BREVES APONTAMENTOS SOBRE POVOS E LÍNGUAS INDÍGENAS

2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA, LINGUÍSTICA E SOCIOCULTURAL

Neste capítulo, contextualizamos a história, a língua e a cultura de Minas Gerais, a partir da presença indígena verificada no estado, principalmente, no período colonial, época em que os gentios eram mais em termos numéricos e de pluralidade de povos. A diversidade étnica – brancos, negros e autóctones – observada desde o povoamento e que foi, consideravelmente, ampliada pela miscigenação, bem como a variedade de crenças, de valores e de línguas fizeram de Minas um território vário. A ideia aqui é traçar um panorama geral. Antes porém julgamos necessário fazer breves apontamentos sobre povos e línguas indígenas do Brasil.

C O L Ô M B I A

V E N E Z U E L A

S U R I N A M E

A M A P Á G U I A N A

G U I A N A

FRANCESA

R O R A I M A

P A R Á

T O C A N T I N S

EQUADOR

A C R E

A R G E N T I N A S A N TA C ATA R I N A

P A R A N Á

S Ã O P A U L O

M I N A S

G E R A I S

P A R A G U A I

B O L Í V I A

R O N D Ô N I A

M A T O

G R O S S O

M A T O G R O S S O D O S U L

G O I Á S

B A H I A

SERGIPE

ALAGOAS

C E A R Á M A R A N H Ã O

P I A U Í

RIO GRANDE DO NORTE

P E R N A M B U C O

P A R A Í B A

R I O G R A N D E D O S U L

U R U G U A I

A M A Z O N A S

P E R U

BOGOTÁ

Rio Branco

Boa Vista

PARAMARIBO

CAIENA

Macapá GEORGETOWN

Por to Velho

Cuiabá

Campo Grande

ASSUNÇÃO

MONTEVIDÉU

Por to Alegre

Curitiba

Florianópolis

S. Paulo

Belo Horizonte

Rio de Janeiro Goiânia

Salvador

Aracaju

Maceió

Recife João Pessoa Natal

Fortaleza

Terezina S. Luis

BRASÍLIA D.F

Vitória

R I O D E J A N E I R O

E S P Í R I T O S A N T O

BUENOS AIRES Manaus

Palmas

Belém

Cauca

L. de Maracaíbo

Apure Arauca

Carare Casanare

Catatumbo

Cauca

Chama Magdalena

Opone Sogamoso

(Meseta) Achaguas (Caucagua)

Apure

Arauca

Capanaparo

Cuchivero Guariquito

Manapiri

Meta ^Orinoco

Portuguesa

Suapure

Suata

Unare Guanipa

Tigre

Orinoco

Aro

Caura

Caroni

Yuruari

Paragua

Erebato Caura

Waini

Barima Barama

Cuyuni

Mazaruni

Demerara

Essequibo

Berbice

Nickerie

Mana Upia

Araucano Aruak

Botocudo ( Borun ) Čapakura

Chaná Chibcha Chiquito Enimagá Gê Ghahibo Guaykurú Huarpe Kahuapana Kamakã Karayá Karib Karirí Katukina Kečua Mašakarí

Maskoy Matako Múra

Nambikwára Otuké

Pano Peba Puinave Purí Sáliva Širianá Takana Timote Tukana Tupí Vilela Waraú Witóto Zamuko Záparo

TRIBOS EXISTENTES: Sedes atuais : Sedes abandonadas TRIBOS EXTINTAS

Data de documentação da tribo 1805 Rumo da migração da tribo

Limite interestadual:

Limite internacional:

Capital Federal:

Capital Estadual:

DOCUMENTAÇÃO

Mapa Etno-Histórico do Brasil e Regiões Adjacentes, de Curt Nimuendajú - Museu Nacional - Rio de Janeiro - Escala 1:2.500.000 1944. Mapa Etno-Histórico do Brasil e Regiões Adjacentes, de Curt Nimuendajú - Museu Paraense Emílio Goeldi - Belém - Escala 1:2.500.000 1943. Mapa do Brasil - IBGE - Escala 1:5.000.000 - 1977. Mapa da América do Sul - The American Geographical Society of New York - Escala 1:5.000.000 - 1955. Mapa Geológico da América do Sul - Escala 1:5.000.000 - 1964. Carta Aeronáutica - WAC - IBGE - Escala 1:1.000.000 - 1978.

