• Nenhum resultado encontrado

O Novo Código Florestal Brasileiro, instituído pela lei Nº 12.651, de 25 de maio de 2012, estabelece as normas básicas de conservação das florestas e demais formas de vegetação pertencentes ao território nacional, bem como, elucida a respeito de condutas lesivas a cobertura vegetal, capazes de comprometer os serviços ambientais.

Em seu artigo 3º, incisos II e III, conceitua as áreas de preservação permanente (APP) e reservas legais (RL), respectivamente.

Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: (...)

II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa; (BRASIL, 2012)

As APP’s terão suas áreas dimensionadas com base no recurso ambiental a qual esteja protegendo, como por exemplo, os topos de morros, dunas, corpo hídricos, dentre outros especificados em lei. As dimensões de cada formação vegetal que deverão ser respeitadas seguiram critérios técnicos específicos. Como exemplo pode-se citar as nascentes e os cursos de rios e lagos e, ainda as encostas. No caso de nascentes, deve-se respeitar um raio mínimo de 50 metros de largura, no caso de cursos d’água as áreas florestadas, que não poderão ser retiradas, variam de 10 a 600 metros dependendo da extensão do curso d’água em questão. Em relação às encostas, as vegetações não poderão ser retiradas em angulações superiores a 45º de declividade (CFB/2012).

As áreas de reserva legal devem ser de no mínimo 80% da propriedade na Amazônia Legal. A utilização de forma produtiva desta área deverá ser realizada de forma extrativista.

A utilização destas áreas para fins produtivos fica restrita à autorização do Poder Executivo Federal. As APP’s somente poderão ser suprimidas em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizado e motivado em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto. Já a RL não poderá ser suprimida, sendo utilizada somente sob o regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento (CFB).

Não sendo cumpridas as normas de uso e preservação destas áreas segundo determinação do CFB e leis afins, cabe ao transgressor as sanções civis, penais e administrativas cabíveis a cada infração cometida ao meio ambiente, consequentemente ao bem público.

Estrategicamente, os SAF’s são apresentados como uma prática de uso dos solos capaz de conciliar a recuperação de APP e de RL incorporando-as em novos processos produtivos bem como restaurando a função ambiental das áreas alteradas.

A resolução nº369/2006 do CONAMA, em seu § 2º, inciso II, alínea “b”, considera o manejo agroflorestal, praticado em pequena propriedade ou posse rural, que não descaracterize a cobertura vegetal nativa, ou impeça sua recuperação e não prejudique a função ecológica da área, como de interesse social, para uma exploração ambientalmente sustentável.

Devido a isso, a Instrução Normativa nº 5, de Set/2009, dispõe no caput do art. 5º, incisos I, II e II sobre os processos metodológicos de restauração e recuperação das APP’s e da RL.

I - condução da regeneração natural de espécies nativas; II - plantio de espécies nativas (mudas, sementes, estacas); e,

III - plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de espécies nativas (BRASIL, 1965).

Ao aplicar as metodologias compreendidas nos incisos II e III, detalhados nos art. 7º, da IN n º5, para recuperação de APP e RL, deverá observar as funções ambientais das APP’s e da RL e proporcionar proteção a flora nativa frente à exótica invasora.

Cabe destacar o art. 8º, da IN nº 5, que descreve como a RL poderá recuperada e utilizada de forma racional

No caso da recuperação da área de Reserva Legal na propriedade ou posse do agricultor familiar, do empreendedor familiar rural ou dos povos e comunidades tradicionais poderão ser utilizadas espécies de árvores frutíferas, ornamentais ou industriais exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas. (BRASIL, 1965).

O art. 8º da IN nº 5 estava de acordo com o §3º, do art. 16 do Código Florestal Brasileiro de 1965, recentemente revogado, segundo o qual a área de RL poderá ser compensada com culturas frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas. O art. 16º do CFB/65 também respaldava a adoção dos planos de manejo sustentável de exploração madeireira em RL desde que respeitadas às normas técnicas de uso e exploração como exposto no inciso II do art. 1º da Instrução Normativa nº 4/2009.

