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Parte II – Estudo Empírico

Capítulo 2 – Investigação: Estudo de Caso

2.3. A história de vida da aluna

2.3.5. Características da Elsa

Quando nos vemos frente a frente com a aluna é evidente a sua deficiência motora, pois esta desloca-se em cadeira de rodas, já a nível cognitivo só se deteta em ambiente de sala de aula/trabalho, porque a Elsa é socialmente ajustada e não apresenta qualquer retardamento. No entanto, na época escolar revelava falta de iniciativa, passividade, demasiado envergonhada e com a autoestima muito em baixo, subestimando assim as suas capacidades. Agora, sente-se que melhorou moderadamente, mas não conseguiu eliminar por completo essas caraterísticas.

Ainda hoje se olharmos bem atentamente e após algumas tentativas de interação, pode-se verificar outras evidências, tais como o evitamento do contacto ocular e um discursoulimitado.

Por outro lado, podemos complementar esta impressão visual e percetiva que adquirimos na observação direta com a documentação existente relativa à Elsa. Segue- se, pois, a apresentação, na época escolar, dessa informação dividida pelas diversas áreas do desenvolvimento psicomotor, mais concretamente nas áreas da autonomia, da socialização, da linguagem, da motricidade e da cognição, não esquecendo, no entanto, que estas não são estanques e, portanto, muitas das características apontadas numa área podem facilmente mobilizar-se entre outras sem perder o seu contexto.

Urge ainda acrescentar que a caracterização que se segue terá sido construída com base nos diversos dados documentais fornecidos pela professora de Educação Especial da aluna, pela observação direta da Diretora de Turma e pelos documentos que constam nos anexos que este trabalho comporta (v. Anexos A, B e Apêndice B).

- Autonomia: de acordo com o Programa Educativo Individualizado da aluna esta revela pouca autonomia na realização das atividades que lhe são propostas em contexto de aula, e o mesmo acontece na sua autonomia pessoal, por exemplo, na casa de banho, vestir, despir, na higiene (tomar banho e escovar os dentes), na aparência e cuidados com o vestuário. Portanto a Elsa revela dificuldades para as atividades para a vida diária (AVD).

- Socialização: a Elsa é inicialmente retraída, quando deparada com pessoas estranhas, mas adapta-se ao grupo onde está inserida. Esta aluna no meio escolar relaciona-se mais com os funcionários e professores do que com os seus colegas da comunidade educativa. O facto de a discente viver os momentos de forma diferente dos restantes colegas e não conseguir deslocar-se para os mesmos locais dos restantes alunos limita o diálogo e o assunto entre os mesmos, onde por vezes acaba por condicionar alguns momentos de socialização. Revela em determinadas ocasiões, alguma ansiedade, quando confrontado com situações que saem da rotina já

estabelecida. Esta aluna participa nas atividades de grupo e nas individuais exceto nas que a sua condição física a impossibilita.

- Linguagem: em termos de linguagem compreensiva, a aluna revela capacidades para responder a perguntas e a frases simples, assim como em situações de instruções para a realização de atividades ou até para a realização de recados simples. O mesmo já não acontece quando falamos da linguagem expressiva, na qual a aluna demonstra ter algumas dificuldades, o que se pode verificar no estilo do discurso, que se apresenta desorganizado.

- Motricidade: em relação à motricidade ampla ou grossa, a Elsa apresenta dificuldades ao nível da locomoção, como já foi referido anteriormente, exibe uma paralisia dos membros inferiores. O mesmo já não acontece com a sua motricidade fina, na qual não apresenta dificuldades. Pois, apresenta uma boa coordenação óculo-manual e funcionalidade dos membros superiores.

- Cognição: é uma das áreas mais fracas da aluna. Em qualquer dos relatórios analisados, apontam-se grandes lacunas a nível das aprendizagens académicas. A aluna tem graves dificuldades na resolução de problemas, no raciocínio numérico, não sendo capaz de realizar divisões, multiplicações e tem sérias dificuldades em manusear o dinheiro. Também ao nível do domínio da língua materna, a aluna tem lacunas na leitura e compreensão de mesma.

Em termos comportamentais, a aluna revela uma conduta interpessoal sem perturbações, apenas subestima as suas capacidades. No entanto, a Elsa é atenta, persistente e responsável.

