• Nenhum resultado encontrado

MÉTODOS DA PESQUISA E DA ANÁLISE DE DADOS

No documento A presença indígena na toponímia mineira (páginas 79-84)

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA APLICADA À PESQUISA

3.3 MÉTODOS DA PESQUISA E DA ANÁLISE DE DADOS

Depois de alimentarmos as fichas lexicográfico-toponímicas com informações passíveis de mensuração, passamos aos métodos da pesquisa e da análise de dados.

Segundo Gil (2008, p. 176), a capacidade de um pesquisador em utilizar um instrumento “para medir de fato aquilo que se propõe a medir” caracteriza uma pesquisa quantitativa. Por ser esta uma pesquisa dessa natureza, utilizamos o programa R Core Team (2021) que se caracteriza não apenas como um sistema de estatísticas, mas por um ambiente R formado por um conjunto integrado de recursos de software para manipulação de dados, cálculos, exibição e geração gráfica.

Assim, os critérios que elencamos a seguir e que se encontram, detalhadamente, apresentados e discutidos no Capítulo 5, Quantificação e Discussão dos Resultados, foram mensurados de maneira mais eficaz e precisa e apresentados em gráficos com maior qualidade: quanto à origem dos nomes, quanto à natureza das taxonomias – antropocultural e física, quanto à motivação toponímica, quanto ao tipo de acidente geográfico – físico e humano – e quanto à forma dos topônimos.

Em relação ao procedimento, esta pesquisa se caracteriza por ser do tipo bibliográfica, o que significa dizer que ela é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído, principalmente de livros e artigos científicos. Desta forma, para a análise de aspectos linguísticos, observamos, a princípio, se a entrada lexical em estudo se encontrava registrada como indigenismo em dicionários gerais e etimológicos do português. A seguir, elencamos as obras lexicográficas que foram consultadas, justificando de forma breve o porquê da sua escolha:

Dicionário etimológico da língua portuguesa, 2010, de Antônio Geraldo da Cunha – muitas dúvidas ainda pairam em nossa cabeça em torno da origem e da história de

muitos vocábulos da nossa língua. Sendo assim e como parcela importante a ser investigada pelos estudos toponímicos, a inserção dessa obra na pesquisa é de relevância para melhor compreensão da origem e do significado dos vocábulos em estudo;

Houaiss Eletrônico, 2009, de Antônio Houaiss – trata-se de um dicionário de língua, em formato eletrônico, que traz informações variadas sobre os vocábulos que integram a língua portuguesa. Além de acepções, fornece a etimologia e as datas de entrada das palavras nessa língua.

Já para fins de elucidação da origem das entradas léxicas investigadas, importantes fontes, elaboradas por estudiosos que tratam de termos indígenas e peculiares à geografia brasileira, foram pesquisadas, a saber:

Dicionário da Terra e da Gente do Brasil, 2004, de Bernardino José de Souza – obra que traz em si uma variedade de nomes e de expressões de aplicação física e humana conjugada com informações de viajantes, historiadores, geógrafos, antropologistas e outros;

O Tupi na Geografia Nacional, 1987, de Teodoro Sampaio – vocabulário de referência quem vem sendo utilizado por muitos estudiosos da Toponímia brasileira de origem Tupi. Levy Cardoso apud Dick (1990c, p. 4), especialista nos topônimos brasílicos, ressalta o papel e o valor dessa obra que considera clássica pelas seguintes razões: “ ‘pela criteriosa’ análise a que foram submetidos todos os vocábulos, pela profundeza dos conhecimentos tupis, pela seriedade de suas investigações, para cujo resultado não faltaram nem as leituras das crônicas antigas e das antigas relações de viagens, nem a consulta ao elemento histórico, a fim de descobrir a verdadeira grafia primitiva dos vocábulos, para a perfeita elucidação de seu sentido e a rigorosa determinação de sua etimologia.” Em pouquíssimas fichas, talvez em 3 delas, utilizamos a versão anterior (de 1901) deste vocabulário, por não termos encontrado na versão mais atual (de 1987) o significado do nome em estudo.

