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O IDE em busca de mercado, ocorre para manter e proteger mercados existentes ou para explorar e promover novos mercados. Na maioria dos casos, os mercados de acolhimento já teriam sido anteriormente servidos por exportações. No

34 entanto, no caso de existirem tarifas ou outras barreiras, esta pode não ser a melhor forma de fornecer o mercado. A dimensão do mercado também pode justificar que a partir de determinado ponto se passe a justificar uma produção local (Dunning e Lundan, 2008, pp.69-71). O principal fato motivador é que novos mercados oferecem uma boa oportunidade para as empresas se manterem competitivas, crescendo dentro da indústria, bem como significam a possibilidade de alcançar economias de escala e de gama (Baniak, Cukrowski e Herczyński, 2002). Este tipo de investimento caracteriza-se por ser um IDE horizontal, em razão de replicar o processo de produção do país de origem no país de acolhimento, tendo o objetivo de servir melhor o mercado de destino (Kinoshita e Campos, 2002; Botrić e Škuflić, 2005)

Dunning e Lundan (2008, pp.69-71) citam, além da dimensão e das perspectivas de crescimento do mercado, mais quatro razões que podem levar uma empresa a realizar um IDE em busca de mercado. A primeira deriva do facto de os principais clientes e fornecedores terem criado instalações de produção no estrangeiro, implicando que a empresa precise segui-los no exterior para manter o seu negócio. A segunda razão é a necessidade dos seus produtos precisarem de ser adaptados aos costumes culturais, aos gostos e as necessidades locais, e aos recursos e capacidades endógenas. A terceira resulta dos menores custos de produção e de transação ao servir um mercado a partir de uma produção local, ao invés de fazê-lo à distância. A quarta razão prende-se ao facto de a empresa considerar necessário, em termos de estratégia, ter uma presença física nos principais mercados servidos pelos seus concorrentes, por motivos defensivos ou agressivos.

Dunning e Lundan (2008, p.325) destacam seis determinantes do país de acolhimento possíveis de serem analisados quando se realiza um IDE em busca de mercado: a dimensão do mercado; o crescimento do mercado; as preferências de consumo específicas do país; a distância psicológica; o acesso a mercados regionais integrados; e a estrutura do mercado (monopolista, oligopolista etc.).

A literatura empírica focou-se principalmente na dimensão do mercado dentro dos determinantes económicos do IDE em busca de mercado referidos anteriormente, por este ser considerado o grande impulsionador do IDE (Asiedu, 2006). Um grande mercado apresenta um maior potencial devido à grande procura de bens e serviços (Mhlanga, Blalock e Christy, 2010), traduzindo-se, assim, numa maior oferta de oportunidades de investimento (Bevan e Estrin, 2000). Um grande mercado também aumenta a probabilidade de recuperação dos custos de IDE (Bellak e Leibrecht, 2009),

35 além de possibilitar economias de escala (Mhlanga, Blalock e Christy, 2010; Bevan e Estrin, 2000), de indicar uma abundância de capital e um bom clima de investimento (Sawkut et al., 2009).

O efeito esperado deste determinante é positivo em relação ao fluxo de entrada de IDE num país (Asiedu, 2006; Bellak e Leibrecht, 2009; Bevan e Estrin, 2000; Botrić e Škuflić, 2005; Cheung e Qian, 2009; Cleeve, 2008; Kinoshita e Campos, 2002; Ledyaeva, 2009; Loree e Guisinger, 1995; Mhlanga, Blalock e Christy, 2010; Mohamed e Sidiropoulos, 2010; Samimi et al., 2011; Sawkut et al., 2009; Vijayakumar, Sridharan e Rao, 2010), quanto maior a dimensão de mercado, maior serão as entradas de IDE.

Os resultados foram convincentes, uma vez que a maioria dos indicadores confirmou o efeito positivo esperado. Só Cheung e Qian, (2009) surpreenderam com o resultado contrário ao esperado nos países desenvolvidos, visto que encontraram um efeito negativo sobre as entradas de IDE.

