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Discriminar e Diferenciar as Práticas Educativas

Parte I Fundamentação Teórica

Capitulo 1 A Inclusão

1.1. Alunos com necessidades educativas especiais (NEE) e inclusão

1.2.6. Discriminar e Diferenciar as Práticas Educativas

Todas as ideias atrás referenciadas evidencia-se a necessidade de diferenciar as práticas educativas para se conseguir apoiar percursos educativos com sucesso para todos os alunos e obter respostas eficazes ao desafio da inclusão.

O aceitar a diversidade e pluralismo provoca o desenvolvimento de uma pedagogia diferenciada ― que valorize o sentido social das aprendizagens, que permita gerir as diferenças de um grupo, no seio do próprio grupo e, através das capacidades que cada membro desse grupo tem. … Numa educação diferenciada criam-se situações que permitam partilhar o que cada um tem, a partir do que cada aluno sabe.‖ (Cadima, 1997, p.14).

Em 2001, variados autores falaram e escreveram sobre diferenciação pedagógica, quando o Decreto-lei n.º 6/2001 pôs fim ao programa nacional inflexível e rígido, possibilitando uma gestão flexível do currículo e a sua adequação aos alunos.

Ultimamente, outros documentos legais (Despacho n.º 1438/2005 e Despacho Normativo n.º 50/2005) apontam a pedagogia diferenciada como uma das modalidades de apoio educativo a aplicar na sala de aula que coopera para que os alunos, com dificuldades no seu percurso escolar, adquiram as aprendizagens e as competências dos currículos do ensino básico.

A diferenciação pedagógica tem, como objetivo o sucesso educativo de cada aluno, apoiando na sua diferença. Tal como refere Boal citado por Gomes (2006) ― Não é um método pedagógico, mas sim a assunção de todo o processo de educação global e complexo em que o ser indivíduo, em todas as suas manifestações, é o centro condutor das ações e atividades realizadas nas escolas‖.

― A diferenciação é o processo por meio do qual os professores satisfazem as necessidades de progresso curricular através da seleção de métodos pedagógicos apropriados que combinem com estratégias individuais de aprendizagem de uma criança, num contexto de trabalho de grupo.‖ (Visser, 1993 in Mittler 2003)

―Diferenciar o ensino é fazer com que cada aprendiz vivencie, tão frequentemente quanto possível, situações fecundas de aprendizagem. … é pois lutar para que as

desigualdades diante da escola se atenuem e, simultaneamente, para que o nível de ensino se eleve.‖ (Perrenoud, 2000, p.9).

A uniformização dos conteúdos, de ritmos de progressão assim como de métodos, de didáticas e de práticas pedagógicas organizacionais opõe-se à diferenciação pedagógica.

A utilização de estratégias diversificadas, visa o maior sucesso possível para todos os alunos. Numa escola a preocupação maior tem de ser para todos e constitui um desafio aos professores para permitir o sucesso educativo de todos, tem de promover condições adequadas às suas diferentes características (Sá, 2001).

De acordo com Grave-Resendes (2002) a diferenciação pedagógica permite responder às várias capacidades de uma turma, de modo a que os alunos, numa determinada aula não necessitem de estudar as mesmas coisas ao mesmo ritmo e sempre da mesma forma.

Permite o encontro de momentos coletivos, de trabalho de grupo ou de trabalho direto aluno-professor, assim como a integração de novas formas de tutoria entre alunos, a adoção da colaboração dos alunos no estudo e as estratégias cooperativas de aprendizagem. Possibilita, ainda, diferentes formas de organização do espaço, do tempo e dos materiais.

Correia (1997) sita que se deve fomentar o progresso dos alunos, de forma diferenciada, no contexto heterogéneo da sala de aula. Com as competências, motivações e perfis de aprendizagem dos alunos, é preciso diligenciar que cada um consiga os melhores resultados possíveis, promovendo uma gestão curricular diferenciada, com variação do nível de apoio propicio, da complexidade das tarefas e do ritmo e processos de aprendizagem.

