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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.5 PROGRAMAS E FONTES DE FINANCIAMENTO

A política científica e tecnológica recente, analisada através de documentos e editais das agências de fomento, indica um estímulo maior à pesquisa aplicada e tecnológica, à constituição de projetos cooperativos entre as universidades e outras instituições públicas e privadas e à multidisciplinaridade ou interdisciplinaridade na produção de conhecimento C&T (SOBRAL, 2001; MAIA, 2005).

As autoras relacionam algumas iniciativas e programas de interesse da integração universidade-empresa, além de outros que são elencados pela própria autora, são eles:

• Programa Sociedade da Informação (SocInfo)

Instituído em 1999 e coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, faz parte de uma série de projetos, previstos no PPA 2000-2003. Visa a preparar a nova geração em redes para estimular a competitividade da economia brasileira, através do governo, setor privado, sociedade civil e comunidade acadêmica. É formado por sete linhas de ação.

• Rede Nacional de Pesquisa (RNP)

Atua através da internet, promovendo a integração entre grupos de pesquisa com parceria universidade/empresa.

• Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia da Informação (Protem)

Voltado para a pesquisa e formação de recursos humanos. Através do desenvolvimento de projetos cooperativos, promove a integração de grupos de pesquisa e entre estes e o setor industrial.

• Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex 2000)

Atua através da integração entre universidades, governo e a indústria deste segmento de ponta.

• Lei 8.248/91 (Lei de incentivo fiscal à informática)

Embora alterada pelas leis 8.387/91 e 10.176/2001, mantém-se o seu objetivo de fomentar a produção de bens e serviços nas áreas de informática e automação, com incentivos fiscais às empresas que aplicarem 5% do faturamento em P&D, mediante convênio com universidades ou centros de pesquisa. Esses programas terminam por beneficiar as instituições de ensino superior, as quais recebem, através de trabalhos desenvolvidos em parcerias com empresas, doações de equipamentos e periféricos, melhorias das instalações e de redes de comunicação.

• Lei 10.973/05 (Lei da Inovação)

A lei n. 10.973, conhecida como Lei de Inovação, foi sancionada em dezembro de 2004 e regulamentada em outubro de 2005 pelo Decreto n. 5.563. Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do país.

De forma simplificada, a lei foi organizada em torno de três eixos temáticos: (1) a constituição de um ambiente propício à construção de parcerias entre as universidades, institutos tecnológicos e empresas; (2) o estímulo à participação de institutos de C&T no processo de inovação e o (3) estímulo direto à inovação na empresa.

No primeiro eixo, a Lei abre espaço para o compartilhamento de infra-estrutura, equipamento e recursos humanos das Instituições Públicas Científicas e Tecnológicas (ICT) com micro e pequenas empresas para atividades voltadas à incubação, além de permitir a utilização de laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações dessas entidades por empresas nacionais e organizações de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa.

Em relação ao segundo eixo, a Lei de Inovação flexibilizou as regras para que as ICT possam participar da execução de projetos de desenvolvimento científico e tecnológico

com o setor privado. Os principais pontos contemplados nesse tópico são: a permissão para que as ICT possam negociar com as empresas, por meio de contratos de licenciamento de tecnologias, os resultados gerados pelos projetos de parcerias; a previsão de que as instituições e os pesquisadores envolvidos possam receber rendimentos pelo desenvolvimento das tecnologias que vierem a ser utilizadas pelas empresas a partir do projeto de parceria; e a autorização para que pesquisadores e docentes se licenciem (sem vencimentos) das suas atividades nas ICT para participar de atividades privadas que visem lucro, mantendo durante o período de licença o vinculo com suas instituições de origem.

