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CAPACIDADE DE MUDANÇA INSTITUCIONAL

A EFICÁCIA DA COOPERAÇÃO INTERGOVERNAMENTAL PARA A GESTÃO METROPOLITANA

4.3. CAPACIDADE DE MUDANÇA INSTITUCIONAL

A base legal, além de conter as normas gerais que definem e estruturam a cooperação intergovernamental, deve também ser capaz de sofrer alterações com a mudança da realidade política, social e econômica dos entes envolvidos. Para análise deste terceiro critério, foram definidos dois indicadores: A flexibilidade na alteração da base legal com a mudança da realidade política e socioeconômica dos entes, e a flexibilidade da base legal possibilitando a participação de novos entes, uma vez que o principal objetivo do Consórcio é a gestão metropolitana de um serviço público.

4.3.1. A flexibilidade na alteração da base legal com a mudança da realidade socioeconômica dos entes

O Protocolo de Intenções, bem como o Contrato Social, prevê possíveis alterações nas regras do Consórcio, desde que sejam aprovadas pela Assembléia Geral. Também está previsto que o Contrato Social deve ser revisado a cada ano. As alterações das condições inicialmente previstas no Protocolo dependerão de celebração de termo aditivo e de ratificação por todos os entes consorciados integrantes do CTM, mediante lei específica de cada ente federativo. Porém, nos documentos que compõem a base legal, não são previstas alterações na forma de participação dos entes de acordo com a mudança da realidade socioeconômica dos Municípios, especificamente no que se refere ao aumento da população e das viagens geradas, indicadores que basearam a definição das quotas acionárias. A previsão de alteração das quotas, com exceção do Município de Recife e do Governo do Estado, fica subordinada à decisão da Assembléia Geral, de acordo com os percentuais definidos para aprovação. Mesmo que haja mudança na realidade socioeconômica dos novos entes, as quotas de participação do Estado de Pernambuco, do Município do Recife e do somatório dos demais Municípios já se encontram pré-determinadas e não são passíveis de modificações.

4.3.2. A flexibilidade da base legal quanto à participação de novos entes

A inserção de novos entes no Consórcio, apesar de ter sido prevista desde o seu processo de constituição, está condicionada às regras contidas no Protocolo de Intenções, que determinam que a inserção de novos entes ocorrerá através da celebração de termo aditivo ao referido

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Protocolo e ratificação deste termo por lei específica do Município integrante, conforme exigência da Lei de Consórcios Públicos.

A participação de novos entes dependerá a princípio da aprovação dos sócios, sempre correspondendo a 85% do capital social, e também do cumprimento integral das condições técnicas e operacionais previstas no Anexo II do Contrato Social, que contém as condições operacionais “mínimas” para o ingresso de um Município no CTM. Para tanto, inicialmente, o Município terá que formalizar uma Carta de Intenções externando o desejo de fazer parte do CTM, que contenha a indicação da entidade da administração municipal e do nome do servidor público que servirá como interlocutor entre o Município e o CTM para participar dos estudos e ações necessárias. Também deverá o Município assumir o compromisso de não autorizar ou licitar novos serviços de transporte público coletivo após assinada a Carta de Intenções.

Posteriormente, o Município também deverá disponibilizar as informações sobre os serviços municipais de transporte público coletivo de passageiros, para que o CTM avalie com o mesmo se o sistema atende ao mínimo de racionalidade exigido. Em caso de não atendimento, o Município e o CTM definirão um plano de racionalização a ser implementado pelo Município, que poderá contar com a participação do CTM. O sistema citado inclui todos os serviços de transporte público coletivo de passageiros.

