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Fundamentos e Princípios da Educação e da Gestão Escolar

Gestão do Conhecimento X Gestão Escolar Pública nas

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.11 GESTÃO DO CONHECIMENTO E AS 10 DIMENSÕES DA GESTÃO ESCOLAR Por que ainda não alcançamos a qualidade satisfatória de ensino? Esta é uma

2.11.1 Fundamentos e Princípios da Educação e da Gestão Escolar

2.11.1.1 Lei de Diretrizes e Bases (LDB Nº 9.394/96)

A escola é um ponto de encontro de diversos profissionais de educação envolvidos no ensino aprendizagem. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394/96) define em seus artigos orientações para que a educação no País aconteça de forma a privilegiar todas as crianças, adolescentes e adultos da educação escolar. Neste caso, o Art. 21º afirma que a educação escolar que trata esta Lei compreende: “I- educação básica, formada pela educação infantil ensino fundamental e ensino médio; II- educação superior.” (BRASIL, 1996)

O artigo 3º define os princípios pelos quais o ensino deverá ser ministrado, entre eles cabe destacar os incisos: i- trata os alunos com igualdade, garantindo condições para o acesso e permanência na escola; ii – liberdade para o aprendizado, ensino, a pesquisa e divulgação da cultura; ix- garantia do padrão de qualidade; x- valorização da experiência extraescolar; xi- vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. De forma geral percebe-

se que ambiente escolar é uma combinação de experiências trazidas do convívio familiar de cada aluno, estes princípios contribuem com esta afirmação e devem ser respeitados independente de classe social, lembrando que a Lei é clara quanto a responsabilidade da educação, artigo 2º define:

A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996)

A LDB também sustenta a responsabilidade do Estado na educação, o artigo 4º estabelece que o Estado deva garantir o ensino fundamental e ensino médio obrigatório e gratuito; atendimento especializado e gratuito para os alunos com necessidades especiais; creches e pré-escolas para crianças de zero a seis anos; acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística; oferta do ensino noturno, a educação de jovens e adultos; atendimento ao educando por meio de programas suplementares de material didático- escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; e padrões mínimos de qualidade de ensino.

Cabe ao gestor assegurar a execução da educação básica através de vários mecanismos, sendo assim, as metas para atender as diretrizes desta Lei estão inseridos no Projeto Político-Pedagógico de cada instituição de ensino. O artigo 12º estabelece que as escolas devam elaborar seu próprio Projeto Político-Pedagógico; gerenciar os recursos humanos, materiais e financeiros; garantir o cumprimento dos dias letivos e da carga-horária; está em alerta ao cumprimento do plano de trabalho do professor; possibilitar aos alunos com baixo rendimento escolar medidas para sanar suas dificuldades e recuperação; desenvolver processos de integração da escola com a sociedade, através de parcerias com a família e a comunidade; e deixar os pais cientes da proposta pedagógica da escola e sobre a vida escolar do aluno (rendimento e frequência). Este artigo reforça a importância do trabalho do gestor para identificar e apropriar-se de instrumentos de integração escolar, nos quais as metas estabelecidas nesta integração deverão incluir a participação da família e da comunidade escolar.

O artigo 15º assegura aos estabelecimentos de ensino progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira. Neste caso, a credibilidade do gestor e a imagem da escola perante a comunidade é observada através dos projetos desenvolvidos e do aproveitamento dos recursos utilizados para este fim, bem como a harmonia entre os profissionais de educação e a interação com o corpo discente.

Por outro lado, observa-se que em cada grau de estudo a criança apresenta determinados comportamentos e necessidades para seu desenvolvimento intelectual, físico, psicomotor. Isto vem ao encontro do que é tratado no artigo 22º que assegura “A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.” A educação básica compreende artigos 24º e 29º, a educação infantil, os níveis fundamental e médio; e poderá organizar-se no nível fundamental e médio, de forma a atender o interesse do processo de aprendizagem de cada estado, conforme consta o artigo 23º, em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância de períodos de estudos, e ainda através de turmas de alunos sendo observados os critérios de idade, competência ou outros aspectos. (BRASIL, 1996)

Os currículos do ensino fundamental e médio apesar de terem uma base nacional comum, artigo 26º, aponta para uma flexibilização, para que cada sistema de ensino ou unidade escolar desenvolva a parte diversificada privilegiando sua cultura, economia e a comunidade local. Destaca-se ainda, no artigo 27 (BRASIL, 1996), que os conteúdos curriculares da educação básica, observarão as seguintes diretrizes:

