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O CONCEITO CULTURA NA

C APÍTULO 1 E STRUTURALISMO E LINGUÍSTICA

O capítulo 1 do Problemas de Linguística Geral II, intitulado “Estruturalismo e linguística”, constitui uma entrevista realizada por Pierre Daix com Émile Benveniste, em julho de 1968, a qual foi publicada no jornal Les Lettres Françaises95. Pierre inicia a entrevista

questionando Benveniste sobre as transformações por que passou a linguística nos últimos 40 anos, as quais possibilitaram a ascensão dessa disciplina à posição central nas Ciências Humanas. Situando esse contexto, Pierre questiona Benveniste sobre o que o levou à linguística. Benveniste responde apontando seu encontro, ainda muito jovem, com seu mestre, Antoine Meillet; esse que lhe ensinou gramática comparada, a qual foi modelada por Saussure. Dito isso, Benveniste salienta as transformações que a Linguística Comparada e que a Linguística Geral, que “transpunha em traços gerais as características extraídas pelos métodos comparativos” (2006[1968a], p. 13), sofreram nos últimos anos. A Linguística Comparada e a Linguística Geral eram, para Benveniste, os dois polos em que se concentravam os estudos linguísticos no início daquele século. A partir disso, Benveniste assevera a importância de Saussure, “um homem que agiu sobretudo depois de sua morte” (2006[1968a], p. 14), e a influência dos pensamentos desse linguista no pensamento de Meillet, o que reverberou em seus ensinamentos. Pontuando sobre as grandes modificações pelas quais a linguística passou após Saussure, Benveniste situa o estruturalismo e as vertentes a partir das quais se desenvolveu.

95 Esse é um periódico, de cunho literário, criado por Jacques Decour e Jean Paulhan, na França, em 1941, no período da Segunda Guerra Mundial. Les Lettres Françaises contou com publicações semanais de 1942 a 1972. Suas publicações, no panorama intelectual francês, se posicionavam contra o movimento nazista, sendo consideradas como atreladas ao movimento de resistência e militância. Entre 1948 e 1972, o jornal possuía como editor-chefe Pierre Daix, o qual realiza com Benveniste a referida entrevista. Após 1990, o jornal L’Humanité publica suplementos com o nome Les Lettres Françaises.

Na sequência, Benveniste pondera sobre o problema do sentido, o qual, ignorado por grande parte dos linguistas, coloca-se na ordem do dia para ele. O autor propõe, assim, analisar os dois domínios de sentido: o semiótico e o semântico. No primeiro, reconhece-se o signo como detentor de sentido distintivo. No segundo, analisa-se o sentido decorrente da

sintagmatização/semantização da língua em uma instância de discurso específica, o que requer distinguir e compreender. A partir disso, ele diz: “é neste nível [o da significação] que o estudo

da língua pode tornar-se uma ciência piloto” (2006[1968a], p. 24), dado que, segundo ele, “como fundamento de tudo encontra-se o simbólico da língua como poder de significação” (2006[1968a], p. 25).

Desse artigo, selecionamos para análise os recortes 8, 9 e 10. Vamos a eles!

RECORTE 8:

[...] trata-se, pois, de duas dimensões totalmente diferentes. E se não se começa por reconhecer esta distinção, creio que se fica na vaguidade. Mas é ainda um ponto

de vista que me é pessoal, que precisa ser demonstrado. Temos que elaborar pouco a pouco um corpo de definições neste imenso domínio, que não compreende somente a língua. E isto me leva à cultura. A cultura é também um sistema que distingue o que tem sentido, e o que não tem. Tomo um exemplo

que não é linguístico: para nós a cor branca é a cor da luz, da alegria, da juventude. Na China, é a cor do luto. Eis um exemplo de interpretação de sentido no seio da

cultura; uma articulação entre uma certa cor e um certo comportamento e, finalmente, um valor inerente à vida social. Tudo isso se integra numa rede de

diferenças: o branco, o preto não vale na cultura ocidental como na cultura do extremo oriente. Tudo o que é do domínio da cultura deriva no fundo de valores,

de sistemas de valores. Da articulação entre os valores. Muito bem! Estes valores são os que se imprimem na língua. É, no entanto, um trabalho difícil trazê-los à luz, porque a língua carrega consigo toda uma série de dados herdados; a língua não se transforma automaticamente à medida que a cultura se transforma. E é justamente isto que faz frequentemente o leque semântico.

