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7 METODOLOGIA

7.1 Nordeste Paraense

O Nordeste Paraense é composto por 48 municípios subdivididos nas seguintes microrregiões: Salgado (11 municípios, 235.317 habitantes e um área de 5.812,7 Km2) ,

Bragantina (13 municípios, 359.338 habitantes e área 8.703,3 Km2), Cametá (07 municípios,

87.069 habitantes, área 16.144,6 Km2 ), Tome-Açú (5 municípios, 249.201 habitantes e área

de 24.453,3 Km2) e Guamá (12 municípios, 404.658 habitantes e área de 28.439,6 Km2 ), em

uma extensão territorial de 83.553,5 Km2 e com uma população estimada em 1.635.583

habitantes (IBGE, 2011b).

A classe de solo predominante na região é o Latossolo Amarelo textura média e Latossolo Vermelho de texturas médias. São solos minerais profundos a muito profundos, bem drenados, de granulometria bastante porosa e permeável (PROJETO..., 1973).

São solos bastante intemperizado, não apresentando minerais primários. Como característica apresenta um horizonte B textural, onde há um teor constante de argila, onde a textura varia de muito argilosa a média. Sendo assim, são solos classificados, segundo sua aptidão agrícola, como adequados para o uso com lavouras (PROJETO..., 1973).

Segundo a classificação de Köppen, o nordeste paraense apresenta clima do tipo Afi e Ami. A região apresenta temperaturas médias acima de 26ºC e regime pluviométrico com médias de 2400mm anuais, com umidade em torno de 80% (VEIGA et al., 2012).

7.2 Caracterização dos sistemas agroflorestais observados no Nordeste Paraense

As principais culturas identificadas por Souza et al (1999); Gondim et al. (2001); Mendes (2003); Vieira et al. (2007); Castro et al. (2009); Azevedo (2009), Brienza Júnior et al. (2009); Tonini et al (2005a); Tonini et al, (2005b); Tonini et al (2006) nos mais variados arranjos de SAF’s praticados na Amazônia foram as seguintes: caupi (Vigna unguiculata), milho (Zea mays), arroz (Oriza sativa), como espécies de ciclo curto; mandioca (Manihoh sculenta), como anual; banana (Musa sp.); cupuaçu (Theobroma grandiflorum), cacau (Theobroma cacao), coco (Cocus nucifera), açaí (Euterpe oleracea), como espécies perenes; de cultivos agrícolas.

Já as espécies florestais mais recorrentes identificadas foram: Ingá (Inga edulis) como adubadora; pupunha (Bactris gasipaes), castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa), Paricá (Schizolobium amazonicum), Acácia mangio (Acacia mangium), Mogno (Swietenia macrophylla), Seringueira (Hevea brasiliensis), copaíba (Copaifera guianensis), freijó (Cordia sp.) como espécies de uso múltiplo, ou seja, com a finalidade de obter produtos florestais madeireiros, não madeireiros e serviços ambientais como aumento da fertilidade do solo, sequestro de carbono e sombreamento de espécies agrícolas. (BRIENZA et al., 2008, ARCO- VERDE; SILVA, MOURÃO JÚNIOR, 2009; SABOGAL, et al., (2006).

Segundo Brienza et al., 2008; os arranjos são definidos a partir dos ciclos de corte das espécies florestais para que as culturas agrícolas possam suprir os custos da

condução do sistema, e ser capaz de gerar receitas para o pequeno produtor enquanto as espécies florestais e frutíferas não estão em produção.

A introdução e o tempo de permanência das espécies no sistema será de acordo com o objetivo do sistema. As espécies florestais e frutíferas serão implantadas simultaneamente com as agrícolas de ciclo curto. O arranjo temporal das espécies será de acordo com os coeficientes técnicos, ou índices agronômicos, de cada cultura.

Assim como Mendes (2003), o presente estudo buscou levantar as principais espécies florestais e frutíferas adotadas em sistema agroflorestais no município de Tomé-Açú e avaliar a viabilidade econômica dos modelos adotados por este estudo.

Os saf’s apresentam os mais variados arranjos no município de Tomé-Açú. Assim como observado por Mendes (2003) e levantamento in loco, confirmou-se a preferência dos produtores pela lavoura cacaueira e cupuaçuzeira em consórcio com outras espécies agrícolas perenes e semiperens, de ciclo curto e essências florestais. As lavouras cacaueiras e a cupuaçuzeira predominam na paisagem da produção agrícola em diferentes arranjos espaciais e de cultivos consorciados com espécies florestais e frutíferas no município de Tomé-Açú (MENDES, 2003).

