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Num nível mais adiantado da internacionalização, é normal que uma empresa distribua várias etapas da cadeia de produção por diferentes países, isto para aproveitar vantagens que estes apresentem nestas etapas, conseguindo assim uma diversificação do risco com concentração da produção para a exportação em alguns mercados (Dunning e Lundan, 2008, p.72).No que se refere ao IDE em busca de eficiência, uma empresa faz este tipo de produção internacional com o objetivo de ganhar com a governança comum

39 de atividades geograficamente dispersas, racionalizando os investimentos já realizados (em busca de recursos e/ou mercado), e com isso, aproveitando as economias de escala e de escopo.

Segundo Dunning e Lundan (2008, p.72), o IDE em busca de eficiência pode ser realizado de duas formas, a primeira é quando uma empresa tenciona tirar vantagens com as diferenças no custo e na disponibilidade de dotações de fatores tradicionais de diferentes países, países desenvolvidos e em desenvolvimento. Isto é, concentrar as atividades de valor acrescentado intensivas em capital, tecnologia e informação em países desenvolvidos e concentrar as atividades intensivas em trabalho e recursos em países em desenvolvimento, devido ao custo mais baixo destes fatores. A segunda acontece em países com estruturas económicas semelhantes, onde o objetivo é retirar vantagens das economias de escala e de escopo, além das diferenças de gostos e capacidades de abastecimento. Nesta última, as diferenças dos países acolhedores no ambiente empresarial, ao nível das políticas económicas, dos benefícios fiscais, do ambiente institucional, da natureza da procura do consumidor, das características da concorrência local, entre outros, desempenham um papel mais importante do que as dotações de fatores tradicionais (Dunning e Lundan, 2008, p.72).

Dunning e Lundan (2008, p.325) referem quatro determinantes de análise por parte do investidor em relação ao país de acolhimento, quando é realizado um IDE em busca de eficiência: (I) os custos dos recursos e capacidades citados no IDE em busca de recursos, (II) os custos de transporte e de comunicação, (III) uma futura adesão a um mercado regional integrado (exemplo da União Europeia), e por último (IV) a qualidade das instituições que facilitam o mercado.

Os custos dos recursos e capacidades são um determinante importante para um investidor analisar a possibilidade de deslocalizar algumas das etapas da cadeia de produção para outros países e, com isso, aproveitar vantagens que estes apresentam nessas etapas (Dunning e Lundan, 2008, p.72). Como exemplo, uma etapa intensiva em trabalho terá vantagens de custo em países com baixo nível salarial da população. Por outro lado, uma etapa com foco em recursos naturais terá mais vantagens de custo em países com uma grande notação de recursos naturais. Deste modo, uma multinacional pode dispersar a sua cadeia de produção por vários países para se beneficiar de vantagens de custo. O procedimento de análise deste determinante é baseado na análise realizada para os determinantes económicos do IDE em busca de recursos.

40 Em relação aos custos de transporte e de comunicação, a literatura empírica analisa este determinante através da distância entre o país de origem e o de destino do IDE (Bellak e Leibrecht, 2009; Bevan e Estrin, 2000; Cheung e Qian, 2009; Kinoshita e Campos, 2002). Apesar de uma maior distância determina maiores custos de transporte e de comunicação, os autores citam a relação não linear entre este determinante e a distância entre o país de origem e de destino. A distância é utilizada como instrumento para medir os custos de transporte e de comunicação, bem como o impacto das diferenças culturais e de idioma, os custos da utilização de pessoal expatriado, os custos de informação dos direitos de propriedade locais, das regulamentações e dos sistemas fiscais (Bevan e Estrin, 2000, p.10).

Segundo Kinoshita e Campos (2002), o efeito esperado dos custos de transporte e de comunicação dependerá do tipo de IDE realizado, se em busca de recursos ou se em busca de mercado. O objetivo será sempre a diminuição destes custos para efeitos de eficiência da multinacional, deste modo uma localização perto do mercado consumidor terá vantagens. No caso do IDE em busca de mercado, uma maior distância entre o país de origem e o país de consumo da produção, implicará em maiores custos de transporte e de comunicação para as exportações. Entende-se que este custo fixo atuará como um incentivo ao IDE nesse mercado, no sentido de explorar as economias de escala, tornando, assim, a multinacional mais eficiente. Em relação ao IDE em busca de recursos, o mercado consumidor situa-se fora do país investido, assim, uma maior distância implica maiores custos de transporte e de comunicação, provocando um efeito negativo sobre o IDE, uma vez que torna a multinacional menos eficiente.