Vocabulário Tupi-Guarani Português, 2014, de Francisco da Silveira Bueno – preponderantemente, trata-se de uma obra de palavras do tupi cujo objetivo principal de sua elaboração, segundo o próprio autor no prefácio do vocabulário, é facilitar o conhecimento do idioma falado pelo grupo indígena mais importante do Brasil – o tupi;

Contribuição Indígena ao Brasil, 1980, de Irmão José Gregório – é considerado por muitos estudiosos como um importante vocabulário para conhecimento da cultura nacional e do Brasil. Foi enriquecido com informações oriundas do Vocabulário na

Língua Brasílica, “uma compilação jesuítica do acervo linguístico de Quinhentos” (DICK, 1990b, p. 98).

A exceção à essa regra foi a fonte bibliográfica utilizada na elaboração da ficha Cambaúba. Por não termos encontrado esse nome nas obras previamente citadas, recorremos ao artigo Tupi-Guarani: Fonte de Informações sobre Bambus Nativos do Brasil, de Filgueiras (2007).

Por fim, quanto aos objetivos, Gil (2008) nos esclarece que pesquisas descritivas têm como alvo primordial o detalhamento das características de determinada população ou fenômeno ou ainda o estabelecimento de relações entre variáveis. Neste sentido, buscamos a partir da investigação de um rol de designativos geográficos de origem indígena traçar as características mais evidentes das populações que coabitaram o estado de Minas Gerais no período colonial e que permanecem conservadas na toponímia dessa região, em especial, aquelas ligadas aos povos originários.

3.4CARTASTOPONÍMICAS

Dada a importância de várias ciências para a formação e consolidação da Toponímia, Dick (1996, p. 29) aponta em seus estudos a necessidade de cartografação dos dados onomástico, a fim de se “(...) penetrar nos meandros do sistema da linguagem, de que é extensão particularizadora ou referencial.”

Sendo assim e se tratando da abordagem cartográfica, a Toponímia utiliza o recurso da Geografia Linguística, as cartas, para apresentar a extensão e/ou os principais pontos de dispersão dos fatos toponímicos em uma dada área geográfica.

Zamariano (2010) nos mostra que o conceito de carta é bem similar ao de mapa, mas conclui que o caráter especializado das cartas constituídas com uma finalidade específica é o que diferencia estas de um mapa na representação de aspectos naturais ou artificiais da terra.

Ainda segundo a autora, as cartas e mapas podem ser classificados em geral, temático ou especial, de acordo com a natureza da representação.

Considerando as características da nossa pesquisa, optamos por elaborar cartas temáticas, as quais possuem as seguintes características: podem ser produzidas em qualquer escala, são destinadas a uma variedade de temas específicos e exprimem conhecimentos particulares para uso geral (ZAMARIANO, 2010).

CAPÍTULO 4–APRESENTAÇÃO DO CORPUS

Todos os topônimos de origem indígena coletados em cartas topográficas do IBGE e que integram o banco de dados sincrônico do Projeto ATEMIG compõem o corpus desta pesquisa. Este foi organizado e descrito em 554 fichas lexicográfico-toponímicas, as quais foram numeradas e ordenadas alfabeticamente a partir do elemento linguístico base dos topônimos conforme detalhado no item 4.1 Apresentação Descritiva dos Dados

Em todo território mineiro, contabilizamos 9.940 ocorrências de topônimos de origem indígena. Desses dados, destacamos as bases léxicas que apresentaram maior antagonismo no que se refere ao número de ocorrências e à quantidade de nomes de lugares em que se desdobraram: bases léxicas mais produtivas – Arara – 71 ocorrências / 7 topônimos; Braúna – 52 ocorrências / 8 topônimos; Brejaúba – 76 ocorrências / 5 topônimos;

Buriti – 441 ocorrências / 74 topônimos; Caatinga – 82 ocorrências / 12 topônimos; Caeté – 87 ocorrências / 6 topônimos; Caiçara – 49 ocorrências / 7 topônimos; Caititu – 46 ocorrências / 3 topônimos; Cambaúba – 40 ocorrências / 2 topônimos; Canoa – 90 ocorrências / 14 topônimos; Capão – 733 ocorrências / 217 topônimos; Capetinga – 41 ocorrências / 2 topônimos; Capim – 168 ocorrências / 27 topônimos; Capivara – 100 ocorrências / 11 topônimos; Capivari – 74 ocorrências / 12 topônimos; Capoeira – 220 ocorrências / 48 topônimos; Caraíba – 49 ocorrências / 3 topônimos; Carioca – 42 ocorrências / 2 topônimos;

