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Gestão do Conhecimento X Gestão Escolar Pública nas

2 REVISÃO DA LITERATURA

3.2 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO GRUPO FOCAL

O grupo focal pode ser entendido como exploração das diferentes percepções e atitudes acerca de um fato, prática, produto ou serviço. O grupo focal, em geral, não é considerado adequado para estudar a frequência com que determinados comportamentos ou opiniões ocorrem. Pode ser considerada uma espécie de entrevista de grupo, embora não no sentido de ser um processo onde se alternam perguntas do pesquisador e respostas dos participantes. A essência do grupo focal consiste justamente na interação entre os participantes e o pesquisador, que objetiva colher informações a partir da discussão focada em

tópicos específicos e diretivos (por isso é chamado grupo focal). (LERVOLINO; PELICIONI, 2001).

É em geral composto por 6 a 10 participantes que não são familiares uns aos outros. Estes participantes são selecionados por apresentar certas características em comum que estão associadas ao tópico que está sendo pesquisado. Sua duração típica é de uma hora e meia.

A coleta de informações por meio de reuniões de grupo focal tem como uma de suas maiores riquezas a base na tendência humana de formar opiniões e atitudes na interação com outros indivíduos. Nesse sentido, pode dar inicio as entrevistas individuais com um maior número de protagonistas por meio da exploração de questões identificadas como resultado de reuniões de grupos focais. As pessoas, em geral, precisam ouvir as opiniões dos outros antes de formar as suas próprias, e constantemente mudam de posição (ou fundamentam melhor sua posição inicial) quando expostas à discussão em grupo. É exatamente este processo que o grupo focal tenta captar.

Cabe ao moderador do grupo (o pesquisador) criar um ambiente propício para que diferentes percepções e questões possam emergir naturalmente, sem que haja nenhuma pressão para que seus participantes votem, cheguem a um consenso ou estabeleçam algum plano conclusivo. Este ambiente relaxado e condutor de troca de experiências e perspectivas deve também ser garantido através de alguns outros cuidados:

Os participantes não devem idealmente, pertencer ao mesmo círculo de amizade ou trabalho. Isto visa evitar que a livre expressão de idéias no grupo seja prejudicada pelo temor do impacto (real ou imaginário) que essas opiniões vão ter posteriormente com a utilização do grupo focal como metodologia qualitativa.

Seus participantes devem ser homogêneos em termos de características que interfiram radicalmente na percepção do assunto em foco, visando garantir o clima confortável para a troca de experiências e impressões de caráter muitas vezes pessoal. É importante enfatizar, no entanto, que a busca de homogeneidade em algumas características pessoais não deve implicar na busca de homogeneidade da percepção do problema. Se assim fosse, o grupo focal perderia a sua riqueza fundamental, que é o contraste de diferentes perspectivas entre pessoas semelhantes. Enfim, a seleção dos participantes deve ser homóloga e não restritiva. Em estudos que utilizaram o grupo focal, as discussões foram conduzidas várias vezes com diferentes grupos, visando identificar tendências e padrões na percepção do que se definiu como foco de estudo. A análise sistemática e cuidadosa das discussões vai fornecer pistas e "insights" sobre a forma como é percebido um produto, serviço ou plano de atividades.

O Grupo Focal ou Grupo Foco (GF) tem sido utilizado em pesquisas qualitativas com o objetivo de colher informações por meio da interação grupal. GF é, especialmente, utilizado em delineamento de pesquisas que consideram a visão dos participantes em relação a uma experiência ou a um evento (CHARLESWORTH; RODWELL, 1997). Busca-se compreender a percepção de seus participantes em relação a algum tema, por meio de seus discursos Os participantes descrevem, detalhadamente, suas experiências, o que pensam em relação a comportamentos, crenças, percepções e atitudes (CAREY, 1994).

O Grupo Focal é um método de pesquisa, com origem na técnica de entrevista em grupo. O termo grupo refere-se às questões relacionadas ao número de participantes, às sessões semiestruturadas, à existência de um ambiente informal e à presença de um moderador que coordena e lidera as atividades e os participantes. O termo focal é designado pela proposta de coletar informações sobre um tópico específico (MORGAN, 1997),

Atualmente, metodologia de GF também é utilizado em estudos nas áreas de Antropologia, Comunicação, Educação, entre outras, e na avaliação de programas de intervenção na comunidade. O uso do GF requer uma cuidadosa combinação entre os objetivos da pesquisa e as informações que pode produzir. Pode ser utilizado em pesquisas que necessitem de um método independente, servindo como a principal fonte de informações qualitativas, assim como ocorre em pesquisas que usam a entrevista individual ou a observação participante. Pode ser também incluída como uma fonte complementar informações que dependem de outro método primário. Nesta forma, a discussão em grupo, frequentemente, serve como uma fonte de informações preliminares em um estudo basicamente qualitativo.

As vantagens da utilização do Grupo Focal são diversas. Uma delas é que promove o insight dos participantes sobre suas crenças e atitudes que estão presentes em seus conhecimentos tácitos. Auxilia o pesquisador a conhecer a linguagem que a população usa para descrever suas experiências, seus valores, os estilos de pensamento e o processo de comunicação. É utilizado para investigar comportamentos complexos e motivações, pois compara diferentes visões sobre o mesmo tópico (CAREY, 1994; O’BIREN 1993; MORGAN; KRUEGER, 1993).