CONVENÇÕES

FAMÍLIAS LINGUÍSTICAS

100 0 100 200 300

Projeção Policônica LÍNGUAS DESCONHECIDAS

Arda Auaké Chocó Fulnió Gamella Guató Huari

Itonama Kaliána Kaničana Kapišaná Kayuvava Māku Malalí

Masaká Matanawí Miránya Natú

Opayé-Šavánte Otí-Šavánte Otomaca

Pankarurú Patašó Šukurú Tarumã Trumai Tšetšehet Tukuna

Tušá Tuyoneiri Yaruro Yurakáre Yurí LÍNGUAS ISOLADAS

O

C

E

A

N

O

A

T

L

Â N

T I

C

O

75º 70º 65º 60º 55º 50º 45º 40º 35º

30º 25º 20º 15º 10º 5º 0º 5º

Trópicode Capricór_nio Equador

Sabemos, no entanto, que esta diversidade populacional indígena verificada no mapa, infelizmente, não permaneceu assim, uma vez que ela foi, drasticamente, alterada desde a época colonial até os dias atuais, em razão de escravidão, fome, doenças, guerras, massacres e outros males impostos aos indígenas.

Segundo dados divulgados pelo IBGE, no último censo realizado em 2010, a população indígena no Brasil é de pouco mais de 817 mil pessoas que lutam pela preservação e pela existência de, aproximadamente, 170 línguas.

As consequências do colonialismo opressor e aniquilador se perpetuaram no tempo e deixaram consequências que ultrapassam o aspecto social. Isso porque os novos vínculos, formados a partir do contato interétnico ocorrido entre brancos e indígenas (mamelucos), culminaram no processo de aculturação índígena, “enfraquecendo sobremaneira as matrizes cosmológicas e míticas em torno das quais girava toda a dinâmica da vida tradicional.”

(LUCIANO, 2006, p. 18).

Apesar de toda barbárie que à época foi “justificada” pelo emprendimento colonial mercantilista e civilizatório cristão, as populações indígenas se mantêm vivas, resistindo às arbitrariedades de governos ditatoriais de outrora e, mais recentemente, ao descaso do governo atual.

A consolidação no Brasil desta resistência enquanto movimento indígena é recente e veio à tona nas décadas de 1970 e de 1980, época em que o Estado tentou de forma legal decretar de vez a extinção dessas populações “primitivas” e de sua cultura. Por meio da Lei 6.001, de 1973, a qual visava à regulamentação da “situação jurídica dos índios ou silvícolas e das comunidades indígenas, com o propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional”¹², o governo brasileiro tentou consumar o ideal político de “emancipação” dos povos autóctones. Em outras palavras, a referida norma, amparada pelos princípios do obsoleto Código Civil brasileiro de 1916 que rezava em seu art. 6º, parágrafo único, que os povos originários “eram incapazes relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer”, estabeleceu que eles deveriam ser integrados à sociedade brasileira, devendo permanecer sob tutela de um órgão indigenista estatal (de 1910 a 1967, o Serviço de Proteção ao Índio - SPI; atualmente, a Fundação Nacional do Índio - Funai) até a completa inserção deles à sociedade brasileira.

12Art. 1º, da Lei 6.001, de 19 de dezembro de 1973, que dispunha sobre o Estatuto do Índio.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6001.htm .

No documento A presença indígena na toponímia mineira (páginas 55-60)