Morgado (in Rodrigues 2003, p. 80) referenciando Tomlinson (2000) pensa que a diferenciação não deve ser apenas entendida como uma estratégia de ensino, mas sim uma conceção de ensino e de aprendizagem, uma filosofia assente num conjunto de princípios:

“- Alunos na mesma faixa etária diferem nas suas competências, motivações, estilos de aprendizagem, experiências e contextos de origem. - As diferenças entre os alunos são suficientemente consistentes para se refletirem no que os alunos necessitam de aprender, no ritmo a que aprendem e no apoio que precisam do professor e de outros elementos. - Os alunos aprendem melhor quando se sentem apoiados.

- Os alunos aprendem melhor quando as tarefas de aprendizagem são naturais.

- Os alunos aprendem melhor quando percebem uma relação entre o currículo e as suas motivações e experiências de vida.

- Os alunos obtêm melhores resultados quando a sala de aula e a escola criam uma comunidade da qual sentem fazer parte e onde se sentem respeitados.

- O trabalho central da escola (professor) é maximizar as competências de cada aluno. “

Ainda que o objetivo seja o de aumentar o nível de aprendizagem em sala de aula para todos os alunos, não existe uma única e perfeita forma de ensino diferenciado.

Segundo Morgado (in Rodrigues 2003, p. 80) Para que se desenvolvam práticas diferenciadas torna-se necessário:

“- definir princípios de ação através da cooperação entre professores; - definir claramente objetivos e tarefas de aprendizagem;

- avaliar cuidadosamente as competências dos alunos; - organizar com flexibilidade o trabalho dos alunos;

- promover a autonomia e a possibilidade de escolha por parte dos alunos.”

De acordo com estas características verifica-se que é no professor, com as suas opções metodológicas, que recai a responsabilidade da aplicação de práticas eficazes, assim como deve ser ele a definir os critérios promotores de ajustamentos e mudanças.

Segundo Morgado (in Rodrigues 2003) um modelo que procura reunir os processos de funcionamento diferenciado do professor em sala de aula em seis dimensões fundamentais:

- O planeamento, que deve contemplar a planificação de todo o trabalho a realizar, designadamente em matéria de gestão curricular.

- A organização do trabalho dos alunos, que deve compreender as formas propostas para organização dos alunos nas situações de aprendizagem.

- O clima social, que deve considerar sobretudo os aspetos de interação social entre alunos e entre professor e alunos.

- A avaliação, deve contemplar os processos relativos à avaliação e regulação do processo de ensino-aprendizagem.

- As atividades/tarefas de aprendizagem, devem envolver a definição das tarefas ou situações de aprendizagem bem como a natureza dessas tarefas.

- Os materiais e recursos, devem considerar a utilização e gestão de materiais e recursos de suporte ao processo de aprendizagem.

Resumindo, para que se consigam diferenciar práticas educativas eficazes é indispensável que a ação dos professores se baseie, em primeiro, numa avaliação e observação rigorosa que possibilite um conhecimento profundo dos alunos e de todas as suas necessidades e, posteriormente, como resultado dessa avaliação, um programa de intervenção direcionada para cada aluno e cada grupo.

Cumprindo estes princípios será possível oferecer a cada aluno uma educação apropriada, com qualidade e num contexto inclusivo onde se fomentem formas de diferenciação para todos os alunos, pensando que todos podem realizar progressos nos seus percursos educativos.

Assim, se pensarmos efetivamente nos alunos com Necessidades Educativas Especiais, sem dúvida nenhuma que uma diferenciação pedagógica conduzida efetivamente evitaria o recurso a currículos especiais, porque especiais são todos os processos de diferenciação.

Tais, diferenças individuais do aluno só serão significativas ―pela extensão e magnitude das problemáticas que lhe estão associadas‖ e se considera um caso de NEE que necessita de medidas e recursos educativos especializados, devidamente consolidados num Plano Educativo Individual (PEI). (Franco in Rodrigues 2005)

Capitulo 2 - Espinha Bífida