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Características do parque habitacional de Vila Nova de Gaia

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO E ESTRUTURA DO PARQUE HABITACIONAL

3.3 Vila Nova de Gaia e a sua dinâmica urbana

3.3.2 Características do parque habitacional de Vila Nova de Gaia

As características da evolução do Parque Habitacional são indicadores importantes da extensão das áreas de procura de habitação e respectivos mercados. Sem a pretensão de uma análise exaustiva importa traçar um quadro de referência acerca do Parque Habitacional no concelho de Vila Nova de Gaia.

Em 2001, existiam 122 831 alojamentos clássicos no concelho de Vila Nova de Gaia para alojar 99 096 famílias clássicas residentes. Todavia, e à semelhança do que vimos para a AMP, apesar do excesso de alojamentos face ao número de famílias, muitas existem que vivem em alojamentos não clássicos, como barracas e outros de natureza precária. Na verdade, do total de alojamentos clássicos, apenas 97 140 correspondiam a residência habitual, 15 619 estavam vagos e 10 072 tinham como destino o uso sazonal. Acresce o facto de existirem 731 alojamentos não clássicos, onde se albergavam 744 famílias.

Ao analisarmos a evolução nas últimas décadas (figura 24) constatamos um contínuo esforço construtivo. Este esforço destaca-se, sobretudo nas freguesias de Mafamude, de St3 Marinha e de Canidelo, freguesias do núcleo urbano. As freguesias mais periféricas e com características rurais, como Sermonde, Seixezelo, Lever, Crestuma, Olival e Sandim têm demonstrado uma certa "apatia" em termos construtivos.

20000

Fonte: INE, Recenseamentos Gerais da População

Fig. 28 - Alojamentos Clássicos no Concelho de Vila Nova de Gaia, 1881, 1991 e 2001

Apesar do esforço construtivo, não podemos deixar de destacar a questão das carências habitacionais do Concelho pela sua dimensão. Assim, atendendo à diferença entre o número de alojamentos clássicos e o número de famílias efectivamente neles residentes, verifica-se que, em 1981, existe um défice de 1444 alojamentos, em 1991 de 1960 alojamentos (agravamento do défice) e em 2001 de 1195 alojamentos (quadro 23).

Quadro 23 - Carências de alojamentos (n° de famílias) Alojamentos 1981 1991 2001 (1) 1444 1960 1 195 Barracas 120 70 237 Outros 256 157 507 Subarrendados 190 177 733 Superlotados 17 174 23 718 19 664 (1) = (Aloj. clássicos ocupados de residência habitual

- n° de fam. em aloj. clássicos de residência habitual)

Fonte: INE: Recenseamento Geral da População

Todavia, para o cálculo das carências habitacionais importa atender à quantificação das variáveis de conforto dos fogos e à relação entre a dimensão da família e do alojamento. Como vimos atrás, houve uma melhoria relativamente às infra-estruturas básicas existentes nos alojamentos. No tocante ao segundo aspecto, registou-se um aumento de famílias a residir em alojamentos clássicos superlotados, na década de oitenta, e uma diminuição na década de noventa, situação, mesmo assim, preocupante pelo número excessivo de famílias a viverem nestas condições (19 664). Acresce ainda, o aumento, na última década, do número de famílias a viveram em barracas e noutras situações precárias.

Tendo em atenção o acréscimo do número de famílias, nas duas últimas décadas (23,7% e 33,0%) e o acréscimo do número de alojamentos clássicos (35,9 e 40,0%), verificamos que são superiores aos da área metropolitana (15,1% e 26,4% para as famílias; 29,1% e 30,6% para os alojamentos) indiciando, por isso, uma preferência pelo concelho de Vila Nova de Gaia como local de residência.

Relativamente à forma de ocupação, quer a distribuição quer a evolução são semelhantes às verificadas na AMP (quadros 14, 15 e 16). Registou-se uma diminuição do peso dos alojamentos de residência habitual (90,4% em 1981, passa para 79,1%, em 2001). Os alojamentos clássicos de uso sazonal e com o ocupante ausente passam de 5,8% para 9,8% e os alojamentos clássicos que se encontravam vagos passam de 3,7% para 12,7%, isto é, mais que triplicou. Esta subida brusca foi mais significativa na década de oitenta.

Quanto aos alojamentos não clássicos, diminuem na década de oitenta (-39,4%) e aumentam significativamente na última década (223,5%).

259 Situação que, como já referimos, não se compreende atendendo aos programas de realojamento

implementados nas duas últimas décadas, nomeadamente o PER.

O regime de ocupação também sofreu alterações (quadro 19). Se em 1981 o regime predominante era o arrendamento, correspondendo a 62% dos alojamentos clássicos de residência habitual, passa a 48%, em 1991, para em 2001, representar apenas 30%. Pelo contrário, o número de alojamentos clássicos, cuja propriedade é dos ocupantes, passou de 38%, em 1981, para 70% em 2001. Constata-se, pois, que no concelho de Vila Nova de Gaia, o acesso à propriedade da habitação pelos seus ocupantes tem tido um crescimento expressivo. Este fenómeno poderá ser justificado, como já referimos na análise metropolitana, pela maior facilidade do recurso ao crédito pelas famílias, pela melhoria e estabilidade dos rendimentos familiares. Lembre-se, contudo, que a Lei do arrendamento urbano (primeiro a Lei n° 2 030 de 1948 e, posteriormente, Decreto Lei n° 46/85 ...) conduziu a graves problemas, nomeadamente o desaparecimento do mercado do arrendamento.

No tocante ao regime de propriedade, sobressai a reduzida percentagem de alojamentos pertença da Autarquia e Organismos Públicos e Semi-públicos, pouco mais de

1,5% em 1981, cerca de 2%, em 1991 e 1,8%, em 2001. A quase totalidade do parque habitacional (98%) é propriedade de particulares correspondendo a 70% da habitação própria. Cerca de 49,9% das famílias têm, contudo, de suportar encargos com a sua compra. Este valor aumentou nas duas últimas décadas, uma vez que em 1981, apenas 18,6% das famílias tinham encargos com a sua compra, situação que aponta para a dependência cada vez maior do acesso ao crédito, por parte das famílias, para a aquisição de casa própria.

Concluindo, as carências habitacionais se eram elevadas em 1981, aumentaram em 1991, não obstante o surto de construção a partir, principalmente, de meados dos anos oitenta. Na verdade, atendendo a que, em 1981, 376 famílias viviam em barracas e outros alojamentos precários, 2 727 famílias em coabitação e 17 174 em alojamentos superlotados, em 1991 o número de famílias em alojamentos não clássicos revelou uma melhoria mas o aumento do número de famílias em situação de partilha e sobreocupação foi fortemente penalizado. Em 2001 a situação melhorou neste último aspecto, face a 1991, mas o número de famílias em alojamentos não clássicos mais que triplicou.

CAPITULO IV