Os resultados dos trabalhos empíricos foram ao encontro do referido no parágrafo anterior. Bellak e Leibrecht (2009) e Bevan e Estrin (2000) chegaram a um efeito negativo sobre o IDE, justificado pelos incentivos ao IDE em busca de recursos dos países analisados. Já Cheung e Qian (2009) obtiveram um efeito positivo sobre o IDE em países em desenvolvimento, devido às oportunidades de negócio, fruto de um mercado pouco explorado, e o efeito contrário em países desenvolvidos, justificado pelos mercados já muito explorados. Kinoshita e Campos (2002) concluíram que uma maior distância tem um efeito positivo sobre o IDE em busca de mercado, sugerindo que os investidores optaram por substituir os custos de transporte por uma produ ção local.

O próximo determinante refere-se ao impacto do anúncio de um envolvimento ou potencial envolvimento em acordos de comércio preferencial e de investimento,

41 como por exemplo, em acordos de integração económica, do livre comércio, parcerias económicas ou outros tipos de acordos abrangentes similares. Investidores de países terceiros puderam vislumbrar oportunidades em localidades nestas situações, pelo facto de evitarem tarifas sobre as exportações para a região, ou de se beneficiarem do aumento do comércio e do crescimento económico, através de economias de escala, fruto da estimulante demanda que a região representa (Bevan e Estrin, 2000, p.9).

No contexto da UE, a adesão de economias em transição ao mercado único europeu, fornece aos investidores da UE uma oportunidade de deslocalização em direção a países com mão-de-obra mais barata. Além disso, a perspectiva de adesão à UE tende a reduzir o risco do país, devido aos requisitos de adesão, tais como garantias em termos de estabilidade macroeconómica, estabilidade política, ambiente institucional e jurídico (Bevan e Estrin, 2000, p.9).

Deste modo, uma futura adesão a um mercado regional integrado transmite ao investidor estrangeiro uma boa indicação sobre o país. Para os investidores estrangeiros do mercado regional integrado, representará uma oportunidade de eficiência, devido à possibilidade da deslocalização de etapas da cadeia de produção à procura de fatores produtivos mais baratos.

Bevan e Estrin (2000) verificaram a diferença de IDE antes e depois dos anúncios de adesão a um mercado regional integrado como indicador, para vislumbrar possíveis alterações no fluxo de entrada de IDE. Estes autores analisaram 11 países da Europa central e oriental que anunciaram uma futura adesão à UE, os resultados deste indicador foram insignificativos exceto para a República Checa, Hungria, Polónia e Eslováquia, ao apresentar um efeito positivo sobre o fluxo de entrada de IDE. Bevan e Estrin (2000) justificaram os resultados pela proximidade destes países a mercados ocidentais mais desenvolvidos, donde foram beneficiados por IDE em busca de eficiência, principalmente devido à mão-de-obra barata.

O determinante da qualidade das instituições que facilitam o mercado já foi referido e explicado no grupo de determinantes do enquadramento político geral, com a denominação de “qualidade institucional”, e, por isso, não será novamente exposto neste ponto.

A Tabela 2.2–8 apresenta uma lista resumo dos efeitos dos determinantes sobre o IDE em busca de eficiência, encontrados nos trabalhos empíricos, bem como os indicadores utilizados.

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Tabela 2.2-8 – IDE em busca de eficiência - Indicadores e efeitos observados em trabalhos empíricos.

Determinantes Descrição Efeito no

IDE Autor (es) (Ano) Indicadores

Custos dos recursos e capacidades citados no IDE em busca de recursos

Custos dos recursos podem representar um incentivo a

deslocalizar etapas da cadeia produtiva para outro

país, de modo a aproveitar vantagens de custo. Ver Tabela 2.2-6. Custos de transporte e de comunicação Os custos de transporte e de comunicação fruto da distância podem representar

a inviabilidade de um projeto.

- Bellak e Leibrecht (2009) Distância entre o país de origem e

de acolhimento

Bevan e Estrin (2000)

.+/- Cheung e Qian (2009)

+ Kinoshita e Campos (2002) Distância entre o país e a Alemanha (Dusseldorf)

Futura adesão a um mercado

regional integrado

Possibilidade de evitar tarifas sobre as exportações

para a região, além de proporcionar uma estimulante demanda.

0/+ Bevan e Estrin (2000) Anúncios de adesão a um mercado regional integrado

Qualidade das instituições que facilitam o mercado As instituições políticas e económicas ditam e supervisionam a aplicação das regras de funcionamento

nos negócios.

Ver Tabela 2.2-3.

Fonte: Elaborada pelo autor.

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