Na Cercimarante foram trabalhadas as diversas áreas do desenvolvimento:

- Autonomia: deu-se continuidade ao trabalho já realizado na escola regular para a realização das atividades que lhe são propostas em contexto de aula, na sua autonomia pessoal, por exemplo, na casa de banho, vestir, despir, na higiene (tomar banho e escovar os dentes), na aparência e cuidados com o vestuário. Portanto a Elsa foi esbatendo as dificuldades relacionadas com as atividades para a vida diária (AVD).

- Socialização: a Elsa continua inicialmente retraída (personalidade da aluna), quando deparada com pessoas estranhas, mas adapta-se ao grupo onde está inserida. Esta aluna no profissionalizante relaciona-se com toda a comunidade educativa, pois ao contrário da escola regular tem acesso a todas as áreas da escola. Assim, a discente viveu momentos iguais com os colegas e funcionários, privilegiando assim a sua socialização. Começou a lidar melhor com determinadas ocasiões, sem tanta ansiedade, quando se confrontou com situações que saem da rotina já estabelecida. Esta aluna participa em todas as atividades de grupo e individuais.

- Linguagem: em termos de linguagem compreensiva, a aluna revelava capacidades para responder a perguntas e a frases simples, assim como em situações de instruções para a realização de atividades ou até para a realização de recados simples. Quanto à linguagem expressiva, a aluna ainda demonstra ter algumas dificuldades, mas em franca evolução.

- Motricidade: em relação à motricidade ampla ou grossa, a Elsa continuava a apresentar dificuldades ao nível da locomoção, como já foi referido anteriormente, exibe uma paralisia dos membros inferiores. O mesmo já não acontece com a sua motricidade fina, na qual não apresenta dificuldades. Pois, apresenta uma boa coordenação óculo- manual e funcionalidade dos membros superiores.

- Cognição: é uma das áreas mais fracas da aluna. Mas foi trabalhada insistentemente as aprendizagens académicas tendo sempre em conta a via profissionalizante para a qual está a ser preparada.

Em termos comportamentais, a aluna revelava uma conduta interpessoal sem perturbações, apenas continua a subestimar as suas capacidades. No entanto, a Elsa é atenta, persistente e responsável.

No estágio e no emprego a jovem revela relativamente à:

- Autonomia: revela autonomia na realização das tarefas que lhe são propostas em contexto de trabalho, e o mesmo acontece na sua autonomia pessoal, por exemplo, na ida casa de banho, vestir, despir, na higiene (escovar os dentes), na aparência e cuidados com o vestuário. Portanto a Elsa conseguiu ultrapassar algumas das dificuldades sentidas nas atividades para a vida diária (AVD). Agora com 22 anos conseguiu alguma autonomia nas atividades mais básicas, mas não na sua totalidade

- Socialização: a Elsa relaciona-se de forma perfeitamente normal no local de trabalho em que está inserida. Quanto á sua deslocação é onde esta sente mais dificuldades, mas foram eliminadas as barreiras de modo a esta conseguir deslocar-se para todos locais da empresa (rampas, casa de banho…) e não condicionar o seu trabalho, desempenhando assim o seu trabalho sem limitações.

- Linguagem: em termos de linguagem compreensiva, a aluna revela capacidades para responder a perguntas e a frases simples, assim como em situações de instruções para a realização de atividades ou até para a realização de recados. No que concerne, à linguagem expressiva a jovem demonstra alguma timidez típica da sua personalidade, mas que não a impede de desempenhar as suas funções.

- Motricidade: em relação à motricidade ampla ou grossa, a Elsa apresenta dificuldades ao nível da locomoção, como já foi referido anteriormente, exibe uma paralisia dos membros inferiores. Mas os obstáculos já foram eliminados com a construção de rampas e adaptações em algumas áreas mais necessárias. Quanto à sua

motricidade fina não apresenta dificuldades. Pois, apresenta uma boa coordenação óculo-manual e funcionalidade dos membros superiores.

- Cognição: A jovem tem aprendido bem a desempenhar o seu papel na empresa, pois é atenta, persistente e responsável.

Em termos comportamentais, a aluna revela uma conduta interpessoal sem perturbações, começa a confiar mais nas suas capacidades.