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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A LGUMAS TIPOLOGIAS DE T URISMO

2.1.4 Turismo AgroFlorestal

De acordo com Cruz (2005) as explorações agroflorestais caracterizam-se por uma associação das componentes agrícolas e florestais que passam a designar sistemas agroflorestais.

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Santos (2009) afirma que Portugal é um país cujo território tem uma ocupação de 85,4% de áreas rurais, sendo que 75% é para o uso agro-florestal. O Produto Interno Bruto (PIB) Português, que é a riqueza total produzida em Portugal, é aproximadamente de 170 mil milhões de euros, como se pode comprovar na tabela seguinte. Atualmente, o sector agrícola representa cerca de 2,4% do PIB (valores para 2010), muito abaixo dos 8,8% que representava em 1990, tal como se pode verificar na tabela 1.

14 Tabela 1: Comparação do PIB Português com alguns países da Europa, desde 2010 até 2017

País Descrição Unidades Scale 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Finlândia

PIB, Preço corrente

Moeda

Nacional Mil milhões

178.796 189.368 195.221 203.540 212.902 221.964 231.029 240.299 França 1,937.300 1,996.600 2,037.786 2,074.567 2,125.664 2,194.540 2,277.835 2,374.356 Alemanha 2,496.200 2,592.600 2,658.870 2,722.876 2,803.197 2,886.464 2,970.652 3,055.804 Grécia 227.318 215.088 201.373 190.418 189.943 195.167 203.499 212.831 Irlanda 156.487 158.993 161.673 165.904 172.401 180.197 188.293 196.895 Itália 1,553.166 1,580.221 1,564.093 1,577.083 1,605.594 1,646.040 1,692.453 1,741.902 Holanda 588.740 602.348 608.297 619.183 636.785 657.146 678.438 700.759 Portugal 172.670 170.928 166.341 166.782 170.394 176.070 182.019 188.092 Espanha 1,048.883 1,063.355 1,058.498 1,058.309 1,081.578 1,112.566 1,145.479 1,179.794

Fonte: International Monetary Fund, World Economic Outlook Database, October 2012

Tendo como referência a tabela 1 podemos comprovar que, atualmente, somos dos países da Europa que menos produzimos. Contudo, prevê-se um aumento da riqueza produzida.

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Como referido anteriormente, a riqueza agroflorestal assume um importante fator de desenvolvimento do país, facto este que se verifica na tabela 2 e na qual podemos constatar que o valor do contributo do sector agrícola/primário subvaloriza o contributo das atividades primárias (entre as quais agricultura e silvicultura). Se analisarmos a estrutura dos saldos comerciais externos por tipo de produto para 2012, verificamos que apesar de um balanço de mercadorias negativo em cerca de € 10 774 795, alguns setores agrícolas contribuem de forma positiva para este valor, dos quais realçamos as bebidas alcoólicas (dos quais o vinho), a cortiça e seus derivados, e o papel e produtos de celulose.

Tabela 2: Entre 96 produtos, os mais importantes do setor agroflorestal

Posição Produtos Balanco em 2012,Moeda:

Euro Todos os produtos -10774795.93 3 Bebidas, líquidos alcoólicos e vinhos 725835.77 4 Cortiça e derivados de cortiça 711262.08 6 Papel e produtos de celulose 673606.69 8 Mobiliário, iluminação, sinalização, construções pré- fabricadas 607327.99 10 Pastas de madeira, material celulósico fibroso e resíduos 476937.63 23 Vegetais, frutas, nozes e alimentos preparados 68649.47 Fonte: http://www.trademap.org/tradestat/Product_SelCountry_TS.aspx

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Nesta senda, e pela continuação da análise à tabela 2, podemos verificar que no Concelho de Celorico de Basto, por ser uma região de vinhos verdes, há uma forte presença de vinho. Este produto encontra-se na terceira posição sendo assim um dos produtos que mais contribuem para a riqueza em Portugal.

Finalmente, também é verificável através da análise da tabela 2, que a produção de vegetais, frutas e alimentos preparados, constitui uma riqueza para o nosso país, estando na vigésima terceira posição. Este tipo de produtos encontram-se com frequência no concelho celoricense uma vez que o uso do solo é em grande parte agrícola e os agricultores locais aproveitam essa capacidade para realizarem as suas produções e consequentes comercializações.

Tabela 3: Informação sobre PIB em Portugal

País CódigoPaís Nome Indicador Código Indicador 2007 2008 2009 2010 Portugal PRT Agricultura, value added (% PIB) Agricultura 2,450810074 2,407990827 2,438145245 2,435787895

Portugal PRT Industria, value added (% PIB)

Industria 24,76472 24,019297 22,790767 23,064471

Portugal PRT Serviços, etc., value added (% of GDP1)

Serviços 72,78447 73,572713 74,771088 74,499742

Fonte: http://databank.worldbank.org/data/views/variableSelection/selectvariables.aspx?source=world- development-indicators

De seguida apresentam-se os cálculos que nos levam à perceção da contribuição dos setores da Agricultura, Indústria e dos Serviços para o PIB de 2010.

