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1. Apresentação da área de pesquisa e dos objetivos

2.2. Determinantes chave para a escolha da localização

2.2.2. Políticas de promoção ao investimento

Os determinantes citados até este ponto estão ligados ao enquadramento político geral do país acolhedor, no entanto os investidores estrangeiros também podem ser atraídos e influenciados por políticas de promoção ao investimento. Estas atrações representam justamente o tema do segundo grupo da lista de determinantes do país de acolhimento de Dunning e Lundan (2008): as políticas específicas para o IDE. As políticas destinadas a atrair IDE tendem a “comercializar” oportunidades de investimento através do aumento potencial do retorno, assim como da redução de obstáculos e de riscos associados ao IDE (Cleeve, 2008, p.4).

As políticas de promoção de IDE são referenciadas pela UNCTAD (2004) através de incentivos ao investimento. Os incentivos ao investimento são um instrumento político na competição global para a atração de IDE, através da oferta de benefícios consideráveis ligados ao funcionamento das empresas (por exemplo: menos tributação ou regulamentação facilitada). Os incentivos são oferecidos pelos diversos níveis de governação nacionais, regionais e locais, que têm o objetivo final de beneficiarem das externalidades positivas do IDE, tais como treino dos nacionais, contratação de fornecedores locais, investigação e desenvolvimento ou exportações (UNCTAD, 2004, p.5).

Os incentivos ao investimento podem agrupar-se em três tipos: incentivos financeiros, incentivos fiscais e outros incentivos (UNCTAD, 2004, pp.5-7). Os

incentivos financeiros destinam-se a oferecer um leque de benefícios relacionados com

27 taxas mais baixas, garantias de crédito, cobertura de riscos ou facilidades no acesso ao financiamento.

Os incentivos fiscais são destinados a reduzir a taxa efetiva de imposto sobre as empresas, através, por exemplo, da isenção de impostos, da redução do imposto sobre o rendimento, da redução da contribuição para a segurança social, das isenções de impostos sobre as importações, das isenções fiscais nas exportações, da redução do imposto nas exportações de produtos manufaturados ou da redução de impostos para os expatriados.

Os outros incentivos representam todos os restantes incentivos, tais como: isenção ou redução das normas regulatórias de meio ambiente, saúde, segurança, trabalho ou outras (incentivos regulatórios); contratos governamentais preferenciais, mercado fechado a novas entradas ou a concessão de direitos de monopólio, proteção contra a concorrência das importações (privilégios de mercado); taxas de câmbio especiais para a eliminação de risco cambiais (privilégios cambiais); e redução do preço de serviços básicos (eletricidade, água, telecomunicações, transporte, etc.), além de outros serviços de assistência ao investidor como identificação de fontes de financiamento, implementação e gestão de projetos, realização de estudos de pré- investimento, informações sobre mercados, disponibilidade de matérias-primas e de fornecimento de infraestrutura, consultoria em processos de produção e técnicas de marketing, assistência com formação e reciclagem, instalações técnicas para o desenvolvimento de know-how ou para a melhoria do controle de qualidade (serviços subsidiados).

UNCTAD (2004, p.5) refere que os diferentes tipos de incentivos são frequentemente utilizados por diferentes tipos de países. Os países desenvolvidos utilizam principalmente os incentivos financeiros, por possuírem condições de usar subsídios ao investimento interno, enquanto os países em desenvolvimento, na melhor das hipóteses, podem usar um incentivo fiscal ao aliviar os encargos em impostos.

Além dos incentivos mencionados, a literatura trata dos acordos de

investimento internacional como influenciadores do investidor estrangeiro na medida

em que lhes pode trazer oportunidades de investimento, que sem eles eram difíceis de concretizar (Dunning e Lundan, 2008). Os acordos de investimento internacional constituem tratados entre países que abordam assuntos importantes para o investimento transfronteiriço, normalmente com o intuito de proteção, liberalização e promoção de tais investimentos (UNCTAD, 2008). Os tipos mais comuns são: os tratados bilaterais

28 de investimento, realizados entre dois países; os acordos de comércio preferencial e de investimento, o exemplo da integração económica, do livre comércio, parcerias económicas ou outros tipos de acordos similares abrangentes; e os tratados de dupla tributação que regulam a forma como os impostos incidem sobre o lucro global das empresas multinacionais (UNCTAD, 2008).

A literatura empírica foca-se principalmente nos incentivos fiscais (Bellak e Leibrecht, 2009; Loree e Guisinger, 1995; Sawkut et al., 2009; Root e Ahmed, 1978, citado em Assunção, Forte e Teixeira 2011, p.11; Cleeve, 2008) Os autores consideraram que uma carga tributária baixa ou benefícios fiscais são um incentivo relevante para os investidores. Os resultados foram consensuais, concluindo o efeito positivo esperado dos incentivos fiscais sobre o IDE.

Os incentivos financeiros não foram testados diretamente em estudos empíricos, devido a limitações de acesso aos dados, mas é esperado um efeito positivo. No que se refere ao determinante outros incentivos, Loree e Guisinger (1995) testaram o indicador requisitos de desempenho, considerando que a menor exigência por parte das autoridades pode constituir um incentivo. Os autores concluíram que quanto maior for os requisitos de desempenho, menores serão as entradas de IDE e, deste modo, comprovaram o efeito positivo deste determinante.

Acerca do determinante acordos de investimento internacional, a literatura empírica não verificou seus efeitos, devido à dificuldade em encontrar um indicador razoável, já que estes acordos têm efeitos de atração diferentes entre os investidores de diferentes países.

A Tabela 2.2–5 apresenta uma lista resumo dos efeitos dos determinantes das políticas de promoção ao IDE sobre o IDE de um país encontrados nos trabalhos empíricos, bem como os indicadores utilizados para chegar a essa conclusão.

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Tabela 2.2-5 – Políticas de promoção ao IDE - Indicadores e efeitos observados em trabalhos empíricos.

Determinantes Descrição Efeito no

IDE Autor (es) (Ano) Indicadores

Incentivos fiscais

As políticas destinadas a atrair IDE tendem a

comercializar oportunidades de investimento através do aumento potencial do retorno, da redução de obstáculos e de riscos associados ao IDE. + Bellak e Leibrecht (2009)

Taxa efectiva de imposto (carga tributária)

Loree e Guisinger (1995) Root e Ahmed (1978) Sawkut et al. (2009) Cleeve (2008)

Isenção de impostos (temporários)

0

Benefícios fiscais oferecidos a setores específicos

Root e Ahmed (1978) Incentivos fiscais (complexidade vs simplicidade; liberalidade)

+ (Esperado) UNCTAD (2004)

Redução da contribuição para a segurança social

Isenções de impostos sobre as importações

Isenções fiscais nas exportações Redução do imposto nas exportações de produtos manufaturados

Redução de impostos para os expatriados

Incentivos

financeiros + (Esperado) UNCTAD (2004)

Subsídios a fundo perdido Empréstimos com taxas mais suaves Garantias de crédito Cobertura de riscos Facilidades no acesso ao financiamento Outros incentivos

- Loree e Guisinger (1995) Requisitos de desempenho (inquérito realizado pelos autores)

0 Cleeve (2008) Repatriação de lucros

+ (Esperado) UNCTAD (2004) Incentivos regulatórios Privilégios de mercado Privilégios cambiais Serviços subsidiados Acordos de investimento internacional

+ (Esperado) Dunning e Lundan (2008);

UNCTAD (2008)

Tratados bilaterais de investimento Acordos de comércio preferencial e de investimento

Tratados de dupla tributação

Fonte: Elaborada pelo autor.

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