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6 POR QUE PRODUZIR EM MODELO DE SAF

6.5 Valoração Ambiental

A preservação ambiental tornou-se o cerne das discussões entre as nações devido aos impactos globais sobre o clima oriundo das intervenções antrópicas no meio ambiente. Com isso, surgiu como oportunidade à utilização de mecanismos de desenvolvimento limpo, onde nações de alguma forma, através de financiamentos ou de adoções de tecnologias e metodologias produtivas menos poluentes, pudessem contribuir com a redução das concentrações e emissões dos Gases do Efeito Estufa (GEE).

Neste contexto, surge um cenário de oportunidade econômica a nível global das denominadas de Emissões Compensadas. O texto presente no item 5° do artigo 12 do protocolo de Kyoto comenta a internalização dos custos ambientais das atividades produtivas nos projetos, essa recomendação segue a metodologia dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Seguindo o modelo neoclássico da economia, onde há abordagem das políticas ambientais de controle e gestão ambiental, tem-se a elucidação dos conceitos de bens comuns e externalidades. As externalidades podem ser divididas em negativas e positivas da produção.

Segundo Mankiw (2002), as externalidades negativas são classificadas como os prejuízos ambientais para terceiros não beneficiários da atividade produtiva promovedora do

distúrbio ambiental. Já as externalidades positivas apresentam benefícios de bem-estar social e ambiental para a comunidade pelo emprego de técnicas que mitiguem os efeitos desse impacto.

Sobre esta perspectiva do modelo neoclássico, a saída seria internalizar estas externalidades nos custos de produção. Segundo Mankiw (2002), a internalização dos custos externos, através de taxações ou impostos, como controle de poluição e exploração dos recursos ambientais. Tal observação segue a retórica do poluidor-pagador.

A concepção do poluidor-pagador surge da lógica de se igualar os custos privados aos custos sociais. Ou seja, “o poluidor deverá arcar com os custos das medidas para a redução da poluição, decididas pela autoridade pública para assegurar que o meio ambiente se encontre em estado aceitável”.

Os bens comuns seriam os recursos naturais onde todos teriam o livre acesso a este sem que haja uma regulação. Segundo Mankiw (2002), bens comuns não são excludentes e nem rivais podendo ser desfrutados por todos.

Devido a isso, poderá haver um consumo deste recurso acima da sua capacidade de reposição (não sustentável) o que poderia provocar sua escassez. A isso, Lloyd, em 1983, denominou simplesmente de tragédia, e que posteriormente foi denominado de “tragédia dos comuns”.

Mankiw (2002), Bellha (1996) e Benakouche e Cruz (1994) afirmam que todos os recursos naturais que não fossem de propriedade privada estariam sujeitos à exploração e competição, e que com o aumento da intensidade de uso poderia indisponibilizar estes recursos para outros que o desejasse possuírem.

Sob esta ótica, pode-se considerar o sequestro de carbono como a internalização das externalidades negativas de um empreendimento, ou seja, através do financiamento por parte de um empreendimento poluidor, ou que utiliza recursos naturais de um empreendimento que sequestre carbono, tem-se o que o modelo neoclássico denominaria com um instrumento de gestão e controle ambiental.

Este mercado complementaria os instrumentos legais de ordenamento e regulação fundiária através da utilização dos remanescentes florestais presentes nas propriedades rurais como sumidouros de carbono, devidamente certificados. Ou seja, as áreas classificadas segundo Código Florestal Brasileiro, APP’s e RL’, seriam utilizadas como sumidouros e os investimentos advindos deste processo seriam utilizados na recuperação, enriquecimento e preservação de outras áreas.

A valoração do ambiente, nada mais é do que, a tentativa de atribuição de valor monetário aos recursos naturais ou aos serviços ambientais oferecidos pelo meio ambiente, sejam esses, utilizados de forma direta ou indireta. A composição do Valor Econômico Total do ambiente é composto pela relação direta entre o valor de uso e o valor de não-uso dos recursos naturais, os valores de uso são decompostos em valor de uso direto, valor de uso indireto e valor de opção, o Valor Econômico Total é composto pelo valor de uso, valor de opção e valor de existência. (BELLHA, 1996; YOUNG; FAUSTO, 1997; MOTTA, 1997; MOTTA et al., 2000; MOTTA, 2006).

O valor de uso direto é o valor atribuído a um recurso que está sendo utilizado no presente, por exemplo, atividades de extração ou de produção ou, ainda, o consumo direto (BELLHA, 1996; MOTTA, 1997). O valor de uso indireto compreende o valor do serviço ecossistêmico prestado pelo recurso, como exemplo, a proteção do solo a erosão ou a proteção de mananciais (MOTTA et al., 2000). Já o valor de opção é o valor atribuído à utilização, num futuro próximo de um recurso, de forma direta ou indireta (MOTTA, 2006). O somatório destes valores irá tentar, valorar os recursos naturais passiveis de utilização como insumos produtivos ou ambientes de preservação da qualidade ambiental e do bem-estar social (YOUNG; FAUSTO, 1997).

Segundo Wunder et al. (2008), um pagamento por serviços ambientais é uma transação voluntária na qual um serviço ambiental bem definido ou uma forma de uso da terra que possa segurar este serviço é comprado por pelo menos um comprador de pelo menos um provedor sob a condição de que o provedor garanta a provisão deste serviço.

As metodologias de valoração dos ambientes seguem a função demanda ou a função de produção. Nos métodos de função de produção, o recurso natural será um insumo ou um serviço, onde um impacto positivo ou negativo no recurso capaz de afetar a disponibilidade quantitativamente ou qualitativamente do mesmo, o valor econômico da interferência poderá ser mensurado nas variações nas receitas líquidas ou nas variações dos custos de produção (BELLHA, 1996; MOTTA, 1997; MOTTA, 2006).

Os métodos de função demanda, através de simulação de mercados, irão mensurar os valores atribuídos a um dado recurso ambiental, por indivíduos que os utilizam diretamente, avaliando, assim, o excedente do consumidor em respostas a disponibilidade do recurso ambiental (BELLHA, 1996; MOTTA, 1997; MOTTA, 2006).

Os métodos da função de produção permite que sejam avaliados os recursos naturais como insumo ou fator de produção de um produto qualquer, assim a avaliação das receitas líquidas ficará em função da disponibilidade do recurso ambiental (MOTTA, 1997;

MOTTA, 2006). O método do custo de oportunidade, devido à não valoração direta do recurso, serve para estimar o custo do uso alternativo do recurso natural em comparação a uma atividade concorrente (MOTTA, 1997; MOTTA, 2006), como, por exemplo, o sequestro de carbono em SAF’s em detrimento de um monocultivo de corte raso como a soja.

6.6 Políticas de ação e a participação institucional para o sucesso das estratégias de