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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.4 C ONTEXTO ATUAL DO M UNDO R URAL

A ciência económica, designadamente a economia política, assenta nos valores de trabalho e da terra e, consequentemente, nas teorias do valor-trabalho a que a economia estava ligada. As conceções iniciais da natureza e do homem, da produção e da riqueza estavam ligados a estes duas qualidades, assim era importantíssimo “reproduzir”. Com o avançar da revolução industrial, a mecânica, a tecnologia, e os benefícios económicos de forma rápida obtiveram sucesso. As ligações à natureza e ao homem foram cortadas, passando a ser uma teoria da utilidade-raridade, que consiste nos caprichos do consumidor e no poder dos produtores (Covas & Covas, 2011).

Como refere Nunes (2008), atualmente, as economias de cada país encontram-se globalizadas. O destino de cada país é afetado por acontecimentos mundiais como as mudanças no setor político, no setor económico, com o desenvolvimento económico verificado em muitos países e no setor social devido ao aumento da esperança média de vida. No setor cultural a economia é afetada através das facilidades de comunicação e no setor religioso pelas mudanças de valores e padrões de vida das pessoas. Finalmente, no setor tecnológico verifica-se, uma maior facilidade nas deslocações entre países do que entre cidades do mesmo país.

A cultura agrária é um património muito valioso, que deve ser genuíno entre as gerações que passam e está relacionado com as vendas sucessivas do ramo imobiliário que são consentidas por um capital natural que está cada vez mais desvalorizado (Covas & Covas, 2011).

Os Produtos Internos Brutos (PIB) urbanos foram ultrapassando os PIB de capital natural para um nível secundário e por esta razão receia-se que os meios rurais sejam loteados e a economia imobiliária controle a economia rural, perdendo-se, assim

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uma reserva estratégica de património natural que elimina as suas aptidões naturais e põe em causa as multifunções das explorações agrícolas e florestais (Covas & Covas, 2011).

De acordo com Nunes (2008) o mundo rural pode-se desenvolver de duas formas. A primeira forma processa-se pelo ajustamento, devido à modernização agro- comercial da exploração ou a criação de empresa agrícola, devido aos preços estabelecidos, assim como a qualidade e tempo que a concorrência acaba por impor. A segunda forma é processada pela diversificação em setores com importância acrescida como a criação de territórios atraentes e atrativos.

Segundo Covas e Covas (2011), a economia é uma guerra entre a produção de energia, matéria, informação e a produção de desordem, tendo como objetivos, ser mais rápido, ser em maior número, menor custo e melhor preço. Assim, para que a economia tenha sucesso precisa-se de artificializar os produtos e transformá-los em mercadorias, transporta–los, mantendo as suas características iniciais, para distâncias longínquas. Estes produtos podem mesmo chegar ao limite da artificialização, afastando-se completamente do sistema vivo. Contudo, pode haver medidas que permitam uma aproximação entre o sistema vivo e o sistema económico:

 Modificar os sistemas de necessidades, modelos de consumo e tentar alterar o comportamento dos consumidores;

 Alterar o processo tecnológico de produção, criando tecnologias favoráveis à racionalização dos recursos e do ambiente;

 Modificar a base energética e material de bens produzidos dando prioridades aos recursos naturais e a residentes em territórios.

Para Nunes (2008), a conjugação das atividades agrárias com outras desenvolvidas nos meios rurais, como são os exemplos do artesanato, turismo rural, atividades ambientais, permitem garantir rendimentos e fixar as populações nos meios rurais, variando as atividades económicas e preservando os valores socioculturais e ambientais.

Segundo Lucas (2008:47-49), a realidade rural é marcadamente caraterizada por estruturas arcaicas e atrasos de desenvolvimento. Posteriormente, surgiu a ideia, por

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parte de entidades públicas e atores sociais, de fazer do turismo um motor de dinamização jogando a ruralidade com a tradição e o património existente, como refere o Decreto-Lei Nº39/2008 de 7 de março sobre os empreendimentos turísticos no espaço rural. Este tipo de turismo, situado em zonas rurais, sendo áreas com ligações tradicionais com ligações à agricultura ou ao ambiente e de paisagem rural é também considerado como um conjunto de atividades e serviços efetuados e fornecidos sob remuneração. De acordo com este autor, o turismo para zonas rurais inclui todas as áreas com ligação tradicional à agricultura, ambiente e paisagem com caráter rural:

 Turismo de Habitação: é caraterizado por solares, casas em forma de palácio ou residências com valor arquitetónico reconhecido e dimensões adequadas, assim como, com mobília e decoração de qualidade;

 Turismo Rural: é um serviço de hospedagem de natureza familiar em casas rústicas particulares, cujas características e construção se integram numa arquitetura típica regional;

 AgroTurismo: baseia-se em casas de habitação com as suas explorações agrícolas integradas, em que se verifica participação ativa por parte dos turistas nos trabalhos da exploração;

 Turismo de Aldeia: É o serviço de hospedagem prestado num mínimo de cinco casas privadas e localizadas numa aldeia e são exploradas de forma integrada quer sejam ou não usadas como habitação própria;

 Casas de Campo: Casas particulares e de abrigo que se localizam em locais rurais que fornecem serviços de hospedagem quer sejam usadas pelos seus proprietários como habitação própria ou não;

 Hotéis rurais: Estabelecimentos situados em locais rurais, fora das sedes do concelho, com construção e mobiliários característicos da região, cuja população seja superior a 20 000 habitantes, para oferecer alojamento ou outros serviços acessórios e fornecimento de refeições mediante remuneração;

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 Parques de Campismo Rurais: São terrenos cujo seu objetivo é permanente ou temporariamente destinado a acampamentos, quer estejam ou não integrados nas explorações agrícolas, cuja área não é superior a 5 000 m2;

Celorico de Basto é um concelho ainda pouco desenvolvido, no entanto, possui distribuído pelas várias freguesias, Casas de Campo, Casas de Turismo Rural e de Habitação, Hotel Rural, Parque de Campismo e Turismo de Aldeia.

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