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IV. IDE em busca de ativos estratégicos

2.3. Modos de entrada em mercados estrangeiros

2.3.1 Resumo dos modos de entrada

Exportação: Quando os produtos são transferidos para um país diferente onde

são fabricados, para obter um ganho financeiro. Este é o método mais utilizado devido ao menor risco que apresenta. Esta poderá ser realizada de duas formas: a direta, quando a empresa realiza todas as tarefas de exportação (como contatos, pesquisas de mercado, transporte ou preços) através de meios internos (por exemplo, agentes, distribuidores, responsável pela venda ou filiais de vendas), e a indireta, quando os produtos são vendidos no estrangeiro, sem qualquer atividade interna para esse fim, através de meios externos (como empresas trading, piggybacking ou casa de exportações).

Licenciamento: Quando uma empresa concede os direitos de propriedade

intangível (marcas, patentes, design, tecnologias e/ou know-how) a uma entidade estrangeira, por um determinado período, em troca de uma compensação financeira (royalties). Este modo de entrada apresenta um risco reduzido, uma vez que o investimento é realizado pela empresa estrangeira.

Franchising: Representa uma forma mais rigorosa do licenciamento. Aqui, o “franchisador” licencia o “franchisado” a produzir e a comercializar os bens ou serviço num território acordado, segundo as regras do “franchisador”, mediante uma compensação financeira (um valor de entrada e royalties que habitualmente são comissões sobre as vendas). O “franchisador” concede o direito de utilizar o seu nome, know-how, marca e serviço (como estudos de mercado, layout do espaço, publicidade, formação ou apoio à gestão) ao “franchisado”.

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Contrato de gestão: Quando um investidor estrangeiro contrata uma empresa

independente para gerir um bem económico ou as atividades operacionais de uma empresa, por um determinado tempo, mediante uma remuneração fixa ou variável, em função dos resultados. Este modo de entrada é normalmente utilizado nos seguintes sectores: hotéis, minerais, transportes, agricultura e public utilities.

Projetos Turnkey: Quando um cliente estrangeiro contrata uma empresa para

estabelecer uma unidade de produção completa, num país de acolhimento. O pagamento pode ocorrer de diferentes formas, incluindo compensações. Estes projetos são comuns nas indústrias petroquímica, farmacêutica e de refinaria.

Contrato de produção: Representa um acordo entre uma empresa (contratante)

e uma empresa do país de destino (subcontratada), onde a subcontratada fabrica os produtos ou componentes que a contratante irá comercializar.

Joint venture contratual: Figura um acordo de esforço cooperativo entre duas empresas, para a realização de um projeto em um determinado país, cujo termo coincide com a conclusão do projeto. Neste acordo não existe saída de capital, daí a não criação de uma entidade legal separada para o projeto. Os projetos podem ser na área da I&D, produção, marketing, consórcio de bancos para grandes financiamentos, entre outras.

Joint ventures de capital: Figura um acordo entre duas ou mais empresas para a partilha de ativos, numa nova entidade legal distinta, para desenvolver uma atividade produtiva e/ou comercial, em um determinado país. Neste acordo existe saída de capital, o que envolve uma partilha dos bens, riscos, lucros, participação na propriedade e controlo da nova empresa. No entanto, as participações de capital podem assumir qualquer distribuição entre as empresas-mãe. A aquisição parcial de uma empresa no estrangeiro também é considerada uma joint venture de capital.

Subsidiárias de propriedade total: Quando uma empresa realiza um IDE para

a criação de uma greenfield1 ou para a aquisição de uma empresa no estrangeiro, de modo a possuir 100% da propriedade e do controlo das operações no exterior. Este modo de entrada representa o ponto oposto à exportação, já que possui o risco mais elevado.

Para melhor perceber cada modo de entrada em mercados estrangeiros, a Tabela 2.3–1 apresenta algumas das principais vantagens e desvantagens associadas a cada tipo de acesso.

1 Greenfield é um investimento, onde a empresa-mãe inicia um novo empreendimento num país estrangeiro, através da construção de novas instalações operacionais a partir do zero.

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Tabela 2.3-1 – Principais vantagens e desvantagens dos modos de entrada.

Modo de Entrada Vantagens Desvantagens

Exportação

 Investimento dispensável;

 Risco mínimo de internacionalização;  Elevada flexibilidade.

 Altos custos de transporte;

 Difícil acesso a mercados protegidos;  Falta de controlo das atividades (na exp. indireta);

 Custos de agencia (na exp. indireta).

Licenciamento

 Investimento dispensável;  Acesso a mercados protegidos;  Remuneração certa.

 Falta de controlo das atividades.  Risco de difusão da tecnologia e/ou

know-how;

 Dificuldade dos licenciados cumprir os requisitos;

 Custos de adaptação da tecnologia.

Franchising

 Investimento dispensável;  Rigoroso controlo de custos;

 Conhecimento do mercado local pelo “franchisado”;

 Remuneração elevada.

 Falta de controlo das atividades;  Exige apoio contínuo;

 Dificuldade de adaptação a contextos culturais diferentes;

 Necessita que a imagem e o conceito de negócio seja transponível

internacionalmente.

Acordos contratuais

 Investimento dispensável;  Acesso a mercados protegidos;  Benefício económico da transferência do know-how;

 Partilha de recursos e de riscos;  Rápida penetração no mercado.

 Possível falta de cooperação e confiança entre os parceiros;

 Negociações demasiado detalhadas;  Possível má escolha do parceiro de acordo;

 Período limitado no mercado;  Risco de difusão da tecnologia e/ou

know-how.

Joint Ventures de capital

 Proporciona novas capacidades e experiências;

 Partilha de recursos, de riscos e de custos;

 Acesso a mais e especializados recursos;

 Acesso a novos mercados com o desembolso de menos capital;  Possível saída através da alienação;  Compromisso de gestão de ambas as partes;

 Grau de controlo das atividades considerável;

 Atuação de longo prazo.

 Parceiros com diferentes objetivos;  Mudança da orientação estratégica do parceiro;

 Investimento considerável;  Desequilíbrios em diversos níveis entre os parceiros;

 Diferenças culturais e de estilos de gestão;

 Integração e cooperação deficiente.

Subsidiárias de propriedade total - Greenfield (IDE)

 Controlo total das atividades;  Eliminação dos conflitos entre parceiros;

 Risco de difusão da tecnologia e/ou

know-how baixo;

 Coordenação estratégica entre a subsidiária e a empresa-mãe.

 Elevado custo de implementação;  Processo lento;

 Risco máximo de internacionalização;  Risco de expropriação.

- Aquisição (IDE)

 Controlo total das atividades;

 Fácil e rápida penetração de mercado;  Experiência do mercado;

 Marca já estabelecida;

 Acesso aos recursos da empresa adquirida.

 Elevado custo de aquisição;  Necessidade de enquadramento dos negócios existentes;

 Problemas de comunicação e de coordenação;

 Problemas culturais.

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