Chácara – 100 ocorrências / 8 topônimos; Cipó – 67 ocorrências / 8 topônimos; Congonha – 73 ocorrências / 7 topônimos; Críciúma – 42 ocorrências / 2 topônimos; Embira – 51 ocorrências / 8 topônimos; Goiaba – 81 ocorrências / 5 topônimos; Guariba – 43 ocorrências / 3 topônimos; Guariroba – 76 ocorrências / 12 topônimos; Indaiá – 125 ocorrências / 19 topônimos; Jabuticaba – 82 ocorrências / 14 topônimos; Jacarandá – 51 ocorrências / 2 topônimos; Jacaré – 134 ocorrências / 9 topônimos; Jacu – 83 ocorrências / 5 topônimos;

Jacutinga – 73 ocorrências / 1 topônimo; Jataí – 46 ocorrências / 5 topônimos; Jatobá – 137 ocorrências / 7 topônimos; Jenipapo – 72 ocorrências / 7 topônimos; Lambari – 119 ocorrências / 9 topônimos; Macaúba – 104 ocorrências / 8 topônimos; Macuco – 129 ocorrências / 5 topônimos; Mandaçaia – 54 ocorrências / 6 topônimos; Mandioca – 44 ocorrências / 5 topônimos; Mantiqueira – 56 ocorrências / 1 topônimo; Moquém – 64 ocorrências / 4 topônimos; Mumbuca – 73 ocorrências / 1 topônimo; Mutuca – 100 ocorrências / 6 topônimos; Mutum – 42 ocorrências / 4 topônimos; Paracatu – 50 ocorrências / 5 topônimos; Peroba – 144 ocorrências / 12 topônimos; Pindaíba – 134 ocorrências / 10

topônimos; Pirapetinga – 84 ocorrências / 9 topônimos; Pitanga – 61 ocorrências / 6 topônimos; Quati – 65 ocorrências / 7 topônimos; Samambaia – 132 ocorrências / 2 topônimos; Sapé – 164 ocorrências / 7 topônimos; Sapeca – 41 ocorrências / 2 topônimos;

Sapucaia – 52 ocorrências / 3 topônimos; Sucuri – 69 ocorrências / 6 topônimos; Tabatinga – 52 ocorrências / 3 topônimos; Taboca – 213 ocorrências / 10 topônimos; Tamanduá – 119 ocorrências / 4 topônimos; Tamburi – 87 ocorrências / 5 topônimos; Tapera – 156 ocorrências / 15 topônimos; Taquara – 310 ocorrências / 23 topônimos; Tatu – 63 ocorrências / 7 topônimos; Tijuco – 114 ocorrências / 15 topônimos; Tiririca – 45 ocorrências / 2 topônimos;

bases léxicas menos produtivas – Abaíba – 1 ocorrência / 1 topônimo; Açaraí – 1 ocorrência / 1 topônimo; Angueretá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Anu – 1 ocorrência / 1 topônimo; Aporá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Araguaia – 1 ocorrência / 1 topônimo; Aratu – 1 ocorrência / 1 topônimo; Beiju – 1 ocorrência / 1 topônimo; Bertioga – 1 ocorrência / 1 topônimo; Bitu – 1 ocorrência / 1 topônimo; Bocaiúva – 1 ocorrência / 1 topônimo; Botumirim – 1 ocorrência / 1 topônimo; Caba – 1 ocorrência / 1 topônimo; Caimbé – 1 ocorrência / 1 topônimo; Cambará – 1 ocorrência / 1 topônimo; Caputira – 1 ocorrência / 1 topônimo; Caraúna – 1 ocorrência / 1 topônimo; Careaçu – 1 ocorrência / 1 topônimo; Carapiá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Caroba – 1 ocorrência / 1 topônimo; Caroca – 1 ocorrência / 1 topônimo; Carimã – 1 ocorrência / 1 topônimo; Cataguá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Catuji – 1 ocorrência / 1 topônimo; Coã – 1 ocorrência / 1 topônimo; Crueira – 1 ocorrência / 1 topônimo; Guaíba – 1 ocorrência / 1 topônimo; Guaipava – 1 ocorrência / 1 topônimo; Guarujá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Guaxe – 1 ocorrência / 1 topônimo; Guaxima – 1 ocorrência / 1 topônimo; Guiricema – 1 ocorrência / 1 topônimo; Guriatã – 1 ocorrência / 1 topônimo; Ibiporã – 1 ocorrência / 1 topônimo;