Em relação ao último eixo, o estímulo direto à inovação na empresa, a Lei prevê a concessão de financiamento público, a subvenção econômica e a participação societária em empresas. Através de um amplo debate, o governo reconheceu o caráter estratégico da inovação para o país e, legitimou a aplicação de recursos públicos diretamente nas empresas industriais. Ela estabeleceu alguns princípios gerais importantes em relação aos diretos de propriedade dos resultados gerados em projetos de parceria; à contrapartida privada nos projetos que envolvem financiamentos sem retorno; e à transparência das informações na aplicação de recursos públicos (SIMANTOB E LIPPI, 2003).

• Rede Cooperativa de Pesquisa (Recope)

Integra o Programa de Desenvolvimento das Engenharias (Prodenge), criado em 1996 pela Finep. Promove a criação de redes cooperativas, o que fortalece a integração universidade/empresa, através de apoio financeiro. Os critérios para avaliação e escolha das redes são: importância para a competitividade de produtos e serviços brasileiros (automação); alcance social (alimentos) e relevância pela aplicação generalizada (informática).

• Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT III)

Criado em 1984 como instrumento complementar à política de fomento à C&T, é fruto de três acordos de empréstimos firmados entre o governo brasileiro e o Banco Mundial. Seu objetivo é aumentar os investimentos em P&D, ampliando a capacidade tecnológica da indústria nacional, como forma de aumentar a sua competitividade mediante atividades de integração universidade/empresa.

Tem como maiores desafios a concepção e o exercício de mecanismos que permitam a difusão e a transferência de tecnologia do setor acadêmico para o setor industrial e

a implementação de instrumentos adequados de interação entre os dois setores, tanto em nível nacional como internacional.

• Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas (Rhae)

Ligado ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), procura enfatizar a colaboração entre empresas, universidades e institutos de pesquisa. Qualifica recursos humanos vinculados a linhas de pesquisa, desenvolvimento de processos produtivos e serviços tecnológicos e de gestão, a fim de promover a capacitação tecnológica das empresas e torná-las competitivas no mercado internacional. Oferece bolsas a funcionários e sócios de empresas e a docentes que apresentem projetos de P&D cooperativos.

• Programa de Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas (Patme)

Executado pela Finep e Sebrae, atende às carências de pequenas e micro empresas, no que se refere à inovação de processos e produtos e gestão de pessoal. Exige parceria com universidades ou centros de pesquisa.

• Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe)

Trata-se de uma iniciativa do MCT, realizada pela Finep, com o apoio das Fundações de Amparo à Pesquisa – FAPs estaduais. Envolve universidades ou institutos de pesquisa. Concede financiamento, a fundo perdido, a projetos inovadores possíveis de resultar em produtos comercializáveis.

• Programa de Pesquisa em Saneamento Básico (PROSAB 2000)

O PROSAB (2000) é uma iniciativa da FINEP e tem como objetivo desenvolver e aperfeiçoar tecnologias nas áreas de águas, que sejam de fácil aplicabilidade, baixo custo de implantação, operação e manutenção e que resultem na melhoria das condições de vida da

população brasileira. Entre os objetivos específicos, está o de formação de novas redes de pesquisa cooperativa, segundo temas prioritários.

• Programa Nacional de Apoio a Incubadoras de Empresas (PNI)

O Programa Nacional de Apoio a Incubadoras de Empresas – PNI pretende congregar, articular, aprimorar e divulgar a maioria dos esforços institucionais e financeiros de suporte a este tipo de empreendimento, a fim de ampliar e otimizar a maior parte dos recursos que deverão ser canalizados para apoiar a geração e consolidação de um maior número de micro e pequenas empresas inovadoras em regime de incubação. O PNI destaca, portanto, a incubadora como agente nucleador do processo de geração e consolidação de micro e pequenas empresas. Este processo, que se inicia com a geração da idéia, passando pelas etapas da pesquisa, do desenvolvimento de protótipo (a fase em que a idéia transforma- se em processo, produto ou serviço) e da produção em escala, deverá ser implementado de modo consistente e coerente. O PNI busca destacar a importância de cada etapa, seja anterior, seja posterior, à fase em que a empresa encontra-se nas instalações da incubadora.

