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Parte I Fundamentação Teórica

Capitulo 2 Espinha Bífida

2.4. Risco de recorrência

2.7.7. Problemas visuais

Os problemas visuais tendem nesta população a ser frequentes.

Segundo Sintra (2005) verifica-se em muitos casos que as crianças têm anormal fixação do olhar, estrabismo, preponderância de um olho sobre o outro, fraca acuidade visual, tremuras nos olhos - nistagmo e dificuldades na perceção visual ao nível da orientação no espaço.

2.7.8. Alergia ao látex

Este material, o látex, é a borracha natural que se encontra nos balões, luvas para cirurgia e alguns tipos de cateter. Muitas crianças com espinha bífida desenvolvem em contacto com essa substância reações alérgicas graves. Os sintomas são lacrimejamento, dispneia e lesões vermelhas na pele (eczema). As crianças com alergia ao látex, são também, com frequência, alérgicas a banana, abacate, batata, tomate e kiwi.

O uso destes alimentos deve ser feito com precaução e evitar o contacto com látex pode prevenir o desenvolvimento de reações graves.

2.7.9. Problemas de motricidade

Os problemas musculares devem-se à falta de tonificação muscular, a paralisia e a debilidade dos músculos afetam a coordenação motora global, a rapidez e força, assim como o domínio manual e o uso dos dedos fazem com que existam limitações neste domínio. Todos estes problemas motores se refletem nas habilidades manuais que são necessárias na escola.

Num estudo efetuado por Muen & Bannister (1997), citado por Ustarroz (2002), as crianças com mielomeningocelo apresentam resultados na função manual mais baixos que a restante população, apresentam fraco tónus muscular e resultados significativamente mais baixos nas provas que requerem movimentos motores finos e coordenação bi- manual.

Nesta população verifica-se uma tendência para o ambidextrismo e esquerdismo. Alguns estudantes demonstram uma tendência para demorar na escolha da sua mão dominante. De acordo com Jimenez (1998), citado por Llorca (2003), o desenvolvimento da dominância lateral nas crianças com Espinha Bífida tende a ser lento e possivelmente contribui para a diminuição da habilidade manual.

Salienta-se ainda que o défice no desenvolvimento da mobilidade reduz violentamente os estímulos ambientais e as possibilidades de contacto social, afetando consequentemente todas as etapas do desenvolvimento intelectual da criança.

2.8. Aspetos Psicopedagógicos

2.8.1. Psicologia

Os jovens com espinha bífida, são normais ao nível das suas funções intelectuais. Todavia, podem mostrar graves dificuldades de aprendizagem na 1ª infância e de integração social na adolescência. Basicamente, são três as origens destas dificuldades: as sequelas da hidrocefalia (associada à espinha bífida) podem alterar as funções intelectuais; longos períodos de hospitalização, dificuldades de deslocação e de manipulação e consequentemente falta de experiências pessoais e o comportamento destas crianças pode-se encontrar alterado, devido a algumas atitudes de pais e de educadores.

Investigando as causas destas dificuldades de aprendizagem, mais especificamente, aquelas que são exteriores à doença, verifica-se, que as crianças que precisam de ser hospitalizadas com frequência, não conseguem manter uma relação normal com a sua própria família. Os estímulos afetivos e sensório motores são inferiores aos das outras crianças, atrasando deste modo a aquisição das capacidades básicas em cada uma das etapas de desenvolvimento.

Estas crianças sentem-se imóveis, não conseguem explorar o meio que as rodeia e não conseguem agir sobre ele, o que irá impedir um normal desenvolvimento da sua inteligência e da sua personalidade. De acordo com Pardo (1989, p.34) as crianças que manifestarem um défice no desenvolvimento da mobilidade e se os seus estímulos ambientais e as possibilidades de contacto social forem reduzidos, serão afetadas todas as fases de desenvolvimento intelectual dessas mesmas crianças.

Pode-se então concluir que a maior parte das crianças com espinha bífida estão sujeitas desde muito pequenas a situações dolorosas, a sentimentos de medo e de ansiedade, fazendo com que elas se tornem bastante dependentes dos outros, levando- as a criar sentimentos de fracasso pessoal.

Devido a certos fatores, estas crianças, apresentam características comuns - importantes para a sua educação – e necessitam de uma resposta emocional específica.

No que concerne, ao campo da motricidade fina encontra-se afetado pela hidrocefalia, que é frequente, incidindo diretamente em atividades e aprendizagens como a escrita e o desenho, ou, indiretamente, em aspetos do foro cognitivo, como as relações espaciais e lateralidade, afetando, inclusive aspetos percetivos como a integração de formas.

O transtorno pode aparecer ao nível da perceção, da coordenação visual e motora e do reconhecimento do esquema corporal. As áreas da aprendizagem da leitura e da escrita são afetadas de uma forma ou de outra por estes aspetos, logo as aprendizagens

básicas são afetadas, as crianças também manifestam problemas de atenção e de memória, o que irá impedir as aprendizagens de conceitos matemáticos.

Logo, a resposta emocional destas crianças encontra-se afetada – o nível de atenção e de motivação é muito baixo. Manifestam problemas de autoestima e de autoimagem e bloqueio de autonomia psíquica, devido à permanente dependência física.

Subsistem ainda aqueles aspetos que todos os deficientes apresentam: a regressão, frustração, agressividade e negação.

2.8.2. Aspetos Pedagógicos

No que diz respeito aos aspetos pedagógicos a escola regular é a melhor escolha para crianças com espinha bífida, devendo existir uma perspetiva de normalização, interessando aquilo que estas crianças são capazes de fazer e não as suas incapacidades.

Assim, é durante as planificações dos trabalhos escolares, que se deve adequar as suas necessidades específicas tanto à sua adaptação física, como aos apoios escolares necessários. Saliente-se, que se introduzam todas estas manifestações no projeto de escola, para a plena integração destas crianças.

Quais serão então as modificações a introduzir no projeto de escola?

1- Todo o pessoal da escola deverá assumir a responsabilidade da integração - um especialista poderá facilitar toda a informação importante aos diferentes membros do corpo docente.

2- Dever-se-á suprimir todas as barreiras arquitetónicas, assim como distribuir adequadamente os grupos e salas em função das necessidades apresentadas pelas crianças obrigadas a utilizar cadeiras de rodas.

3- Diminuir o número de alunos por aula, para que se possa dar uma maior atenção e mais individualizada possível.

4- Fornecer à escola os meios humanos necessários para uma boa integração - equipa psicopedagógica, professor de apoio, pessoal para apoio às deslocações dentro e fora da escola e os cuidados de higiene das crianças, fisioterapeuta, assistente social.