Considere a palavra homem (tomo o primeiro exemplo que me vem à cabeça). Você terá de um lado o emprego do termo como designação; de outro lado as ligações

de que esta palavra homem é suscetível, que são muito numerosas. Por exemplo,

“o homem honesto”, concepção que data, que remonta a uma certa fase do vocabulário, a um aspecto da cultura francesa clássica. Ao mesmo tempo, uma locução como “eu sou seu homem” refere-se à época feudal. Você vê aí uma

estratificação da cultura que deixa seu traço nos diferentes empregos possíveis.

Estes estão todos compreendidos hoje na definição da palavra, porque são ainda suscetíveis de serem empregados no seu verdadeiro sentido na mesma época. Vemos aqui a contrapartida de uma definição cumulativa das culturas. Em nossa

cultura atual integra-se toda a espessura de outras culturas. É nisto que a língua pode ser reveladora da cultura (2006[1968a], p. 22-23, grifo itálico do

No recorte 8, discorrendo sobre a distinção entre os dois níveis de significação, o

semiótico e o semântico, Benveniste atesta: “[...] trata-se, pois, de duas dimensões totalmente

diferentes. E se não se começa por reconhecer esta distinção, creio que se fica na vaguidade. Mas é ainda um ponto de vista que me é pessoal, que precisa ser demonstrado”. Interessante retomarmos, aqui, Guimarães (2018, p. 23-55), o qual argumenta que os dois níveis de

significação da língua propostos por Benveniste, apesar de aparecerem expressos

nominalmente somente em 2006[1966a], estão, muito antes disso, em funcionamento na teorização do autor, a qual se desenvolve, segundo o autor (2018, p. 53), “na medida em que as análises das línguas exige”. Guimarães conclui: “a distinção não existia, nem tinha nome, o que há é que as operações de análise de Benveniste vão ‘desenhando’ a distinção” (2018, p. 55). Consideramos, consoante com Guimarães (2018), que essa distinção constitui um

acontecimento na Linguística, dado que continua, até hoje, produzindo efeitos, no modo como

o pensamento de Benveniste circula nos diferentes mo(vi)mentos da Linguística. Esse modo de

circulação contribuiu para a (re)inscrição da significação no quadro dos problemas linguísticos.

É por essa via que língua e cultura se relacionam na obra benvenistiana.

Na formulação em análise, Benveniste continua: “[...] temos que elaborar pouco a pouco um corpo de definições neste imenso domínio, que não compreende somente a língua. E isto me leva à cultura. A cultura é também um sistema que distingue o que tem sentido, e o que não tem”. Vejamos: esse “imenso domínio” ao qual Benveniste se refere, do nosso ponto de vista, é a significação, a qual compreende, não “somente a língua”, entendida aqui em seu nível

fundamental, isto é, como sistema de signos linguísticos (língua-sistema), mas também como discurso (língua-discurso), empregada em uma instância de discurso. O autor focaliza, nesse

momento, a cultura, discorrendo que ela “é também um sistema que distingue o que tem sentido, e o que não tem”. Se assim o é, o conceito cultura, definido pelo autor em 2005[1963b], tal como demonstramos nesta tese (cf. p. 135-140), é significado por Benveniste como sistema semiológico. Contudo, tendo em vista que a língua é, para o autor, o interpretante de todos os outros sistemas semiológicos, cultura é um sistema interpretado.