I. A difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e á ordem democrática; II. Considerações das condições de escolaridade dos alunos em cada

estabelecimento,

III. Orientação para o trabalho;

IV. Promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais.

A Lei trata ainda das diretrizes para a Educação de jovens e adultos, artigo 37, identificados como “àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”; para a Educação profissional, o artigo 39 que reforça a integração desta educação a diferentes formas de educação, ao trabalho, á ciência e a tecnologia; para a Educação Superior e; para a Educação especial (destinada aos portadores de necessidades especiais). (BRASIL, 1996)

As diretrizes e as bases desta Lei orientam de forma geral a educação do país, e trazem instrumentos importantes para o desenvolvimento da escola, da democracia e da qualidade do ensino. Reforçando a questão da autonomia, acredita-se que cada sistema de ensino tem poder para a elaboração de normas de gestão democrática. O artigo 14 define (BRASIL, 1996):

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes critérios: I- participação dos profissionais de educação na elaboração do Projeto pedagógico da escola; II- participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

A gestão democrática participativa, quando vinculada a Gestão do Conhecimento gera melhoria no aprendizado organizacional, segundo Batista (2012, p. 42) “Quando os servidores públicos de uma equipe estão constantemente aprendendo e compartilhando conhecimento entre eles, há um aumento na capacidade de realização da equipe de trabalho”.

O artigo 9º, inciso I enfatiza que a União terá como incumbência de elaborar o Plano Nacional de Educação- PNE, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

2.11.1.2 Plano Nacional de Educação

O Plano nacional de educação é uma antiga reivindicação de diversos segmentos sociais do nosso país. Segundo Alves (2010) o primeiro Plano Nacional de Educação foi elaborado em 1962 pelo Conselho Federal de Educação, atendendo às disposições da Constituição Federal de 1946 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961.

Alves (2010) afirmou que o PNE foi construído por um grupo de educadores, tendo à frente Anísio Teixeira. Contudo, somente nos anos de 1962 e 1963 este plano foi analisado de forma mais detalhada, devido a Revolução de 1964, onde foram estabelecidas novas metas para a educação brasileira.

Valente (2002, p. 97) acrescentou que o segundo PNE surgiu tendo em vista a pressão da sociedade produzida pelo Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública. A sociedade pressionou o governo ao dar entrada na Câmara dos Deputados, em 10 de fevereiro de 1998, o documento elaborado por professores, profissionais de educação e outros interessados no assunto. Em nove de janeiro de 2001, o presidente da Republica sancionou, com nove votos, a Lei nº 10.172/2001 que aprovava o PNE.

Para Valente (2002, p. 98) o governo Fernando Henrique Cardoso não tinha interesse em criar um PNE, porém quando pressionado pela sociedade resolveu desengavetar seu PNE que tramitou de modo sui generis como anexo ao PNE da sociedade.

Veiga (2002, p. 98 grifo do autor) reforçou que:

É preciso assinalar que um plano da magnitude do PNE deve ser assumido pelo Poder Publico especialmente pelo Congresso Nacional, como tarefa de estado. Ele não pode ser reduzido às “razões” de governos que agem para conquistar vitórias conjunturais, em proveito de seus interesses imediatos.

Esta afirmação deve-se ao seguinte motivo: de um lado havia um projeto democrático e popular, do outro lado havia um plano que expressava a política do capital financeiro

internacional e a ideologia das classes dominantes. O projeto expresso pela sociedade buscava o fortalecimento da escola pública e de certa forma isso implicaria para o governo a aplicação de gasto público para o desenvolvimento do ensino, no entanto o projeto do governo insistia na atual política educacional. Um fator polêmico no projeto elaborado pela sociedade brasileira era o desafio de mudar o dispêndio equivalente a menos de 4% do PIB nos anos de 1990, para 10% do PIB ao final dos dez anos do PNE. (VEIGA, 2002, p. 98)

Atualmente, tramita no Congresso Nacional durante a execução desta pesquisa o Projeto de Lei 8.035/2010, do novo Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020.

De acordo com o documento da Câmara dos Deputados (BRASIL, 2011, p. 11), houve uma grande mudança entre 2002 e 2010 na educação brasileira. Essas transformações ocorreram através da universalização nas séries iniciais do ensino fundamental; criação da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica com a oferta de vagas no ensino médio; firme disposição do Governo Federal na expansão as redes municipais de educação infantil; ações concretas ao atendimento especial e educação de jovens e adultos; reconhecimento a educação indígena, de quilombolas e de populações ribeirinhas; no ensino superior público ocorreu a ampliação de vagas e criação dos Institutos Federais e no ensino superior privado houve oferta de vagas pelo Prouni.

