de recolhimento e documentação de informações, avaliando problemas relacionados às crianças” 107.

No que se refere ao Sistema Interamericano, podemos destacar a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), que profere as decisões e opiniões consultivas e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que dentre diversas funções, em sua essência visa proteger e promover os Direitos Humanos108. Conforme citado pelo ACNUR, alguns dos principais tratados que norteiam o Sistema Interamericano são: “ of the Organization of American States (1948); American Declaration of the Rights and Duties of Man (1948); American Convention on Human Rights (1969); Inter-American Convention to Prevent and Punish Torture (1985)"109, entre outros. Como é possível observar, o Sistema Interamericano detém um rico arcabouço normativo para a proteção aos Direitos Humanos.

O ACNUR e a OEA vêm constituindo cooperações através de acordos com a Corte IDH e a CIDH , com o objetivo de robustecer os direitos e garantias dos refugiados e solicitantes de refúgio110. Em relação à referida cooperação, destaca-se a mútua colaboração que vem se sedimentando há décadas, inclusive o ACNUR em parceria com o Sistema Interamericano, desenvolveu um “programa de cooperação”111, o qual evidenciava desde aquela época que o “tema de asilo e proteção aos refugiados vem sendo alvo de preocupação da Assembleia Geral da OEA desde 1982”112. Por fim, no que tangência a proteção aos direitos dos refugiados na esfera judicial, destaque-se o Caso Família Pacheco Tineo vs. Bolívia, cuja Corte IDH pontuou a relevância do procedimento adequado durante o processo

107

UNHCR. Human Rights and Refugee Protection, Self-study Module 5, Vol. I. Acesso em: <

http://www.unhcr.org/publications/legal/45a7acb72/self-study-module-5-vol-human-rights-refugee-protection.html?query=Regional%20systems>. Acesso em: 5 jan. 2018

108

OEA. Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Disponível em: < http://www.oas.org/pt/sobre/comissao_direitos_humanos.asp>. Acesso em: 05 jan. 2018

109

UNHCR. RLD5 - Human Rights and Refugee Protection. Disponível em: < http://www.refworld.org/docid/3ccea4494.html>. Acesso em: 28 dez 2017

110

MAHLKE, Helisane. Direito Internacional dos Refugiados: Novo Paradigma Jurídico. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2017. P. 101

111

ACNUR. N INTERNA RICA LATINA: tico del dualismo “ - ” a la luz del Derecho Internacional de los

Derechos Humanos. Disponível em: <

http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/Publicaciones/2012/8945.pdf?view=1>. Acesso em: 28 dez 2017

112

ACNUR. El Asilo y La Protección Internacional de los Refugiados en América Latina: tico del dualismo “ - ” a la luz del Derecho Internacional de los Derechos Humanos. Disponível em:<http://www.corteidh.or.cr/tablas/22563.pdf>. Acesso em: 05 jan. 2018

Referências

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