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CAPITULO VUI UMA GRAVE PROFECIA

No documento Um Habitante de Dois Planetas (páginas 94-100)

CAPÍTULO V A VIDA EM CAIPHUL

CAPITULO VUI UMA GRAVE PROFECIA

Era a primeira hora do primeiro dia do quinto mês após eu ter começado a freqüentar o Xioquithlon; era Bazix, conseqüentemen-<c, a

trigésima semana do ano, cujo fim se aproximava, restando A penas três

semanas para terminar o ano 11.160 a.C.

Como o leitor já verificou, o dia para os poseidanos começava no meridiano e, portanto, a primeira hora do dia era contada do meio-dia à uma da tarde. A contar dessa hora, no último dia de cada semana até o final da vigésima quarta hora do dia seguinte, <> primeiro da semana subseqüente, todos os negócios ficavam suspensos e o tempo era voltado para o culto religioso, uma observância que era imposta pela mais rígida de todas as leis, o cos-uime. Hoje, em 1886 d.C, existem os que argumentam que se um homem se empenha a semana inteira num trabalho sedentário, deve no domingo buscar a recreação natural, dedicando-se /.ciosamente a esportes atléticos ou fetigantes passeios. Mas eu digo que assim como o corpo é a externalidade da alma, assim como é a alma também será o corpo. Portanto, se a alma é de Deus, então voltar ao Pai com a freqüência possível é ser recriado, é ob-icr repouso, renovação. Talvez não precise ser entre quatro paredes; melhor entre Suas obras, mas sempre com o pensamento natural, sem artificialidade, voltado principalmente para Ele. Por isso hoje continuo a favorecer a observância do Sabath, seja ele o sétimo ou qualquer outro dia da semana que atualmente tem sele dias, ou o décimo primeiro e o primeiro, como era na Atlânti-da. Contudo, não farei de minhas preferências um argumento, apenas fazendo uma reasserção da bem conhecida lei psicológica segundo a qual um dia periódico de descanso é necessário para ;i saúde, a felicidade e a espiritualidade. Na Atlântida, toda pessoa era livre para usar as horas da manhã, mesmo no décimo primeiro dia, da maneira que lhe fosse mais agradável, trabalhando ou se divertindo. Mas na primeira hora, um sino enorme e de bela lonalidade badalava com um som intenso e reverberante duas vezes, fazia uma pausa, e depois soava mais quatro vezes. Nesse momento cessavam todas as ocupações e se iniciava o culto religioso. No dia seguinte, o grande sino tocava novamente; outros sinos soavam em sincronia em toda a extensão do grande continen-

u: O mesmo acontecia nas populosas colônias de Umaur e Inca-

lia, com a diferença de tempo cuidadosamente calculada. Havia um homem no grande templo de Incal em Caiphul que cumpria esse dever docemente solene. Então o tempo de culto terminava <- o resto do Inclut (primeiro dia) era dedicado a recreações de ioda sorte. Não deve minha descrição levar-te a pensar que esse culto fosse de natureza tristonha ou severa; não o era, nem avan- çava pela noite adentro, mas só até o momento em que todas as luzes permitidas naquela oportunidade se tornassem da cor ver- mclho-carmim pela fusão da velocidade atômica da força ódica, formando uma combinação dos elementos da luz e do estrôncio, realizada nas estações ódicas.

Por volta da terceira hora após ter terminado o Dia-Solar, um acontecimento peculiar ocorreu em minha vida em Poseid. Cami- nhando vagarosamente para casa e não tendo ainda chamado um vailx, preferindo andar, tomado da sonhadora calma produzida por influência da música ouvida num concerto público realizado nos jardins de Agacoe, encontrei um homem velho de nobre | K)rte, também a pé. Eu o havia visto muitas vezes em ocasiões anteriores e sabia ser um príncipe por causa do turbante cor de vinho. Ao vê-lo, na oportunidade de que falo, a direção de meu pensamento foi alterada e resolvi não ir diretamente para casa e | x-rmanecer na cidade por mais algum tempo, talvez toda a noite. No momento em que tomei essa decisão, o homem sorriu, mas

o príncipe que eu tinha em mente, não se tratava da mesma l>essoa; eu me iludira com certeza, pois seu turbante era branco puro, e não cor de vinho. Senti que ele tinha desejado falar comi- do mas por alguma razão não o fizera. Se eu estivesse por ali em uma hora mais tardia, poderia novamente encontrá-lo e descobrir i > que ele tinha para me dizer.