Para a concretização destas ações o Governo Federal, “[...] instituiu o Fundeb, ampliou e qualificou o Saeb e criou o Ideb, além de diversas ações setoriais e específicas.” Foi a partir deste contexto que iniciaram as discussões sobre o novo Plano Nacional de Educação para 2011 - 2020. Foram realizados encontros regionais durante o ano de 2009 para a construção do PNE entre eles, o projeto Mais Dez e a I Conferência Nacional de Educação (Conae). No final de dezembro de 2010, chegou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei de autoria do Poder executivo que institui o PNE. O PNE estabelece metas acompanhadas com as respectivas estratégias que deverão ser alcançadas até 2020. (BRASIL, 2011, p. 11)

O artigo 2º do PL estabelece as seguintes diretrizes do PNE:

I-Erradicação do analfabetismo; II- universalização do atendimento escolar; III- superação das desigualdades educacionais; IV- melhoria da qualidade de ensino; V- formação para o trabalho; VI- promoção da sustentabilidade sócio- ambiental; VII- promoção humanística, científica e tecnológica do país;

VIII- estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto; IV- valorização dos profissionais da educação; X-difusão dos princípios de equidade, respeito à diversidade e gestão democrática da educação. (BRASIL,2011)

Para alcançar as metas e a implementação das estratégias, o artigo 7º estabelece que estas, deverão ser realizadas em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios. Poderão, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, artigo 8º, elaborar seus planos de educação ou se adaptar aos planos já aprovados em Lei, desde que as diretrizes, metas e estratégias atendam o previsto no novo PNE. É dito no artigo 9º, que estes Entes federativos também deverão aprovar leis específicas disciplinando a gestão democrática da educação. O PL estabelece, artigo 10º, que os Entes federativos devam garantir verbas suficientes no plano plurianual, nas diretrizes orçamentárias para que a execução das metas e estratégias do PNE e os respectivos planos de educação, sejam atendidos. E, para avaliar a qualidade do ensino diz o artigo 11º que continuará sendo utilizado o Índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb), cujo índice será calculado utilizando dados de rendimento escolar calculados pelo censo escolar da educação básica, combinados com os dados do desempenho dos estudantes, apurados na avaliação nacional do rendimento escolar.

É considerado no documento (BRASIL, 2011, p. 65) que:

Para o novo PNE, [...] optou-se pela adoção de uma estratégia radicalmente diferente: as metas foram reduzidas a vinte e se fizeram acompanhar das estratégias indispensáveis a sua concretização. [...] a formulação de vinte metas multidimensionais – acompanhadas das respectivas estratégias de implementação – permitirá que a sociedade tenha clareza das reivindicações a serem opostas ao Poder Público. A fim de que o PNE não redunde em uma carta de boas intenções incapaz de manter a mobilização social pela melhoria da qualidade da educação, é preciso associar a cada uma das metas uma série de estratégias a serem implementadas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios em regime de colaboração.

São enumeradas as seguintes metas para universalizar a educação básica (BRASIL, 2011, p. 23): a primeira meta visa universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos. Destaca-se com esta medida, a garantia do aprendizado e redução da repetência nos ensinos fundamental e médio; a segunda meta objetiva universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de 6 a 14 anos; a meta 3, universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o 2021, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%, nesta faixa etária. E para melhoria da educação básica, a meta 6 aposta na implantação de educação de tempo integral em metade das escolas públicas de educação básica. A meta 7 determina que sejam alcançados até o final da década, os índices do Ideb estabelecido no documento.

Universalizar o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotados foi uma preocupação que está garantida na meta 4 e ainda; a meta 8 que tem por objetivo à redução da desigualdade garantindo o aumento da escolaridade média da população de 18 a 24 anos com intuito de

alcançar escolaridade mínima de 12 anos para as populações do campo, para a população das regiões de menor escolaridade , para os 25% mais pobres do país, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros. A meta 9 e 10, objetivam elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais e erradicar o analfabetismo e; ofertar no mínimo 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional. E na meta 11 almeja-se duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta.

As metas 12, 13 e 14 enfatizam a ensino superior, determinam a elevação da taxa bruta e líquida de matrícula para respectivamente 50% e 33% e; melhorar a qualidade do ensino superior pela ampliação do numero de mestres e doutores nas instituições de educação e; elevar gradativamente o número de matricula na pós-graduação stricto sensu com a intenção de atingir 60 mil mestres e 25 mil doutores.

Um aspecto observado neste PL foi a preocupação com os profissionais de educação, nas metas 15, 16, 17, 18 e 19 nota-se um esforço para a formação continuada do profissional e estímulo a incentivos funcionais através de plano de carreira.

Por ultimo, a meta 20 que está merecendo destaque e discussão entre todos os interessados na área da educação, determina a ampliação progressiva de investimento público em educação garantindo o pleno funcionamento do ensino público de forma a atender as metas anteriores desta lei.