De acordo com o atual Código Florestal Brasileiro de 2012, a possibilidade de manejo das áreas de reserva legal ainda permaneceu para o proprietário, possuidor ou ocupante de imóvel rural a qualquer título, sendo de forma facilitada para as pequenas propriedades rurais ou posses familiares, para as quais os órgãos integrantes do SISNAMA estabelecerão procedimentos simplificados para a elaboração, análise e aprovação dos respectivos planos de manejo. É o que prevê o artigo 17, caput e §2º da atual legislação.

Porém, no artigo 9º da IN nº 5/2009, há a discriminação da aplicação dos SAF’s na recuperação de APP na propriedade ou na posse do agricultor familiar, do empreendedor familiar rural ou dos povos e comunidades tradicionais, onde nos inciso III, VI e VII se configuram como objeto de manejo para uso racional dessas áreas.

Cabe destaque para o § 2º, do art. 16, como trecho abaixo, do qual originou a Instrução Normativa (IN) nº 4, de 08 de Setembro de 2009 que regulamenta os procedimentos técnicos para utilização da vegetação da Reserva Legal.

§ 2º A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3º deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas. (BRASIL, 2009)

Em seu art. 2º, da IN nº 4, incisos I, II, são expostas as práticas de exploração seletiva de utilização da vegetação das áreas de RL;

I - manejo sustentável da Reserva Legal para a exploração florestal eventual, sem propósito comercial direto ou indireto, para consumo nas propriedades do agricultor familiar, do empreendedor familiar rural e dos povos e comunidades tradicionais; e

II - manejo sustentável da Reserva Legal para exploração com finalidade comercial. (BRASIL, 2009)

Com relação às APP’s, a Resolução nº 429/2011 traz no art. 6º, em consonância com o disposto no antigo CFB/65 sobre o uso das APP’s nas posses rurais e pequenas propriedades, a possibilidade da utilização do manejo agroflorestal como uma prática para a recomposição das áreas alteradas, observando as estruturas e funções ambientais intrínsecas desses espaços, bem como devem ser manejadas e planejadas a regeneração e ocupação das espécies na área a ser recuperada. O Novo CFB também prevê a possibilidade de utilização das Áreas de Preservação Permanente, nos moldes dos parágrafos 5º e 6º do artigo 4º, e, novamente, com especificidades para as pequenas propriedades e aquelas familiares.

Na Resolução anteriormente citada, os SAF’s são assim classificados:

Sistemas de uso e ocupação do solo em que plantas lenhosas perenes são manejadas em associação com plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas, culturas agrícolas, e forrageiras, em uma mesma unidade de manejo, de acordo com arranjo espacial e temporal, com diversidade de espécies nativas e interações entre estes componentes. (BRASIL, 2011).

Os SAF’s usados para recuperação das APP’s deverão resguardar as diretrizes apresentadas no artigo 6º da referida resolução. Porém, cabe destacar o inciso VII, pois há um enquadramento com os §§ 3º e 5º, do art. 5º que regulamenta os requisitos para a recuperação das APP.

As normas e diretrizes propostas em Leis para o uso, recuperação e restauração das APP e da RL, além dos ganhos econômicos gerados para os pequenos produtores pelas atividades, se forem desenvolvidas em conformidade com as referidas normas, são passíveis de incentivos econômicos, como explica o art. 8º da Resolução nº 429/2011;

Art. 8º A recuperação de APP, em conformidade com o que estabelece esta Resolução, bem como a recuperação de reserva legal, é elegível para os fins

de incentivos econômicos previstos na legislação nacional e nos acordos internacionais relacionados à proteção, à conservação e ao uso sustentável da biodiversidade e florestas ou de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. (BRASIL, 2011).

Ou seja, a utilização da RL e da APP para e exploração de produtos madeireiros e não madeireiros deverá ser regida pelas disposições, normas, diretrizes e limitações de uso dispostos em lei regulamentar como especificado nas resoluções e instruções normativas do CONOMA em consonância com o Código Florestal Brasileiro.

5.4 O Fundo Constitucional para o Desenvolvimento do Norte (FNO) e os Arranjos