A criação do PNI leva em conta a importância da inovação para o setor produtivo e de serviços, priorizando a inovação em micro e pequenas empresas que passam pelo processo de incubação. A incubação confere às micro e pequenas empresas condições favoráveis para detectar tendências, incorporar novidades e acompanhar as mudanças do mercado, o que pode reverter o já destacado índice de mortalidade dessas empresas.

Dentro desse contexto, a criação do Programa Nacional de Apoio a Incubadoras de Empresas (PNI), apresenta-se como uma importante iniciativa para a promoção do desenvolvimento tecnológico e da inovação das micro e pequenas empresas, ao estimular iniciativas de instalação e consolidação de incubadoras nas várias unidades da Federação. O PNI reflete, em suas diretrizes, a visão unificada de instituições governamentais e privadas que, articuladas, estabeleceram o arcabouço estratégico e conceitual do Programa.

• Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial/Pecuário (Pdti/Pdta)

Apóia a capacitação tecnológica da indústria e agropecuária brasileira, mediante projetos desenvolvidos em parceria com universidades e centros de pesquisa. As empresas interessadas recebem incentivos fiscais para investir em P&D.

• Programa de Recursos Humanos para o setor de petróleo e gás/Agência Nacional de Petróleo (PRH/ANP)

Criado em 1999, tem por objetivo promover a capacitação de profissionais para atuar na indústria do petróleo e gás. Concede bolsas de graduação e pós-graduação. Os recursos são oriundos da ANP e da parcela de royalties gerados pela produção de petróleo.

3.5.1 Programas de fundos setoriais

Existentes desde o final da década de 1990, são 14 instrumentos utilizados pelo governo federal para financiar, em diversos setores da economia brasileira, projetos de P&D, geridos pela Finep. O primeiro deles, o CT-Petro (Fundo Setorial do Petróleo e Gás Natural), foi criado em 1998, com o objetivo de qualificar recursos humanos nessa área e desenvolver pesquisas mediante integração universidade/empresa.

Vários foram os avanços trazidos pelos Fundos Setoriais: a) definição de uma política de C&T clara e de longo prazo; b) desenvolvimento tecnológico empresarial em bases competitivas e sustentáveis; c) estabelecimento de um novo padrão de financiamento de C&T para o desenvolvimento e a inovação tecnológica; d) utilização de fontes de financiamento estáveis, diversificadas; e) fortalecimento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT); f) contribuição ao desenvolvimento econômico e social do país; g) gestão transparente, uma vez que cada fundo é administrado por um Conselho Gestor, do qual, em sua maioria universidade e empresa fazem parte; h) articulação do governo, comunidade acadêmico-científica e empresas.

Cumpre salientar que essa política é atenta às diferenças regionais: 30% da maioria dos fundos são destinados, obrigatoriamente, às regiões Norte, Nordeste e Centro- Oeste. O CT-Petro, por exemplo, chega a destinar 40% para as regiões Norte e Nordeste. Um dos fundos, o Verde-Amarelo, que é denominado como “Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para Apoio à Inovação”, foi criado por meio da Lei N.º 10.168 de 29/12/2000 e tem como principal objetivo estimular o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa científica e tecnológica que intensifiquem a cooperação de Instituições de Ensino Superior e centros de pesquisa com o setor produtivo, contribuindo assim para acelerar o processo de inovação tecnológica no País. Ele contempla a inovação

tecnológica de pequenas e micro empresas. Os recursos envolvidos alcançaram a cifra de R$ 4,2 bilhões até 2005, vinte vezes mais do que se investiu nos últimos anos, o que, entretanto, está longe dos níveis de investimento de outros países.

De todo modo, o Brasil desenvolve uma política tecnológica na qual se ampliam os recursos para investimento em P&D. Merecem destaque o Projeto Genoma e os que vêm sendo executados pela Embraer, Fapesp, Fiocruz e Embrapa, que, por seu nível de excelência, dão projeção internacional ao país.