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6 ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS

6.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 1 Perfil dos entrevistados

6.3.3 Capacitação tecnológica

Este grupo de questões girou em torno do processo de capacitação tecnológica dos empresários. A capacitação tecnológica constitui-se no conjunto de habilidades que sustentam as rotinas de produção e de melhoramentos da empresa. Essas habilidades localizam-se nas linhas de produção e em departamentos especializados. Para avaliar a capacitação tecnológica é importante separar algumas categorias com a finalidade de distinguir fenômenos como a intensidade e os tipos de esforços tecnológicos realizados pela empresa e o grau de acumulação e de sedimentação desse conhecimento. A categorização engloba atividades executadas para aprimorar o conhecimento tecnológico da empresa (FURTADO, 1994, p. 11).

Os entrevistados foram indagados sobre as principais fontes de informação tecnológica utilizadas pelos empresários e quais fontes eram disponibilizadas pela incubadora;

o percentual de investimentos em P&D pelos empresários e o apoio dado pela universidade/incubadora para essa finalidade.

6.3.3.1 Fontes de informação para a capacitação tecnológica

A pesquisa revelou que as principais fontes de informação, para o processo de capacitação tecnológica, utilizadas pelos empresários são: cursos e/ou eventos em suas áreas de atuação, geralmente oferecidos pela incubadora em convênio com instituições parceiras, como por exemplo a rede SEBRAE/SENAI/SENAC; Rede Candanga de incubadoras; o MCT; a Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP – DF); Arranjos Produtivos Locais (APL); universidades; centros de pesquisa etc.

Também, buscam capacitar-se por meio de literaturas especializadas, geralmente periódicos assinados pelos programas ou pelas empresas e acesso à internet (sítios relacionados à inovação e banco de patentes); aquisição de tecnologias importadas de outros países; rede de relacionamento com profissionais atuantes no mercado, clientes e fornecedores. Essa rede de contatos, segundo os entrevistados, possibilita conhecer as novidades e demandas do mercado para aperfeiçoar e criar novos produtos e/ou serviços.

“E1: Através de programas de capacitação advindos da incubadora, sempre primando pelas vertentes de atuação da empresa, cursos, busca de informação estratégica e técnica, participação em feiras e eventos. Além de usar a rede de relacionamentos com clientes e fornecedores.”

“E2: As principais fontes de informação utilizadas por mim e meu sócio são jornais, revistas especializadas [...], professores que dão consultoria, internet, clientes e fornecedores. Estes trazem as novas tendências do mercado e isso nos mantém atualizados. Redes de eventos e a própria incubadora. Também conversamos com profissionais que estão no mercado.”

“E3: Pesquisamos muito, com isso as idéias aparecem. Inventamos diversos produtos [...] e, principalmente desenvolvemos projetos aprovados na FINEP e FAP-DF. Compramos tecnologia de base no exterior. Assinamos revistas especializadas e adquirimos outras de projetos (Exterior). Participamos de cursos oferecidos pela incubadora e também de eventos na nossa área.”

6.3.3.2 Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

Os empresários foram questionados se investiam em pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos e qual o percentual investido. Também, questionou-se aos gestores se a incubadora facilita essa atividade. De acordo com a PINTEC (2006, p. 16), “as atividades de P&D compreendem o trabalho criativo, empreendido de maneira sistemática, com o propósito de aumentar o acervo de conhecimentos da empresa, assim como a utilização destes conhecimentos para criar novas aplicações”.

A atividade de P&D engloba: a pesquisa básica (trabalho experimental ou teórico voltado para a aquisição de novo conhecimento, sem ter por objetivo qualquer aplicação ou uso específico); a pesquisa aplicada (trabalho experimental ou teórico dirigido para um objetivo prático específico); o desenvolvimento experimental (trabalho sistemático com base no conhecimento existente, obtido através da pesquisa e experiência prática e dirigido para a produção de novos materiais e produtos, para instalação de novos processos, sistemas e serviços, ou para melhorar substancialmente aqueles já produzidos ou em operação).

6.3.3.3 Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento – IA

No caso da IA, a pesquisa revelou que sete dos oito empresários entrevistados investem na área de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e/ou processos. Eles investem entre 05 e 40% do faturamento anual. Argumentaram que esse investimento não é maior por falta de recursos financeiros e pela dificuldade de acesso a equipamentos e materiais modernos, que tem um preço elevado. Disseram não obter, ainda, o retorno financeiro que almejam, pois os investimentos são recentes e os produtos pouco conhecidos. Apenas um dos empresários disse que esse investimento não se faz tão necessário no ramo em que atua - serviços (setor tradicional).

“E4: Sim, investimos em P&D, o percentual é variável. Primeiro porque nosso pequeno faturamento é muito instável. Mas posso afirmar que nos últimos 3 anos, reinvestimos 30%. [...]O retorno desse investimento ainda é pouco sentido pela empresa. Lançamos vários produtos, inclusive para mercados ainda não

explorados. Apesar do grau de inovação do produto e da divulgação, nenhum

Temos tudo pra dar certo, mas já dispomos de todos nossos recursos pessoais (carros, poupança, etc.). A esperança é a única que não morre aqui.”

