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Formas de participação dos entes e definição de poderes

A EFICÁCIA DA COOPERAÇÃO INTERGOVERNAMENTAL PARA A GESTÃO METROPOLITANA

4.2. O GRAU DE FORMALISMO DA COOPERAÇÃO INTERGOVERNAMENTAL A BASE LEGAL

4.2.2. Formas de participação dos entes e definição de poderes

Outro critério analisado na base legal trata das formas de participação dos entes e definições de poderes no Consórcio. Para essa análise, foram verificados os itens da lei que tratam da composição, da representação legal e da estrutura do Consórcio.

A participação dos Municípios no CTM, considerando aqueles que já fazem parte atualmente, do Estado de Pernambuco e dos Municípios de Recife e Olinda, além dos demais Municípios da Região Metropolitana do Recife que poderão vir a se integrar ao CTM, se dará em função das quotas de capital social estabelecidas para cada um dos entes, que foram definidas em função das viagens geradas e da demanda da população, conforme mostrado no capítulo anterior. Sendo assim, atualmente o Estado de Pernambuco tem 57,57%, o Município de Recife 35%, o Município de Olinda 7,43%, e os demais juntos dispõem de 25% das quotas. Dois aspectos se destacam: o primeiro deles refere-se à participação dos Municípios, que se dará em função dessas quotas, tanto no que diz respeito à participação financeira definida no contrato de rateio, como na forma de participação nas discussões na Assembléia Geral. Isto implica que haverá participações diferenciadas dos entes num espaço de gestão de uma função pública de interesse comum. A segunda questão refere-se à determinação pelo Protocolo de Intenções, da possibilidade de alteração da participação dos entes. Os percentuais de quotas detidos pelo Estado e pelo Município de Olinda poderão ser alterados mediante a aquisição ou alienação de quotas aos demais Municípios da RMR quandoparticiparem do CTM. No caso do Estado de Pernambuco, suas quotas poderão ser alteradas desde que o seu percentual não fique inferior a 40%. Já o percentual do Município do Recife - 35% - é fixo e não poderá ser

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alterado; e os percentuais dos demais Municípios poderão ser reduzidos ou majorados segundo critérios a ser definidos pela Assembléia Geral, conforme determinações constantes no Capítulo III do Contrato Social.

Os percentuais de quotas detidos pelo ESTADO e pelo MUNICÍPIO DE OLINDA previstos no caput desta Cláusula poderão ser alterados mediante a aquisição ou alienação de quotas aos demais Municípios da RMR quando participarem do CTM. (Parágrafo Segundo, Capítulo III, Contrato Social). [...]

Não obstante o previsto no parágrafo segundo desta Cláusula, a participação do ESTADO DE PERNAMBUCO no capital social do CTM não poderá ser inferior a 40% (quarenta por cento) (Parágrafo Terceiro, Capítulo III, Contrato Social). [...] O percentual de quotas do Município de Olinda pode ser reduzido ou ampliado, segundo os critérios definidos para a fixação das quotas dos demais Municípios, revertendo ao ESTADO DE PERNAMBUCO às quotas correspondentes a este percentual (Parágrafo Quarto, Capítulo III, Contrato Social). [...]

As quotas dos Municípios constantes do Anexo I serão atualizadas segundo critérios e periodicidade estabelecidos pela Assembléia Geral do CTM, nos termos do Parágrafo Quinto da Cláusula Oitava deste Contrato (Parágrafo Quinto, Capítulo III, Contrato Social). [...]

Os ajustes necessários advindos da atualização das quotas dos Municípios ocorrerão através de reversão ou alienação de quotas ao ESTADO DE PERNAMBUCO e aos Municípios, à exceção do MUNICÍPIO DO RECIFE. (Parágrafo Sexto, Capítulo III, Contrato Social).O percentual de quotas do MUNICÍPIO DO RECIFE previsto no caput desta Cláusula Sétima é fixo, não se alterando quer em razão do ingresso ou saída de quaisquer Municípios, quer em razão da incidência do parágrafo quinto desta cláusula (PERNAMBUCO; OLINDA; RECIFE, 2008, grifos do autor).

Ao excluir as quotas de participação do Governo do Estado e do Município do Recife, o CTM disporá sempre de 25% de quotas para serem divididas com os demais Municípios da RMR. Se por um lado o Estado de Pernambuco e o Município do Recife sempre terão maior participação no capital social, também terão sempre maior participação nas determinações do CTM, independentemente do assunto que seja tratado, mesmo que este venha a atingir mais a um determinado Município do que a outro. Pois também está previsto que a cada quota corresponde o direito a 1 voto nas deliberações, fato que provocou reações contrárias dos demais Municípios metropolitanos:

Eu participei da primeira reunião. Mas, quando foi determinado o percentual de votação, que o Estado tinha quase a metade, Recife tinha quase a outra metade e Olinda tinha um certo percentual, e que Abreu e Lima tinha só um ponto e um pouquinho mais, Igarassu tinha só um pouquinho, Itapissuma tinha menos de um ponto, Itamaracá ainda menos, eu não fui mais. Não adianta. Eu mando meu diretor de transporte ir para caso tenha alguma coisa agente debater e ter uma noção das coisas. Porque a gente é peso morto, é voto morto (FLÁVIO GADELHA, Prefeito de Abreu e Lima. Entrevista realizada em 02 de maio de 2008).