Dando continuidade à sua argumentação, Benveniste apresenta um exemplo não linguístico, de modo a dar a ver “um exemplo de interpretação de sentido no seio da cultura; uma articulação entre uma certa cor e um certo comportamento e, finalmente, um valor inerente à vida social”. Essa formulação é, em nossa análise, significativa, haja vista a relação novamente estabelecida pelo autor entre cultura e as noções “comportamento” e “valor”. Essa mesma relação figura teoricamente no texto de Benveniste de 2005[1963b], sendo aqui, em 2006[1968b], ratificada. Ele prossegue: “tudo isso se integra numa rede de diferenças: o branco,

o preto não vale na cultura ocidental como na cultura do extremo oriente. Tudo o que é do domínio da cultura deriva no fundo de valores, de sistemas de valores. Da articulação entre os valores. Muito bem! Estes valores são os que se imprimem na língua”. Observemos: o conceito

cultura que antes figurava no singular e significando sistema semiológico, nesse momento da formulação de Benveniste, aparece referindo-se a culturas específicas – “ocidental”; “do

extremo oriente” –, tal como ocorre em outros momentos da teorização do autor; isto é, o conceito é empregado em seu nível histórico.

Na sequência, ele diz: “estes valores são os que se imprimem na língua”. Por ser um sistema interpretado pela língua, a cultura imprime seus valores “na língua”. O autor coloca, mais uma vez, em relação língua e cultura, de modo a argumentar em prol de uma teoria que conceba a significação como escopo de análise, uma vez que os valores semânticos derivam da(s) cultura(s). Ele se questiona: qual o valor semântico de “homem honesto”? Esse valor é relativo à língua e à sociedade-cultura que possibilitaram essa articulação sintagmática.

Discorrendo sobre a relação entre língua e cultura, Benveniste salienta que “é, no entanto, um trabalho difícil trazê-los [os valores] à luz, porque a língua carrega consigo toda uma série de dados herdados; a língua não se transforma automaticamente à medida que a cultura se transforma. E é justamente isto que faz frequentemente o leque semântico”. Interessante notar, nessa formulação, a filiação de Benveniste a Saussure acerca da língua ser concebida como “produto herdado de gerações anteriores” (SAUSSURE, 2006[1916], p. 86) e o fato de ela, devido ao peso da coletividade e ao tempo, ter “um caráter de fixidez” (SAUSSURE, 2006[1916], p. 88). É possível ler, da formulação de Benveniste, que o sentido é histórico e que os diferentes sentidos se mantêm em uma relação de concorrência por

significar, constituindo o “leque semântico”.

Se assim o é, designar, tal como proposto pelo autor, é diferente de significar. Essa distinção é, para Benveniste, fundamental. Ratifica ele no prefácio do Vocabulário das

Instituições Indo-européias (1995[1969], p. 10): “elucidamos a significação; outros se

encarregarão da designação”; e mais: “[...] Trata-se [este estudo], por meio da comparação e de uma análise diacrônica, de fazer surgir uma significação ali onde, de início, tínhamos apenas uma designação” (1995[1969], p. 11-12). Ao designar, referimo-nos ao signo destituído de um uso específico; ao significar, voltamo-nos ao funcionamento da língua, da palavra na frase, que coloca em relação, na cena da enunciação, de nosso ponto de vista, língua, cultura,

personalidade. Nas palavras do autor: “delimitar a noção do ‘sentido’, na medida em que ele

difere da ‘designação’. Um e outra são necessários. E os encontramos, distintos mas associados, ao nível da frase” (2005[1962b], p. 137). Eis, em outros termos, os dois modos de significação

da língua, o modo semiótico e o modo semântico, os quais, juntos, compõem o leque de possibilidades semânticas da língua.

