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Características de um empreendimento de um hipermercado

3. O CLIENTE, O FORNECEDOR, O PRODUTO

3.2. O cliente: O Setor Varejista

3.2.3. Características de um empreendimento de um hipermercado

Um empreendimento de hipermercado comumente apresenta as seguintes características: i. Requer investimento inicial mínimo para um novo empreendimento;

ii. Realiza a implantação através de recursos próprios; iii. Prevê despesas pré-operacionais baixas;

iv. Ciclo de implantação curto21;

v. Requer extrema rapidez para o início do ciclo operacional e entrada de receitas; vi. Realiza negociações por volume;

vii. Admite margens reduzidas no negócio;

viii. Admite riscos altos em sua implantação e operação; ix. Sensibilidade a desvios no seu planejamento inicial alta;

x. Rigidez em sua formatação depois de implantados.

Para o correto entendimento das necessidades do empreendimento é importante discorrer-se brevemente sobre os itens dispostos acima:

Investimento inicial mínimo

Os varejistas competem entre si com base em suas estratégias individuais, ou seja, planejamento para ganhar vantagem competitiva com objetivo de conquistar a preferência de seus mercados-alvos. Os conceitos de custo, diferenciação e foco desempenham papel fundamental no desenvolvimento estratégico do setor varejista. Esses conceitos devem ser observados pelas empresas que buscam sucesso no varejo, pois fazem parte da estratégia competitiva e possuem particularidades que definem a forma de atuação da empresa. Quando da formatação de um novo empreendimento de uma rede de super ou hipermercados, preço e custo operacional são variáveis de grande relevância para que esta vantagem competitiva seja evidenciada.

Considerando-se uma conceituação genérica e muito simplificada, o preço é formado por custo e margem, e estas duas variáveis, dentro do planejamento econômico-financeiro do empreendimento devem sustentar os indicadores da Qualidade do Investimento do mesmo, sobretudo a Margem, o Retorno Sobre o Investimento e o Prazo de Recuperação do Investimento (muitas vezes conhecido como payback), os quais fundamentaram a tomada de decisão pelas partes interessadas no novo negócio.

Resumidamente, o fluxo financeiro no ciclo operacional pressupõe a entrada de receitas e desembolsos de origem operacional e alguma forma de amortização do investimento. Estas variáveis equacionadas geram os indicadores da qualidade esperados ao longo do ciclo de implantação e operacional.

Estratégias comerciais a fim de incrementar a eficiência operacional são impulsionadas pela busca pela vantagem competitiva, focando na redução de custos e no aumento da produtividade. Estes devem, portanto, ser rigorosamente planejados, assim como o Investimento Inicial do empreendimento, que deve ser o menor possível para aquele produto (loja) proposto.

Implantação através de recursos próprios

Uma característica dos novos empreendimentos das empresas mais representativas e maduras do setor varejista, em especial do segmento de super e hipermercados, são de serem custeados através de recursos próprios, sempre que disponíveis. Isto se deve ao alto rendimento dos mesmos ao longo do seu ciclo operacional, isto é, a geração de grande volume de vendas, promovendo a destinação de recursos para o reinvestimento, garantido por uma grande e sólida base de lojas consideravelmente maduras, isto é, que possuam um EBITDA22 em torno de determinado percentual da venda esperada mensal.

Despesas pré-operacionais baixas

Na estratégia competitiva de custo a empresa concentra seus esforços na busca de eficiência produtiva, na ampliação do volume de produção e na minimização de gastos e tem no preço um dos principais atrativos para o consumidor

Negociação por volume

A criação dos Centros de Distribuição permitiu aos varejistas, já que agora poderiam eles mesmos estocar os produtos, negociarem suas compras diretamente com o fabricante,

22 Ebitda é a sigla em inglês para earnings before interest, taxes, depreciation and amortization, que traduzido literalmente para o português significa: "Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização" Por eliminar os efeitos dos financiamentos e das decisões meramente contabilísticas, a sua utilização pode fornecer uma boa análise comparativa, pois mede a produtividade e a eficiência do negócio. Como percentual de vendas pode ser utilizado para identificar empresas que sejam mais eficientes dentro de um segmento de mercado. Tem como função, também, determinar a capacidade de geração de

possibilitando o estabelecimento de uma relação de longo prazo, evitando intermediários e facilitando a discussão a respeito da qualidade desejada do produto.