Outro determinante analisado pela literatura empírica foi o crescimento do

mercado (Cheung e Qian, 2009; Cleeve, 2008; Mhlanga, Blalock e Christy, 2010;

Mohamed e Sidiropoulos, 2010; Schneider e Frey, 1985, citado em Assunção, Forte e Teixeira 2011, p.14; Vijayakumar, Sridharan e Rao, 2010). Neste aspecto, um país, que apresente um elevado crescimento da economia, oferece oportunidades relativamente melhores às empresas para realizarem lucros rápidos, sendo um incentivo ao investimento de raiz (Mhlanga, Blalock e Christy, 2010).

Desta forma, o efeito esperado sobre o IDE é positivo, significando que uma maior taxa de crescimento deverá atrair mais investimento estrangeiro. Os resultados foram ao encontro das expectativas, pois a maioria dos indicadores utilizados pelos autores confirmou o efeito positivo do determinante crescimento do mercado no fluxo de entrada de IDE num país, tendo os restantes apresentado um efeito insignificativo.

A distância psicológica pressentida pelo gestor entre o país de origem e o país de acolhimento citada por Dunning e Lundan (2008, pp.69-71) é outro determinante testado (Loree e Guisinger, 1995). No entanto, alguns autores preferiram incluir os efeitos deste determinante nos custos de transporte e de comunicação (Bellak e Leibrecht, 2009; Bevan e Estrin, 2000; Cheung e Qian, 2009; Kinoshita e Campos, 2002). O raciocínio que suporta este determinante é o de que u m investidor estrageiro terá de interagir com agentes do país de acolhimento (Estado ou instituições públicas, trabalhadores locais, concorrência, clientes etc.) para o funcionamento normal do

36 negócio. Desta forma, semelhanças culturais entre o país de origem e o de destino facilitarão as relações comerciais (Loree e Guisinger, 1995, p.289).

A distância psicológica é difícil de contornar e, por vezes, inibe um investidor de se internacionalizar (Dunning e Lundan, 2008, pp.69-71). Neste ponto, a semelhança cultural, o idioma, as crenças, as atitudes, as tradições o sistema político em vigor, o desenvolvimento industrial, as práticas de negócios, o nível educacional e até as condições climáticas são algumas das possíveis informações analisadas pelo investidor (Rosa, 2006). Deste modo, é esperado um efeito negativo sobre os fluxos de entradas de IDE, o qual foi confirmado por Loree e Guisinger (1995).

As economias de aglomeração são o último determinante testado pela literatura empírica (Kinoshita e Campos, 2002, Cheung e Qian, 2009) neste grupo de determinantes em busca de mercado. Kinoshita e Campos explicam que “economias de aglomeração surgem quando existem externalidades positivas pela localização perto de outras unidades económicas, devido à presença de transferências de conhecimento (spillovers), mercados de trabalho especializado e redes de fornecedores” (Kinoshita e Campos, 2002, p.9). Investidores estrangeiros podem sentir-se atraídos a investir num país que possua fluxos de entrada de IDE elevados, ao deduzirem sinais diretos e indiretos de decisões passadas, realizadas por outros investidores estrangeiros (Cheung e Qian, 2009, p.13).

A quantidade de IDE poderá induzir que o país possui condições locais favoráveis que foram percebidas pelos investidores existentes. Desta forma, o investidor estrangeiro é atraído a investir, de modo a aproveitar também as condições do país, além de tirar proveito de experiências acumuladas por seus semelhantes e/ou criar negócio entre sujeitos que lhe são familiares (Kinoshita e Campos, 2002, p.14; Cheung e Qian, 2009, p.13). Consequentemente, o efeito esperado deste determinante é positivo em relação aos fluxos de entrada de IDE de um país, o que foi confirmado nos trabalhos de Kinoshita e Campos (2002) e de Cheung e Qian (2009).

Como é verificado, existem três determinantes indicados por Dunning e Lundan (2008) que não foram abordados pela literatura empírica: as preferências de consumo específicas do país, o acesso a mercados regionais integrados e a estrutura do mercado.

Dunning e Lundan (2008) entendem que um investidor pode ser atraído a satisfazer uma demanda específica, existente num determinado país, devido à sua dimensão ou à falta de concorrência, podendo representar um nicho de mercado e/ou uma clientela certa. Este investidor tenderá a tratar estas filiais como unidades

37 independentes de produção local, para serem mais sensíveis às questões culturais e às necessidades locais, isto com o intuito de melhor responder as preferências de

consumo específicas do país (Dunning e Lundan, 2008).

