• Nenhum resultado encontrado

4. CONTRATOS

5.3. Tipos de reivindicações

Derivadas de documentos contratuais

Conforme já exposto há vários tipos de contratos que prevêem diferentes estratégias contratuais e há inúmeras variações como exposto no capítulo 04. Comentamos já anteriormente, que o contratante é o responsável final pela escolha do método de contratação e o tipo de contrato, e deve atentar para que, em relação ao potencial de ocorrência de reivindicações, este deve estar correlacionado aos seus principais objetivos, os quais são normalmente os listados abaixo:

i. Metas de prazo; ii. Metas de custo;

iii. Requisitos para manutenção de preço esperado; iv. Flexibilidade para fazer mudanças justificáveis;

v. Determinação e avaliação do risco para transferir a quem melhor puder gerenciá-lo e absorve-lo.

Estes objetivos também se aplicam aos construtores e seu relacionamento com o proprietário, os subcontratados e fornecedores.

Nos contratos de construção, normalmente são descritos os procedimentos a serem acordados para as modificações de contrato enquanto o trabalho está sendo executado. Modificações são facilitadas por clausulas de “adicionais de contrato” as quais pode considerar prazos, diferentes situações do terreno, suspensão do trabalho e rescisão contratual.

Estas podem ser definidas em basicamente dois tipos (FISK, 1997): i. Modificações Diretas:

A modificação se caracteriza quando o contratante direciona o contratado a executar um trabalho que é diferente do especificado no contrato ou é um adicional ao trabalho contratado. Uma modificação direta pode também gerar redução no escopo.

No caso das modificações diretas, não há questionamento sobre a ocorrência da modificação, porém, as reivindicações tendem a ser na quantificação financeira e no impacto no prazo da obra.

ii. Modificações Construtivas

Uma modificação construtiva é caracterizada por um ato informal autorizando ou direcionando a modificação ao contrato, causada por algum dos motivos listados abaixo, porém, necessária ao bom andamento da obra contratada. Esta modificação deve ser reivindicada por escrito pelo contratado no tempo estipulado pelo contrato. O contratante deve

avaliar a proposta fundamentada na reivindicação de acordo com os parâmetros utilizados para avaliar qualquer tipo de proposta. Os tipos de modificações construtivas incluem:

 Erros nos desenhos, projetos e especificações;  Interpretação do responsável técnico pela obra;  Processo executivo mais oneroso que o previsto;  Inspeção imprópria ou rejeição do trabalho;  Modificação no método e seqüência construtiva;

 Impossibilidade ou impraticabilidade de execução no prazo.

As modificações construtivas são as maiores fontes de disputas contratuais, pois a argumentação do contratado normalmente não se apóia nos documentos contratuais e pode ter interpretação subjetiva.

O tipo de contrato e as estratégias de implantação criam o ambiente para as reivindicações e conforme visto anteriormente no capítulo 04 é fato que o contratado assume uma grande parte do risco em contrato de modalidades que consideram um preço fixo enquanto que o contratante assume uma parcela maior de risco em contratos que reembolsam o custo. Dependendo, portanto da estratégia contratual determinada, o contratado pode ser a parte que sofre os desvios financeiros e econômicos e, portanto, é comum a prática de recuperá-lo através das reivindicações.

A linguagem do contrato é frequentemente a origem do problema que leva às reivindicações pela dificuldade em se escrever um acordo que precisamente determina os requerimentos do projeto, e por consequência, é sujeito à interpretação. Ambigüidades surgem pelo uso de clausulas vagas como “período razoável”, “similar” e “de acordo com a boa técnica”.

Reivindicações pelas ações dos Participantes:

Os arquitetos e engenheiros são os responsáveis pela maior parte deste tipo de reivindicação, segundo Ahuja (1994). Informações incompletas e erros de projetos e/ou nos desenhos são os maiores causadores.

Também podem ser motivos para reivindicações alguns serviços destes mesmos profissionais, como a falha nas revisões de projetos, mudanças solicitadas em visitas, inspeções e ao clarificar dúvidas em desenhos assim como a correção de erros nos projetos.

Uma falha na coordenação do projeto e revisões inadequadas se manifesta em erros, omissões, conflitos de prazos, interferências entre os vários projetistas dos diferentes sistemas, podendo ser grandes causadores de reivindicações.

As reivindicações surgem também por prazos de contrato não realistas, tentativas de acelerar o projeto por compressão do cronograma e desempenho de alguns métodos e custos subestimados durante a fase de contratação da obra.

Uma causa comum de preocupação para os contratados são as falhas nas estimativas dos custos de trabalhos. Muitas vezes é verificado que o preço ofertado na negociação, ou tomada de preços é inferior ao custo projetado e este fato já leva pode levar o contratado a futuras reivindicações como mecanismo de recuperação de margens inicialmente projetadas.

Também, dependendo da modalidade contratual, o contratado tenderá a economizar em insumoes, levando à qualidade inferior os serviços executados. Isto, por consequência, pode gerar ainda mais reivindicações, pois ao ter que refazer trabalhos ou corrigir materiais com defeitos pode haver atrasos e aumento de custos. (AHUJA, 1994).

O desempenho inadequado de um contratado leva igualmente a desvios de custos e, necessariamente, irá levar este a tentar recuperar os desvios através de reivindicações. Mão de obra e equipamentos, fluxo de caixa inconsistente, problemas de atitudes gerenciais são exemplos de fatores que contribuem para o desempenho inferior dos contratados. O mesmo se aplica aos subcontratados e fornecedores em geral.

Os proprietários normalmente têm responsabilidades contratuais como a necessidade de obter todas as licenças necessárias para a obra e os recursos financeiros adequados ao fluxo de pagamentos acordados, e se isto não ocorrer após a assinatura do contrato, pode ser um bom motivo para reivindicações da mesma forma

Em resumo, toda modificação leva a reivindicações. (FISK, 1997). Conforme descrito anteriormente, estas são inerentes ao processo de implantação de novos empreendimentos de

construção civil. No entanto, é responsabilidade do proprietário evitá-las e quando estas ocorrerem, processá-las da maneira adequada, justa, a qual deve ser regida em contrato.

Reivindicações por motivos de Força Maior:

Clausulas que relatam as Forças Maiores ao contrato se referem a ocorrências as quais estão além do controle razoável de cada parte do contrato de construção. Estas são ditas como “Atos de Deus” na literatura americana ou “Causas inevitáveis”. São as reivindicações por condição de clima extremamente severo, inundações, sabotagens, etc.

No Brasil, nos contratos de construção civil, há cláusulas que especificam o que pode caracterizar uma Força Maior.

Reivindicações por alterações de Projetos:

Projetos que são muito complexos, extensos, localizados em áreas muito remotas, realizado em prazo muito pequeno, ou que requerem a utilização de tecnologia de ponta são muito sujeitos a reivindicações.

Projetos executados em regime acelerado, isto é, feitos e emitidos durante a execução da obra também podem ser geradores de reivindicações uma vez que estes tendem a apresentar uma perda na qualidade, em especial na coordenação e interface com outras disciplinas.

Normalmente as modificações enviadas nos projetos são advindas de falhas na coordenação, erros, omissão de informações. Estas modificações podem acrescentar escopo e, portanto, dependendo da modalidade contratual aplicada, podem fundamentar uma reivindicação. A definição da alocação do risco em relação ao projeto será dada pela modalidade contratual, e é imprescindível que haja clareza em relação aos itens reivindicados por ausência de informações ou erros de projetos.