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CONSTITUIÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO CORPUS

No documento A presença indígena na toponímia mineira (páginas 73-77)

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA APLICADA À PESQUISA

3.1 CONSTITUIÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO CORPUS

Como já mencionado, os dados que constituem o corpus desta pesquisa são oriundos do banco de dados do Projeto ATEMIG, o qual vem realizando o levantamento, bem como a análise da realidade toponímica de todo o território mineiro. Sob a orientação da Profª. Drª.

Maria Cândida Trindade Costa de Seabra, coordenadora do Projeto, bolsistas e pesquisadores desenvolveram, previamente, as seguintes etapas:

 Coleta de dados: levantamento de todos os nomes de cidades, vilas, povoados, fazendas, rios, córregos, ribeirões, morros, serras e outros acidentes geográficos dos 853 municípios de Minas Gerais, documentados em cartas topográficas – fonte IBGE – com escalas que variam de 1: 50.000 a 1: 250.000;

 Categorização e análise prévia dos dados: os topônimos foram registrados em tabelas do Word, conforme modelo a seguir, nas quais também foram especificados: o tipo de acidente geográfico, a origem etimológica do nome e a taxonomia que indica o padrão motivador do nome de lugar conforme proposta de Dick (1990c) para a análise dos topônimos do Brasil.

TABELA 1 – Modelo de tabela com a categorização prévia dos dados.

Mesorregião: Campo das Vertentes / Microrregião São João Del Rey / Município Conceição da Barra de Minas.

Acidente Topônimo Origem Taxonomia

Fazenda Bom Destino Português Animotopônimo

Fazenda Casa Nova Português Ecotopônimo

Córrego de Chico Martins Português Antropotopônimo

Cidade Conceição da Barra de Minas Português Hierotopônimo

Córrego Coqueiro Português Fitotopônimo

Fazenda Coqueiro Português Fitotopônimo

Ribeirão da Fábrica Português Sociotopônimo

Localidade Jatobá Tupi Fitotopônimo

Ribeirão do Macuco Tupi Zootopônimo

Córrego do Marmelo Português Fitotopônimo

Córrego do Mato do Café Português Fitotopônimo

Fazenda Patrimônio Português Animotopônimo

Rio do Peixe Português Zootopônimo

Ribeirão do Peixe Português Zootopônimo

Fazenda do Pouso Alegre Português Sociotopônimo

Córrego da Serra Português Geomorfotopônimo

Córrego da Taboca Tupi Fitotopônimo

Fonte: Banco de Dados do Projeto ATEMIG: Carta de São João Del Rei – Folha SF-23-X-II-1. Escala 1: 50.000. 1ªed. 1975.

O trabalho que cumprimos, para fins de organização do banco de dados deste estudo, foi o de revisar os campos das inúmeras tabelas que integram o banco do ATEMIG, principalmente, aqueles relacionados à origem e à taxonomia, bem como o de extrair as informações referentes aos topônimos de origem indígena, organizando-as em tabelas do Excel. Com isso, formamos o nosso próprio banco de dados, o qual é composto por 1.213 (um mil duzentas e treze) tabelas e 9.940 (nove mil novecentos e quarenta) dados que correspondem ao objeto da nossa pesquisa.

Na próxima seção, detalhamos como se deu a organização dos dados reunidos a partir do modelo de ficha lexicográfica-toponímica elaborada para esta pesquisa.

3.1.1FICHAS LEXICOGRÁFICO-TOPONÍMICAS

As fichas lexicográfico-toponímicas podem ser descritas como um instrumento de pesquisa que reúne um conjunto estruturado de informações acerca dos topônimos em estudo e sobre sua motivação formadora. Além de reunir dados linguísticos, esse tipo de ficha pode conter ainda informações etimológicas, históricas, geográficas, taxonômicas etc. .

A organização dos dados nesse tipo de ficha é um importante estágio a ser cumprido pelo pesquisador, para que, posteriormente, ele consiga realizar uma análise detalhada dos nomes, com o objetivo de identificar, a partir de um material previamente sistematizado, características peculiares à população/comunidade fichada:

A anotação dos nomes em fichas lexicográficas padronizadas, com a identificação dos acidentes que designam nomes do pesquisador e do revisor, fontes e data da coleta, constituem as etapas prévias de um conjunto de fases subsequentes (quantificação dos topônimos e das taxionomias; estudo linguístico dos sintagmas toponímicos: etimologia, estrutura morfológica, sufixação, derivação;

conjuntos antroponímicos e especificações); entradas lexicais; deslocamentos de

topônimos de um acidente para outro; história dos municípios e origem dos nomes;

estabelecimento de áreas toponímicas locais e regionais. (DICK, 1990a, p.20, grifo nosso).