Por fim, Benveniste salienta que: “[...] vê aí uma estratificação da cultura que deixa seu traço nos diferentes empregos possíveis. [...] Em nossa cultura atual integra-se toda a espessura de outras culturas. É nisto que a língua pode ser reveladora da cultura” (BENVENISTE, 2006[1968a], p. 22-23). Logo, para Benveniste, “a língua pode ser reveladora da cultura” na medida em que essa significa e é significada no e pelo uso da língua, que é o sistema semiológico interpretante. É “reveladora”, dado que é no uso da língua, por meio do uso da palavra na frase, que é possível atribuir-lhe sentido. Esse sentido, conforme nosso gesto de leitura da teorização de Benveniste, é histórico, uma vez que em “nossa cultura atual integra-se toda a espessura de outras culturas”. Aqui também observamos Benveniste, em sua rede de filiações, dialogar com Lévi-Strauss, o qual defende: “nenhuma cultura está só; ela é sempre dada em coligação com outras culturas” (LÉVI-STRAUSS, 1976, p. 359).

RECORTE 9:

[...] vemos sempre a linguagem no seio da sociedade, no seio da cultura. E se

digo que o homem não nasce na natureza, mas na cultura, é que toda criança e em todas as épocas, na pré-história a mais recuada como hoje, aprende necessariamente com a língua os rudimentos de uma cultura. Nenhuma língua é separável de uma função cultural. Não há aparelho de expressão tal que se possa

imaginar que um ser humano seja capaz de inventá-la [sic] sozinho. As histórias de língua inventada, espontânea, fora de qualquer aprendizagem humana são fábulas. A linguagem tem sempre sido inculcada nas crianças pequenas, e sempre em relação ao que se tem chamado as realidades que são realidades definidas como elementos de cultura, necessariamente. [...] e o que a criança adquire, aprendendo, como se diz, a falar, é o mundo no qual ela vive na realidade, que a linguagem lhe dá e sobre o qual ela aprende a agir. Aprendendo o nome de uma coisa, ela adquire o meio de obter esta coisa. Empregando a palavra, ela age, pois, sobre o mundo e se dá conta obscuramente muito cedo. É o poder de ação, de transformação, de

adaptação, que é a chave da relação humana entre a língua e a cultura, uma relação de integração necessária (2006[1968a], p. 23-24, grifo negrito nosso).

Na formulação em destaque, Benveniste coordena os sintagmas “seio da sociedade” e “seio da cultura” por meio do uso de uma vírgula, dando-nos a ler, tal como defendemos ao longo desta tese, que “sociedade” e “cultura”, sendo inerentes uma à outra (2005[1963b], p. 31), juntas elas nascem, juntas elas se dão. Logo, se a linguagem está no seio da sociedade, também está no seio da cultura, de modo que não há cultura sem linguagem, assim como não há sociedade sem linguagem.

Na sequência, o autor retoma a distinção antropológica, anteriormente aludida, entre

natureza e cultura, asseverando o seu ponto de vista de que “o homem não nasce na natureza, mas na cultura”, bem como o fato de que a criança “aprende necessariamente com a língua os

rudimentos de uma cultura”. Linguisticamente, pelo emprego da conjunção adversativa “mas”, Benveniste posiciona-se contrário à tradição dos estudos linguísticos que defende a natureza biológica da linguagem humana, tais como a de Chomsky, expoente máximo do inatismo no século XX; e aproxima sua teorização à de Saussure, o qual defende que “[...] o indivíduo tem necessidade de uma aprendizagem para conhecer-lhe [a língua] o funcionamento; somente pouco a pouco a criança a assimila [a língua]” (SAUSSURE, 2006[1916], p. 22). Benveniste permanece, portanto, filiado à tradição histórica saussuriana ao dizer que “não há aparelho de expressão tal que se possa imaginar que um ser humano seja capaz de inventá-la [sic] sozinho. As histórias de língua inventada, espontânea, fora de qualquer aprendizagem humana são fábulas”. Sobre isso, Saussure defendeu que “[a língua] é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la” (SAUSSURE, 2006[1916], p. 22).