“E5: Como a empresa realiza vários testes com o produto, praticamente todos os investimentos têm sido feitos na área de pesquisa e desenvolvimento, cerca de 32% do faturamento. O retorno maior vem da capacitação da equipe e prospecção de produtos. Contudo a empresa precisa trabalhar no sentido de conquistar mais clientes.”

“E6: Investimos alto em atividades de P&D, cerca de 40%. Ainda não obtivemos retorno, o produto desenvolvido é totalmente novo e ainda está em fase de testes e divulgação. O mercado ainda não assimilou a idéia, por isso estamos aprimorando constantemente a tecnologia do produto. Esperamos que, em breve, o produto seja melhor explorado e proporcione maior rentabilidade.”

“E7: O nosso investimento gira em torno de 5% do faturamento. Ainda não obtivemos retorno, pois o investimento é pequeno e em curto prazo.”

“E8: Não investimos em atividades de P&D porque somos uma empresa de engenharia de redes, ou seja, necessariamente de serviços. Não há um departamento de desenvolvimento na empresa”.

Questionados sobre o local utilizado para a realização de pesquisas, foi respondido que utilizam os laboratórios da universidade ou de outras instituições parceiras, mediante agendamento; laboratórios de empresas conveniadas que possuam projetos em fase avançada e na própria incubadora.

De acordo com o gestor desta incubadora, os empresários encontram certa resistência para uso dos laboratórios da universidade, principalmente pela burocracia e falta de interesse dos professores, argumenta que a prioridade é dada aos projetos acadêmicos.

Questionados se a tecnologia para o desenvolvimento de seus produtos/serviços/processos é da própria empresa ou se é desenvolvida juntamente com a incubadora, todos responderam que essa tecnologia/conhecimento é, geralmente, da própria empresa, pois antes da seleção, devem ter um projeto já concebido.

Esse dado pode ser confirmado pelo edital de seleção dos programas de incubação analisados, que exige, como um dos requisitos para o processo de incubação, a apresentação de um plano de negócios, com destaque para os seguintes critérios: a) capacidade de inovar ou agregar inovação aos produtos, processos ou serviços, enquadrados nas áreas de especialidade de cada Incubadora; b) viabilidade técnica, mercadológica e financeira do empreendimento; c) disponibilidade ou potencial para obtenção de recursos necessários para início, operacionalização do empreendimento; d) capacidade técnica, gerencial e motivacional dos

empreendedores; e) potencial de interação do empreendimento com a Incubadora; f) qualidade e capacitação da equipe que irá compor o empreendimento.

6.3.3.4 Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento – IB

No caso da IB, três dos quatro empresários entrevistados disseram realizar pouca ou nenhuma atividade de P&D. Aquele que investe nessa atividade não soube quantificar o percentual, justificando que a empresa é especializada em serviços e o investimento em P&D ocorre de acordo com a demanda.

“E1: Sim, nós investimos em atividades de pesquisa. Mas esse investimento ocorre a partir das demandas do mercado. Somos uma empresa de cooperativas, dependendo do projeto direcionamos os recursos para melhorar ou criar um serviço que atenda as necessidades daquele projeto específico. Por isso não consigo quantificar o percentual que investimos.”

“E2: Não. O foco da empresa é em serviço, não sentimos necessidade desse investimento.”

“E3: Posso dizer que no ramo em que atuamos (serviços), não se faz necessário investimento em P&D. ”

O gestor reafirma essa situação e argumenta que as empresas incubadas já entram no programa com um serviço ou produto já elaborado e difundido no mercado e, portanto não exigem dispêndios em atividades de P&D. Mas, coloca que se vier a existir demanda, o acesso aos professores e espaços da universidade é bastante facilitado. Apesar do argumento dos entrevistados de que não se faz necessário realizar P&D nas empresas de base tradicional, a pesquisa da Pintec (2006) coloca que:

Um produto simples pode ser aperfeiçoado (no sentido de obter um melhor desempenho ou um menor custo) através da utilização de matérias-primas ou componentes de maior rendimento. Um produto complexo, com vários componentes ou subsistemas integrados, pode ser aperfeiçoado via mudanças parciais em um dos componentes ou subsistemas. Um serviço também pode ser substancialmente aperfeiçoado por meio da adição de nova função ou de mudanças nas características de como ele é oferecido, que resultem em maior eficiência, rapidez de entrega ou facilidade de uso do produto, por exemplo. (PINTEC, 2006, p. 11).

Isso leva a acreditar que falta uma maior conscientização desses atores sobre a importância de se investir em atividades de P&D para melhoramento dos serviços, produtos e processos, para produzir vantagem competitiva frente aos concorrentes.