Ponderando nisso entrei num café localizado num dos túneis em forma de caverna, onde uma avenida transpunha uma colina; pedi o almoço e fiquei esperando ser servido. Nesse meio tempo entrou no local um xioquene, ou estudante, com quem eu havia leito amizade, para fazer o mesmo que eu. Almoçamos juntos e icrminada a refeição fomos até o canal, onde tomamos um barco que era alugado por um homem pobre que ganhava a vida alugan- do esses barcos para quem gostasse dessa distração raramente utilizada por ser o vailx o transporte comum. Havia uma brisa fresca e navegamos na direção do oceano pela saída formada pelo Nomis, o grande rio que fazia um circuito completo da cidade,

atravessando o fosso, ou canal, e depois desembocando no mar. Por causa desse demorado passeio não consegui voltar à avenida a não ser depois da caída da noite. Quando cheguei perto do ponto onde havia acontecido meu encontro com o desconhecido de turbante branco, desta vez de carro, vi sua imponente figura imóvel à luz brilhante da lua tropical. Eu tinha desejado bastante re-vê-lo, e desta vez inclinei a cabeça numa saudação cortês. Diante disso o estranho disse-.

"Um momento! Eu gostaria de falar contigo, jovem, em particular." Quase mecanicamente fiz o carro parar, obedecendo seu gesto indicando que eu descesse e, posicionando a alavanca para que o veículo se movesse à mesma velocidade de uma caminhada lenta, deixei que continuasse a se mover, sabendo que se ninguém o utilizasse logo chegaria a uma estação de parada onde se deteria automaticamente. Quando me vi diante do sacerdote, que é o que eu pensava que fosse, ele disse:

"Teu nome, pelo que julgo, é Zailm Numinos?" "Sim, é esse o meu nome."

"Eu te vi muitas vezes e estou informado a teu respeito. Tens uma louvável vontade de te aprimorares e alcançares elevadas honrar ias entre os homens. Ainda és um menino, mas a bom caminho de teres êxito como homem, no sentido comum dado ao termo "êxito". Um menino consciencioso entretanto, olhado com simpatia pelo soberano. Serás bem- sucedido e chegarás a posições de elevada honra e abundância, e terás a consideração de todos os teus semelhantes. Contudo, não viverás o período completo concedido ao homem na Terra. Em tua breve vida conhecerás o amor. Vivenciarás a mais pura afeição que o homem é capaz de sentir por uma mulher. Mas não obstante tudo isso, esse não será um amor plenamente realizado neste período de existência. E amarás novamente e derramaras lágrimas por causa disso. Farás algum bem ao mundo mas, ah, bastante mal também. E por causa de um destino sombrio, muitas tristezas te advirão. Por tua causa, alguém sofrerá profunda infelicidade e angústia; terás de pagar caro por isso e não estarás livre até que o tenhas feito. Entretanto, eis que nesta vida não te será exigido muito. Quando menos pensares em pecado, tropeçarás nele e cometerás uma grave ofensa que representará uma sina perseguidora e inexorável. Mesmo agora, nos teus dias de inocência, já palmilhas o caminho do

K-U destino. Ah, assim é. Certa vez chegaste perto de compreende -r tua

morte, que é apenas a menor parte do que te acontecerá; mas acordaste e fugiste das cavernas da montanha ardente para .1 segurança. Não obstante, pássaras finalmente para Navazzamin,

< > inundo das almas que daqui partem e -atenta! -eu te digo que

IK-recerás numa caverna. E eu serei o último ser vivo em quem

K-U olhar de poseidano pousará. Não terei então a aparência que

lenho agora e não saberás que sou aquele que dará fim ao malfei- (tic que te terá atraído insidiosamente para a tua destruição. Te nho dito. Que a paz esteja contigo."

Muito me espantei ao ouvir essas palavras, julgando a princípio <|ue quem as pronunciara tivesse fugido do Nossinithlon (literalmente a "Casa dos Lunáticos" ou pessoas loucas), isso a despei-io das circunstâncias em que nos havíamos encontrado. Mas à medida que ele falava eu me convencia de que tinha feito um julgamento falso. Finalmente, confuso, olhei para o chão, não sabendo o que pensar, tomado por um indefinível temor. Quando ele se- calou e me desejou paz, levantei os olhos para fitá- lo de frente e, para meu espanto, não vi viva alma, pois eu estava sozinho na grande praça com uma fonte no centro, cujo jato parecia praia líquida à luz da Lua. Olhei para todos os lados. Teria sonhado?

< Certamente não. Seriam as palavras do misterioso estranho

verda

deiras ou falsas? O tempo satisfará tua curiosidade, amigo, como satisfez a minha.

CAPITULO LX

No documento Um Habitante de Dois Planetas (páginas 94-100)