Ressoa significativamente, no recorte 9 em análise, a filiação de Benveniste a Saussure. Entretanto, Benveniste desloca sua teorização, entre outros aspectos, ao ressaltar a interdependência entre os dois sistemas semiológicos, língua e cultura. Diz Benveniste: “nenhuma língua é separável de uma função cultural”. Embora haja essa interdependência, a

língua é o sistema interpretante da cultura, dado que é por meio dela, conforme ressaltado pelo

autor, que a criança aprende “os rudimentos de uma cultura”. Tendo em vista essa perspectiva, Benveniste refere-se à “realidade” e ao “mundo”, que existem e são (re)produzidos “por intermédio da linguagem” (2005[1963b], p. 26). Importante destacar, aqui, que, nessa teorização, “realidade” e “mundo” não são realidades físicas, mas simbólicas, isto é, existem e são significados na e pela linguagem.

Na sequência, Benveniste assevera que a linguagem permite a “ação”, a “transformação” e a “adaptação” do homem ao “mundo” e à “realidade”, constituindo, portanto, a “chave da relação humana entre a língua e a cultura, uma relação de integração necessária”. Em outros termos, é a língua-discurso, tendo em vista a significação, que une e coloca em “relação de integração necessária” língua, cultura, personalidade.

RECORTE 10:

[...] não se trata mais das origens, mas dos fundamentos, e como fundamento de

simbolização, o fato que justamente a língua é o domínio do sentido. E, no fundo,

todo mecanismo da cultura é um mecanismo de caráter simbólico. Damos um

sentido a certos gestos, não damos nenhum sentido a outros, no interior da nossa cultura. É assim, mas por quê? Tratar-se-á de identificar, de decompor depois de classificar os elementos significantes de nossa cultura, é um trabalho que ainda não foi feito. Para isso é necessária uma capacidade de objetivação que é muito rara. Ver-se-ia, então, que há como uma semântica que atravessa todos estes

elementos de cultura e que os organiza – que os organiza em vários níveis. Há

em seguida a maneira pela qual estes elementos se comandam na sua valorização, a predominância que se dá a certas imagens hoje: a hierarquia que se estabelece entre valores novos. [...] Há um deslocamento completo que atinge todos os

elementos, materiais ou não, da cultura, que vai desde o costume, a postura até

os fins últimos da vida (2006[1968a], p. 25, grifo negrito nosso).

Aqui, Benveniste, evidenciando os deslocamentos pelos quais passou a Linguística, considera que, ao voltar-se para os seus fundamentos, essa ciência encontra “o simbólico da língua como poder de significação”, justamente o eixo sobre o qual edifica sua teorização. Sendo assim, ele constata: “a língua é o domínio do sentido”, por isso a significação é o centro de seu interesse. O conceito língua, nessa formulação, não está empregado no sentido estabelecido por Saussure, mas no sentido que Benveniste o concebe em seu nível fundamental (língua-sistema e língua-discurso). Na sequência, o autor, voltando-se novamente sobre a relação língua e cultura, agora em 2006[1968a], assevera: “todo mecanismo da cultura é um mecanismo de caráter simbólico”. Notamos, aqui, Benveniste parafrasear discursivamente seu artigo de 2005[1963b], no qual afirma: “Ora, esse fenômeno humano, a cultura, é um fenômeno inteiramente simbólico” (2005[1963b], p. 32). Eis mais um ponto de consistência e permanência na teorização benvenistiana.

Para Benveniste, cultura constitui um sistema semiológico cujos sentidos se imprimem e são aprendidos no e pelo uso da língua. Tanto é assim que o autor observa que “há como uma semântica que atravessa todos estes elementos de cultura e que os organiza – que os organiza em vários níveis”. Contudo, um trabalho de análise sobre esse objeto, a cultura, de modo a “identificar”, “decompor” e “classificar os elementos significantes de nossa cultura [...] ainda não foi feito”. Esse trabalho seria possível de ser desenvolvido, conforme aponta Benveniste, no domínio de uma Ciência Geral da Cultura, se a Linguística for (re)inserida no âmbito das Ciências Humanas e ocupar a posição central no seio da Semiologia.

TERCEIRA PARTE –ESTRUTURAS E ANÁLISES