O Município também terá que manter sua rede de transporte público devidamente racionalizada e compatibilizada com a rede metropolitana, conforme aprovado ou estabelecido em conjunto com o CTM. E por último, deverá ser encaminhada e aprovada pelo Legislativo Municipal, lei específica para a incorporação do Município ao CTM. Após aprovação desta lei, deverá ser assinado o termo de adesão ao Contrato de Concessão do STPP/RMR, deverão ser aportados os recursos relacionados ao percentual de participação do Município no CTM, e finalmente aderir e concordar expressamente com todas as disposições constantes do Contrato Social. Desta forma, os Municípios devem se adequar às exigências do CTM.

Diante dessas questões, se buscou saber dos Municípios se estes teriam dificuldades para adaptar o seu sistema de transporte e ingressar no CTM, ao que todos responderam não, apesar de, contraditoriamente, não terem observado essas condições, uma vez que também

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informaram que não tinham conhecimento da base legal do CTM. Porém, existe uma questão que tem dificultado o ingresso dos demais Municípios no CTM e não está explicitada na base legal como exigência a ser atendida pelos Municípios, mas foi colocada pelo CTM nas apresentações das pré-Conferências e nas entrevistas concedidas, que diz respeito ao transporte clandestino. Como o próprio nome já diz, é um transporte irregular e nesse caso, o CTM defende que não se pode permitir que esse transporte concorra com o transporte legalizado. Ou seja, os Municípios que não tiverem combatido o transporte clandestino não podem se inserir no CTM. Outra questão para a qual na base legal não há restrições é o transporte de permissionários; porém, verificou-se que há uma contradição de opiniões neste tema. É possível utilizar como exemplo o caso do Município de Jaboatão dos Guararapes: A informação dada pela antiga EMTU/Recife é que Jaboatão não pôde entrar no CTM em função da irregularidade do seu transporte intramunicipal. Porém, para esse Município não existe transporte irregular e sim de permissionários, que estão devidamente legalizados, uma vez que ocorreu um processo de licitação. Com isso, foi resolvido o problema que havia com o transporte clandestino e assim, o Município estaria apto a entrar no CTM. Cabe destacar que além de Jaboatão, todos os demais Municípios da RMR têm permissionários, e que os Municípios pequenos, em sua maioria, também têm transporte clandestino, ainda. Principalmente naqueles Municípios que dispõem de área rural, o principal meio de locomoção é esse tipo de transporte. Não se pode abrir mão do transporte regular, mas é necessário que haja maior adequação entre o Consórcio e a realidade dos Municípios, considerando inclusive as diversidades que existem entre os mesmos.

Os meus 404 permissionários eles não vão alocar. Independente se é certo ou não, eles estão legalizados. Se eu não tivesse os meus permissionários seria muito mais fácil. Porque seria muito mais fácil eu tratar com 6 ou 7 empresários do que com 404 empresários/permissionários. Cada um deles é um empresário do sistema. Não é só eu começar um consórcio e esquecer o que eu tenho dentro do Município, eu preciso alocar esse pessoal. Não adianta querer resolver a questão metropolitana, se não se resolve no local. (JOÃO MARCELLO COSTA, diretor de Transporte e Trânsito do Município do Jaboatão dos Guararapes. Entrevista realizada dia 15 de outubro de 2008).

Os profissionais do sistema querem saber sobre o consórcio, mas agente não pode adiantar isso para eles. Eu falo do intramunicipal, das 600 pessoas. Essas pessoas querem saber se vão ser afetadas ou não, elas têm medo que o CTM tire o emprego delas (MARIA AUXILIADORA, Diretora de Transporte do Município de Camaragibe. Entrevista realizada em 17 de outubro de 2008).

A Constituição diz que o transporte municipal é responsabilidade do Município, o CTM cria um novo modelo de transporte intermunicipal com uma visão metropolitana, ainda não sabemos como ficaria o modelo alternativo (JOSÉ DIAS DE ARAÚJO, Diretor de Transporte e Trânsito do Município de Paulista).

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4.4. FORMAS COOPERATIVAS DE INTERAÇÃO INTERGOVERNAMENTAL EM

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