Porém, cabe destacar, hoje, o avanço em número de plantas e extensão de área para o plantio de Açaí (Euterpe oleracea).

Historicamente, dois fatores contribuíram para o predomínio das lavouras de cacau e cupuaçu e a expansão das áreas de açaí. Mendes (2003) comenta em seu estudo que o fator cultural e políticas de crédito foram fatores preponderantes à maior frequência destas culturas nos diferentes arranjos de saf’s observados em Tomé-Açú.

Do ponto de vista cultural, assim como levantado por Mendes (2003), os produtores escolhem as culturas com base na experiência adquirida e repassadas pelos familiares. Como espécies florestais, há Andirobeiras, Mogno, Copaibeiras, Castanheiras-do- Pará, dentre inúmeras outras essências florestais. As espécies florestais são exploradas na modalidade de extrativismo, bem como a utilização do serviço ambiental “sombreamento” ao cacau e cupuaçu.

Já as espécies frutíferas predominantes são açaí, acerola, banana, cacau, coco- da-baía e cupuaçu. O predomínio destas espécies se deu devido às políticas de créditos, principalmente, o Fundo Nacional de Financiamento do Norte (FNO), impulsionador da adoção destas culturas.

Segundo Mendes (2003) e confirmado pelo Eng.º Agrônomo da Secretaria Municipal de Agricultura de Tomé-Açú (SEMAGRI-TA) Bruno Lima, o FNO estimulou a

adoção destas culturas pelos agricultores. Mendes (2003) comenta também que, devido a demandas de mercado, bem como potencialidades climáticas e aptidão dos solos no município para o plantio destas espécies, foram fatores preponderantes ao incentivo a estas culturas.

A expansão das áreas plantadas de Açaí se deve, também, ao crescimento da demanda de mercado, principalmente, às internacionais, que impulsionaram o aumento das áreas com cultivos solteiros ou em saf’s (SANTANA et al., 2008; HOMMA et al., 2006).

Santana et al. (2008) comentam que, devido ao aumento na demanda pelo açaí, banana e cupuaçu, dentre outras, há a geração de uma força motriz de mudança organizacional produtiva do padrão agrícola da fruticultura fundamentadas em base produtiva extrativa para uma base produtiva de cultivo. Assim, há a necessidade da formação de uma base produtiva de cultivo do açaí, como condição básica à atração de agroindústria de processamento.

Santana et al. (2010) e Santana e Amin (2002) discutem a questão da organização da produção como forma impulsionadora da organização local da produção gerada pelo conceito de cadeia de produção, onde somente a aglomeração industrial, por si só, não funciona como uma forma motriz de organização, dinâmica e de inserção de um território em uma economia de concentração industrial.

Santana et al. (2010) e Santana e Amin (2002) comentam, ainda, a respeito do conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL) como instrumento de relevante importância para o desenvolvimento local, verticalização da produção, fortalecimento das empresas envolvidas na cadeia e na dinâmica do espaço geográfico que abrigará tal aglomeração industrial. Ressalta, também, a importância destes espaços como ponto de partida para políticas públicas que objetivem o desenvolvimento local pautado em potencialidades locais e culturais de uma região.

Homma et al. (2006) comentam também a respeito da participação das espécies florestais na composição dos saf’s e a potencialidade da extração da madeira como fonte de renda ao produtor.

Entretanto, devido à pressão por novas áreas de plantio, pode gerar uma conversão da paisagem para plantios solteiros de açaí, acarretando na problemática ocorrida em outros modelos de monocultivo.

Sendo assim, Homma et al. (2006) ponderam a importância de incluir o açaí em saf’s com o intuito de não gerar tais pressões, principalmente, nas áreas de várzea, por ser um ecossistema sensível a perturbações, e destinar às áreas desmatadas esses modelos de

exploração, o que contribuiria para inserção e recuperação de áreas degradadas em um novo ciclo de produção.

O objetivo específico deste estudo foi o de observar as principais culturas exploradas no município de Tomé-Açú com base nos modelos impulsionados pelo FNO.

Tal imposição se deu devido à necessidade de avaliar a viabilidade econômica em saf’s das espécies fomentadas pelas políticas de crédito e conciliar estas espécies agrícolas como possíveis modelos, ou arranjos em saf’s, para a utilização em RL e APP’s.