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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 A INTERAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA

3.1.2 Caracterização das empresas no Brasil

De acordo com a Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), realizada pelo IBGE em 2005, uma empresa pode ser definida como sendo a unidade jurídica caracterizada

por uma firma ou razão social, que engloba o conjunto de atividades econômicas exercidas em uma ou mais unidades locais e que responde pelo capital investido nestas atividades. Em termos práticos, uma empresa corresponde a uma única raiz do registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e vice-versa.

Ainda, pode ser entendida como um conjunto organizado de meios com vista a exercer uma atividade particular, pública, ou de economia mista, que produz e oferece bens e/ou serviços, com o objetivo de atender a alguma necessidade humana. O lucro, na visão moderna das empresas privadas, é consequência do processo produtivo e o retorno esperado pelos investidores. As empresas de titularidade do Poder Público têm a finalidade de obter rentabilidade social. As empresas podem ser individuais ou coletivas, dependendo do número de sócios que as compõem.

Maia (2005) sugere que a empresa é uma forma específica de organização cuja finalidade é clara e explicitamente lucrativa (MAIA, 2005). Não existe um consenso sobre a classificação das empresas. Em relação à sua categoria são denominadas empresas de micro, pequeno, médio e grande porte. Essa categorização pode acontecer de acordo com vários critérios, os quais são arbitrários e variam de acordo com a finalidade e os objetivos das instituições que promovem seu enquadramento. No Brasil, em geral, adota-se o critério do valor do faturamento bruto ou do número de funcionários.

O estatuto da Micro e Pequena Empresa (MPE), de 1999, utiliza o critério de classificação segundo a receita bruta anual. O regime simplificado de tributação – SIMPLES utiliza os limites previstos na Medida Provisória 275/05. Por sua vez, o SEBRAE classifica o porte das empresas segundo o número de funcionários que compõem sua estrutura, conforme apresentado na tabela abaixo:

Tabela 1: Classificação das empresas quanto ao porte

Estudos realizados pelo SEBRAE (2005) revelaram que, entre os anos de 1996 e 2002, a quantidade de micro e pequenas empresas no Brasil cresceram consideravelmente. As micro empresas apresentaram um crescimento acumulado de 55,8%, passando de 2.956.749 para 4.605.607 de empresas; enquanto que, as pequenas empresas obtiveram um crescimento de 51,3%, passando de 181.115 para 274.009 de empresas.

Em 2002, as micro e pequenas empresas representavam 99,2 % do número total de empresas formais, 57,2% dos empregos totais e 26,0 % da massa salarial. De acordo com as pesquisas apresentadas pelo BNDES (2005) 60% dos empregos gerados e mantidos no Brasil são fruto dos esforços das micro e pequenas empresas, além disso, a presença desse tipo de empresa auxilia o equilíbrio da economia de mercado, dificultando a penetração de cartéis, monopólios e oligopólios, melhorando e inovando produtos e processos.

Amato Neto (2000, p. 41) diz que as MPE’s atuam geralmente em setores mais tradicionais da economia, como o comércio varejista e serviços. As MPE’s vêm apresentando um expressivo crescimento no volume de pessoas ocupadas no comércio e serviços, passando de 5,5 milhões de pessoas ocupadas em 1998 para 7,3 milhões no ano de 2001 (IBGE, 2003).

Pesquisas realizadas pelo SEBRAE (2004) revelaram que apesar do crescente número de novos negócios no Brasil, sua permanência no mercado continua sendo um grande desafio. A partir dos dados cadastrais obtidos por meio das Juntas Comerciais Estaduais, o SEBRAE coletou informações sobre micro e pequenas empresas constituídas e registradas nos anos de 2000, 2001 e 2002. Através desses dados, procurou avaliar a taxa de mortalidade dessas empresas, e concluiu que em micro e pequenas empresas com até 2 anos de existência a taxa de mortalidade era de 49,4% (2002); em empresas com até 3 anos de existência (2001) essa taxa aumentou para 56,4%, e em empresas com até 4 anos de existência essa percentagem era de 59,9% (2000). Apesar de estar relativamente abaixo da média nacional, a taxa de mortalidade de empresas no Centro-Oeste mostrou-se bastante elevada, conforme a tabela 2:

Tabela 2: Taxa de Mortalidade por Região e Brasil (2000 – 2002)

As altas taxas de fechamento de empresas ainda nos primeiros anos de atividade configuram-se como uma grande preocupação para o desenvolvimento econômico, sendo que, no Brasil são constituídas anualmente em torno de 470 mil novas empresas e são fechadas, em média, cerca de 257 mil.