Margens reduzidas

“A mudança de comportamento do consumidor impulsionou a dinâmica do setor, o consumidor passou a ser mais exigente valorizando sua compra, influenciando os varejistas a praticarem: preços baixos, alta qualidade, entrega rápida, entrega confiável, produtos e serviços inovadores, ampla variedade de produtos e serviços e formas de pagamento diferenciadas.” (SILVA, 2005, p.3). Para garantir a inserção no mercado e o avanço da concorrência, as empresas passaram a trabalhar com margens mais reduzidas.

Ciclo de implantação curto

Devido aos fatores já expostos anteriormente, para que haja a diminuição de despesas pré- operacionais e antecipação da entrada de receitas, é necessário o encurtamento da duração do ciclo de implantação.

Rapidez para o início do ciclo operacional e entrada de receitas

O planejamento econômico financeiro de um novo empreendimento de um super ou hipermercado pressupõe a entrada de receitas o mais rápido possível de modo que possa gerar recursos para a amortização do investimento assim como gerar margem de contribuição para a empresa, desta forma, atingir os indicadores da qualidade planejados.

Riscos altos.

“O perfil do varejo brasileiro possui características básicas dentre as quais destacamos: a procura e seleção dos produtos, a aquisição, distribuição, comercialização e entrega; o setor é tradicionalmente absorvedor de mão-de-obra menos qualificada e caracterizada por alta rotatividade; as estratégias de marketing refletem a sazonalidade da demanda que é significativamente importante para o setor varejista. Dentre os setores da economia, o varejo é o mais suscetível à política econômica, o volume de vendas do setor está diretamente vinculado às mudanças na conjuntura econômica do país, especialmente nos indicadores de renda dos consumidores. A venda financiada ao mesmo tempo em que potencializa negócios e

diferencia serviços prestados, requer empresas capitalizadas em bases sólidas, devido ao risco de inadimplência.” (SILVA, 2005, p.3).

Alta sensibilidade a desvios

O planejamento de um empreendimento de um super ou hipermercado, como já exposto, esta relacionado a um potencial de vendas existente no mercado previamente selecionado através de amplo estudo mercadológico e obtenção de dados para a fundamentação deste.

Como os riscos são altos, devido à dependência do empreendimento ao volume de vendas desejado, o qual é altamente influenciado por fatores externos à empresa, e desta forma, variáveis não controláveis, o mesmo passa a ser muito sensível a desvios tanto de custeio como de desembolsos, assim como do cumprimento à curva de vendas projetada.

Rigidez após implantação

A rigidez de um empreendimento de uma loja de hipermercado é tão grande quanto à de um

shopping center. Isto se deve muito à configuração da edificação destinada para este tipo de

operação.

Portanto, caso a venda esperada não aconteça, não há a geração de receita planejada todos os meses. Sendo assim, a operação poderá ser comprometida, pois, para equilíbrio do caixa, deverão ser reduzidas as despesas. (FREITAS, 2006).

Redução de despesas pode significar diminuição no atendimento ao consumidor contribuindo para que se reduza ainda mais a venda entrando em um ciclo vicioso na operação, que pode ser fatal para aquela unidade.

Concluiu-se, portanto, que a necessidade de um novo empreendimento do setor varejista seja o início imediato da fase de implantação, isto é, construção, uma obra de duração mínima e um grande controle do custo inicial do empreendimento.