 Agricultura: 2,435787895 x 172.670= 4,2058749582965

Alertamos que estes dados subvalorizam o contributo do setor agrícola, dado que os valores dos derivados da madeira (indústria da madeira) estão incluídos no setor da indústria.

 Indústria: 23,064471 x 172.670=39,8254220757

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Podemos comprovar que os valores da indústria são muito superiores dado que engloba uma maior quantidade de produtos.

 Serviços: 74,499742 x 172.670=128,6387045114

Os serviços englobam (ver Tabela 4), os serviços públicos do setor agroflorestal e de outros setores.

Em suma, para estes dados serem verdadeiros, a soma destes três setores tem que ser idêntica ao valor total do PIB, no ano de 2010.

TOTAL: 4,2058749582965 + 39,8254220757 + 128,6387045114= 172,67 € (mil milhões)

Assim, o resultado total é próximo, do PIB total do ano de 2010 verificando-se a veracidade dos cálculos efetuados.

De referir que durante a realização destes cálculos utilizaram-se dados de várias fontes, conforme foram apresentados nas tabelas anteriores, provenientes dos sites www.databank.worldbank.org e International Monetary Fund (FMI).

18 Tabela 4: Percentagem de funcionários na agricultura, indústria e serviços

País Código do país Nome indicador 2008 2009 2010

Portugal PRT

Funcionários, agricultura, feminino (%) 11,8999996 11,5 10,6999998 Funcionários, agricultura, masculino (%) 10,6000004 10,8999996 11,1000004 Funcionários, industria, feminino (%) 16,8999996 16,2999992 16,2000008 Funcionários, industria, masculino (%) 40 38,7000008 37,7999992 Funcionários, serviços, feminino (%) 71,1999969 72,1999969 73 Funcionários, serviços, masculino (%) 49,2999992 50,2999992 51,0999985

Fonte: http://databank.worldbank.org/data/views/reports/tableview.aspx

Em termos de emprego, o setor agrícola revela igualmente a sua importância dado que emprega mais de 10% do total de trabalhadores. Além disso, pela análise à tabela 4, podemos comprovar que o setor que mais funcionários emprega são os Serviços.

Em termos de potencial consideramos que a existência de défice alimentar (em termos de cereais e carne) abre perspetivas para a existência de investimento nesta área de forma a ajudar Portugal a equilibrar a sua balança de mercadorias (INE, 2013).

Uma vez que Celorico de Basto se apresenta como um concelho com características agrícolas e florestais podemos verificar que possui fatores de empregabilidade no concelho. Assim, através do desenvolvimento de atividades turísticas e com recurso aos bens agrícolas e florestais, é possível melhorar a qualidade de vida das comunidades locais, e devido ao seu grande potencial de investimento, pode-se incentivar o desenvolvimento local.

A esta participação do turista nas atividades agroflorestais e agropecuárias, nos costumes e tradições regionais, chamamos de turismo agroflorestal.

Trindade (2006) verificou uma evolução ao nível dos empreendedores turísticos desta área e valorizou o artesanato regional, a gastronomia local sem nunca deixar de alertar para os problemas ecológicos e para a necessidade de conservação e preservação do meio ambiente.

Segundo Nestoroska (2011), a variedade dos produtos tradicionais e regionais como os produtos agrícolas biológicos, formam a base do turismo rural como por exemplo as rotas dos vinhos. Uma vasta variedade de produtos agrícolas e florestais de qualidade são a potencialidade para o desenvolvimento do turismo agroflorestal.

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Segundo Bessa (2004), a silvicultura e o turismo estão associados à recreação com base em recursos naturais sendo dos mais reconhecidos em todo o mundo. Contudo, o seu papel é mais relevante no que toca à paisagem e às atividades recreativas de exterior que são implementadas no espaço florestal. Assim, verifica-se que a floresta e locais agrícolas devem ser um objeto de preservação, para que sejam mantidas as suas principais características ecológicas.

Tal como explica González (1995), o turismo agroflorestal insere-se no turismo em espaço rural, no entanto há algumas limitações:

 É um turismo difuso, por oposição ao turismo intensivo de sol e praia e ao turismo massificado, uma vez que há uma menor promoção dos meios rurais e mais oferta turísticas nestas zonas de praia e sol;

 É respeitador para com o património natural e cultural, devendo sempre preservar o património local;

 Existe uma implicação da participação ativa da população local, sendo estes, quem promovem a conservação dos seus bens históricos e patrimoniais, assim deve ser democraticamente decidido quais as atividades a desenvolver no local;

 Existe uma necessidade de associação e cooperação ao nível local, nacional e internacional, de forma a receber apoios das mais variadas instituições;

 Grande importância de cooperação entre todos os agentes participantes no processo, com serviços de informação quer pessoal, quer dos próprios turistas.