Outra vantagem do GF é que a dinâmica do grupo pode ser um fator sinergético no fornecimento de informações (BERG, 1995; CAREY, 1994; MORGAN 1997).

A metodologia do grupo focal apresenta limitações conhecidas, mas pode ser bem adequada para os propósitos desta pesquisa, pois se trata apenas de levantar informações preliminares sobre a ambiência para inserção de GC nas escolas públicas de Taguatinga.

As seguintes limitações podem ser evidenciadas:

 Sensibilidade aos interesses, envolvimentos e motivações dos participantes;  Pontos de vista, conhecimentos e experiências de um grupo reduzido de especialistas;

 Quantidade de questões podem não explorar todas as dimensões do problema. Além dessas, há tendências grupais que podem levar à “conformidade” ou à “polarização”. A conformidade ocorre quando alguns participantes não fornecem informações no grupo que, possivelmente, apareceriam em uma entrevista individual. Por outro lado, a polarização ocorre quando os participantes expressam mais informações na situação de grupo do que em uma situação individual. Portanto, cabe ao pesquisador levar em conta estes aspectos quanto estiver definindo o delineamento da pesquisa. Cabe ressaltar a diferença entre GF e entrevista em grupo. Esta diferença está na interação do grupo. No GF o pesquisador está envolvido na determinação e manutenção do tópico de discussão. Nas entrevistas em grupo, o pesquisador observa a espontaneidade com que os tópicos são discutidos, sem interferência. O GF possui uma estrutura organizada que pode incluir diferentes variações e uma identidade distinta, embora ocupe uma posição intermediária entre observação, participante e entrevistas (MORGAN, 1997).

Em relação à sua estrutura operacional, o GF é coordenado por um moderador, que poderá ser o próprio pesquisador. O papel do moderador é o de conduzir o grupo e manter o foco da discussão no tópico da pesquisa. Uma das tarefas mais difíceis poderá ser ouvir atentamente as respostas, ao mesmo tempo em que estimula os mais tímidos, quietos ou passivos a participar. O moderador terá que ser hábil para desenvolver empatia com o grupo. As características mais marcantes do moderador devem ser o bom humor, a boa memória e flexibilidade (KRUEGER, 1993). O moderador faz o mínimo de anotações durante a sessão, apenas dos tópicos a serem revistos. Estimula as respostas, mas deve ser disciplinado para ouvir sem colocar suas opiniões pessoais ou julgar as respostas. Seu objetivo é o de coletar informações e não o de ensinar ou de corrigir os participantes. É tarefa do moderador inclui atenção às expressões verbais e não verbais, que poderão ser anotados e utilizados na análise das informações (BERG, 1995; CAREY, 1994; MORGAN, 1997).

Além do moderador, pode-se incluir uma ou duas pessoas para apoiar à logística. Estes auxiliares são responsáveis pelas anotações das expressões verbais e não verbais, pela operação dos equipamentos (gravadores e filmadoras) e, posteriormente, pela transcrição das informações gravadas (BERG, 1995; CAREY 1994; CHARLESWORTH; RODWELL, 1996).

A organização ou planejamento das sessões inclui o estudo do tópico da pesquisa e o desenvolvimento de questões de orientação. É necessário elaborar de três a cinco questões de orientação que guiarão as sessões. Estas questões serão utilizadas, posteriormente, para desenvolver temas ou categorias de avaliação das informações.

A qualidade do GF dependerá das questões propostas. Na elaboração das questões de orientação, é necessário explorar os tópicos da pesquisa e conhecer a cultura dos participantes, o que facilitará ao pesquisador a compreensão das contribuições dos membros do grupo e a investigação apropriada do tema durante a realização da reunião, Cada sessão possui em média de uma a duas horas de duração. O número de sessões varia de acordo com a necessidade da pesquisa (CAREY, 1994; KRUEGER, 1993; MORGAN; KRUEGER, 1993; MORGAN, 1997). A realização de apenas um Grupo Focal pode ser suficiente para uma avaliação qualitativa, pois a sinergia do grupo pode resultar em um processo sinérgico.

Quanto à seleção dos participantes, devem ser levadas em conta as experiências em comum e relacionadas ao tópico da pesquisa. Certa homogeneidade entre os participantes é importante para manter o diálogo, está relacionada ao status, como: condição sócio/econômica, idade, educação e características familiares (CAREY 1994; CHARLESWORTH; RODWELL, 1996; KNODEL, 1993; MORGAN, 1997). Em relação ao formato do grupo, existe uma variação na literatura, mas a média de participantes está em torno de cinco a doze. Devem-se considerar a sensibilidade e a complexidade do tópico pesquisado, além das habilidades, expectativas e necessidades dos integrantes. O GF com um número menor do que cinco, seria difícil de sustentar a discussão, e um número maior do que dez pode se tornar difícil de controlar. Em um grupo pequeno, em torno de seis, cada um tem mais oportunidade para falar e isto facilita ao moderador o gerenciamento da dinâmica do grupo, o processo de informações e a atenção individualizada para cada participante (CAREY 1994; CHARLESWORTH; RODWELL, 1996; MORGAN, 1997).

As informações colhidas nos Grupos Focais podem ser interpretadas de diferentes formas, conforme o objetivo do estudo (KNODEL, 1993; MORGAN, 1997).

A Fenomenologia, a Análise de Conteúdo ou a de Discurso são formas de análise utilizadas.

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