O acesso a mercados regionais integrados, como a UE e a NAFTA, é percebido pelos autores como uma importante vantagem para a empresa, em razão de que, uma vez tendo uma unidade de produção em um ou mais países, ela poderá atender a todos os países da região. Deste modo, uma localização que permita o acesso a mercados regionais integrados, possibilitará a ampliação do mercado alvo, devido às menores barreiras que isso significa, tanto tarifárias como regulatórias (Dunning e Lundan, 2008).

O último determinante, também importante para o investidor, é a estrutura do

mercado, uma vez que determinadas estruturas poderão proporcionar excelentes

oportunidades de negócio, como, por exemplo, poder beneficiar-se de um monopólio através de um IDE e, consequentemente, poder controlar os preços do seu produto (Dunning e Lundan, 2008).

A Tabela 2.2–7 apresenta uma lista resumo dos efeitos dos determinantes económicos sobre os IDE em busca de mercado, encontrados nos trabalhos empíricos, bem como dos indicadores utilizados para chegar a essas conclusões.

Tabela 2.2-7 – IDE em busca de mercado - Indicadores e efeitos observados em trabalhos empíricos.

Determinantes Descrição Efeito no

IDE Autor (es) (Ano) Indicadores

Dimensão do mercado Um grande mercado apresenta maior potencial devido à grande procura de bens e serviços, traduzindo-se assim numa maior oferta de

oportunidades de investimento. + Asiedu (2006) PIB Bellak e Leibrecht (2009) Bevan e Estrin (2000) Ledyaeva (2009)

Mhlanga, Blalock e Christy (2010) Mohamed e Sidiropoulos (2010) Samimi et al. (2011)

Vijayakumar, Sridharan e Rao (2010)

Cleeve (2008)

PIB per capita

Kinoshita e Campos (2002) Loree e Guisinger (1995) Sawkut et al. (2009)

Ledyaeva (2009) Densidade Populacional

N º de habitantes

Samimi et al. (2011) 0

Mohamed e Sidiropoulos (2010)

Botrić e Škuflić (2005) PIB

PIB per capita

0/- Cheung e Qian (2009)

0/+ Cheung e Qian (2009) PIB

38

Tabela 2.2-7 – IDE em busca de mercado - Indicadores e efeitos observados em trabalhos empíricos (Continuação).

Determinantes Descrição Efeito no

IDE Autor (es) (Ano) Indicadores

Crescimento do mercado Um elevado crescimento da economia oferece a possibilidade de realização de lucros rápidos. +

Schneider e Frey (1985) Taxa de crescimento real do PNB

Mohamed e Sidiropoulos (2010) Taxa de crescimento real do PIB

Cleeve (2008)

Taxa de crescimento do PIB

0

Cheung e Qian (2009)

Mhlanga, Blalock e Christy (2010)

Vijayakumar, Sridharan e Rao (2010) Índice de produção industrial

Distância psicológica Grandes diferenças culturais aumentam a distância psicológica percebida pelo investidor, inibindo-o de investir.

- Loree e Guisinger (1995) Distância Cultural (dimensões culturais de Geert Hofstede)

Efeitos de aglomeração Os efeitos de aglomeração refletem ao investidor uma sensação de menor incerteza, devido ao sucesso de outros investidores. +

Kinoshita e Campos (2002) Stock desfasado de IDE

Cheung e Qian (2009) IDE chinês no país de acolhimento / IDE total chinês

Preferências de consumo específicas do país Satisfazer as preferências de consumo específicas do país poderá representar uma clientela certa para um

investidor.

+ (Esperado) (Dunning e Lundan, 2008) Sem indicadores testados

Acesso a mercados regionais integrados O acesso a mercados regionais integrados amplia o mercado alvo, devido às menores barreiras tarifárias e regulatórias.

+ (Esperado) (Dunning e Lundan, 2008) Sem indicadores testados

Estrutura do mercado A estrutura do mercado poderá proporcionar oportunidades, como o benefício de um monopólio.

+ (Esperado) (Dunning e Lundan, 2008) Sem indicadores testados

Fonte: Elaborada pelo autor.

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