Os dados desta pesquisa também apresentam a estimativa do custo social referente ao fechamento de 772.679 empresas nos três anos (2000 a 2002). Este custo compreende a perda de 2,4 milhões de postos de emprego, compreendendo um desperdício equivalente a R$ 19,8 bilhões nessa atividade econômica, conforme tabela abaixo:

Tabela 3: Custo socioeconômico da alta taxa de mortalidade de empresas no Brasil (2000 – 2002)

Fonte: SEBRAE (2004)

O SEBRAE, nessa pesquisa de 2004, procurou investigar também os fatores que ocasionaram este cenário, além dos fatores que contribuíram para que outras empresas se mantivessem no mercado.

Sobre os fatores condicionantes do sucesso empresarial, questionou-se quais são as condições que estando presentes na condução do empreendimento, contribuem para diminuir as causas de insucesso das empresas4. As respostas apontaram para três características comuns: habilidades gerenciais; capacidade empreendedora e logística operacional. Dentre essas, os aspectos considerados mais importantes para a maioria dos empresários (49%) são as habilidades gerenciais, o que reflete a preparação do empresário para interagir com o mercado em que atua e a competência para bem conduzir o negócio (SEBRAE, 2004).

Conforme o estudo, esta categoria aponta quesitos fundamentais para a conduta dos negócios, como, por exemplo, conhecer o cliente e o mercado em que atuam, avaliar e procurar os melhores fornecedores para aquisição de bens para a formação do estoque da empresa, definir qual a melhor forma de colocar os produtos a venda, definir preços de

comercialização compatíveis com o perfil do mercado e estratégias de promoções das mercadorias e serviços, entre outros.

A categoria “capacidade empreendedora” foi apontada por 28 % dos respondentes, contemplava respostas relacionadas à disposição e capacidade empresarial para comandar o empreendimento, permitindo por meio de habilidades naturais, descobrir as melhores oportunidades de negócios, assumir os riscos envolvidos no investimento de recursos financeiros e humanos e conduzir os negócios em meio a adversidades e dificuldades que surgem no dia-a-dia empresarial.

A terceira categoria de fatores determinantes de sucesso refere-se à “logística operacional” e foi citada por um percentual médio de 25% dos entrevistados. A logística operacional é o que fornece as bases para a criação, sustentação e crescimento da atividade empresarial.

Após o levantamento dessas estatísticas, o SEBRAE procurou identificar, na opinião dos empresários, quais foram os principais motivos que levaram as empresas ao encerramento de suas atividades. A pesquisa demonstrou que os principais motivos foram:

• Falhas gerências, que podem ser traduzidas como sendo falta de capital de giro, problemas financeiros e o local inadequado;

• Causas econômicas conjunturais, que decorrem, principalmente, da falta de conhecimentos gerências, falta de clientes, inadimplência de terceiros, recessão econômica do país;

• Logística Operacional, ou seja, instalação inadequada, falta de profissionais qualificados para o trabalho e dificuldade em obter créditos bancários;

• Políticas Públicas e arcabouço legal que refere-se a falta de créditos bancários, problemas com fiscalização, carga tributária elevada e outras razões.

Baseado nessas informações percebe-se a fragilidade das micro e pequenas empresas. As dificuldades enfrentadas por essas empresas são muitas, elas têm encontrado grandes obstáculos para atuar em mercados cada vez mais competitivos. Em decorrência disso, uma das alternativas para a superação das dificuldades, cuja utilização tem se tornado freqüente, é a união das empresas a redes de cooperação (FERREIRA JÚNIOR, 2006, p.1).

A análise desse cenário possibilita compreender melhor a importância das Instituições de Ensino e de Pesquisa para o desenvolvimento econômico do país. Com a

proposta de capacitar e acompanhar o desenvolvimento gerencial e tecnológico dos empreendedores constata-se que em arranjos denominados de incubadoras de empresas há uma queda significativa na taxa de mortalidade de empresas que passaram pelo processo de incubação (em torno de 20% a 30%) comparadas àquelas empresas nascidas fora do ambiente de incubadora (em torno de 70%) (SEBRAE, 2004).