Celorico de Basto detém no seu concelho, e disperso pelas suas freguesias, vários parques de recreio, de lazer, arborizados e com a presença de ribeiros de água. O maior e mais funcional é o que se localiza no centro da vila de Celorico de Basto, com 37.000 m2.

Os parques florestais são espaços que circunscrevem áreas florestadas, matos e pastagens em regeneração espontânea, com águas interiores e terrenos incultos, que ocupam funções de produção de material lenhoso, cortiça, proteção do solo,

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fixação de carbono, avifauna selvagem, silvo pastorícia, apicultura e pesca. Estes parques apresentam um vasto conjunto de produtos turísticos em “espaço rural” e de “natureza” servindo para recreio e lazer das populações dos grandes centros urbanos (Parques Urbanos e Metropolitanos, 2006),

Segundo Monteiro (2008) os parques florestais, próximos de centros urbanos, são um bom local para fomentar o turismo e o lazer. Nestes parques, a informação deveria ser disponibilizada à população e aos turistas de forma a promover o interesse pela Natureza. A existência de percursos documentados seria uma boa forma de mostrar aos visitantes o parque florestal em causa, através da descoberta de exemplares das árvores existentes e as espécies em causa. Estes parques também deveriam possuir circuitos de manutenção física, para a realização da prática desportiva. Finalmente deveriam ser promovidas a imagem e a inovação dos parques, disponibilizando informação sobre espécies florestais de forma a conhecer as suas potencialidades.

De facto, os Parques florestais de usos múltiplos, localizados em zonas periurbanas apresentam valores estéticos e paisagísticos, com funções de produção de madeira, suporte de espécies bravias e cinegéticas, pastagens e explorações silvo- pastoris, bem como trilhos pedestres, caminhos para bicicletas e equipamentos de apoio para os visitantes (Parques Urbanos e Metropolitanos, 2006).

Tendo e, linha de conta que o turismo quer entre os países europeus quer no interior de um país, está em constante mudança devido ao desenvolvimento da propagação de novas atividades., a natureza dos espaços florestais implica a sua apreciação enquanto fatores potenciadores do turismo associado à natureza que é atualmente um mercado em crescimento. No entanto, as pressões sobre outros territórios, como parques naturais e áreas sensíveis pela fragilidade dos seus ecossistemas, levam a que os responsáveis pelo planeamento peçam a colaboração dos gestores de áreas florestais com experiência em áreas florestais sujeitas a elevadas pressões recreativas (Ribeiro, Uva & Borges, s/d.).

Segundo Santos (2009), a promoção do turismo agroflorestal e a sua relevância socioeconómica, deve-se, em grande parte, à venda dos produtos

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regionais. Esses produtos são confecionados localmente e comercializados nos estabelecimentos do Concelho de Celorico de Basto:

 Vinho Verde;  Mel;  Compotas;  Plantas aromáticas;  Doçaria regional;  Enchidos e Fumeiros;  Pão;  Artesanato;

 Produtos Hortícolas e Frutícolas;

 Produtos provenientes da floresta Celoricense, como a cortiça e produtos lenhosos;

 Carne de raça Frísia, Maronesa, Barrosa e Minhota produzida no Concelho;

 Leite e queijo proveniente de animais de raça Frísia produzidos no Concelho;

 Tordos, Perdizes e Coelhos provenientes da Caça no Concelho;

De acordo com Ribeiro, Uva e Borges (s/d.), Portugal aderiu à Ação COST E33 que se baseia na utilização recreativa e turística das florestas tendo como o objetivo a aquisição de conhecimentos sobre Recreio e Turismo ligado à Floresta e que estão associados em 3 grandes áreas:

- Socioeconómico em que os produtores são os proprietários e empresários dependentes economicamente da floresta e de outros recursos naturais e os consumidores são os habitantes e os turistas e, finalmente os decisores políticos locais e regionais, ONG’s, entre outros;

- Oferta e procura de recreio e turismo de natureza: através de métodos de inventários do recreio, modificações na procura e no tipo de recreio, desenvolvimento de uma melhor divulgação de informação sobre a oferta de recursos recreativos;

Planeamento e gestão do recreio associado à floresta:

- Avaliação de técnicas para determinar a capacidade de carga física e a sua relação com a deterioração do local; métodos para recolha e análise de dados em

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planeamento do turismo e recreio; criação de projetos florestais para recreio e turismo, com abordagens dedicadas à plantação de novas florestas e finalmente a criação de projetos de infraestruturas nos locais de recreio e turismo, uma vez que as presentes são antiquadas.

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