Por essa razão, vários modelos de fichas têm sendo criados e/ou adaptados conforme os objetivos da pesquisa toponímica. Um dos modelos que tem sido referência para muitos trabalhos e que está atrelado ao Projeto ATEMIG é o de Carvalho (2014), o qual destacamos a seguir.

QUADRO 2 – Modelo de Ficha Lexicográfica.

Fonte: CARVALHO, 2014, p. 145.

A ficha elaborada pela referida autora, em sua tese de doutorado intitulada Hagiotoponímia em Minas Gerais, foi seguida nesta pesquisa, com adequações, resultando na estrutura a seguir. Dada a quantidade de dados, não foram elaboradas fichas para cada um dos

topônimos identificados, mas para as bases léxicas formadoras destes, com o objetivo de melhor descrevê-los, classificá-los e analisá-los.

Após a anotação de todas as informações acerca dos topônimos de origem indígena contidas em nosso banco de dados (tabelas do Excel), alcançamos um total de 554 fichas lexicográfico-toponímicas, as quais são constituídas dos seguintes campos:

QUADRO 3 – Modelo de ficha lexicográfica adotada na pesquisa.

(1) ENTRADA LEXICAL Taxonomia:

________________________________________________________________________________________

BANCO DE DADOS DO PROJETO ATEMIG Total de ocorrências no Estado:

Origem:

Acidentes físicos:

Acidentes humanos:

Topônimos (estrutura morfológica/número de ocorrências):

Distribuição dos topônimos nas mesorregiões mineiras:

Informações:

Campo das Vertentes Central Mineira Jequitinhonha Metropolitana de Belo Horizonte Noroeste de Minas Norte de Minas Oeste de Minas Sul/ Sudoeste de Minas Triângulo Mineiro/ Alto Paranaíba Vale do Mucuri Vale do Rio Doce Zona da Mata

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Fonte: Elaborada pela autora.

ENTRADA LEXICAL: Corresponde não ao topônimo, mas ao elemento linguístico que é a base dos topônimos em estudo. Optamos por não considerar o topônimo propriamente dito em razão da quantidade de dados que integram o corpus analisados – 9.940 dados;

TAXONOMIA: Indica, a partir do modelo taxonômico proposto por Dick (1990c), detalhado no item 1.7 Classificação Toponímica, a classificação atribuída à entrada lexical, ou seja, ao elemento linguístico base dos topônimos em estudo;

BANCO DE DADOS PROJETO ATEMIG: Nesta parte, constam os seguintes dados:

Total de ocorrências no Estado: Indica o número total de ocorrências dos topônimos identificados em todo território mineiro em conformidade com a base léxica estudada;

Origem: Indica, de fato, a origem da entrada lexical. Para tanto, foram observados os dados reunidos no campo Informações.

Acidentes físicos: Indica o número de ocorrências de topônimos que se referem a acidentes físicos, como córregos, serras, rios etc.;

Acidentes humanos: Indica o número de ocorrências de topônimos que se referem a acidentes humanos, como cidades, fazendas, localidades etc.;

Topônimos (estrutura morfológica/número de ocorrências): Indica todos os topônimos de origem indígena identificados no estado de Minas Gerais e constituídos a partir da entrada lexical indicada no topo da ficha, seguido de sua classe gramatical, agrupados em esquemas ou estruturas morfossintáticas conforme proposta de Seabra (2004) com algumas adaptações, além do total de ocorrências para cada nome de lugar;

Distribuição dos topônimos nas doze mesorregiões: Neste campo, apresentamos as ocorrências dos topônimos pelas doze mesorregiões que compõem o estado de Minas Gerais;

Informações: Reunimos nestes campos informações importantes e variadas sobre a entrada lexical formadora do topônimo estudado, com a finalidade de embasar a classificação sobre sua origem, sobre sua estrutura morfológica e sobre sua taxonomia.

No documento A presença indígena na toponímia mineira (páginas 73-77)