Quanto à definição de poder, no Protocolo de Intenções está estabelecido que o representante legal do Consórcio seja o Chefe do Executivo Estadual. Apesar de que a Lei de Consórcios

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Públicos determine que no Protocolo de Intenções deva ser explicitada a forma de eleição desse representante e a duração do seu mandato, essa última questão também não foi prevista no protocolo.

Também se destaca a estrutura do CTM. O Protocolo de Intenções prevê a criação de uma Assembléia Geral, Diretoria e Conselho Fiscal. E estabelece que o Contrato Social dispõe sobre a organização e o funcionamento de cada um desses órgãos. A Assembléia Geral é composta pelos Chefes do Poder Executivo de cada ente consorciado, que poderão ser representados por seus respectivos Secretários de Governo responsáveis pelos serviços de transportes ou assuntos relacionados, e é presidida e secretariada pelos entes consorciados escolhidos pelos representantes do Governo do Estado e do Município do Recife.

A Assembléia Geral será presidida e secretariada por ENTES CONSORCIADOS escolhidos entre os presentes, sendo que o representante do ESTADO indicará o Presidente e o representante do MUNICÍPIO DO RECIFE indicará o Secretário da Mesa (PERNAMBUCO; OLINDA; RECIFE, 2008, grifos do autor).

O CTM é administrado por uma Diretoria composta por um Diretor Presidente e até 4 (quatro) Diretores temáticos. O Diretor Presidente é eleito pela Assembléia Geral, a partir da indicação de uma lista tríplice apresentada pelo Governador do Estado, mediante o quorum de 85% (oitenta e cinco por cento) dos votos do CTM. O tempo do mandato do Diretor Presidente é de 4 (quatro) anos, sendo permitida a reeleição. Ou seja, o Chefe do Executivo estadual é quem apresenta a lista de três nomes, que ele mesmo posteriormente vai ajudar a eleger, com 57,57% dos votos. Os demais diretores do CTM são indicados pelo Diretor Presidente e esta indicação é submetida à aprovação da Assembléia Geral.

O Diretor Presidente será eleito pela Assembléia Geral Ordinária, escolhido dentre uma lista tríplice apresentada pelo ESTADO, mediante o quorum mínimo de 85% (oitenta e cinco por cento) dos votos do CTM. [...] (PERNAMBUCO; OLINDA; RECIFE, 2008, grifo do autor).

O Conselho Fiscal é o órgão de fiscalização da administração do CTM e tem caráter multidisciplinar, com a presença obrigatória de contador, advogado e engenheiro e é composto por 3 (três) membros efetivos, sendo um representante do Estado, um representante do Município do Recife e um do Município de Olinda, além de igual número de suplentes. Porém, está também estabelecido que com a adesão de outros Municípios ao CTM, a vaga

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preenchida pelo Município de Olinda poderá vir a ser ocupada por representante indicado por um deles, ocorrendo mediante sorteio a escolha do Município ao qual caberá a indicação.

Sendo assim, verificou-se que a base legal do CTM define normas explícitas quanto à forma de participação dos entes e de definição de poderes. No entanto, ressaltam-se os modos diferenciados de participação e de definição de poderes entre os entes, principalmente no que se refere ao Governo do Estado e ao Município do Recife, que têm papéis preponderantes no Consórcio, conforme é sintetizado no Quadro 4.4. Isto pode favorecer a subordinação dos demais entes, e resultar em menos cooperação.

Quadro 4.4. Forma de participação e estrutura do CTM

Percentual de Quotas Estado – 40% Recife - 35% Olinda – 7% Outros Municípios - 18% Representante Legal do CTM Executivo Estadual Estrutura do CTM

Assembléia Geral: Todos os entes - Presidida por um representante indicado pelo Estado;

- Secretariada por um representante indicado pelo Município do Recife. Diretor presidente: Definido por lista tríplice indicada pelo Estado e aprovada pela Assembléia Geral.

Diretores - Indicados pelo diretor presidente

Conselho Fiscal:

Composta por 3 membros: 1 Estado, 1 Recife e 1 Olinda (essa última vaga

pode ser alterada com a entrada de outros Municípios).

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