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O fornecedor: empresas de construção civil

3. O CLIENTE, O FORNECEDOR, O PRODUTO

3.3. O fornecedor: empresas de construção civil

Para a continuidade do entendimento a respeito dos agentes envolvidos no firmamento de um contrato de construção civil, iremos abordar alguns aspectos do Setor da Construção Civil no

Brasil e os fornecedores deste setor, que neste contexto, assim como devem ter a perfeita compreensão de seu cliente, devem também ser compreendidos, em relação às suas organizações e formas de atendimento ao cliente e momento da economia setorial.

As mudanças macroeconômicas que vem ocorrendo no Brasil e no setor da construção civil apontam para um consumidor mais exigente e para um mercado cada vez mais competitivo, demandando estratégias empresariais que considerem a qualidade dos produtos, dos processos e das organizações. É vital ao setor da construção civil adequar-se a este novo cenário.

Neste contexto, observa-se hoje que as empresas construtoras passam por um processo de transformação organizacional e de gestão, que afetam diretamente os demais agentes presentes ao longo do processo de produção, como seus fornecedores, especificamente de serviços, como os subcontratados.

A história recente das empresas de construção no Brasil, em especial após a década de 1990, quando uma nova conjuntura econômico-produtiva foi instaurada no país, tem sido marcada pela adoção de estratégias que buscam uma maior competitividade em todos os setores produtivos.

A necessidade de redução dos custos de produção aliada a uma maior conscientização dos consumidores tem feito com que as estratégias de competitividade traçadas pelas empresas passem a considerar, necessariamente, os aspectos de melhoria da qualidade de seus produtos e de maior eficiência nos seus processos de produção.

De acordo com Grilo e Melhado (2003), diversos fatores, tais como o aumento das exigências dos clientes, que não procuram apenas o menor preço, mas o melhor valor, têm estimulado as construtoras a reformular estratégias de produção, negócio e competição, analisar sua estrutura interna, inserção no mercado, imagem junto aos clientes e posicionamento frente à concorrência.

Neste contexto, continuam eles, a sobrevivência das construtoras demanda flexibilidade e capacidade de adaptação constante aos desafios impostos por um ambiente competitivo e turbulento, tais como o monitoramento da concorrência, a identificação de novos mercados, o desenvolvimento de competências e a prospecção de oportunidades de negócio.

A construção civil e o subsetor de construção de edifícios, em especial, não escaparam a essa conjuntura e vários esforços têm sido feitos por suas empresas para atingirem níveis mais altos de qualidade e produtividade, dentro de um processo de atualização e revisão das práticas tradicionais.

Como uma das principais estratégias de competitividade adotadas pelas empresas de construção civil, o subsetor edificações tem verificado um progressivo emprego da subcontratação de etapas construtivas ou subempreitada, denominação consagrada no meio técnico.

Fillipi e Cardoso (2004) identificam a terceirização ou subcontratação como parte integrante de praticamente todas as novas formas de racionalização da produção no setor da construção civil. Este processo seria fonte de flexibilidade, englobando aspectos de qualidade, produtividade e diversificação. Especificamente na construção civil, como seu produto final possui características particulares e únicas, este é um fator que também contribui para que o canteiro se torne uma organização temporária formada pela união de varias empresas autônomas ou semi-autônomas.

Este processo de “união” manifestou-se inicialmente como tendência de especialização das empresas em etapas de maior complexidade. No entanto, na década de 90 generalizou-se como uma estratégia de adaptação à crise iniciada nos anos 80, estratégia esta que perdura até os dias de hoje.

Historicamente, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de São Paulo23o setor de construção de edifícios no país tem apresentado uma lenta evolução tecnológica, comparativamente a outros setores industriais. As características da produção, no canteiro de obras, acarretam baixa produtividade e elevados índices de desperdícios de material e de mão- de-obra.

Essa condição, associada às altas taxas de inflação verificadas até os anos 80, fazia com que a lucratividade do setor fosse obtida mais em função da valorização imobiliária do produto final do que da melhoria da eficiência do processo produtivo.

23 O FUTURO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO PAÍS: RESULTADOS DE UM ESTUDO DE PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO HABITACIONAL. Programa Brasileiro de prospectiva

A partir da década de 90, em função de vários fatores, como o fim das altas taxas de inflação, os efeitos da globalização da economia, a redução do financiamento, a retração do mercado consumidor e o aumento da competitividade entre as empresas, entre outros, tem havido uma modificação deste cenário. As empresas construtoras começam a tentar a viabilizar suas margens de lucro a partir da redução de custos, do aumento da produtividade e da busca de soluções tecnológicas e de gerenciamento da produção de forma a aumentar o grau de industrialização do processo produtivo.

Porém, vários são os fatores que ainda impedem a alavancagem sustentada do setor, entre os quais podem ser citados:

i. A ainda baixa produtividade do setor, apesar da evolução recente, estimada em cerca de um terço da dos países desenvolvidos

ii. A ocorrência de graves problemas de qualidade de produtos intermediários e final da cadeia produtiva e os elevados custos de correções e manutenção pós-entrega

iii. O desestímulo ao uso mais intensivo de componentes industrializados devido à alta incidência de impostos e conseqüente encarecimento dos mesmos

iv. A falta de conhecimento do mercado consumidor, no que diz respeito às suas necessidades em termos de produto a ser ofertado.

v. A incapacidade dos agentes em avaliar corretamente as tendências de mercado, cenários econômicos futuros e identificação de novas oportunidades de crescimento. Sendo assim, entende-se que o setor esta em progresso, e que apesar das dificuldades ainda persistentes, tem cada vez mais se desenvolvido e se ajustado no sentido de atender às diferentes necessidades dos diferentes clientes. Havendo o correto entendimento por parte do cliente, de como o setor de Construção Civil esta posicionado atualmente, das restrições listadas acima, e das ações do fornecedor específico em relação a estas, a escolha da modalidade contratual será também, melhor fundamentada e embasada e o equilíbrio buscado, será enfim alcançado.