Ibiracatu – 1 ocorrência / 1 topônimo; Ibiraci – 1 ocorrência / 1 topônimo; Ibirapuera – 1 ocorrência / 1 topônimo; Ibitira – 1 ocorrência / 1 topônimo; Ibitiura – 1 ocorrência / 1 topônimo; Ibitiuruí – 1 ocorrência / 1 topônimo; Içá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Igaratinga – 1 ocorrência / 1 topônimo; Inhapim – 1 ocorrência / 1 topônimo; Ipatinga – 1 ocorrência / 1 topônimo; Iriri – 1 ocorrência / 1 topônimo; Itajaí – 1 ocorrência / 1 topônimo; Itamirim – 1 ocorrência / 1 topônimo; Itamonte – 1 ocorrência / 1 topônimo; Itapejipe – 1 ocorrência / 1 topônimo; Itira – 1 ocorrência / 1 topônimo; Jaborandi – 1 ocorrência / 1 topônimo; Jacaúna – 1 ocorrência / 1 topônimo; Jaci – 1 ocorrência / 1 topônimo; Jaguaritira – 1 ocorrência / 1 topônimo; Janaúba – 1 ocorrência / 1 topônimo; Jandaíra – 1 ocorrência / 1 topônimo; Jaoca – 1 ocorrência / 1 topônimo; Japaraíba – 1 ocorrência / 1 topônimo; Juréa – 1 ocorrência / 1

topônimo; Maricá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Mossoró – 1 ocorrência / 1 topônimo; Mucajá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Muritiba – 1 ocorrência / 1 topônimo; Mutirão – 1 ocorrência / 1 topônimo; Nhandutiba – 1 ocorrência / 1 topônimo; Ouricuri – 1 ocorrência / 1 topônimo;

Pacari – 1 ocorrência / 1 topônimo; Paçoca – 1 ocorrência / 1 topônimo; Paraguaçu – 1 ocorrência / 1 topônimo; Paraguá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Piracema – 1 ocorrência / 1 topônimo; Pirajuba – 1 ocorrência / 1 topônimo; Pitu – 1 ocorrência / 1 topônimo; Pongá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Quicé – 1 ocorrência / 1 topônimo; Sinimbu – 1 ocorrência / 1 topônimo; Sorocaba – 1 ocorrência / 1 topônimo; Taiúva – 1 ocorrência / 1 topônimo; Tambá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Tamoio – 1 ocorrência / 1 topônimo; Tapajó – 1 ocorrência / 1 topônimo; Tapira – 1 ocorrência / 1 topônimo; Tapuirama – 1 ocorrência / 1 topônimo;

Tataíra – 1 ocorrência / 1 topônimo; Tibi – 1 ocorrência / 1 topônimo; Timbucu – 1 ocorrência / 1 topônimo; Tinguá – 1 ocorrência / 1 topônimo; Tiriba – 1 ocorrência / 1 topônimo; Tororó – 1 ocorrência / 1 topônimo; Tubi – 1 ocorrência / 1 topônimo; Turiaçu – 1 ocorrência / 1 topônimo; Ubaí – 1 ocorrência / 1 topônimo; Ubiratã – 1 ocorrência / 1 topônimo; Unaim – 1 ocorrência / 1 topônimo; Urupema – 1 ocorrência / 1 topônimo; Urutau – 1 ocorrência / 1 topônimo.

No documento A presença indígena na toponímia mineira (páginas 79-84)